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ESTUDADAS 219 ANEXO 1 GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO – MODELO

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

3.3. TRATAMENTO DOS DADOS

3.3.2. Fatores influenciadores da publicação do relatório por segmentos

Visto que os estudos anteriores demonstraram relevante parcela de empresas que não divulgam ou que relataram atuar em apenas um segmento, buscou-se avaliar se há fatores corporativos que podem ser indicados como influenciadores da divulgação do relatório por

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segmentos. Na sequência apresentam-se as hipóteses avaliadas na análise destes fatores.

O tamanho da empresa é citado em diversos estudos (HERMANN e THOMAS, 1996; MURCIA et al., 2008; FONTANA e MACAGNAN, 2011; MAPURUNGA et al., 2011) como sendo variável com relação significante quanto ao disclosure das empresas. Silva (2008, p. 54) demonstra que diversas medidas contábeis são utilizadas como proxy de tamanho de empresas, em estudos sobre disclosure foram utilizados como métricas para o tamanho a receita e o ativo total. Esta pesquisa definiu como proxy de tamanho o valor em moeda corrente do ativo total.

H1: o porte da empresa tem relacionamento positivo com a divulgação do relatório por segmentos.

Características relacionadas ao setor de atuação, tal como a maior competitividade, níveis tecnológicos entre outros, podem influenciar o disclosure praticado pelas companhias. Hermann e Thomas (1996) e Talha, Sallehhuddin e Salim (2010, p. 22) argumentam que o nível de disclosure difere de acordo com o setor, ou seja, cada setor tem suas próprias características e regulamentações.

O setor é representado, nesta pesquisa, como variável dummy segmentado em dez setores de acordo com a classificação da BM&FBovespa. Utiliza-se como base de comparação o setor de utilidade pública em função da regulamentação existente no ramo de energia elétrica, por meio da ANEEL, uma vez que este setor é formado, em sua maioria, por empresa deste ramo.

Dois motivos definiram a escolha deste setor como base de comparação: por se tratarem de empresas com atuação regionalizada as companhias elétricas estão expostas a menores níveis de concorrência e também há maiores barreiras de entradas para novas empresas. Dessa forma, de acordo com Hermann e Thomas (1996), essas características propiciam às empresas melhores condições de disclosure.

H2: o setor de atuação da empresa é variável influenciadora para a divulgação do relatório por segmentos, podendo assumir relacionamento positivo ou negativo em função do setor utilizado como base de comparação.

A atuação em nível internacional exige das companhias que se ajustem às exigências do mercado externo e, nesse sentido, o nível de internacionalização da empresa pode influenciar em seus resultados e, principalmente, no padrão de disclosure que pratica, como mostrado por Hermann e Thomas (1996). A internacionalização da companhia, neste estudo, é representada pela listagem da empresa em bolsas internacionais, sendo esta uma variável dummy com valor um para listagem internacional e zero para empresa não listadas em bolsas no mercado externo.

H3: a internacionalização da companhia é uma variável com influência positiva na divulgação do relatório por segmentos.

A governança corporativa de acordo com o IBGC (2013) objetiva criar um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas. A BM&FBovespa instituiu no ano 2000 níveis diferenciados de governança corporativa aos quais as empresas podem aderir mediante o atendimento de uma série de requisitos que visam melhorar as práticas de governança.

Os estudos sobre disclosure indicam que as empresas com melhores práticas de governança tendem a apresentar melhores níveis de disclosure (LANZANA, SILVEIRA e FAMÁ, 2006). Nesse sentido, utiliza-se como proxy de governança os diferentes níveis adotados pela BM&FBovespa, representados por variável dummy tendo como base de comparação as empresas que não aderiram a nenhum dos níveis de governança corporativa, o que denominou-se não classificado.

H4: a listagem nos níveis mais elevados de governança corporativa influencia positivamente a publicação do relatório por segmentos.

O mercado acionário brasileiro caracteriza-se pela concentração de grandes volumes de ações em poder de um ou poucos acionistas. (PROCIANOY, 1994; LEAL, SILVA e VALADARES, 2002; CAMPOS, 2006). A concentração do poder é um fator que pode diminuir o disclosure das empresas, uma vez que o interesse em divulgar informações ao mercado fica diminuído em função de que os principais acionistas detêm a maioria das ações emitidas. Como proxy

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de concentração de poder foi utilizado o percentual de ações com poder de voto que se concentram nos dois principais acionistas, com base no estudo de Aitken, Hooper e Pickering (1997). Os dados societários foram apurados em abril de 2013.

H5: a concentração de ações com poder de decisão nos dois maiores acionistas influencia negativamente a publicação do relatório por segmentos.

De forma semelhante à concentração de capital, Aitken, Hooper e Pickering (1997) defendem que a participação minoritária na formação do patrimônio pode influenciar as decisões da empresa em termos de divulgação de informações. A maior participação minoritária indica maior diluição do capital e isso requer que a companhia tenha melhores práticas na divulgação de seus relatórios. A variável referente à participação minoritária foi definida de acordo com a seguinte expressão:

H6: a maior participação de minoritários no patrimônio da empresa influencia positivamente a publicação do relatório por segmentos.

O nível de endividamento foi apontado em estudos de Murcia e Santos (2010) e Fontana e Macagnan (2011) como fator que influencia a qualidade na apresentação de informações ao mercado. Para avaliar se o endividamento pode ser uma variável que influencia o disclosure de segmentos utilizou-se o índice de endividamento total da companhia como proxy.

H7: o nível de endividamento é uma variável que influencia a publicação do relatório por segmentos.

A análise das variáveis que podem influenciar a divulgação do relatório por segmentos foi feita por meio de regressão logística do tipo

probit binária. Este modelo, de acordo com Hair et al. (2005, p. 233) e Gujarati (2006), é apropriado para ser utilizado quando a variável dependente é binária e demonstra a probabilidade de que o evento em estudo ocorra. No caso deste estudo a regressão demonstra a probabilidade de que as empresas divulguem informações por segmentos, a partir das variáveis independentes incluídas no modelo.

Onde:

: é a variável dependente que denota a divulgação ou não da informação por segmentos, assumindo valor um para empresa que divulga e zero para não divulga;

: nível de governança corporativa na BM&FBovespa; : concentração de ações com poder de voto; : internacionalização da empresa;

: tamanho da companhia; : endividamento;

: participação dos acionistas minoritários; : setor de atuação da companhia.