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3.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS

3.2.2 Vias Judiciais

Apesar do trâmite administrativo possibilitar a complementação documental no decorrer do processo e ainda possuir dois possíveis recursos para o CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social), muitas vezes as vias administrativas se esgotam sem satisfazer o direito do segurado, compelindo-o a ingressar com ação judicial, conforme explica Maria Helena C. A. Ribeiro:

Diuturnamente, porém, muitos segurados têm sido obrigados a recorrer à via judicial, após percorrerem inutilmente a via administrativa, em razão da negativa de concessão de aposentadoria especial, embasadas em disposições administrativas, reputadas como ilegais pela doutrina e jurisprudência, e, não raras vezes, pelas próprias Juntas de Recursos da Previdência Social. (RIBEIRO, 2018, p. 27 - 28).

Nesse sentido complementa Fernando Rubin (2015) informando que, para o ingresso judicial, primeiramente o segurado deve ter interesse de agir, ou seja, deve ter feito um requerimento ao INSS, como um pedido de aposentadoria ou revisão de benefício, por exemplo, obtendo como resposta uma negação na via administrativa.

Segundo o autor, nesse momento o segurado teria o pré-requisito adimplido para acionar o sistema judiciário, porém, devendo atentar-se ao juízo competente, pois, além do rito ordinário constante no CPC/2015, ainda possui a opção dos Juizados Especiais Federais, criados para atender às demandas cujo valor da causa seja inferior a 60 (sessenta) salários mínimos, rito criado nos preceitos da Lei nº 10.259/2001, ainda que em suas lacunas devam ser observadas as determinações da Lei 9.099/95, com intuito de agilizar demandas que, na grande maioria, são

movidas, contra a Autarquia Previdenciária.

Marisa dos Santos apresenta a separação regional para os Tribunais Regionais Federais:

País de dimensões continentais, o Brasil tem a Justiça Federal dividida em 5 (cinco) Regiões, na forma do disposto no art. 27, § 6o, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Cada Região tem o respectivo Tribunal Regional Federal. A 1a Região tem jurisdição nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins. A 2a Região tem jurisdição nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A jurisdição da 3a Região abrange os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. A 4a Região tem jurisdição sobre os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A jurisdição da 5a Região alcança os Estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Cada Estado que integra a Região, bem como o Distrito Federal, é uma Seção Judiciária, cuja sede é a Capital do Estado.[...] A Seção Judiciária é composta por Subseções Judiciárias, o que acontece em razão da crescente interiorização da Justiça Federal. As Subseções Judiciárias são compostas por uma ou mais Varas Federais e pelos Juizados Especiais Federais (SANTOS, 2019, p. 687 - 188).

Quanto à competência para tramitação dos processos judiciais previdenciários Castro e Lazzari esclarecem:

Estabelece o art. 109, I, da Constituição Federal: “Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de

Referidos autores explanam sobre as recentes modificações Constitucionais, porém, destacam que fora mantida a competência delegada já prevista anteriormente na Constituição Federal de 1988 em seu art. 109, § 3º, para os municípios que não tenham vara federal, citando, também, a Súmula nº 8 do TRF4.

A EC nº 103/2019 incumbiu a criação de lei ordinária para definição dos moldes sobre a nova forma de se estabelecer a competência delegada. Assim a Lei nº 13.876/2019 veio para limitar a possibilidade de jurisdição estadual pela distância de residência do segurado em relação ao município sede de vara federal mais próximo, devendo a mesma ser superior a 70 (setenta) quilômetros, determinação

que não existia anteriormente (CASTRO; LAZZARI, 2020).

Nesse sentido, complementa Marisa dos Santos informando que, “O procedimento da Lei n. 10.259/2001 não pode ser aplicado pela Justiça Estadual.”

(SANTOS, Marisa, 2019, p. 720), tendo em vista à Justiça Estadual não é foro competente para atuar em demandas contra a Fazenda Pública Federal.

O que pode-se perceber, segundo Fernando Rubin (2015), é que, grande parte da demanda judicial previdenciária corre nos Juizados Especiais Federais, e com isso, sobressaem-se dificuldades processuais peculiares desse rito, como o excesso de superficialidade da produção de provas, além da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, as quais poderão ser atacadas, somente, em sede de recurso para o segundo grau de jurisdição, porém, para elas, não ocorre a preclusão.

Nesse momento, com base nas explanações de Hertz Jacinto Costa (2003) para não adentrar em discussões fora da temática, cabe salientar que existe capacidade postulatória para o próprio segurado ou pessoa estranha aos quadros da advocacia nos Juizados Especiais Federais, com base no art. 10 da Lei 10.259/2001 e na ADI 1.127, a qual, liminarmente, reformou o art. 1º do Estatuto da OAB.

Diante disso, cabe trazer o contraponto, na forma do princípio estabelecido pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 133: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.” (BRASIL, 1988).

Para corroborar com a importância de se ter acompanhamento de advogado, basta saber que, além das dificuldades que o próprio rito especial impõe, o segurado que pretende o reconhecimento de atividades laborais especiais, enfrentará as dificuldades probatórias impostas no processo judicial previdenciário. Nesse sentido, pensa Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro “A multiplicidade de legislações que deu tratamento ao benefício da aposentadoria especial ao longo dos anos, é a causadora das dúvidas e perplexidades que ainda hoje acometem os segurados [...]”

(RIBEIRO, 2018, p. 29).

Para Marisa dos Santos:

A natureza da proteção previdenciária torna sensível o tema relativo à produção de provas do direito do segurado ou beneficiário. Tratando-se de direito social, a análise da prova deve ser feita sempre com vistas à redução das desigualdades sociais, prescindindo-se, algumas vezes, das formas em benefício da efetivação do direito. (SANTOS, 2019, p. 746).

Na mesma linha, Hélio Gustavo Alves (2020) ressalva a importância da prova documental contemporânea ao período pretendido, conceituando-a como “[...] todo e qualquer documento da época ou contemporâneo, lícito, legível ou passível de leitura, que corrobore ou comprove de fato o tempo de serviço requerido.” (ALVES, 2020, n.p.), dessa maneira, constituindo-se como prova plena para fins previdenciários.

Castro e Lazzari (2020) trazem especificações probatórias consideradas nos processos judiciais, indicando que o Decreto 3.048/99 em seu art. 68, § 3º, determina a juntada de formulário embasado em laudo técnico formulado por médico ou engenheiro do trabalho para que seja possível a comprovação da real incidência de insalubridade. A presença e utilização dos equipamentos de proteção que amenizem ou eliminei os efeitos dos agentes insalubres deve constar no laudo técnico de forma específica acerca de sua eficácia, e, devem estar em consonância com as normas técnicas vigentes.

Nesse sentido, Marisa dos Santos (2019) reforça a primazia do princípio tempus regit actum, esclarecendo que, para concessão de benefícios, deve-se considerar a lei vigente ao tempo em que o trabalhador tenha adimplido as condições que dão direito ao benefício, assim como, deve-se considerar, para cada período a ser comprovado como especial, o tipo de prova que as normas vigentes exigiam à época. Porém, esclarece, a autora, o INSS está limitado a aceitar as provas exigidas por lei, ou por norma interna, já nos processos judiciais, o juízo não está vinculado às normativas internas do INSS, tendo um leque probatório mais amplo a seu dispor.

A partir de 01 de janeiro de 2004, o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) é o documento hábil para comprovação da atividade especial, porém, considerando o princípio tempus regit actum, temos a seguinte relação temporal e documental dada por Hélio Gustavo Alves:

Ilustração cronológica para instrução probatória dos períodos especiais

Período Trabalhado Enquadramento

Até 28.04.1995 –Formulário: CP/CTPS; SB-40 e LTCAT obrigatório para o agente físico ruído;

–Quadro: Anexo ao Decreto 53.831, de 1964. Anexos I e II do RBPS, aprovados pelo Decreto 83.080, de 1979.

De 29.04.1995 a 13.10.1996 –Formulário: CP/CTPS; SB-40 e LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, obrigatoriamente para o agente físico ruído.

–Código: 1.0.0 do Quadro Anexo ao Decreto 53.831, de 1964.

Anexo I do RBPS, aprovado pelo Decreto 83.080, de 1979.

De 14.10.1996 a 05.03.1997 –Formulários: CP/CTPS; SB-40 e LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos os agentes nocivos.

–Código: 1.0.0 do Quadro Anexo ao Decreto 53.831, de 1964.

Anexo I do RBPS, aprovado pelo Decreto 83.080, de 1979.

De 06.03.1997 a 31.12.1998 –Formulários: CP/CTPS, Dirbem 8030 ou DSS 8030 e LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos os agentes nocivos.

–Anexo: IV do RBPS, aprovado pelo Decreto 2.172, de 1997.

De 01.01.1999 a 06.05.1999 –Formulários: CP/CTPS, Dirbem 8030 ou DSS 8030 e LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos os agentes nocivos, que deverão ser confrontados com as informações relativas ao CNIS

para homologação da contagem do tempo de serviço especial, nos termos do art. 19 e § 2º do art. 68 do RPS, com redação dada pelo

Decreto 4.079, de 2002.

–Anexo: IV do RBPS, aprovado pelo Decreto 2.172, de 1997.

De 04.05.1999 a 31.12.2003 –Formulários: CP/CTPS, Dirbem 8030 ou DSS 8030 e LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos os agentes nocivos, que deverão ser confrontados com as informações relativas ao CNIS

para homologação da contagem do tempo de serviço especial, nos termos do art. 19 e § 2º do art. 68 do RPS, com redação dada pelo

Decreto 4.079, de 2002.

–Anexo: IV do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048, de 1999.

A partir de 01.01.2004 –Formulários: Dirbem ou DSS 8030 com apresentação de Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), que deverá ser confrontado

com as informações relativas ao CNIS para homologação da contagem do tempo de serviço especial, nos termos do art. 19 e § 2º

do art. 68 do RPS, com redação dada pelo Decreto 4.079, de 2002.

–Anexo: IV do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048, de 1999.

Fonte: ALVES (2020, n.p.).

Nesse sentido, para definição do que consiste o atual formulário PPP Castro e Lazzari sintetizam:

Considera-se Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) o documento histórico-laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter o resultado das avaliações ambientais, o nome dos responsáveis pela monitoração biológica e das avaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dados administrativos correspondentes. (CASTRO; LAZZARI, 2020, n.p.).

Segundo Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, tendo em vista as informações contidas nas provas hábeis a comprovar atividades especiais, quando constantes nos autos, coube à Instância Suprema do sistema judiciário brasileiro, definir a interpretação quanto a divergência de decisões sobre o reconhecimento da especialidade para o agente insalubre ruído, quando constar a

utilização de EPI eficaz indicando a eliminação ou amenização do ruído a níveis não superiores aos limites de tolerância específicos de cada norma, em seu tempo (CASTRO; LAZZARI, 2020).

Na mesma senda, Lazzari já explicava em sua obra de 2017, que, a decisão do STF, acerca da informação de utilização de EPI eficaz constante nas provas juntadas aos processos judiciais, deixou firmadas duas teses:

Na sequência, o STF reconheceu a existência de repercussão geral em relação ao tema "uso de EPI" para afastar a especialidade do labor: ARE n.°

664.335, com mérito julgado em 4.12.2014. Em conformidade com notícia divulgada no Portal do STP, foram fixadas duas teses jurídicas a respeito do tema: Na primeira tese, os ministros do STF decidiram, por maioria de votos, que "o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde, de modo que, se o Equipamento de Proteção Individual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à concessão constitucional de aposentadoria especial". A outra tese fixada no julgamento, também por maioria de votos, é a de que, "na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria". Importante ressaltar desse julgado que o Plenário do STF negou provimento ao recurso do INSS e manteve a validade da Súmula n.° 9 da TNU. Considerando-se que a maioria das ações que discutem o reconhecimento do tempo especial está relacionada ao agente nocivo ruído, pode-se concluir que a decisão do STF representou uma vitória aos segurados do Regime Geral de Previdência Social. Quanto aos demais agentes nocivos, a utilização de EPI eficaz poderá afastar o direito à contagem do tempo trabalhado como especial.

Todavia, não basta a simples indicação do fornecimento de EPI eficaz no PPP. De-verão ser produzidas provas dessa eficácia nos termos da Norma Regulamentar n.° 6 do Ministério do Trabalho e Emprego [...] (LAZZARI, 2017, p. 315).

Em contraponto, José Antonio Savaris questiona que mesmo constando assinalado a eficiência de EPI para determinado agente insalubre no documento hábil a demonstrar a profissiografia do segurado, ainda assim é possível o reconhecimento da atividade especial. Se houver algum equívoco formal ou material no preenchimento do documento, como por exemplo indicar um EPI inadequado “[...]

em face do agente nocivo que busca inibir, a ausência do certificado de aprovação, o transcurso do prazo de sua validade etc.” (SAVARIS, 2018, p. 304). Destaca, ainda princípios jurídicos primados pelo STF como o in dubio pro misero, indicando que

“[...] no caso de dúvida deve ser reconhecido o direito à aposentadoria especial.”

(SAVARIS, 2018, p. 304).

No mesmo diapasão Castro e Lazzari explanam que:

Embora o PPP, em princípio, seja documento hábil e suficiente para a comprovação das condições especiais da atividade laboral, havendo irregularidade formal no seu preenchimento e, por conseguinte, fundadas dúvidas acerca da sua legitimidade, bem como acerca das informações dele constantes, mostra-se justificável a produção de prova pericial. E, caso impossível a realização da perícia no local onde o serviço foi prestado, porque não mais existente, admite-se a perícia indireta ou por similitude, realizada mediante o estudo técnico em outro estabelecimento, que apresente estrutura e condições de trabalho semelhantes às daquele em que a atividade foi exercida. (CASTRO; LAZZARI, 2020, n.p.).

Dessa forma, conclui-se este capítulo com a reflexão dos referidos autores acerca do Novo Código de Processo Civil e a abordagem dos Juizados Especiais Federais:

Pode-se dizer que os Juizados Especiais buscam atender à necessidade de constante reestruturação e modernização dos meios de acesso à Justiça, acompanhando as transformações da sociedade e o desejo majoritário de uma prestação jurisdicional simplificada, sem as amarras e entraves do procedimento comum. No entanto, os JEFs enfrentam sérios desafios a serem superados, destacadamente em relação ao respeito ao direito fundamental de produção de provas e, ainda, quanto ao alto índice de recorribilidade das decisões. Esse último, em face da instabilidade jurisprudencial, da falta de observância dos precedentes, da quantidade de recursos cabíveis e da inexistência de oneração que desestimule a busca por instâncias superiores. Neste ponto, espera-se que o CPC/2015 traga influência positiva aos JEFs, diante da nova regulação das regras de produção e valoração de provas e quanto à observância aos precedentes, permitindo assim, maior racionalidade ao sistema em prol de uma prestação jurisdicional mais justa e equânime. (CASTRO; LAZZARI, 2020, n.p.).

Cabe ressaltar que são vários os assuntos importantes de cunho formal e processual que poderiam ser abordados, tais como: tipos de recursos, seus efeitos e direcionamentos, prova emprestada, cálculo para o valor da causa, reexame necessário, coisa julgada, ação rescisória, mandado de segurança, pedidos liminares, gratuidade de justiça, dentre outros, porém a presente pesquisa se tornaria demasiadamente longa e se desviaria do objeto proposto a ser estudado9.

Dessa forma, destaca-se o intuito de estudar e apresentar ferramentas de apoio e crescimento dentro do Direito Previdenciário, sem almejar equivaler-se a uma definição fechada, mas sim tornar-se um breve esclarecimento de aplicabilidade real e contemporânea, pois, de forma alguma pode-se considerar

9 Tem-se como objeto da presente pesquisa, o estudo acerca dos requisitos e meios para reconhecimento da especialidade nas atividades laborais de vínculo previdenciário obrigatório perante o RGPS, exercidas sob incidência de agente insalubre ruído contínuo ou intermitente.

esgotado o estudo sobre o tema.

Contudo, conforme todo o explanado anteriormente neste TCC, evidenciou-se que o ruído é o agente insalubre mais corriqueiro dentre as atividades laborais insalubres, porém, suas características são muito complexas, tanto que a simples informação, ou, até mesmo a constatação de efetiva utilização de EPI eficaz, não são capazes de descaracterizar a sua incidência como agente insalubre, quando seus níveis no ambiente de trabalho forem superiores aos limites de tolerância estabelecidos nos períodos de vigência das seguintes legislações: Decreto nº 53.831/1964, Decreto Lei nº 2.172/1997 e Decreto nº 4.882/2003.

Portanto, imprescindível que o segurado tenha organização com sua documentação laboral, e mantenha um acompanhamento técnico sobre seus dados previdenciários, para que, ao chegar o tempo da aposentação, não tenha complicações que possam frustrar suas pretensões, de forma que, com base em todos os argumentos ventilados, encerra-se a monografia e na sequência serão expostas as conclusões sobre o estudo.

CONCLUSÃO

Pela observação dos aspectos analisados, o desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender a importância da Previdência Social frente a proteção aos trabalhadores e seus dependentes nos momentos de impedimento ou redução de capacidade laborativa do segurado. Desta maneira, prova-se a essencialidade do cunho obrigatório e estatal, assim como a importância das normas compensatórias que visam equilibrar as condições laborais, principalmente nas atividades em que há incidência de insalubridade no ambiente de trabalho.

Verificou-se que, apesar da reforma previdenciária de 2019 ter reduzido direitos aos segurados, a aposentadoria especial e a conversão dos períodos especiais para aproveitamento em aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, ainda tem aplicações práticas e podem trazer algumas vantagens compensatórias aos segurados que durante sua vida laboral dispuseram de sua saúde e vitalidade em trabalhos essenciais ao desenvolvimento da sociedade brasileira, porém realizados em condições insalubres.

Os estudos do presente trabalho, foram focalizados na incidência do agente insalubre ruído. Por isso, houve uma importante contribuição extraída de dados técnicos de outros ramos científicos como Medicina, Física e Biologia. As informações técnicas evidenciaram que a definição de ruído é equivalente a definição de som, e que decorre de vibrações mecânicas, ou seja, trata-se de movimentos vibratórios que transmitem-se de molécula para molécula pela a matéria, esteja ela em estado líquido, sólido ou gasoso.

Segundo os princípios analisados, o ruído pode causar prejuízos à saúde humana além do sistema auditivo. As vibrações sonoras ocasionadas pelo ruído, podem atingir outros tecidos humanos como ossos, nervos e neurônios, provocando, assim, diversos problemas como hipertensão arterial, dores de cabeça, tremores no corpo, distúrbio do sono, entre outros.

Nesse sentido, ficou evidente que equipamentos de proteção individual capazes de reduzir ou eliminar a ação deletéria do ruído no sistema auditivo humano, não são capazes de resolver o problema da incidência vibratória em outros sistemas fisiológicos humanos.

Assim, a utilização, ainda que correta e comprovada dos equipamentos de proteção individual, não elimina todos os efeitos insalubres do ruído sobre o trabalhador.

Por isso, constatou-se que, além de abranger temas como saúde, trabalho, e justiça social, um dos fatores para relevância desta pesquisa está em apresentar uma análise explicativa, na medida do possível, sobre a complexa jurisprudência e os caminhos que conduziram os tribunais às conclusões consolidadas sobre o assunto, definindo limites de tolerância para o agente ruído e a questão sobre o afastamento da especialidade pelo uso de EPI em relação ao ruído no ambiente de trabalho.

Doutra maneira, este trabalho auxilia na complementação de estudos aos juristas engajados na pesquisa do Direito Previdenciário, ao mesmo tempo em que instiga a busca por mais conhecimento, pois, ao apresentar informações pontuais, pode despertar a curiosidade. Basta saber, por exemplo, que, para se identificar o real direito a um benefício previdenciário, devem ser analisados muitos outros pontos e requisitos não abordados aqui.

Voltando-se para a proposta temática, chega-se à inevitável questão que inspirou a realização da presente pesquisa:

Voltando-se para a proposta temática, chega-se à inevitável questão que inspirou a realização da presente pesquisa: