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5 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA

5.2 A Sequência Fedathi como subsídio teórico-metodológico na formação continuada

5.2.2 Atendimento individual

A segunda atividade da formação correspondeu ao atendimento individual e acompanhamento de cada professor nos três níveis da Sequência Fedathi: preparação, vivência e análise17. Esses níveis aconteceram em três ciclos, estes correspondentes ao

desenvolvimento desses três níveis.

17 Também consideramos atividades de atendimento individual os encontros que tivemos com os professores em

outras situações, fora das atividades de preparação das sessões didáticas para a vivência da Sequência Fedathi, como estudos sobre dúvidas em relação a algum conteúdo ou material didático.

O atendimento individualizado aos catorze professores participantes da formação teve início no mês de abril de 2014, com o objetivo de acompanhá-los na preparação de três aulas para o uso da pergunta, na vivência da Sequência Fedathi.

Por questão de organização da investigação, nossa intenção era que os ciclos de todos os professores acontecessem em tempo concomitante, ou seja, que as atividades em torno de uma aula fossem realizadas no mesmo período por todos os docentes.

Assim, no tempo em que um professor estivesse realizando atividades referentes à primeira aula (preparação, vivência e análise), essa atividade também estaria sendo feita pelos demais professores envolvidos. Dessa forma, as ações em torno da segunda vivência (segundo ciclo) só seriam iniciadas quando todos os professores tivessem concluído as atividades referentes à primeira (primeiro ciclo), o que valeria também para as atividades referentes à última vivência (terceiro ciclo).

Esse propósito logrou êxito em parte, pois, por conta da realidade do Educandário e de cada professor, em alguns casos as ações dos docentes não coincidiram, fazendo com que a vivência da Sequência Fedathi por um professor ocorresse quando os outros já haviam concluído parte ou todas as atividades do primeiro ciclo. Também vale informar que a vivência da Sequência Fedathi, em três aulas, não se concluiu por todos os docentes, conforme o previsto.

O conteúdo trabalhado pelos professores em cada vivência deveria corresponder àquele que estava na proposta curricular da escola e do próprio docente para o dia de sua aula, contemplando os blocos temáticos indicados pelos PCN, documento que norteava a organização do ensino de Matemática no período de realização da pesquisa, por meio dos programas curriculares específicos determinados pela Secretaria da Educação do Estado e do município.

Para tanto, o assunto da aula deveria contemplar um dos quatro blocos de conteúdo. Dessa forma, os conteúdos estariam relacionados a um dos blocos – números e operações, espaço e forma, grandezas e medidas e tratamento da informação.

Embora o conteúdo trabalhado pelos professores não tenha sido utilizado como foco na nossa investigação, lembramos aqui esse tema, haja vista sua influência na análise que fizemos acerca de sua postura, desde a preparação até o momento de vivência da Sequência Fedathi.

No que se refere à preparação, percebemos a influência do domínio ou não do conteúdo na organização e definição das estratégias e do material que seria utilizado na aula.

Isso pôde ser visto quando sentamos com os professores para o acompanhamento individual na preparação de suas aulas.

Como exemplo, citamos o caso da professora Socorro, ao preparar sua segunda aula, a ser ministrada na turma de 1º ano, em que ela intencionava que seus alunos fossem capazes de “relacionar a ação de retirar com a ideia de subtrair” e de “resolver situações usando os algarismos e o símbolo da subtração”, mas algumas das atividades que ela levara como opções para selecionar o problema inicial não atendia ao que ela pensara como objetivos.

Uma dessas atividades tratava de uma situação em que um menino tinha nove bexigas e outro tinha seis bexigas e perguntava quantas bexigas um tinha a mais que o outro (ideia de comparar). Nesse caso, o problema era de subtração, mas explorava uma ideia que não correspondia ao que estava no objetivo da aula (ideia de retirar). A partir da nossa conversa, a professora chegou à conclusão que apenas uma das atividades que ela tinha selecionado podia ser utilizada, a partir da análise que fizemos do material naquela nossa conversa.

O que ocorrera em relação ao conteúdo a ser ensinado pelos professores, também acontecera em relação ao material didático que eles utilizaram em suas aulas. Os próprios docentes decidiram sobre quais recursos deveriam utilizar, visando atender aos objetivos por eles definidos, passando por alterações, conforme as observações e conclusões a que chegávamos.

A influência positiva da Sequência Fedathi nas atividades referentes ao atendimento individual evidenciou-se em vários momentos, mas destacamos aqui duas delas: a análise teórica do conhecimento feita pelo professor e a elaboração de possíveis perguntas direcionadas aos alunos no momento da aula.

O momento de análise teórica do conhecimento do professor coincidiu com um dos mais importantes no trabalho de atendimento individual, pois geralmente costumamos ouvir dizer o que o aluno não sabe. Não costumamos ouvir o professor falar sobre o que não sabe. Nessa atividade, os professores eram provocados a refletir sobre suas limitações, tanto em relação ao conteúdo quanto à metodologia e/ou recursos que utilizariam.

A elaboração de hipóteses destacou-se também como um importante momento de aprendizado, uma vez que, ao elaborar as possíveis perguntas que fariam e ao pensar nas possíveis perguntas que o aluno poderia fazer, o professor era levado a estudar o conteúdo a ensinar ou a se preparar mais.

Essas reflexões ocorreram em todos os momentos que atendemos os professores, na preparação de suas aulas para a vivência da Sequência Fedathi, a partir dos estudos e orientações vivenciadas nos encontros presenciais e discussões feitas nos encontros não presenciais, estes por meio do ambiente TelEduc, tema que discutimos no próximo subitem.