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H 8 (Nula) = O indicador de disclosure médio das companhias não

4.1. CARACTERÍSTICAS DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES POR SEGMENTOS

A caracterização tem por objetivo demonstrar como foram elaborados os relatórios em termos de quantidade de segmentos, critérios utilizados em sua definição e tipos de informações que foram publicadas pelas empresas.

Das 510 companhias listadas na BM&FBovespa, em novembro de 2012, vide apêndice A, em torno de 61% apresentaram informações por segmentos, aproximadamente 34% das empresas não divulgaram e nem fizeram qualquer tipo de referência ao CPC 22 ou sobre segmentos, e em 5% das empresas não houve demonstrações disponíveis na BM&FBovespa, como explicitado na Tabela 2. Esse resultado contrasta com os estudos até então desenvolvidos no mercado brasileiro, que apresentaram um grupo acima de 80% de empresas com divulgação de segmentos (ERNST YOUNG TERCO e FIPECAFI, 2011; SILVA e PINHEIRO, 2012; ERNST YOUNG TERCO e FIPECAFI, 2012; AILLÓN et al., 2013, SCHVIRCK, LUNKES e GASPARETTO, 2013 e ERNST YOUNG TERCO e FIPECAFI, 2013).

Esta diferença pode ser atribuída ao viés da amostra utilizada nos estudos anteriores, já que todos trabalharam com grupos limitados a determinado índice da BM&FBovespa, tais como Ibovespa e IBrX. Estes índices são compostos por empresas com maior liquidez e com relevante representatividade no mercado, normalmente empresas de grande porte e com melhores padrões de disclosure. Este estudo, ao utilizar todas as companhias abertas listadas na BM&FBovespa, ampliou a análise, eliminou o viés da amostra e demonstrou que a quantidade de empresas que não divulgam segmentos, e dessa forma, não atendem à norma, aproxima-se de 40% das companhias abertas brasileiras.

Tabela 2 – Situação das DFPs das empresas sobre informação por segmentos Situação da empresa 2010 2011 2012 Sem dados publicados no período 5,1% 2,9% 7,1% Não divulgou ou não fez referência a

informações por segmentos 33,9% 34,5% 32,2% Empresas com informações sobre segmentos 61,0% 62,5% 60,8% Fonte: Dados da pesquisa

Nesse contexto, nas companhias que mencionaram o CPC 22, mesmo que para declarar a atuação em apenas um segmento, identificaram-se as características da divulgação praticada pelas empresas, o número de segmentos, qual o critério utilizado na definição do segmento, quem foi definido como o principal gestor de operações, que métrica de resultados foi utilizada na publicação e, de acordo com as informações divulgadas, como se caracteriza a estrutura dos centros de responsabilidades das empresas.

A Tabela 3 mostra que há uma parcela relevante, mais de 30% de empresas, que declara atuar em apenas um segmento, dessa maneira, geralmente, não apresentam informações adicionais às demonstrações consolidadas. Os usuários externos destas empresas não são contemplados com os benefícios informativos do CPC 22, pois a não divulgação do relatório com a abordagem gerencial priva o stakeholder das informações com a visão do gestor, como prevê a norma, sendo assim, a melhor avaliação dos riscos e retornos do investimento fica prejudicada.

Percebe-se na Tabela 3 que as empresas que declaram atuar em um segmento diminuíram no período do estudo e, que as multissegmentos concentram-se entre dois e cinco segmentos. Com menor representatividade, há empresas com mais de cinco segmentos e com onze segmentos destaca-se a Abril Educação no ano de 2012. As variações no número de empresas de um ano para outro podem representar um processo de amadurecimento e ajustes no que as empresas consideram segmentos divulgáveis. Conforme apurado nos relatórios publicados, várias empresas alteraram os segmentos divulgados com desdobramentos ou agrupamentos de atividades. Tabela 3 - Número de segmentos divulgados pelas Companhias

Número de segmentos 2010 2011 2012 Um 35,7% 34,5% 32,6% Dois 18,3% 20,1% 20,3% Três 18,3% 16,0% 15,8% Quatro 14,5% 16,3% 16,8% Cinco 5,5% 5,0% 6,8% Seis 4,8% 5,3% 4,8% Sete 1,6% 1,9% 1,6% Oito 1,3% 0,9% 1,0% Onze 0,0% 0,0% 0,3%

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Os resultados apontados na Tabela 3 são similares aos estudos anteriores, ao demonstrarem o maior grupo de empresas com apenas um segmento e também as companhias com múltiplos segmentos concentrando-se entre dois e quatro segmentos. Divergindo, porém, nos percentuais em cada grupo, principalmente, pela amostra utilizada. Enquanto nesta pesquisa o número de empresas com um segmento foi superior a 30%, outros estudos realizados encontraram valores em torno de 25% das empresas de suas amostras com um segmento operacional (ERNST & YOUNG TERCO e FIPECAFI, 2011; ERNST & YOUNG TERCO e FIPECAFI, 2012; SCHVIRCK, LUNKES E GASPARETTO, 2013; ERNST & YOUNG TERCO e FIPECAFI, 2013).

O alto percentual de companhias que declaram operar com apenas um segmento pode ter dois motivadores. Do ponto de vista de modelo de gestão as empresas não utilizam a descentralização como forma de tomada de decisões, o que para grandes empresas pode ser um limitador em termos de desempenho, pois como exposto por Frezatti et al. (2009) e Jiambalvo (2009), o tamanho da empresa aumenta sua complexidade operacional.

Por outro lado, do ponto de vista de divulgação de informações ao mercado, conforme exposto por Sanders, Alexander e Clark (1999), a possibilidade de agregação dos segmentos é um incentivo para as empresas não publicarem dados além das demonstrações consolidadas, sob o argumento de que sua atividade caracteriza-se em apenas um segmento, dessa forma não se expondo aos concorrentes.

A agregação de segmentos foi um dos itens mais questionados no estudo pós implementação do IFRS 8. De acordo com o relatório do IASB (2013, p. 7), para os investidores os segmentos operacionais são agregados de forma inapropriada, reduzindo o valor da informação apresentada enquanto que para preparadores das demonstrações as orientações normativas para agregação são de difícil aplicação prática.

Como exemplo de um caso de agregação, cita-se uma empresa que atua no ramo de consumo cíclico e conforme informações publicadas no site da BM&FBovespa, tem como atividade principal o “comércio varejista e atacadista em geral de quaisquer bens e serviços através de diversos meios”, faturou em 2012 aproximadamente dois bilhões de reais e seu ativo total foi de 4,78 bilhões de reais.

A companhia declara atuar com apenas um segmento operacional, mesmo atuando em diversas atividades, como explica a empresa:

Apesar da diversidade de produtos vendidos e serviços prestados pela Companhia (comércio varejista e atacadista, aluguel de filmes, venda e distribuição de ingressos, passagens e tíquetes para atrações públicas, parques e eventos em geral, dentre outros), tais atividades não são controlados e gerenciados pela Administração como segmentos operacionais independentes, sendo os seus resultados acompanhados, monitorados e avaliados de forma integrada. Desta forma, a Administração entende que a Companhia está organizada, basicamente, em uma única unidade de negócio. A Companhia atua também na área de produtos financeiros, por meio da controlada Submarino Finance Promotora de Crédito Ltda. (até 30 de novembro de 2012 controlada em conjunto), que, por não atingir os parâmetros quantitativos e qualitativos mínimos, não está sendo apresentada como segmento operacional em separado.

Esta condição pode ilustrar as duas situações anteriormente expostas. Trata-se de uma grande empresa no cenário nacional, com diversas atividades distintas, em tese, com alto grau de complexidade, que relata não adotar gestão descentralizada das atividades, e de acordo com as possibilidades de agregação permitidas pela norma, todas as atividades, por mais diversas que sejam, são consideradas como único segmento operacional. Outros exemplos poderiam ser apresentados, no entanto, não agregariam fatores além dos discutidos.

Diante das dúvidas e críticas que surgiram em relação à agregação, o IASB (2013, p. 7) entende que a norma deveria fornecer orientação sobre a natureza das características econômicas semelhantes e reconsiderar o uso de limites quantitativos para ajudar os preparadores a aplicar a agregação de forma mais consistente e fazê-lo somente quando for apropriado.

O ramo de atuação possui especificidades que influenciam a forma como os relatórios são divulgados. Na Tabela 4 estão demonstrados os percentuais de empresas em cada setor, classificados de acordo com os critérios da BM&FBovespa, que publicaram o relatório com dois ou mais segmentos operacionais. Das 510 companhias, cinco que não estavam classificadas em nenhum dos setores não apresentaram relatórios com dois ou mais segmentos, dessa

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forma a Tabela 4 mostra os dados, considerando as 505 companhias listadas.

O setor financeiro e outros é o que agrega o maior número de companhias listadas na BM&FBovespa e também foi neste grupo que houve a menor incidência de empresas divulgando relatórios multissegmentos. Um dado que explica este resultado pode ser relacionado com a atividade praticada pelas empresas, muitas delas são securitizadoras e empresas de participação em outras sociedades, e estas atividades apresentaram alto índice de não divulgação, ou então, que declararam atuar em segmento único. Destaca-se, no entanto, que os bancos, em sua maioria, divulgaram relatórios com múltiplos segmentos.

Tabela 4 – Divulgação de segmentos por setor Setor Empresas no

setor

Quantidade de empresas que divulgaram mais de um segmento

2010 2011 2012 Bens industriais 33 66,7% 72,7% 69,7% Construção e transporte 73 28,8% 28,8% 35,6% Consumo cíclico 67 41,8% 40,3% 38,8% Consumo não cíclico 47 59,6% 59,6% 61,7% Financeiro e outros 142 23,9% 28,2% 28,2% Materiais básicos 41 68,3% 68,3% 63,4% Petróleo, gás e biocombustíveis 8 62,5% 62,5% 62,5% Tecnologia da informação 8 50,0% 50,0% 50,0% Telecomunicações 11 72,7% 72,7% 63,6% Utilidade pública 75 30,7% 32,0% 30,7% Fonte: Dados da pesquisa

Em cinco setores, bens industriais, consumo não cíclico, materiais básicos, petróleo, gás e biocombustíveis e telecomunicações mais de 60% das empresas publicaram relatórios com mais de um segmento. Esse resultado indica que nestes setores pode haver maior utilização de processos descentralizados para a tomada de decisões, considerando que apresentam relatórios com maior nível de segmentação.

O destaque negativo foi o resultado encontrado no setor de utilidade pública. Neste grupo, aproximadamente, 75% das empresas são do ramo de energia elétrica, setor regulamentado pela ANEEL em 1997 e que utiliza plano de contas padrão com as atividades segmentadas. Diante da regulamentação e da estrutura implantada com o plano padrão poder-se-ia esperar que o número de empresas com relatório por segmentos fosse mais expressivo.

A norma contábil é flexível ao definir como os segmentos devem ser determinados, possibilitando que a empresa utilize qualquer estrutura de acordo com a sua composição operacional e administrativa. A Tabela 5 demonstra que o método amplamente utilizado para definir o segmento divulgável é por produtos e serviços, sendo adotado por mais de 80% das companhias, com aumento durante o período estudado.

O critério de atuação geográfica que apresenta alto teor informativo, de acordo com Martin e Poli (2004) e Weissenberger e Franzen (2012), citados por Tarca e Pitman (2012), foi utilizado por aproximadamente 6% das companhias. Destaca-se que a utilização deste critério apresentou declínio no período analisado, em 2012 apenas 5,3% das empresas publicaram informações por segmento geográfico. Situação semelhante às empresas que divulgaram informações sob ambos os critérios, ou seja, todas as informações por segmentos são publicadas com base nos produtos e serviços e também por atuação geográfica. Este critério foi utilizado por menos de 5% das companhias e diminuiu para 3,8% em 2012.

Estes resultados corroboram com os achados de estudos anteriores realizados por Nichols, Street e Gray (2000) e Hermann e Thomas (2000), com empresas europeias, que mostram a diminuição da informação por atuação geográfica após a adoção da abordagem gerencial e a predominância da linha de produtos ou serviços.

Tabela 5 – Critério utilizado na definição do segmento

Critério de definição 2010 2011 2012 Produto ou serviços (PS) 81,5% 83,3% 83,6% Atuação geográfica (AG) 6,5% 5,6% 5,3% Prod. e serv. e geográfica (PSG) 5,0% 3,8% 3,8% Combinação de fatores (CF) 4,5% 5,3% 5,3%

Clientes (CL) 0,5% 0,5% 0,5%

Constituição jurídica (CJ) 1,0% 1,0% 1,0%

Outros 1,0% 0,5% 0,5%

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Segundo Nichols, Street e Cereola (2012), a partir do IFRS 8 e SFAS 131 foi permitida a utilização da combinação de fatores para definir os segmentos, pois a norma anterior requeria a informação por segmento geográfico ou produtos e serviços. No Brasil, o CPC 22 é o ponto inicial da normatização de segmentos, desta forma o relatório por segmentos já surgiu com a possibilidade de combinação de critérios.

Esse critério de divulgação foi apresentado por 4,5% das empresas em 2010 e aumentou para 5,3% nos anos seguintes. Nesses casos, as empresas combinam critérios de segmentos sem ter que definir um deles como primário, as informações são apresentadas na mesma demonstração, como mostra a Figura 4, com o recorte do relatório da Companhia Gerdau SA, onde a empresa utiliza três segmentos com informação geográfica e um com linha de produtos.

Figura 4 – Critérios combinados na definição dos segmentos Informações por segmento de negócios Operação Brasil Operação América do Norte Operação América Latina Operações Aços Especiais Fonte: DFP de 31.12.2012 da Gerdau SA arquivada na BM&FBovespa

Destaca-se também o relatório da Companhia BR Malls, devido à sua particularidade. A empresa divulga as informações em duas bases, sendo a atuação geográfica segmentada em quatro regiões: Sul, Sudeste, Nordeste e Norte/Centro Oeste, detalhe que não são atividades internacionais, mas regiões dentro do território brasileiro. A outra base utilizada é a segmentação por classe social dos clientes, conforme mostra o Quadro 8.

Quadro 8 – Classificação de segmento por classe social Classe Social Renda mensal (salários mínimos) Alta + de 22 salários mínimos

Média/alta + de 12 salários mínimos até 21 salários mínimos Média + de 7 salários mínimos até 11 salários mínimos Média/baixa + de 2 salários mínimos até 6 salários mínimos Fonte: DFP de 31.12.2012 da BR Malls SA arquivada na BM&FBovespa A empresa explica que:

a divisão por segmento de classe social segue pesquisa realizada nos Shoppings Centers com consumidores por renomado instituto de pesquisa

seguindo o Critério Brasil. O Critério Brasil está relacionado com o poder de compra dos indivíduos e famílias urbanas do país, visando a classificação da população em classes econômicas Diante do exposto, percebe-se que a abordagem gerencial adotada pelo CPC 22 traz benefícios informativos aos agentes externos, visto que as empresas têm liberdade de expor suas informações da forma que lhes convier e for coerente com o que deve e pode ser publicado; por outro lado, a já discutida comparabilidade entre as empresas é prejudicada pelas diversas formas de relatórios que são publicados.

Os estudos de Nichols, Street e Cereola (2012), em empresas europeias, e Crawford et al. (2012), em empresas do Reino Unido, apresentaram resultados contraditórios em relação à divulgação de métricas de resultados diferentes das requeridas pelas normas; o primeiro encontrou maior utilização de métricas não normativas tais como EBIT e EBITDA, enquanto o segundo estudo observou tais métricas em poucos relatórios avaliados.

Segundo o IASB (2013, p. 7), muitas companhias apresentaram diferentes definições para o resultado operacional ou fluxo de caixa operacional, normalmente uma medida normativa com algum ajuste positivo ou negativo e que torna difícil a comparação entre as entidades. Investidores relataram que itens importantes para calcular esses valores, frequentemente não são divulgados separadamente. Para diminuir esta situação o IASB (2013, p. 21) informa que a forma de apresentação de resultados será discutida no desenvolvimento de uma estrutura conceitual sobre disclosure.

Tabela 6 – Métrica de resultado utilizada na divulgação da empresa Métrica de resultado 2010 2011 2012

Não divulgado 2,5% 2,4% 2,9%

Lucro líquido do exercício 48,5% 51,2% 49,0%

Lucro bruto 7,0% 6,7% 7,1%

Margem operacional 1,5% 0,5% 1,4%

Lucro antes de impostos 10,0% 11,0% 11,0%

EBITDA 10,5% 9,6% 9,0%

Lucro operacional 15,5% 14,8% 14,8%

Margem bruta 1,0% 1,0% 1,0%

Lucro antes do resultado financeiro - 1,5% 1,4% 1,4% Lucro operacional ajustado pelo

resultado financeiro 1,0% 0,5% 1,4%

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Nas companhias brasileiras, a métrica de resultado divulgada nos relatórios por segmentos foi bastante difusa, conforme mostra a Tabela 6. O lucro líquido do exercício e lucro antes dos impostos, métricas de cunho normativo, foram utilizadas por cerca de 60% das empresas, esse resultado mostra alto grau de conservadorismo na forma como as empresas se expõem ao mercado.

As métricas com maior fator gerencial, tais como EBITDA, lucro operacional e lucros ajustados, foram divulgadas em menor escala. O que se coaduna ao trabalho de Crawford et al. (2012), mostrando que a maioria das empresas utiliza valores de lucros de acordo com os requisitos normativos.

A norma determina que a definição dos segmentos seja realizada em função das informações para a tomada de decisões do principal gestor de operações, no entanto, não define uma figura hierárquica para esta função. O IASB (2013, p. 25) aponta o assunto entre os que geraram críticas e dúvidas durante o estudo de pós implementação do IFRS 8. De acordo com a entidade, muitos preparadores encontraram dificuldades para identificar o principal gestor de operações. Há incertezas sobre em qual nível a função deveria estar na hierarquia da empresa e se a função é estratégica ou operacional. Em função disso, o IASB sinaliza com a possibilidade de revisão na norma e tornar mais claros os critérios para definição do principal gestor de operações.

Diante dessas incertezas, investigou-se se as companhias identificaram seu principal gestor de operações. Os resultados são apresentados na Tabela 7, onde se percebe que a maioria das empresas, mais de 60%, não identificou quem é o seu principal tomador de decisões, resultado semelhante ao encontrado no relatório da KPMG (2010, p. 7).

Nas empresas que identificaram o principal gestor de operações destaca-se a administração da empresa e a diretoria administrativa como as duas funções com maior incidência, resultados que mostram convergência com o relatório da KPMG (2010, p.7), onde 31% das companhias identificaram a diretoria executiva como o principal gestor de operações, o CEO foi indicado em 6% das empresas e 61% não informaram. Já Nichols, Street e Cereola (2012) identificaram em 36% das empresas de sua amostra, que o principal gestor de operações foi designado como o conselho diretor, a alta administração ou o presidente.

Tabela 7 – Principal gestor de operações apontados pelas empresas Gestor de operações 2010 2011 2012 Não declarado 63,1% 62,7% 65,3% Conselho de administração 4,7% 5,1% 4,7% Administração da empresa 13,5% 13,9% 12,2% Diretoria administrativa 10,2% 10,0% 9,4% Diretor Presidente / CEO 5,1% 5,1% 4,7% Comissão delegada do grupo 0,2% 0,2% 0,2% Diretor superintendente 0,4% 0,4% 0,4%

Comitê executivo 2,5% 2,4% 2,9%

Diretoria colegiada 0,0% 0,2% 0,2%

CFO 0,2% 0,0% 0,0%

Fonte: Dados da pesquisa

A forma como os segmentos são divulgados tem relação com a estrutura dos centros de responsabilidade adotados na empresa. Na Tabela 8 nota-se que mais de 60% das empresas apresentou dados que caracterizam seus segmentos como centros de investimentos, com informações sobre receitas, despesas e ativos. No entanto, não é possível afirmar que esta seja a forma utilizada pela empresa na gestão de suas unidades operacionais, pois, é impossível avaliar a significativa influência do gestor nas decisões de investimentos, como mencionado por Jiambalvo (2009, p. 347), a partir dos relatórios publicados.

Os resultados da Tabela 8 mostram um pequeno grupo de empresas que apresenta características de centro de receitas para os seus segmentos. Mesmo sendo um pequeno percentual, destaca-se pelo fato de que, diante dos preceitos do CPC 22, tais unidades não são consideradas segmentos operacionais, pois as informações prestadas são somente as receitas de tais unidades, quando o que a norma define como segmentos são componentes da entidade com atividades que podem obter receitas e incorrer em despesas.

As empresas que apresentam esta condição evidenciaram de forma segmentada apenas os valores de receita. As despesas e investimentos foram apresentadas de forma consolidada, com os demais dados corporativos. As empresas Marfrig e Bm&FBovespa divulgaram os segmentos desta forma apenas no ano de 2010, posteriormente, os relatórios foram reestruturados e passaram a caracterizarem-se como centros de investimentos e de lucros, respectivamente. As outras empresas: Wetzel, Cia Catarinense de Água e Esgoto e Inepar Indústria e Construção, apresentaram a estrutura de centros de receitas nos três anos estudados.

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Tabela 8 – Estrutura dos centros de responsabilidade

Centro de responsabilidade 2010 2011 2012 Indefinido 1,5% 1,4% 1,4% Centro de investimentos 66,0% 64,7% 65,6% Centro de lucros 30,0% 32,5% 31,6% Centro de receitas 2,5% 1,4% 1,4% Centro de custos 0,0% 0,0% 0,0%

Fonte: Dados da pesquisa

A situação indefinida na característica dos centros de responsabilidade, mostrada na Tabela 8, corresponde às empresas Alfa Holding e Banco Alfa de Investimentos, que consideram como informação do segmento os dados da demonstração consolidada das controladas e coligadas e, assim, não têm uma estrutura própria de decisão, e a Cia Baumer SA, que devido ao baixo nível da informação publicada, apresentado na Figura 15, não permitiu identificar características dos centros de responsabilidade.

Corroborando com a afirmação de Jiambalvo (2009, p. 347), de que a maioria das unidades operacionais pode ser um centro de investimento ou de lucro, os resultados do levantamento mostrados na Tabela 8 indicam que em mais de 95% das empresas foi possível caracterizar a estrutura dos segmentos como centros de lucro ou de investimentos.

4.2. FATORES INFLUENCIADORES DA DIVULGAÇÃO DE