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Conforme entendimento de Max Weber (1967), observa-se que no Sistema de Produção Capitalista, o trabalho humano é essencial para a sustentabilidade social, econômica e política, pois é a base para produção de bens e serviços, por isso, insubstituível, ou indispensável para geração de riquezas.

Porém, segundo Alexandro Menezes Farineli:

[…] devemos reconhecer que mesmo no estágio em que nos Encontramos da sociedade, algumas atividades altamente perigosas que colocam a nossa vida em risco devem ser desempenhadas. [...] algumas atividades, em razão de sua natureza, oferecem maior risco de acidentes ou de ataques a saúde ou integridade física do segurado, e este ciente dos riscos a que está sujeito, recebe um benefício da lei, e assim, poderá se aposentar com menos tempo de trabalho que os demais segurados. (FARINELI, 2014, p. 86 - 87).

Cabe ressaltar, que, nem sempre foi necessário comprovar insalubridade para enquadramento de atividades laborais como especiais, como bem define o autor supracitado:

Em razão desta presunção de atividade especial, é extremamente importante, conhecer as profissões que eram consideradas especiais por presunção e que não precisam preencher os requisitos da lei atual, pois vários segurados trabalharam neste período e podem requerer o benefício hoje, em razão do direito adquirido. (FARINELI, 2014, p. 88).

Seguindo a mesma linha, vem Fernando Vieira Marcelo, indicando que as atividades periculosas ou insalubres, podem ser consideradas e denominadas especiais quando se enquadrarem nas categorias profissionais previstas na legislação, até 28/04/1995. Porém, incluem-se nas categorias especiais, quando

houver comprovada incidência de insalubridade, periculosidade ou penosidade durante o exercício laboral (MARCELO, 2013).

Sendo a pesquisa voltada para análise da especialidade causada por incidência de agentes insalubres, torna-se relevante apresentar a definição de insalubridade pelas palavras Tuffi Messias Saliba e Márcia Angelim Chaves Corrêa:

A palavra "insalubre" vem do latim e significa tudo aquilo que origina doença, e a insalubridade, por sua vez, é a qualidade de insalubre. Já o conceito legal de insalubridade é dado pelo artigo 189 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), nos seguintes termos: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (SALIBA; CORRÊA, 2019, p. 11).

Nesta senda, com foco na insalubridade, importante trazer à baila a elucidação de Wladimir Novaes Martinez: “O que são agentes nocivos? De modo geral, são aqueles que possam trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração, intensidade ou exposição” (MARTINEZ, 2002, p. 135).

O referido autor, em sua obra de 2016, traz a seguinte definição:

O conceito de risco ambiental pertence à área da prevenção, higiene e segurança do trabalho. Basicamente, são três os agentes determinantes (físicos, químicos e biológicos), embora outros, mais sutis, possam ser acrescentados, como os ergométricos, psicológicos e políticos (MARTINEZ, 2016, p. 65).

A respeito dos agentes insalubres físicos causadores de insalubridade, Fernando Vieira Marcelo define que “são aqueles gerados pelas condições físicas do ambiente de trabalho: ruído, temperaturas anormais (frio e calor), radiação ionizante e não ionizante, pressão atmosférica, vibração, eletricidade.” (MARCELO, 2013, p.

49).

Os agentes insalubres determinantes também podem ser subdivididos em qualitativos e quantitativos, como bem explana João Batista Lazzari:

Conforme o § 2.° do art. 64 do Decreto, consideram-se condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física aquelas nas quais a exposição ao agente nocivo ou associação de agentes presentes no ambiente de trabalho esteja acima dos limites de tolerância estabelecidos segundo critérios quantitativos ou esteja caracterizada segundo os critérios

da avaliação qualitativa dispostos no § 2.° do art. 68 do Decreto n.°

3.048/1999, na forma da redação conferida pelo Decreto n.° 8.123/2013.

(LAZZARI, 2017, p. 327).

No mesmo sentido Miguel Horvath Júnior complementa:

Pelo critério quantitativo a insalubridade é caracterizada quando a concentração do agente de risco se encontrar acima dos limites de tolerância determinados nos anexos. São agentes avaliados pelo critério quantitativo o ruído, calor, radiações ionizantes […] Na análise qualitativa em tese, para sua comprovação basta a presença do agente nocivo no ambiente de trabalho [...] (HORVATH JÚNIOR, 2014, p. 336).

Mariana Amélia Flauzino Gonçalves na obra em conjunto com José Antonio Savaris traz à tona a atual necessidade de se comprovar a habitualidade e frequência da incidência dos agentes insalubres durante as jornadas de trabalho:

Desde a instituição da Aposentadoria Especial, pela Lei 3.807/60, até a modificação do artigo 57, da Lei 8.213/91, pela Lei 9.032/95, nenhuma lei exigia expressamente a comprovação do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. O requisito permanência contava apenas dos decretos regulamentares. A Lei 9.032, de 28/04/1995, foi a primeira a impor expressamente a necessidade de comprovação pelo segurado do tempo de trabalho de modo permanente, não ocasional nem intermitente, em condições que prejudiquem a saúde ou a integridade física. [...] (SAVARIS, et al, 2014, p. 77) [grifos da autora].

Para Fernando Vieira Marcelo, “Atividade habitual e permanente não é o mesmo que dizer: a todo momento o trabalhador estará sujeito aos agentes nocivos enquanto estiver no trabalho, mas sim dizer que não dá para desassociar os agentes nocivos de sua atividade laborativa”. (MARCELO, 2013, p. 107).

Portanto, resumidamente, sobre o assunto em vértice, pode-se formar a seguinte compilação:

a) para caracterizar as atividades especiais, Segundo Fernando Vieira Marcelo:

Para os períodos anteriores à Lei 9.023/95, basta o segurado comprovar que sua categoria profissional tem previsão normativa nos decretos regulamentadores da aposentadoria especial” (MARCELO, 2013, p. 44), […]

Reconhecimento para todos os períodos. Basta o segurado comprovar a exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos, ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física” (MARCELO, 2013, p. 47);

b) insalubridade: “[...] é a qualidade de insalubre” (SALIBA; CORREA, 2019, p. 11), que por sua vez “[...] significa doentio, mórbido, enfermo, prejudicial à saúde, nocivo.” (RIBEIRO, 2018, p. 279);

c) agentes insalubres ou nocivos, são “[…] aqueles que possam trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função da natureza, concentração, intensidade e fator de exposição [...]” (CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 738);

d) natureza do agente insalubre, para Vladimir Martinez, “Significa a essência física, química ou biológica” (MARTINEZ, 2002, p. 26) em relação às fontes geradores da nocividade;

e) natureza física: “Os agentes físicos são aqueles gerados pelas condições físicas do ambiente de trabalho: ruído, temperaturas anormais (frio e calor), radiação ionizante e não ionizante, pressão atmosférica, vibração, eletricidade” (MARCELO, 2013, p. 49);

f) permanência: Segundo Maria Helena Carreira Alvin Ribeiro “[...] a partir da edição da Lei 9.032/95, o trabalho em condições especiais deve ser permanente, contínuo, constante, não casual, não eventual, não fortuito, não incidental.”

(RIBEIRO, 2018, p. 180), João Batista Lazzari complementa; “Não terá direito à aposentadoria especial o segurado que trabalhou ocasionalmente ou de maneira intermitente em condições prejudiciais à saúde.” (LAZZARI, 2017, p. 325).

g) quanto à forma de exposição quantitativa e qualitativa, segundo Fernando Vieira Marcelo, “cuida-se de agentes quantitativos quando a nocividade é considerada pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou dose [...]” (MARCELO, 2013, p. 50), diferentemente dos agentes qualitativos, para os quais, segundo Alexandro Menezes Farineli: “[...] a nocividade é presumida e independe de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho [...]” (FARINELI, 2014, p. 91);

h) limite de tolerância, quando trata-se de análise de exposição quantitativa, segundo Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, “[...] é a concentração ou intensidade relacionada como a natureza e o tempo de exposição do trabalhador ao agente nocivo, que não causará dano à sua saúde.” (RIBEIRO, 2018, p. 280).

Diante disso, tem-se a descrição dos principais fatores para caracterização da especialidade das atividades laborais insalubres, retirados das explanações doutrinárias embasadas na legislação pertinente.