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Dentre outras disposições as parcerias municipalizadoras da educação firmadas entre o governo do Estado de São Paulo – via Secretaria da Educação – e municípios desejam reduzir o percentual de responsabilidade do primeiro sobre o atendimento ao ensino fundamental em suas quatro primeiras séries e, por isso, não podem ser tomadas como

iniciativas do governo estadual que tenham como objetivo promover a melhoria da qualidade de ensino e a democratização da educação.

O número de governos municipais parceiros que aderiu a municipalização do ensino, dentro do Estado de São Paulo, cresceu significativamente após promulgação do Decreto 40.673/96 que instituiu o Programa de Ação de Parceria Educacional Estado – Município. A partir desta iniciativa os prefeitos se viram na contingência de assumir, mediante convênio, a rede estadual ou, em contrapartida, formar a sua própria rede.

Os convênios fixados entre Estado e municípios, a partir de meados da década de 1990, centraram-se sob o aspecto administrativo e não contemplaram o aspecto político. Isto significa dizer que os convênios não contribuíram para que se firmasse efetivamente a autonomia política dos municípios conveniados devido haver ainda a existência de uma forte dependência financeira destes em relação as outras esferas de governo. Muito embora a Constituição de 1988 tenha tratado o município como ente federado e este tenha obtido, posteriormente, um aumento no número de recursos financeiros destinados a sua esfera administrativa, o que se pode observar é que a autonomia política das municipalidades inexiste visto que, em grande parte, estes recursos financeiros não se destinam ao cumprimento de projetos definidos pelas autoridades municipais, pois se dedicam a assegurar a eficácia das medidas reformadoras gestadas pelo governo central. Como exemplo temos a criação do FUNDEF que foi concebido como medida asseguradora da municipalização do ensino. Neste tocante os convênios contemplam somente a autonomia administrativa – e não política - dos municípios. Através dos convênios os municípios tiveram que arcar com um aumento no número de tarefas a serem cumpridas no campo das políticas sociais, como é o caso da municipalização do ensino, ao passo que o Estado ganhou meios de controle mais eficazes para fiscalizar e avaliar as tarefas das municipalidades. Esta realidade denota que a

municipalização do ensino, em São Paulo, faz parte de um tipo de desconcentração do poder e não de descentralização do mesmo (ver capítulo I).

A constatação de que os convênios municipalizadores do ensino configuram-se mais como um expediente administrativo do que político implica dizer que há, no cenário paulista, a ausência de um amplo debate com a população e com as entidades representativas da educação pública, acerca do modelo de municipalização implantado no Estado de São Paulo. É possível observar, contudo, que a municipalização do ensino é um projeto político, mas que, no entanto, este projeto não é concebido pelos agentes/esferas locais de poder. Até mesmo a criação dos Conselhos Municipais de Educação não substantivou a participação efetiva da sociedade civil no debate e implantação da municipalização do ensino. A presidente do Conselho Municipal de Educação de Rosana, para o ano de 2003, ao manifestar-se a respeito do processo de municipalização do ensino em curso neste município expressa esta realidade de forma particular: “o município não está preparado para mudar; os professores não aceitam e também nunca colocamos este assunto em discussão” (Informação verbal)18

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Como a presidente do Conselho pode ter certeza de que os professores não aceitam a municipalização do ensino se esta nunca foi posta em discussão em Rosana? Uma justificativa poderia ser atribuída ao fato de que em alguns casos o Conselho se vê acuado pelo jogo de representações de interesses partidários comuns aos ambientes municipais. No caso rosanense, especificamente, a certeza da presidente do Conselho quanto a não aceitação dos professores em relação à municipalização do ensino inexiste. O que há no local é uma administração autoritária e fortemente centralizada nas mãos da secretaria de educação que impede as discussões em torno do debate da municipalização do ensino em Rosana. O processo de municipalização do ensino no Estado de São Paulo refere-se, na realidade, muito mais a uma transferência/desconcentração de competências, antes executadas pelo governo

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estadual, que a uma descentralização do poder. Esta constatação não nos permite incorrer na assertiva segunda a qual a descentralização, nos moldes indutores como ela se desenha em São Paulo, possa ser tomada como sinônimo de democratização da gestão dos sistemas de ensino.

Retomando o grau de intensificação da municipalização do ensino ocorrida em São Paulo a partir de 1990 podemos observar que os dados apresentados no quadro abaixo apontam a progressão numérica dos Convênios ocorridos no Estado paulista que se caracterizava até meados da década de 1990 como um dos entes federados com menor número de escolas municipais de ensino fundamental.

Quadro 2: Progressão da Municipalização no Estado de São Paulo

MUNICÍPIOS NÚMEROS

(ANO 2003)

Sem Rede Própria 89

Com Rede Própria 57

Rede Conveniada 499

Fonte: Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 2005.

A cifra de municípios que aderiu ao programa de municipalização do ensino fundamental do governo do Estado de São Paulo é extremamente considerável se observarmos que até o primeiro ano da gestão Mário Covas, em 1995, apenas 72 municípios haviam firmado o Convênio. Quanto à posição do governo rosanense em relação ao Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-município para atendimento ao Ensino Fundamental é possível notar que no depoimento de Ana Maria de Oliveira Mantovani,19 coordenadora da Equipe de Municipalização da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, “[...] Rosana não é Parceiro-Educacional” do Estado de São Paulo, não tendo firmado nenhum convênio com o mesmo para a municipalização das escolas de Ensino Fundamental em suas quatro

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O depoimento de Mantovani foi proferido por e-mail em 10 de maio de 2004 em resposta às perguntas encaminhada pelo pesquisador em correspondência eletrônica à Secretaria de Estado da Educação em 26 de abril de 2004.

séries iniciais. Até o ano de 2005, Rosana faz parte daqueles 57 municípios que, segundo o quadro anterior, possuem rede própria de ensino.

Diante das políticas governamentais propagadoras da municipalização do ensino em São Paulo é possível observar que o governo de Rosana optou por um outro caminho, não o dos convênios. Para efetivar a municipalização do ensino fundamental o governo de Rosana criou sua rede própria de ensino que convive simultaneamente com a rede estadual. A não adesão do município ao Convênio que estipula a municipalização do ensino fundamental se deve a dois motivos. O primeiro deles diz respeito à invejável arrecadação municipal, este fator permitiu ao município gozar de uma posição que não o torna um dependente das verbas oriundas do FUNDEF para sustentar a sua rede de ensino20. O segundo motivo diz respeito a um conchavo político existente no município entre os funcionários das redes estaduais e municipais. A completa municipalização do ensino fundamental significa, em uma região na qual praticamente a única fonte de trabalho é o funcionalismo público, reduzir ainda mais os postos de trabalho visto que acarretaria a saída de cena do Estado como provedor de empregos no ensino. Podemos perceber através da fala da presidente do Conselho Municipal de Educação como o debate em torno da questão da municipalização do ensino tem sido cautelosamente adiado em Rosana: “acho complicada a situação, pois se mexer com a municipalização com certeza muitos professores ficarão desempregados. Isso não poderá acontecer enquanto não haver um consenso entre Município e Estado, ambos não querem sair perdendo” (Informação verbal)21

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O discurso da presidente do Conselho encontra-se muito

próximo às manifestações contrárias da Associação dos Professores do Estado de São Paulo (APEOESP) à municipalização do ensino fundamental paulista. Cabe salientar que as

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Em estudo publicado em 1995 acerca da municipalização do ensino em São Paulo, Guimarães constatou que “[...] a grande maioria (52,5%) dos municípios conveniados possuíam, à época, menos de 10 mil habitantes. São municípios cujas administrações tinham em comum, à época, as baixas capacidades financeiras e a enorme dependência dos repasses feitos pelo estado e pela União e, por conta disso, eram mais vulneráveis e sujeitas às pressões e seduções exercidas por governos de índole autoritária e/ou fisiológica” (1995, p. 64).

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discussões em torno da municipalização do ensino em Rosana tem sido coordenada pela manutenção dos postos de trabalho, tanto dos professores estaduais como dos professores municipais. Esta manutenção tem sido promovida pela Divisão de Educação municipal e pelos dirigentes educacionais – diretores de escola e coordenadores – locais. Um exemplo desta situação pode ser percebida pela fala da coordenadora pedagógica da rede municipal. Conforme a coordenadora a Divisão de educação do município recebeu do poder executivo uma proposta para a formação de um fórum de discussão sobre a municipalização do ensino em Rosana. Segundo ela o primeiro e único fórum contou com a presença de poucos participantes, o que inviabilizou outros encontros. Para a coordenadora o ideal seria a existência de um processo de municipalização onde não houvesse ganhadores (empregados) ou perdedores (desempregados): “todos são professores, não há porque querer levar vantagem de uma rede sobre a outra.”22

Ao questionarmos os professores23 que lecionam nas quatro primeiras séries do ensino fundamental sobre o fórum promovido pela Divisão municipal de educação para discutir o processo de municipalização do ensino observamos que 93,7% dos 16 professores ouvidos não receberam convite algum para participar do fórum. Por que a grande maioria – cerca de 80% - dos professores das 4 séries iniciais do ensino fundamental não recebeu o convite para a discussão da questão da municipalização do ensino?

A resposta pode ser encontrada nas ações da própria Divisão de Educação. Segundo P224 o poder executivo local tem procurado fomentar as discussões em torno da municipalização do ensino, mas suas ações são barradas pela Divisão de Educação do município. “Penso que há um impasse em relação ao processo de municipalização em nosso

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coordenadora pedagógica da rede municipal de ensino em entrevista cedida ao pesquisador no ano de 2003. 23

Repostas dos professores das escolas municipais de ensino fundamental de 1ª à 4ª série do município de Rosana em 23 de junho de 2004 ao questionário formulado pelo pesquisador.

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município, pois tem [o processo] a aprovação por parte do poder administrativo [poder executivo], mas há a negação da Secretaria [Divisão] da Educação (P2, 2004).”

A respeito da constituição da rede de escolas municipais é possível notar que há em Rosana a seguinte disposição:

Tabela 4 Redes escolares

Escolas Total de Escolas

Ano

Municipal Estadual União Públicas Particulares

Número Total de Escolas 2003 09 08 00 16 07 23 2002 07 09 00 16 06 22 2001 06 08 00 14 06 20 2000 06 08 00 14 06 20 1999 03 11 00 14 03 17 1998 03 11 00 14 01 15 1997 03 12 02 17 00 17

Fonte: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, 2005 e INEP, 2005.

Dentre as nove escolas municipais rosanenses apenas três delas possuem um corpo administrativo próprio. Seis destas escolas estão lotadas respectivamente nos assentamentos Gleba XV de Novembro (5) e Nova Pontal (1) e são justamente estas escolas que não possuem um quadro administrativo específico tendo que o dividir com a escola EMEIF Antonio Felix Gonçalves localizada na cidade de Primavera. Este é um dado, no mínimo, curioso devido ao fato de que mais de 70% da população do município vive em áreas rurais.

A próxima tabela apresenta os números de alunos matriculados no ensino fundamental nas redes de ensino municipal, estadual e particular do município de Rosana. A tabela faz referência ainda aos valores que o município recebeu anualmente das verbas do FUNDEF.

Tabela 5

Matrículas no Ensino Fundamental Números de Alunos Matriculados nas Séries Iniciais

do Ensino Fundamental Rede Rede Municipal Rede Estadual Ano

Estadual Municipal Particular

Total 1ª a 4ª 1ª a 4ª Valor recebido do Fundef 1997 4.308 179 - 4.487 179 - 00,00 1998 4.249 358 - 4.607 358 - 117.677,35 1999 3.829 494 228 4.323 494 - 279.259,02 2000 3.678 717 221 4.405 717 1.358 439.013,37 2001 3.406 801 244 4.223 801 1.306 716.868,37 2002 3.284 858 255 4.159 858 1.264 923.183,46 2003 3.183 819 250 4.142 819 1.193 1.065.284,38 2004 2.847 830 239 3.677 830 1.036 1.064.700,00

Fontes: APEOESP, Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e MEC

Podemos notar que a rede municipal atendia, no ano de 2004, cerca de 44% das matrículas efetuadas nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, contra 34% das matrículas neste mesmo nível de ensino no ano de 2000. Estes percentuais demonstram que gradualmente a rede municipal vem assimilando um número maior de alunos do ensino fundamental de primeira à quarta séries pertencentes à rede pública. Esta realidade esta de acordo com o Inciso I do Artigo 149 da Lei Orgânica Municipal de Rosana que ressalta ser dever do município, para com a educação, garantir o ensino fundamental obrigatório e gratuito. A Lei, no entanto, não restringe a obrigatoriedade do governo municipal apenas à oferta das quatro primeiras séries do ensino fundamental. A julgar pelo texto do Inciso II do mesmo artigo o município tem:

a) a pretensão de assumir futuramente as matrículas nas quatro últimas séries do ensino fundamental;

Segundo o referido Inciso, o dever do município para com a educação se efetivará mediante “[...] progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio” (ROSANA, 1997).

Não está muito clara como se dará a extensão do atendimento municipal ao ensino médio. Como o município poderá realizar esse atendimento num contexto em que as escolas municipais EMEIF Sítio São João e EMEIF Emergencial, instaladas no assentamento Gleba XV de Novembro, sequer possuem transporte escolar? Acenamos especulativamente para duas possibilidades de respostas, ou o governo local esta muito confiante com a pomposa arrecadação do município e por isso acredita ser possível atender toda a Educação Básica ou a Lei Orgânica Municipal foi elaborada por uma junta de consultores jurídicos que não conhecem o contexto sócio-educacional rosanense. Quando consideramos o caput do Artigo 150, da Lei Orgânica de Rosana, esta segunda hipótese parece ser a mais indicada: “O Sistema Nacional de Ensino atuará, prioritariamente, no ensino fundamental e pré-escolar, só podendo atuar nos níveis mais elevados, quando a demanda naqueles níveis, estiver plena e satisfatoriamente atendida, do ponto de vista qualitativo e quantitativo” (ROSANA, 1997). Julgamos que há no artigo mencionado uma distorção quanto à compreensão das responsabilidades educacionais que cabem ao município. Atuar na educação infantil e prioritariamente no ensino fundamental é uma incumbência do sistema municipal de ensino, sendo permitida a sua atuação em outros níveis de ensino somente se as suas competências, prescritas em lei, estiverem sendo satisfatoriamente atendidas (Lei 9394/96, Artigo 11, Inciso V). Percebe-se que a administração local concebe a Lei Orgânica apenas como um expediente formal que não tem, necessariamente, a necessidade de traduzir-se em uma possibilidade de afirmação da autonomia legislativa do próprio município.

Em face deste episódio ressurge a preocupação em torno das possibilidades do município ser melhor gestor da educação que o Estado. Esta preocupação não significa dizer

que o município não o possa ser, mas o fato é que o projeto de municipalização do ensino e as políticas de descentralização não levaram em consideração a necessidade de se efetuar estudos quanto a capacidade gestora do município.

Embora o município de Rosana não tenha aderido ao Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-Município para atendimento ao Ensino Fundamental, é possível entrever alguns acordos que firmam, no campo educacional, convênio entre a administração local e o Estado. Um destes convênios diz respeito ao atendimento e manutenção do ensino fundamental. O governo de Rosana transfere periodicamente recursos financeiros para as escolas estaduais que atuam no município atendendo ao ensino fundamental em suas quatro primeiras séries. Ao todo são quatro escolas estaduais de ensino fundamental, três delas situam-se no assentamento Gleba XV de Novembro25; as escolas estaduais são responsáveis por aproximadamente 60% das matrículas neste nível de ensino.

Há ainda uma outra forma de convênio que o município firma anualmente com a Delegacia de Educação de Mirante do Paranapanema (DE). Este convênio - Processo 00610064/2004 - visa a cessão de salas de aulas dos prédios escolares estaduais para a prefeitura a fim de que esta implante nas salas cedidas suas turmas de Educação Infantil e de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Devido a este convênio, as escolas rurais Núcleo Bonanza, Gleba XV de Novembro e Ribeirinhos, todas situadas no assentamento Gleba XV, podem ser simultaneamente gerenciadas pelo Estado e pelo município. Nas páginas dos sites do INEP (ver ANEXO A) e da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo estas três escolas possuem, cada uma, dois códigos de identificação. Um dos códigos as classifica como escolas administradas pelo município o outro código as classifica como escolas administradas pelo Estado.

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No assentamento Gleba XV de Novembro há três escolas estaduais que atendem ao ensino fundamental nas séries iniciais: Núcleo Bonanza, setor I, Gleba XV de Novembro, setor II e Ribeirinhos, Setor III.

Os quadros seguintes, a título de exemplo, demonstram e ilustram esta realidade. No endereço eletrônico da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo uma mesma escola encontra-se cadastrada como estadual sob o nome Gleba XV de Novembro e como municipal sob o nome EMEIF Gleba XV de Novembro. Podemos perceber através dos quadros que a identificação do CEP e o número do telefone, além do nome das escolas, são distintos, no entanto, trata-se de uma mesma unidade escolar situada na agrovila do Setor II, no assentamento Gleba XV de Novembro.

Quadro 3: Gleba XV de Novembro

Dados de Localização

Diretoria: Mirante do Paranapanema

Município: Rosana Telefone: 3283-4088

Endereço: Gleba XV de Novembro, Setor II,

s/n CEP: 19.274 - 990

Bairro: Gleba XV de Novembro Zona: RURAL

Fonte: www.educacao.sp.gov.br, 2005

Quadro 4: EMEIF Gleba XV de Novembro - Setor II

Dados de Localização

Diretoria: Mirante do Paranapanema

Município: Rosana Telefone: 2841472

Endereço: Gleba XV de Novembro, Setor II,

s/n CEP: 19274 000

Bairro: Gleba XV de Novembro Zona: RURAL

Fonte: www.educacao.sp.gov.br, 2005

Como funciona esta dupla administração? O município solicita a permissão de uso das salas à DE de Mirante do Paranapanema. A Delegacia de Ensino e a prefeitura celebram, então, um Termo de Permissão de Uso. Neste caso, o governo estadual não suspende o seu atendimento à unidade escolar, pois ela não é transferida ao município; o Estado apenas cede à prefeitura algumas salas de aula dos prédios escolares requisitados. A administração da unidade escolar, entretanto, torna-se incumbência dos dois entes federados.

Há ainda um outro dado no mínimo peculiar que acena para a existência de um tipo de convênio no município através do qual a existência de uma rede de ensino não implica a inexistência da outra rede na oferta do mesmo nível de ensino. Após a reorganização da rede física das escolas, no Estado de São Paulo, promovida pela Secretaria de Educação, foram fechadas no município de Rosana as escolas Norte e Leste, em Primavera, e as escolas Emergencial R5, Emergencial R7, Pecuária e Sítio São João, na Gleba XV de Novembro.

Reivindicações dos moradores rosanenses obrigaram o governo local a assumir, no ano de 2002, administrativamente a escola Norte, que passou a se chamar Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental “Antônio Felix Gonçalves”. Manifestações dos trabalhadores assentados impeliram, no mesmo período, a prefeitura municipal a se responsabilizar pela oferta de ensino fundamental nas escolas Sítio São João e Emergencial R726

. A administração dos prédios das escolas Antônio Felix Gonçalves, Emergencial R7 e Sítio São João foi repassada ao município pela Companhia Energética de São Paulo (CESP) na ocasião em que esta empresa transferiu, em novembro de 2001, o núcleo de Primavera – distrito de Rosana – à prefeitura local. Entretanto, somente a administração dos prédios foi repassada ao município. Os prédios não constam como patrimônio da prefeitura rosanense.

Neste último exemplo o município não assume os prédios escolares, mas somente a administração dos mesmos. Por isso não é possível afirmar que este caso se enquadre dentro do Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-município para atendimento ao Ensino Fundamental conforme prescreve o Decreto nº 43.072/98.

Em suma, em relação ao programa do governo do Estado de São Paulo para a municipalização do ensino é possível observar que Rosana não firmou convênio com a

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A escola Pecuária, no assentamento Gleba XV de Novembro, pertence ao município de Euclides da Cunha Paulista e nunca mais reabriu. As crianças do assentamento, vizinhas desta escola, são transportadas diariamente para as escolas municipais situadas em Euclides da Cunha. O prédio da escola Leste foi cedido em 1999 ao Centro de Ensino Superior de Primavera, mantenedor da Faculdade de Primavera.

Secretaria de Educação do Estado. No entanto, há três casos muito particulares quanto à