• Nenhum resultado encontrado

3.2. Modelo de jogo no futebol

3.2.5 Estruturas organizacionais

O futebol do final do século XIX era caracterizado pela desorganização, como podemos identificar nos jogos realizados na rua e por crianças, sendo uma bola e todos correndo atrás dela. Entretanto, com o avanço e evolução do jogo, os sistemas táticos começaram a aparecer com o objetivo de melhorar a organização e obter um

melhor aproveitamento dos jogadores se tonando um jogo de improvisações e passes, deixando de lado a desorganização. (PARREIRA, 2005)

Segundo Grando (2014), os esquemas táticos são diversas maneiras que o treinador pode organizar uma equipe a fim de desestruturar uma equipe adversária, táticas de jogo, as quais o treinador arma, para desestruturar a equipe adversária, tanto na sua organização ofensiva quanto defensiva, possuindo grande importância na beleza do jogo. Assim, vários esquemas foram colocados em pauta pelos estudiosos, e a partir daí se conseguiu entender mais sobre o futebol.

Para Parreira (2005), os mais modernos sistemas táticos começaram a serem utilizados a partir da mudança na regra do impedimento fazendo com que os gols começassem a serem marcados com mais facilidade, já que os atacantes começaram a encontrar mais liberdade dentro do jogo. A partir dessa mudança, houve variações de sistemas, tornando-se necessário aumentar o número de jogadores no setor defensivo na busca de um maior equilíbrio dentro do jogo.

Segundo Santos Filho (2002), o técnico deve conhecer as características de seus jogadores a fim de aplicar o sistema de jogo mais adequado e obter o melhor rendimento da equipe.

Grando (2014) apud Melo (2000), durante um grande período de tempo, o treinador deve manter o sistema, variando apenas as táticas de acordo com cada adversário.

Para Parreira (2005), sistema de jogo é apenas uma forma de distribuir os jogadores dentro do campo de jogo, com poucas variações em relação a essa divisão. A maioria dos treinadores busca distribuir os jogadores em três grupos, o de defesa, meio-campo e ataque.

De acordo com Grando (2014) apud, Melo (2000), a zona defensiva se caracteriza pela forte marcação e pelo trabalho de cobertura defensiva, buscando, quando está sem a bola, roubar a bola dos adversários, e ao conseguir a posse da bola, iniciar a construção das jogadas ofensivas. No Meio de campo, chamado pelo autor de Zona de construção, é o local responsável por construir de forma criativa as jogadas de ataque, podendo controlar o jogo e, na sua função defensiva, dificultar as jogadas de ataque da equipe adversária. Já na zona ofensiva, é o local onde se deve ter como principal objetivo a busca pelo gol, usando os recursos técnicos e de improvisação dos jogadores além de sem a bola, ocupar espaços para dificultar o início das jogadas ofensivas do adversário.

Parreira (2005) disserta que, duas equipes podem utilizar dentro o mesmo sistema de jogo e jogarem de maneiras completamente diferentes. Esta diferença pode se dar pela diferença de características dos jogadores de cada equipe, além das diversas orientações e forma de distintas de ver o jogo de cada treinador.

Os Principais esquemas táticos no futebol Sistema 4-3-3

O sistema 4-3-3, de acordo com Grando (2104) apud Leal (2001) se caracteriza por sua formação com uma linha de defesa com quatro defensores, sendo: um lateral-direito, um zagueiro central atuando pelo lado direito, um quarto zagueiro atuando pelo lado esquerdo e um lateral-esquerdo. Uma linha de meio-campo formado por quatro jogadores, um médio volante, um meia-direita e um meia-esquerda e no setor de ataque temos três de atacantes, formado por dois pontas e um centroavante. De acordo com Drubski (2003), o sistema 4-3-3 foi um dos sistemas de jogo mais utilizados nas copas do mundo de 1970, 1974, 1978. Na evolução dos sistemas táticos, esse sistema foi o que sofreu mais alterações, pois sempre que surgiu um novo sistema de jogo a principal mudança é no setor de ataque, reduzindo o número de jogadores deste setor. Santos Filho (2002) cita que esse sistema conta com algumas desvantagens como, por conta do reduzido número de jogadores no setor de meio campo, onde a bola normalmente é mais disputada, quando se enfrenta equipes com mais jogadores neste setor se há uma desvantagem numérica; a recuperação da famosa 2º bola fica deficitária, pois quando acontece um lançamento temos pouco jogadores no setor do meio para disputar e buscar a recuperação da bola que é rebatida; se os atacantes de ponta e os meio campistas não ajudarem na marcação a equipe ficará com desvantagem numérica no setor defensivo; o preparo físico pode ser um fator negativo, principalmente no início da temporada, quando os atletas não se encontram no melhor de seu condicionamento, sobretudo para os jogadores de meio-campo, responsáveis marcação, articulação e ajuda aos jogadores de ataque; E vantagens, como a maior facilidade na armação de jogadas, já que os meias têm mais opções no ataque para acionar, e também uma melhor marcação do setor defensivo adversário, dificultando sua saída de bola.

Sistema 3-5-2

Nesse sistema, segundo Grando (2014) apud Leal (2001) tem-se uma linha composta por três zagueiros, com características de marcação, e uma linha de cinco jogadores, na qual os dois primeiros atuariam como volantes de contenção, ao lado dos volantes, dois outros, que, jogadores que fazem o trabalho de laterais ou alas e ajudam no bloqueio ao meio-campo e na criação das jogadas, e à frente destes jogadores, um meio campo com poder de criação diferenciado com bom poder de aproximação ataque. No setor ofensivo há dois atacantes. Drubski (2003) considera o sistema 3-5-2 inicialmente um sistema mais defensivo, devido ao seu posicionamento, que na maioria das vezes é utilizado por equipes que prezam o uma maneira de jogar mais defensiva, também pode ser uma alternativa tática em momentos decisivos de uma partida. Santos Filho (2002) identifica vantagens nesse sistema como, ser utilizado quando a equipe no decorrer do jogo conseguiu uma vantagem no placar, já que o sistema faz com que o setor defensivo seja mais forte e eficiente, criando reais condições de roubada de bola, principalmente no setor de meio de campo, facilitando também a saída rápida para os contra-ataques; dificulta as ações ofensivas dos jogadores de meio campo da equipe adversária, devido ao grande número de atletas posicionados no setor de meio, local onde a maioria das jogadas se inicia e são criadas, além de algumas desvantagens como limitar as possibilidades da roubada de bola no campo defensivo de nossos adversários; facilita a saída de bola, devido ao limitado número de atletas no setor ofensivo, no qual são encarregados de iniciar a marcação ou mesmo de dificultar as ações iniciais dos adversários; quando a equipe está em desvantagem no placar, o adversário poderá se beneficiar desse posicionamento, devido ao baixo número de atletas no setor de ataque.

Sistema 4-4-2

Para Melo (2000), esse sistema se caracteriza por ser um sistema essencialmente brasileiro, principalmente a partir da década de 80 até os dias de hoje. O Brasil e suas equipes são conhecidos no mundo do futebol por utilizar este sistema de jogo. Como a própria distribuição preconiza, o sistema 4-4-2 é formado por quatro atletas no setor defensivo: lateral-direito, zagueiro central, quarto zagueiro e lateral- esquerdo. No setor de meio campo, quatro atletas também são distribuídos com o objetivo de marcação e iniciar as jogadas ofensivas da equipe: dois médios volantes,

um atuando pelo lado direito e o outro pelo esquerdo e dois meias, atuando mais adiantados, podendo ser definidos como meia-direita e meia-esquerda. No setor ofensivo é formado por dois atacantes, sem posição definida, podendo se movimentar um pela direita e o outro pela esquerda ou vice-versa, ou os dois pelo centro do ataque, abrindo espaços para os meias e laterais que atuam pelos lados do campo. As vantagens desse sistema segundo Santos Filho (2002) são visualizadas através do grande número de variações que esse sistema oferece; Dificulta a criação das jogadas ofensivas da equipe adversária devido ao grande número de jogadores presentes neste setor; Facilita as jogadas de contra ataque; Ajuda nas ações dos atletas do setor de defesa, pois permite que os zagueiros atuem mais na sobra, já que sempre é um atleta para realizar o primeiro combate de marcação fazendo assim com que os zagueiros tenham maiores condições de realizar os desarmes. Já nas desvantagens, segundo o autor está, limitar as possibilidades ofensivas por deixar os atacantes sempre em inferioridade numérica em relação aos defensores da equipe adversária caso não aconteça o apoio dos meio campistas, além de exigir um alto rendimento físico, dos atletas dos meio campistas, já que eles realizam diversas funções nas diferentes áreas do campo de jogo e exigir uma grande capacidade física dos jogadores de meio-campo, já que eles devem marcar e apoiar.

Sistema 4-5-1

Para Drubski (2003), este sistema foi apresentado pela Noruega no Campeonato Mundial realizado na França, em 1998. Consiste em um goleiro, uma linha de quatro defensores, sendo, dois laterais e dois zagueiros jogando pelo centro da área, seguida por cinco meio campistas e apenas um atacante, na frente. Segundo Santos Filho (2002) com a utilização desse sistema têm-se vantagens como um ótimo bloqueio defensivo; um número muito grande de jogadores no setor de meio campo, onde normalmente o jogo transcorre mais e um bom jogo de contra-ataque, pois este grande número de jogadores no meio facilita as roubadas de bola. Já sobre as desvantagens desse sistema, o autor cita um pequeno número de atacantes, a dificuldade de atacar pelos lados do campo e principalmente a sobreposição de funções dos jogadores de meio-campo.

Segundo Grando (2014), o sistema 3-6-1 é uma formação que nos dias atuais vêm sendo pouco utilizada. Formado por laterais que avançam ao setor de ataque e voltam para defender, dois volantes que tem função de fechar o setor de meio campo, sobra e defesa e meias que avançam no momento de atacar e ficam na intermediária no momento de defesa. Geralmente os treinadores utilizam essa formação quando é necessário povoar o meio-campo dificultando os ataques adversários e conseguindo assim, segurar o placar positivo. Para o autor, as vantagens que o sistema oferece são, por possuir um grande número de jogadores nessa zona do campo, permite ter um domínio nesse setor, diminuindo assim os espaços da equipe adversária na busca pelo gol. Possuir um número bastante reduzido de atletas no setor de ataque é uma desvantagem desse sistema de acordo com o autor, isso teoricamente, torna mais difícil a busca pelo gol em situações de resultados adversos.

Sistema 3-4-3

Grando (2014), assim como o sistema 3-6-1, cita o sistema 3-4-3 como sendo um sistema que preza bastante a defesa, pois apenar de possuir três atacantes, esse esquema possui três zagueiros com o objetivo de fechar a defesa sendo que um deles faz a função de líbero, servindo de cobertura nas jogadas, no meio campo, um ala defensivo e um ponta, além de dois atacantes de movimentação e um centroavante. Assim esse sistema acaba sendo pouco utilizado no futebol atual. Segundo o autor, esse sistema surgiu na Copa do Mundo de 1962, e tem a vantagem de teoricamente ser equilibrado por conta dos três atacantes e três zagueiros. Entretanto, pode se tornar difícil a construção de jogadas ofensivas por conta do baixo número de jogadores no setor, sendo que dois desses jogadores são alas.

Sistema 4-2-4

Esta formação tática é formada por quatro jogadores na defesa, dois meio campistas e quatro atacantes. A Seleção Brasileira adotou esse sistema tático na conquista de sua primeira Copa do Mundo em 1958. (GRANDO, 2014). Segundo Santos Filho (2002), as vantagens desse sistema são o resgate do futebol que busca antes de tudo o ataque e a procura pelo gol; desorganizar sistemas mais defensivos

que não foram bem treinados e planejados, podendo ser usado para confundir a equipe adversária. Para o autor, identificam-se desvantagens nesse sistema no momento de ligação do jogo para o ataque, por possuir apenas dois jogadores no meio campo, podendo também dar mais espaços para a organização das jogadas ofensivas da equipe adversária.

Os tipos de marcação no futebol Marcação Individual

No futebol moderno exige-se muito a marcação individual, para que o encaixe no adversário tenha êxito, é necessário que a equipe marque homem a homem por um tempo maior do que era praticado anteriormente. A marcação individual para Melo (2000) é aquela onde um jogador se incumbe insistentemente de neutralizar as ações de um contrário. Pode ou não haver espaço delimitado para o defensor agir. Ele deverá ir onde estiver o seu "homem alvo". Esse tipo de marcação é empregado quando há a necessidade de anular o jogo de uma ou mais peças importantes do adversário nas várias situações que o jogo oferece. É um expediente de muito desgaste físico tanto para quem marca quanto para quem é marcado. Quando o técnico escolhe entre os seus jogadores os que vão neutralizar individualmente os contrários, precisa fazê-lo com aqueles que saibam marcar forte e inteligentemente. À exceção dos lances de bolas paradas, nem sempre é aconselhável que os defensores façam marcação individual nas zonas próximas da área penal. Em determinadas situações, tal procedimento poderá abrir lacunas desastrosas no setor de retaguarda. Para Santos Filho (2002), a marcação individual pode ser utilizada: na área ou próximo a ela, em jogadas de jogo fluente vindas dos flancos; nas situações de bolas paradas do adversário, principalmente nas faltas laterais e escanteios. Ou autor continua colocando que nas faltas na lateral do campo, cada adversário que está na área, ou próximo dela, merece marcação individual. A movimentação dos atacantes é acompanhada de perto pelo marcador. Os gols provenientes de bolas paradas, nessas circunstâncias, acontecem na maioria das vezes por desconcentração na marcação individual; para neutralizar alguns jogadores importantes dos adversários; para marcar sob pressão em situações de saída de bola do adversário ainda próximo de sua área penal ou no nascedouro de jogadas em

outros setores do campo; em situações especiais, quando um contrário conduz a bola por um longo espaço do campo, e quem o está marcando deve acompanhá-lo até o final do lance.

Marcação por zona

Nesse tipo de marcação, como o próprio nome já preceitua, deve-se dividir o campo em "zonas" e, a partir daí, definir os atletas que serão responsáveis pela marcação em cada "zona" correspondente (MELO, 2000). Para o autor, poderá ser uma excelente alternativa para equipes que não possuam um bom preparo físico, devido a pouca movimentação que requer dos atletas. Além disso, cada um teria sua área de atuação previamente determinada e pela qual seria responsável. Drubscky (2003) considera que para atletas iniciantes pode ser um ótimo recurso, pois além de ter seu local de atuação determinado antecipadamente, exige maior responsabilidade de cada um, incutindo-lhes desde cedo o senso de trabalho em equipe, dos quais o futebol jamais poderá abrir mão como modalidade coletiva. O autor continua definindo, que esse sistema possibilita a utilização de jogadores mais lentos, além de propiciar à equipe a chance de manter a bola sempre vigiada, pode também ser usado como variação de outro tipo de marcação ou quando se percebe que a equipe demonstra sinais de cansaço e que as opções no banco de reservas não são adequadas. O autor demonstra a marcação da seguinte forma: tomando por base o sistema 4-3-3, teríamos nossos quatro zagueiros assim divididos: os laterais ficariam responsáveis pela marcação das laterais direita e esquerda, os dois zagueiros cuidariam do setor central da defesa à frente do goleiro, nas proximidades e fora da área penal. Os três jogadores de meio-campo ficariam assim divididos: o volante cuidaria da cobertura dos quatro zagueiros, os dois meias ficariam encarregados de dar o primeiro combate, cada um em seu setor. Finalizando, teríamos o trio de atacantes responsáveis pela marcação da saída de bola pelos nossos adversários, cada um em seu setor, procurando dificultá-la ao máximo e colaborando para o trabalho efetuado pelos meias e pelo volante.

Marcação mista

Segundo Melo (2000) a marcação mista e a mescla da marcação individual e por zona. Para o autor essa marcação é utilizada em equipes bem treinadas. Na

mesma linha, Drubscky (2003) comenta que devido à complexidade desse sistema, ele deverá ser empregado, apenas por equipes altamente treinadas e por atletas experientes. Ela exige também uma equipe bem condicionada fisicamente e que possua não apenas bons e versáteis jogadores, mas atletas inteligentes e aplicados, pois esse será o diferencial para que este tipo de marcação possa ser utilizado com êxito. O autor relata que também é uma excelente manobra tática quando se pretende confundir a armação das jogadas e a troca de bola pela equipe adversária, devido à variedade de procedimentos utilizados, o que deixará nosso adversário sem saber qual seria nossa próxima movimentação ou variação tática. Por ser mista, a equipe estaria, em determinado momento, marcando homem a homem, depois passaria a marcar por zona ou com meia pressão, enfim, utilizando tudo o que aqui foi descrito. Porém, mudando constantemente e sempre com o objetivo de dificultar as ações do adversário, de acordo com os objetivos pretendidos por seu técnico e, principalmente, com as circunstâncias e o resultado da partida.

É importante que nossos atletas e alunos, para desenvolver tanto a tática ofensiva como defensiva, tenham uma boa base de conhecimento em seus treinamentos. Para isto é necessário que o aprendizado da tática seja dinâmico e duradouro.