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H 8 (Nula) = O indicador de disclosure médio das companhias não

4.4. INFORMAÇÕES PUBLICADAS NO RELATÓRIO POR SEGMENTOS

A quantidade de informação publicada pelas empresas é determinante na qualidade do disclosure praticado. A Tabela 32 mostra o percentual de empresas analisadas que publicou cada um dos itens utilizados na construção do IDS. Assim como no estudo de Hermann e Thomas (2000) nota-se que alguns itens, tais como receitas de clientes externos (2.4) e resultados do segmento (2.1) foram publicados por quase todas as empresas, outros itens apresentam divergências. Enquanto 94% das empresas estudadas por Hermann e Thomas (2000) apresentaram informações sobre depreciações, no Brasil, pouco mais de 50% publicaram esse dado, por outro lado, receitas e despesas financeiras foram publicadas por cerca de 30% das empresas no Brasil, contra 10% dos resultados de Hermann e Thomas (2000).

Alguns itens, como conciliações e informações geográficas receberam menor atenção nos relatórios por segmentos. Há, no entanto, uma sutil melhoria nos números apresentados. A divulgação dos itens 1.1 e 1.2 que são relacionados à forma como a empresa define seus segmentos aumentou, esta é uma informação qualitativa, descritiva, que serve como orientação ao leitor para entender como os segmentos da companhia foram definidos e como as receitas em cada segmento ocorrem, isso demonstra a preocupação das empresas em melhorar o entendimento dos relatórios.

A informação sobre passivos, item 2.4, que não é obrigatória diante da norma, e valores referentes a tributos, item 2.10, também foram apresentadas por maior número de empresas. Desse modo, a Tabela 32 mostra que houve aumento no disclosure ao avaliar que mais empresas passaram a divulgar as informações requeridas.

Entretanto, percebe-se que alguns itens tiveram menor exposição, tais como conciliações, receitas e despesas financeiras que têm percentual de divulgação na faixa de 30% ou menos. Somente as receitas com clientes externos foram divulgadas por todas as empresas. Mesmo o lucro ou prejuízo do segmento, que é um item básico em uma demonstração financeira, não foi apresentado por algumas empresas.

Tabela 32 – Percentual de empresas que atendeu a cada item analisado

Item O/C Descrição 2010 2011 2012

1. Informações gerais

1.1 O Os fatores utilizados para identificar os segmentos divulgáveis da entidade, incluindo a base da organização.

69% 71% 72%

1.2. O Tipo de produtos e serviços a partir dos quais cada segmento divulgável obtém suas receitas.

71% 73% 75%

2. Informações sobre lucro ou prejuízo, ativo e passivo.

2.1. O Lucro ou prejuízo de cada segmento

97% 98% 98% 2.2 O Ativo total de cada segmento 82% 85% 85% 2.3 C Passivo total de cada segmento, se

este valor for reportado ao principal gestor das operações.

54% 56% 56%

2.4 O Receitas provenientes de clientes externos

100% 100% 100% 2.5 C Receitas de transações com outros

segmentos operacionais da mesma entidade 18% 18% 17% 2.6 O Receitas financeiras 32% 31% 31% 2.7 O Despesas financeiras 32% 31% 31% 2.8 O Depreciações e amortizações 56% 56% 54% 2.9 C Resultados em investimentos

avaliados por equivalência patrimonial

23% 25% 27%

2.10 O Despesas ou receita com imposto de renda e receita ou despesa com contribuição social

58% 59% 62%

3 Mensuração

3.1 C Base de contabilização para quaisquer transações entre os segmentos divulgáveis.

21% 21% 21%

4 Conciliação

4.1 O O total das receitas dos segmentos com as receitas da entidade

30% 30% 30% 4.2 O O total dos valores de lucros ou

prejuízos dos segmentos em relação aos valores da entidade

28% 28% 28%

4.3 O O total dos ativos dos segmentos com os ativos da entidade

25% 25% 25% C O total dos passivos dos 16% 16% 16%

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4.4 segmentos com os passivos da entidade, caso estes valores sejam divulgados.

5 Reapresentação de informações previamente divulgadas

5.1 C Se houver alteração na estrutura da organização interna de maneira a alterar a composição dos segmentos divulgáveis

1% 16% 7%

6 Informações sobre área geográfica (complementar aos segmentos)

6.1 C Receitas provenientes de clientes externos atribuídos ao país-sede da entidade

34% 34% 34%

6.2 C Receitas provenientes de clientes externos atribuídos a todos os outros países onde a entidade obtém receitas

26% 26% 24%

6.3 C Ativos não circulantes localizados no país sede

11% 11% 10% 6.4 C Ativos não circulantes localizados

em todos os países estrangeiros onde a entidade mantém ativos

9% 10% 9%

7 Informações sobre produto e serviço

7.1 C Receitas provenientes de clientes externos em relação a cada produto e serviço

13% 14% 10%

8 Informações sobre principais clientes

8.1 O Relevância de clientes na composição das receitas

32% 31% 32%

Ao segregar as informações divulgadas pelo porte das companhias, conforme mostra a Tabela 33, nota-se que informações como receita de clientes externos e resultados por segmentos foram apresentadas pela maioria das empresas. Destaca-se o percentual de 95% das companhias menores, na informação sobre o resultado por segmentos, isso demonstra que algumas empresas divulgaram apenas o valor das receitas segmentadas.

O item que busca explicitar ao leitor como a empresa define seus segmentos é apresentado com maior frequência nas empresas do grupo 4 que são as de maior porte. Porém, 12% destas não informam com qual critério a administração da empresa determina os segmentos divulgáveis.

Tabela 33 – Informações divulgadas em 2012, por porte da companhia

Informação Porte

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Fatores utilizados na

definição dos segmentos 57% 71% 64% 88%

Resultado por segmento 95% 100% 98% 98%

Ativo por segmento 79% 86% 86% 90%

Passivo por segmento 52% 52% 69% 50%

Receitas de clientes externos 100% 100% 100% 100%

Receita intersegmentos 10% 19% 21% 19% Receitas financeiras 26% 36% 29% 33% Despesas financeiras 26% 36% 29% 33% Depreciações 36% 57% 57% 69% Conciliações 15% 25% 45% 35% Informações geográficas 19% 40% 29% 50% Relevância de clientes 24% 48% 31% 33%

Fonte: Dados da pesquisa

Os dados sobre receitas intersegmentos são pouco divulgados, em média 18% das companhias publica esta informação, como mostra a Tabela 32. Ao avaliar esses dados em conjunto com os da Tabela 33, percebe-se que essa informação é publicada por apenas 10% das companhias de menor porte e em torno de 20% nas companhias maiores. Comportamento semelhante apresentam os dados referentes a conciliações e informações geográficas.

A divulgação de alguns itens mostrados na Tabela 33, podem ser comparados ao estudo, no mercado europeu, feito por Hermann e Thomas (1996), o qual também mostrou melhor disclosure nas companhias maiores. O percentual de publicação porém, foi inferior aos achados nesta pesquisa. Somente as vendas tiveram divulgação relevante no estudo de Hermann e Thomas (1996). A publicação dos lucros foi de apenas 9,5% nas empresas menores e chegou a 41,9% nas maiores, enquanto que neste estudo o resultado é publicado por pelo menos 95% das companhias, assim como em todos os itens avaliados por Hermann e Thomas (1996), este estudo apresenta maior divulgação por parte das empresas.

A segmentação das informações de acordo com o nível de governança das empresas não apresenta diferenças significativas, como mostra a Tabela 34. Destaca-se que as empresas listadas nos maiores níveis de governança apresentam maiores percentuais de divulgação das informações na maioria dos itens. As empresas não classificadas

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destacam-se pela maior publicação dos itens: receitas intersegmentos e receitas e despesas financeiras.

Tabela 34 – Informações divulgadas em 2012, por nível de governança

Nível de Governança Porte

NM N2 N1 NC

Fatores utilizados na

definição dos segmentos 77% 64% 73% 63%

Resultado por segmento 100% 100% 91% 97%

Ativo por segmento 86% 93% 86% 82%

Passivo por segmento 56% 79% 50% 53%

Receitas de clientes externos 100% 100% 100% 100%

Receita intersegmentos 11% 21% 18% 23% Receitas financeiras 27% 29% 27% 37% Despesas financeiras 27% 29% 27% 37% Depreciações 60% 50% 50% 52% Conciliações 36% 29% 18% 32% Informações geográficas 41% 43% 45% 21% Relevância de clientes 39% 36% 45% 24%

Os itens referentes aos fatores utilizados na definição de segmentos e informações geográficas destacam-se nas empresas do Novo Mercado. Ressalta-se que o item de definição de segmentos não é, prioritariamente, quantitativo e sua apresentação depende da descrição da forma como a atividade da empresa é desenvolvida com o objetivo de auxiliar o entendimento das operações.

As empresas segregadas por setores de atuação tendem a demonstrar diferentes nível de disclosure, como mostrado por Hermann e Thomas (1996). Espera-se que em setores com maiores barreiras para entrada e com maior risco, as empresas publiquem relatórios por segmento com mais informações, devido ao menor risco de serem prejudicadas pela entrada de novos concorrentes.

Não foi possível estabelecer relações diretas com a classificação setorial de Hermann e Thomas (1996), no entanto, os dados apresentados na Tabela 35 mostram algumas semelhanças. Nos setores de petróleo, gás e biocombustíveis, utilidade pública, financeiro e outros e telecomunicações, há um percentual de empresas que publica mais itens no relatório.

Nos setores de petróleo, gás e biocombustíveis e utilidade pública a concorrência no mercado é menor por se tratarem de empresas com áreas de exploração delimitadas e com regulamentações por parte de

entidades governamentais. A principal companhia de petróleo no Brasil, a Petrobras, domina amplamente o mercado.

Nas áreas de utilidade pública, 75% das empresas são do setor de energia elétrica, as quais têm atuação definida dentro de sua área de abrangência, normalmente com atuação regional, onde seu cliente não tem opção pelos serviços de outra companhia. Dessa forma, a concorrência é quase inexistente.

Também os setores de telecomunicações e financeiro e outros são amplamente regulamentados o que dificulta a entrada de novas empresas e, ao mesmo tempo, exige que as companhias sejam transparentes aos seus clientes em relação aos custos dos serviços prestados, destaca-se que estes setores apresentam elevado grau de concorrência no mercado.

Por outro lado, assim como no estudo de Hermann e Thomas (1996), os setores de materiais e consumo, onde a concorrência tende a ser maior e as barreiras de entrada são mais brandas, há menor número de empresas divulgando itens do relatório por segmentos, com destaque aos itens de fatores utilizados na definição dos segmentos e informações geográficas.

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Tabela 35 – Informações divulgadas em 2012, pelos setores de atuação

Informação Setores

A B C D E F G H I J

Fatores utilizados na

definição dos segmentos 40% 81% 67% 75%

82% 54% 75% 100% 100% 79% Resultado por segmento 90% 100% 100% 100% 96% 100% 100% 75% 100% 100%

Ativo por segmento 85% 88% 79% 88% 89% 83% 100% 75% 100% 84%

Passivo por segmento 50% 63% 71% 50% 57% 46% 75% 50% 80% 63%

Receitas de clientes externos 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Receita intersegmentos 15% 13% 17% 4% 14% 25% 50% - 80% 16% Receitas financeiras 35% 44% 21% 25% 18% 25% 50% - 100% 47% Despesas financeiras 35% 44% 21% 25% 18% 25% 50% - 100% 47% Depreciações 55% 38% 63% 40% 57% 54% 75% 25% 100% 53% Conciliações 20% 25% 30% 25% 18% 30% 75% 75% 100% 37% Informações geográficas 50% 25% 29% 25% 43% 46% 25% 25% 60% 16% Relevância de clientes 30% 56% 33% 38% 39% 33% 25% 25% - 21%

Fonte: Dados da pesquisa

Legenda: A: Bens industriais; B: Construção e Transporte; C: Consumo cíclico; D: Consumo não cíclico; E: Financeiro e outros; F: Materiais básicos; G: Petróleo, gás e biocombustíveis; H: Tecnologia da informação; I: Telecomunicações; J: Utilidade pública.

4.5. AVALIAÇÃO DA PUBLICAÇÃO DE RELATÓRIO POR