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ESTUDADAS 219 ANEXO 1 GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO – MODELO

2.6. INFORMAÇÕES POR SEGMENTO

2.6.4. Aspectos normativos da informação por segmento

Os estudos realizados por Vasconselos e Szuster (2003); Schvirck e Gasparetto (2011) e Cruz et al. (2011), com o foco na divulgação voluntária de informações por segmentos no Brasil, mostraram pouca aderência por parte das empresas, por não existir exigência legal. Esta questão normativa mudou a partir do exercício 2010, quando as informações começaram a ser exigidas compulsoriamente das companhias abertas.

O Quadro 2 apresenta uma compilação das normas que influenciaram a divulgação de informações por segmento, as quais são

requeridas das empresas, no contexto internacional (IASB) e norte- americano (FASB), desde a década de 1970, enquanto que, no Brasil, em 1992, a CVM emitiu a primeira orientação para divulgação de informações segmentadas. As normas, exigindo tal publicação, foram editadas no FASB em 1976, sendo o primeiro órgão a emitir uma norma com tal teor. Posteriormente, o IASC (International Accounting Standards Committee), precursor do IASB, em 1981 emitiu norma baseada no padrão FASB, já, no Brasil, o CPC 22, baseado no IFRS 8, é a primeira edição da norma que regulamenta a divulgação, passando a vigorar no ano de 2010.

Quadro 2 - Evolução normativa da divulgação de informações por segmentos

Ano Histórico

1947/48 Companies Acts fazem as primeiras exigências de contas consolidadas.

1964 A Bolsa de Valores de Londres requereu que empresas listadas fornecessem dados segmentados sobre o lucro e o faturamento de diferentes tipos de atividades.

1967 AICPA procurou melhorar os relatórios com o acréscimo de informações e exigiu das empresas diversificadas que divulgassem dados por segmentos de maneira voluntária e complementar. 1969 SEC iniciou estudos sobre o impacto dos relatórios por segmento e

apresentou uma série de exigências às empresas listadas.

1970 Empresas dos EUA começaram a apresentar ao mercado um relatório voluntário por segmentos de acordo com as instruções da SEC e da AICPA.

1971 SSAP 1 primeira norma no Reino Unido referente às consolidações que tratam do método de contabilizar empresas associadas. 1975 A Employment Protection Act, no Reino Unido, obrigou empresas

a divulgarem informações adicionais aos sindicatos de trabalhadores para auxiliar a negociação coletiva.

Industry Act, no Reino Unido, permite que ministérios pertinentes do governo e sindicatos trabalhistas recebam da empresa informações que julgarem necessárias para a elaboração de políticas econômicas ou para consulta entre o governo e os trabalhadores.

1976 FASB especificou o critério de 10% do total da receita de vendas para definir a linha de negócios. No Reino Unido permaneceu a decisão arbitrada pela administração.

Foi normatizada pelo FASB, com a introdução do SFAS 14, a exigência de dados sobre linha de negócios, informação requerida pela SEC desde 1970.

1976 Proposta da ONU para relatórios por segmentos baseada em linha de negócios e análises geográficas das vendas, lucro operacional, gastos de capital e empregados.

Código de Conduta de Empresas Multinacionais, publicado pela OCDE apresentou exigências em relação à análise geográfica. 1979 Instituto de Contadores Canadenses acompanhou o FASB em

exigências semelhantes quanto ao relatório por segmentos. 1980 IASC emitiu uma proposta para divulgação de lucros provenientes

da receita de vendas e dos ativos identificáveis para segmentos industriais e geográficos.

1981 Emissão do IAS 14, exigia a divulgação da receita e dos ativos utilizados tanto para segmentos de negócios e geográficos. Baseado no SFAS 14, de 1976.

1992 No Brasil, a CVM emitiu o Parecer de Orientação 24/92 que incentivava as empresas a divulgarem informações sobre o resultado das linhas de produtos ou negócios.

1995 IASC publicou o ED 51 – Relatório de informações financeiras por segmentos, alterando significativamente a forma de divulgação das informações financeiras sobre produtos e serviços fornecidos. 1997 O ED 51 tornou-se o IAS 14 (Revisada), tendo por objetivo

estabelecer as informações do relatório por segmentos por linha de atividade e áreas geográficas.

FASB editou a SFAS 131, em substituição à SFAS 14, normatizando a divulgação por segmentos e inserindo o conceito da abordagem gerencial à informação divulgada.

No Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) editou a Resolução 001/97 que criou um plano de contas único para o setor no qual existia a obrigatoriedade da elaboração de informações por segmento de negócios.

2001 A ANEEL emitiu a Resolução 444/01 que revisou o plano de contas único ajustando-o as normas internacionais

2002 Nos EUA passou a vigorar a Lei Sarbanes Oxley com impacto na forma de apresentação de relatórios financeiros.

2004 No Brasil, o Ofício Circular CVM/SNC/SEP 01/2004 incentivava as companhias abertas a divulgarem informações por segmento, em acordo com o IAS 14.

2006 O IASB emitiu o ED 8, que posteriormente tornou se a IFRS 8, esta alinhou as exigências do IASB, no IAS 14R, com as normas do SFAS 131 do FASB, tendo como principal mudança a adoção da abordagem gerencial na divulgação de segmentos.

2009 No Brasil, a deliberação CVM 582/09 institui o CPC 22 que alinha as exigências de divulgação de segmentos às normas internacionais (IFRS 8), e passou a vigorar nas demonstrações referentes ao exercício de 2010.

2012 O FASB publicou o estudo de pós implementação do SFAS 131, visando possíveis ajustes na norma.

2013 O IASB publicou a estudo de pós implementação do IFRS 8 incluindo possíveis ajustes na norma.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Mourad (2009) e atualizado com legislações posteriores.

A norma internacional, IAS 14, publicada em 1981 foi a primeira no contexto do IASC, antecessor do IASB, a ser editada com as exigências de divulgação de informações por segmento, com teor baseado no SFAS 14, do FASB, editado em 1976. O SFAS 131, publicado pelo FASB em 1997, em substituição o SFAS 14, foi a base para a discussão da harmonização da norma de informações por segmentos com as normas internacionais, que originou o IFRS 8 publicado pelo IASB em 2006.

Uma das diferenças mais relevantes apresentada pelas normas atuais, SFAS 131 e IFRS 8, em relação às anteriores, foi a forma de definição dos segmentos a serem divulgados; antes as empresas tinham a obrigação de divulgar os segmentos em duas bases diferentes, por produtos e serviços e por área geográfica, ficando a critério das companhias a determinação de qual seria o critério primário, e por consequência, mais detalhado e qual seria o secundário com informações mais sumarizadas.

Com a edição das atuais normas as empresas devem divulgar os segmentos de acordo com a estrutura adotada internamente, que o SFAS 131 trata como management approach ou abordagem gerencial. Street, Nichols e Gray (2000) comentam que esta abordagem facilita a consistência de descrições da empresa em outras partes do relatório anual e foca sobre a informação que os gerentes usam para tomar decisões.

Alguns estudos relatam que a utilização do SFAS 131 e do IFRS 8, em substituição às normas anteriores, proporcionou melhoria nas informações prestadas pelas empresas pela desagregação de linhas de produtos, pelo aumento no número de segmentos divulgados e também pela quantidade de informações divulgadas em cada segmento (STREET, NICHOLS e GRAY, 2000; HERMANN e THOMAS, 2000; BERGER e HANN, 2003; ETTREDGE et al., 2006; NICHOLS e STREET, 2007; MARDINI, CRAWFORD e POWER, 2012). No entanto, há críticas à discricionariedade proporcionada aos gestores nas normas atuais no que tange à definição sobre como as informações devem ser divulgadas.

Em julho de 2012, o IASB iniciou estudo do período pós- implementação do IFRS 8 com o objetivo de avaliar se a norma está atuando como esperado e também buscar informações práticas sobre os desafios e os custos associados com a implementação da norma. O relatório do estudo foi publicado em julho de 2013 e apontou que os objetivos principais foram alcançados, no que tange ao aumento de informações ao usuário e a utilização de estrutura interna. No entanto, há pontos divergentes levantados pelos analistas e preparadores do relatório que serão tratados pela entidade (IASB, 2013).

No Brasil, considerando que o CPC 22 é a primeira norma que exige das empresas a divulgação de relatórios por segmento, torna-se difícil traçar um paralelo entre o antes e depois, uma vez que anterior ao CPC 22 a divulgação que foi realizada teve caráter voluntário e ocorreu de forma pouco significativa.

2.6.5. Pronunciamento Técnico CPC 22 Informações por Segmento