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5. ANÁLISES E DISCUSSÕES

5.1 Categorias de Análise

5.1.8 Os momentos do jogo no futebol

Quando questionados sobre os momentos do jogo no futebol, no aspecto da organização defensiva, tanto o TB quanto o TP identificam a marcação por zona como o princípio geral que sua equipe deve ter no momento defensivo de jogo.

“A marcação zonal”. (TB)

“[...] se a equipe já está trabalhando dentro do seu campo é sempre fazer o balanço da marcação. “ (TP)

Para Casarin e Esteves (2010) a organização do setor defensivo, identifica a zona pressionante como o princípio a ser seguido nessa fase, assim, em relação a

marcação zonal, a zona de pressão é dada a partir do fechamento dos espaços e linhas de passe, sistemas de cobertura a fim da abordagem e retomada da bola.

Para os pesquisados, os subprincípios importantes na organização defensiva são fechar as linhas de passe do adversário e marcar com intensidade.

“Ah a minha equipe defende bem, a organização começa, a gente diz muito, a organização defensiva é quando você ta atacando e você ta organizado defensivamente para que o adversário não te surpreenda, é, isso é um princípio que eu tenho e a minha equipe ta trabalhando para isso”. (TP) “Ah precisa ter uma boa performance em termos de quebrar a linha, fechar as linhas de passe”. (TP)

[...] “Cara a marcação zonal ela requer intensidade, intensidade, diminuição de espaços, muita pressão ao portador da bola, muita dobra de marcação, compactação”. (TB)

Os princípios gerais e específicos citados pelos pesquisados correspondem a organização defensiva descrita por Mendes (2015) quando este identifica que a organização defensiva deve procurar sempre a compactação, com sistema de cobertura, sobras, preenchimento de espaços e deslocamento organizado das linhas de marcação, fatores esses que faz parte da marcação zonal citada.

Corroborando com a fala dos pesquisados o treinador Roger do Grêmio coloca que uma equipe é organizada quando se desloca para defender e atacar sempre em bloco, buscando sempre o equilíbrio nos diversos momentos do jogo. Com o mesmo pensamento o treinador Tite (atual treinador da Seleção Brasileira) coloca que sua equipe deve ter um sistema de compactação com o goleiro e mais nove jogadores atrás da linha da bola

Percebe-se nas falas dos pesquisados e dos treinadores citados que partindo da marcação zonal, os treinadores dividem esse princípio geral em específicos, onde a intensidade, pressão ao portador da bola, dobra de marcação e compactação fechando as linhas de passes, completam a organização defensiva de suas equipes.

Verifica-se que a marcação zonal é cada vez mais utilizada no futebol atual. Deslocar-se em bloco e abordar a bola de maneira organizada e com intensidade, parece segundo os pesquisados e os autores a melhor maneira de organizar sua equipe defensivamente.

Quando perguntados sobre o momento ofensivo, o treinador da base (TB), identifica alguns princípios como posse de bola, amplitude de campo, e organização como fundamentais no seu trabalho.

“Posse, amplitude de campo, saber o momento certo de ser agressivo, saber o momento certo de circular a bola. ” (TB)

“ Saber criar superioridade numérica em determinadas regiões do campo, ter bom enfrentamento 1x1, ter bom poder de finalização, entrar com bastante gente dentro da área, atacar com o maior número de jogadores possível, esses são os subprincípios que eu trabalho e que eu julgo necessário. “ (TB) Ideia essa confirmada por Casarin e Esteves (2010) e Mendes (2015) quando os mesmos citam todos os elementos falados pelo treinador como princípios, subprincípios e ações importantes para uma boa organização ofensiva.

Colaborando com a mesma ideia de jogo ofensivo de TB, Guardiola técnico espanhol, expõe que sua organização ofensiva busca sempre o princípio da conservação da posse de bola. O técnico Roger também utiliza o princípio da posse de bola no ataque quando procura fazer com que haja aproximação dos jogadores pelo centro do gramado, para realizar as triangulações. Mourinho citado por Oliveira (2006), também busca sempre uma constante circulação da bola, procurando que seu time esteja sempre bem posicionado dentro de campo para que isso acontecer.

Para o TP, a velocidade é o principal princípio de suas ações ofensivas, identificando nessa velocidade a maneira encontrada pelo futebol atual de se sobressair sobre as outras equipes:

“ Velocidade. Você quando vai atacar o adversário deve ter velocidade e movimentação. Se você não tiver essa velocidade, porque o futebol hoje o grande craque que a gente tinha que driblava, que envolvia saiu do país, é que conseguia num lance parar a bola e enfrentamento hoje é o Neymar, ou então você tem que trabalhar com muita velocidade e movimentação para você poder sobrepor ao adversário. “ (TP)

Essa velocidade e movimentação pode ser relacionada com o princípio ofensivo da Mobilidade, identificado por Costa et al (2010) pelas ações intensas para a quebra da marcação adversária, dar opções de passe para os companheiros, tanto curtos como em profundidade e deslocamento, a fim de conseguir dominar as ações. O treinador Tite é adepto desta forma de atacar, para o treinador seu time deve ter uma organização de contra-ataques, buscando rapidamente preencher os espaços livres no setor de ataque, explorando o costado da defesa adversária. O técnico Carlo Ancelotti também é adepto deste sistema de atacar, este treinador é

identificado pelo “contra-taka”, onde o contra-ataque significa atacar com velocidade no espaço deixado pelos adversários.

No futebol atual essa busca pela velocidade se torna cada vez mais notória, a intensidade de movimentação para se criar espaços na defesa adversária pode ser a chave para conseguir furar as organizações defensivas dos adversários já que, atletas com características de drible e improviso estão se tornado cada vez mais escasso no mercado.

Percebe-se que na organização ofensiva os técnicos pesquisados possuem ideias diferentes de futebol. TB é adepto do jogo com posse de bola para envolver o adversário. TP gosta de atacar em velocidade com muita movimentação. Como observamos anteriormente os pesquisados possuem formações diferentes no futebol. Apesar de identificar o jogo realizado por TB mais atual, e corroborado por vários técnicos famosos, a ideia de atacar de TP também é muito atual principalmente em equipes inferiores tecnicamente.

Quando indagados sobre o momento de transição defensiva, ambos os treinadores, identificam a rápida abordagem a bola, sendo agressivo e organizado como princípio geral, necessitando dentro desse princípio uma mudança rápida de postura, sendo esse um fator específico para a ação.

“ É transição defensiva. Agressividade a bola, rápida agressividade a bola quando perde ela. “ (TB)

“ Vamos desmembrar isso aí também, uma mudança de postura né, tava com a bola e perdeu a bola, então essa mudança de postura essa rápida agressão ela pode se dizer que é especifica. “ (TB)

“ A organização. Se você tiver num momento de transição defensiva desorganizado fatalmente você vai tomar o gol, então você tem que ter e organização defensiva no momento de transição defensiva. “ (TP)

“ É fechar espaço, fechar espaço, não deixar o adversário evoluir né e se o adversário consegue evoluir a gente procura fechar as linhas, procura trabalhar sempre, é fazer o caixote que é dobrar essa marcação porque você com dois você dificulta mais ainda o adversário, a nossa organização defensiva ela passa por isso, dentro da nossa transição defensiva. “ (TP)

As palavras dos treinadores TB e TP podem ser confirmadas por Mendes (2015) quando o mesmo cita que a transição defensiva (ataque-defesa) busca uma prontidão dos jogadores para uma mudança de atitude rápida, executar a pressão para recuperar a bola imediatamente no momento da perda, fazer o campo pequeno, induzir a lateralização do jogo, induzir o adversário jogar para trás, coberturas diagonais, cuidar do lado fraco para não ser surpreendido.

No mesmo caminho, Casarin e Esteves (2010) cita a pressão coletiva ao portador da bola como princípio, e as ações para que isso ocorra com eficiência como a compactação e o encurtamento das linhas de passe como subprincípios.

Nesta mesma ideia de transição está o técnico Roger quando coloca que sua equipe tem como sistema base o 4-2-3-1, onde busca uma participação defensiva ativa de todos os jogadores, procurando diminuir os espaços do adversário e ao perder a posse de bola, buscar intensamente a retomada e recuperação da mesma, dificultando a organização ofensiva do oponente,

Podemos identificar que essa rápida mudança de postura e abordagem rápida no adversário quando da perda da posse de bola, está sendo cada vez mais executada pelos diversos times de futebol, fazendo com que se torne referência para os treinadores na elaboração de seus treinados, para tentar impedir as ações de ataque da equipe adversária, e aumentando a possibilidade da retomada da bola o mais rápido possível.

Sobre o momento da transição ofensiva, quando os atletas retomam a bola do adversário, para os treinadores o princípio geral desse momento do jogo, é a retirada da bola dos setores de maior pressão, para depois executar a circulação de bola e identificar o momento ideal para aprofundar ou organizar o jogo. E Tp ainda complementa que isto deve ser feito com velocidade

“ Saber o que fazer com a bola. ” (TB)

“ Retirar a bola da pressão e saber jogar em profundida no momento certo ou retomar a organização ofensiva e circular a bola. “ (TB)

“ São os pequenos triângulos né, são, é o ponto forte de uma equipe de futebol né, os pequenos, a aproximação e a gente tá procurando fazer essa aproximação né e as variações dentro dessa ação ofensiva né, lado, parte central quando você joga contra equipes que jogam totalmente fechadas fechando as linhas você tem que sempre tá balançando e esses pequenos triângulos aparecendo tanto pelo lado, quanto na parte central para que você possa envolver o adversário. “

“ É eu disse que é a velocidade, mas a aproximação ela é fundamental né, você aproximar, jogar próximo, rodar a bola, é dentro dessa transição ofensiva precisa ter aproximação para que que você consiga chegar dentro do principalmente gol do adversário de forma organizada para que você possa fazer o gol. “ (TP)

Esses princípios que identificam o trabalho dos treinadores, encontramos nas citações sobre transição ofensiva de Casarin e Esteves (2010) que falam sobre a retirada da bola das zonas de pressão, e sobre circulação da bola, característica essa

que segundo o autor faz parte da organização ofensiva, mas que se realizada de maneira rápida pode ser uma ação de transição.

Mendes (2015) complementa o pensamento anterior, dizendo que as equipes ao recuperarem a bola, devem ter uma mudança rápida de atitude, buscando sempre uma transição agressiva, rápida, inteligente e eficaz. O autor continua ao dizer que o jogo em profundidade, deve ser aproveitado pelos atletas assim como a superioridade numérica, buscando a finalização das jogadas com velocidade.

Atransição com velocidade e agressividade citadas por Casarin e Esteves (2010), presentes também nas ideias dos pesquisados e de Mendes (2015), também estão relacionadas com a maneira de pensar do técnico Tite e de Carlo Ancelotti.

Quando os pesquisados citam os princípios de triangulação e aproximação para a transição ofensiva, Mendes (2015) também coloca a importância da formação dos triângulos e aproximações como princípios de transição ofensiva. Estes princípios podem ser identificados também no trabalho do treinador Roger Machado quando o mesmo fala que o futebol se caracteriza pelas rápidas movimentações, aproximações e intensidade.

Essas triangulações podem fazer com que a equipe tenha cada vez mais opções para que o ataque realizado seja efetivo, já que formar triângulos com linhas de passe é uma forma coletiva de se jogar, forma essa que nos dias atuais se sobressai ao jogo individual.

Percebe-se pela fala dos pesquisados, dos autores e dos técnicos famosos que na transição ofensiva o contra-ataque rápido, com apoio dos companheiros (triangulações), parecem ser a forma mais adequada para utilizar na transição defesa- ataque.