• Nenhum resultado encontrado

atividades e género rótulo de embalagem de tabaco Rótulo de

embalagem de tabaco Atividade da indústria tabaqueira Atividade de investigação Atividade científica Atividade comercial Atividade de investigação Atividade legislativa

157 Quadro 29: secções e conteúdos do rótulo de embalagem de tabaco (RT1, RT5, RT6)

Como ilustramos no quadro 29 e aprofundamos mais à frente, as advertências que ocorrem na frente e verso são variáveis, porém terão sempre de corresponder a uma das 14 legalmente permitidas (cf. Quadro 28) e de funcionar como legenda da imagem sele- cionada. Por outro lado, como já foi referido a propósito da legislação em vigor, a men- sagem informativa relativa a contactos de apoio à cessação tabágica é obrigatória, situ- ando-se sempre entre a advertência e imagem, na frente da embalagem, na zona de aber- tura, e na margem inferior do verso. Além disso, são também obrigatórias as advertências nas laterais, mas neste caso apenas uma delas admite uma pequena variação, a já menci- onada “Fumar mata – deixe já” ou “Fumar mata”. As ocorrências dos restantes elementos são igualmente legisladas, não existindo nenhum elemento que promova o consumo de tabaco de forma explícita, embora o logótipo da marca e as cores utilizadas possam ser consideradas, a nosso ver, um modo subtil de promoção.

Ver so Imagem Advertência Fumar danifica os pulmões Deixe de fumar já – pense em quem gosta de si Os filhos de fumadores têm maior propensão para fumar

Contactos de apoio à cessa- ção tabágica Para deixar de fumar: 808 24 24 24 ou www.dgs.pt Para deixar de fumar: 808 24 24 24 ou www.dgs.pt Para deixar de fumar: 808 24 24 24 ou www.dgs.pt L ater al es- q u er d a Logótipos Mensagens informativas O fumo do tabaco contém mais de 70 substâncias causado- ras de cancro Fumar mata – deixe já. O fumo do tabaco contém mais de 70 subs- tâncias causado- ras de cancro L ater al d ir eita Advertência Logótipo Símbolo ponto verde

Fabrico Código de barras

Fumar mata – Deixe já. O fumo do tabaco con- tém mais de 70 substân- cias causado- ras de cancro Fumar mata – Deixe já. L ater al su - p er io r

Marca Logótipo da marca Logótipo da marca Logótipo da marca L ater al in - fer io r

158 Relembramos que até há poucos anos era indicada a quantidade de substâncias nocivas, o que poderia levar os consumidores a comprar determinado produto de tabaco, por considerar que este seria menos nocivo. Embora tenha sido proibida esta indicação, assim como a ocorrência de expressões como light, as cores continuam a ser um orienta- dor para os consumidores, sendo que as cores mais fortes, como o preto e vermelho, estão associadas ao tabaco com maior quantidade de nicotina, alcatrão, entre outras substâncias, enquanto as mais suaves, como o azul, branco e cinzento, a menores índices destas subs- tâncias.

Esta característica, na nossa perspetiva, constitui não apenas uma marca da ativi- dade comercial, mas também uma estratégia de marketing, estando implícita uma ténue distinção, talvez apenas percetível pelos consumidores de tabaco, o que na realidade acaba por não se refletir de forma significativa nos hábitos de consumo. Na verdade, este facto atesta que o género está também associado à atividade publicitária, ainda que de forma implícita, tendo em conta que a legislação em vigor não permite publicidade ao tabaco e a produtos derivados. Ainda relativamente à atividade comercial, temos sempre a ocorrência de um código de barras, do preço do produto e este é igualmente legislado, constituindo um fator determinante para os hábitos de consumo atuais.

Além disso, a atividade da indústria de tabaco é evidenciada pela ocorrência da sua identificação numa das laterais (made em EU under authoraty of Phillip Morris, Pro- ducts S. A. Neuchâtel Switzerland), sendo que todos os exemplares contemplam ainda uma referência em inglês ao tipo de folha e modo de fabrico, como, por exemplo, a ex- pressão fine cute, geralmente incorporada no logótipo da marca. Subjacente a esta refe- rência está também a atividade das diferentes áreas científicas implicadas na produção de tabaco, designadamente a Toxicologia.

Porém, como já sublinhado, todas as ocorrências são reguladas por disposições legais, o que torna, desta forma, o género rótulo de embalagem de tabaco, tal como a bula e o rótulo de embalagem de medicamento, bastante dependente das mudanças que ocor- rem no âmbito da atividade legislativa.

159

1.1.7. Projeto de lei

O projeto de lei constitui uma iniciativa legislativa apresentada à Assembleia da República, cuja génese remonta à origem da democracia como regime político, em parti- cular, à eclésia do século V a.C., órgão da democracia ateniense que detinha as funções legislativas e deliberativas. Na eclésia eram propostas, discutidas e aprovadas as leis, fun- ção que, atualmente e em Portugal, cabe à Assembleia da República, órgão que assume o papel constitucional de “assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses”56.

Quando a iniciativa legislativa cabe aos Deputados ou aos Grupos Parlamentares, designam-se projetos de lei, quando são apresentadas pelo Governo ou Assembleias Le- gislativas das regiões autónomas, as iniciativas legislativas constituem propostas de lei. Em seguida, apresenta-se o fluxograma que contempla as diversas etapas das iniciativas legislativas referidas, desde que são apresentadas, até à sua publicação.

Imagem 14: fluxograma do processo legislativo comum57

56 Informação disponível em: <https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/assembleia-como-orgao soberania.aspx> [acesso a 1 de outubro de 2018].

160 Além disso, grupos de cidadãos eleitores também podem apresentar iniciativas legislativa à Assembleia da República, tal como participar no procedimento legislativo a que derem origem. De acordo com a Lei n.º 17/2003, de 4 de junho58, para exercer o direito de iniciativa legislativa, os cidadãos têm de estar definitivamente inscritos no re- censeamento eleitoral, quer no território nacional, quer no estrangeiro. A iniciativa legis- lativa de cidadãos pode contemplar todas as matérias incluídas na competência legislativa da Assembleia da República, exceto as que dizem respeito a: a) As alterações à Consti- tuição; b) As reservadas pela Constituição ao Governo; c) As reservadas pela Constitui- ção às Assembleias Legislativas Regionais dos Açores e da Madeira; d) As do artigo 164.º da Constituição, com exceção da alínea i); e) As amnistias e perdões genéricos; f) As que revistam natureza ou conteúdo orçamental, tributário ou financeiro.

As iniciativas legislativas de cidadãos são livres e gratuitas, e devem ser apresen- tadas contemplando os seguintes aspetos:

a) Uma designação que descreva sinteticamente o seu objeto principal;

b) Uma justificação ou exposição de motivos de onde conste a descrição sumária da ini- ciativa, os diplomas legislativos a alterar ou com ela relacionados, as principais conse- quências da sua aplicação e os seus fundamentos, em especial as respetivas motivações sociais, económicas, financeiras e políticas;

c) A identificação de todos os proponentes, em suporte de papel ou por via eletrónica, consoante a modalidade de submissão, com indicação do nome completo, do número do bilhete de identidade ou do cartão de cidadão, do número de eleitor e da data de nasci- mento correspondentes a cada cidadão subscritor.

Segundo o Guia prático de regras a observar na elaboração de atos normativos da Assembleia da República (GPAR)59, a elaboração das propostas de lei obedece às re- gras que constam do Regimento do Conselho de Ministros. O primeiro passo de uma iniciativa legislativa é definir o problema e avaliar o seu âmbito material, seguindo-se a verificação do quadro normativo superior, a determinação dos objetivos a atingir, a aná- lise das alternativas à intervenção normativa, a recolha e análise de informação, isto é,

58 Disponível em:

<https://www.parlamento.pt/Legislacao/Documents/Legislacao_Anotada/IniciativaLegislativaCidadaosA notada.pdf> [acesso a 2 de outubro de 2018].

59 Disponível em:

<https://www.parlamento.pt/DossiersTematicos/Documents/Reforma_Parlamento/Guia_legistica_materia l.pdf > [acesso a 2 de outubro de 2018].

161 recolha e análise de soluções normativas vigentes ou anteriores que dizem respeito à ma- téria em causa, a organização dos meios humanos envolvidos nas atividades necessárias à elaboração do projeto de lei, a realização estudos de impacto normativo para fundamen- tar possíveis alternativas à intervenção normativa apresentada. Depois de percorridas as etapas referidas, segue-se a redação do texto normativo, em conformidade com todas as regras de legística formal.

Conforme as regras de legística, na elaboração de atos normativos pelo Governo, os projetos de atos normativos devem considerar as orientações vigentes no GPAR “dis- ponível em sítio na Internet de acesso público e suscetível de atualização permanente”60. Os atos normativos do Governo têm de apresentar um preâmbulo e uma exposição de motivos: enquanto o primeiro objetiva apresentar de forma clara e concisa as linhas ori- entadoras do diploma e a sua motivação, constituindo um corpo único, a exposição de motivos visa fornecer as informações necessárias para que Assembleia da República de- cida de forma fundamentada. Para tal, o preâmbulo e a exposição de motivos deverão incluir:

- As linhas orientadoras da lei e a sua motivação (incluindo estudos de impacto em que se saliente, em especial, a necessidade de um novo acto, a relação entre custo e benefício e a definição clara dos objectivos a atingir);

- A realização de consultas a cidadãos eleitores (uma vez que o direito de participação é um dos alicerces de um verdadeiro Estado de direito democrático);

- A negociação e a participação ou audição de entidades (procedendo--se à identificação das entidades envolvidas e do seu carácter obrigatório ou facultativo, quando for caso disso).

GPAR

Segundo este guia, tanto o preâmbulo como a exposição de motivos não podem apresentar exposições doutrinais, nem referir matéria alheia ao diploma que se apresenta.

As disposições da iniciativa legislativa devem ser organizadas de forma sistemá- tica, ordenadas numericamente e identificadas através de numeração romana, em confor-

60 Disponível em:

<https://www.parlamento.pt/DossiersTematicos/Documents/Reforma_Parlamento/guialegisticaformal.pdf

> [acesso a 2 de outubro de 2018]. A Resolução do Conselho de Ministros n.º 90-B/2015 republica as regras de legística a observar no processo legislativo do Governo, entretanto atualizadas. Informação disponível em: <https://dre.pt/application/conteudo/70961384> [acesso a 2 de outubro de 2018].

162 midade com as unidades seguintes: a) Livros ou partes; b) Títulos; c) Capítulos; d) Sec- ções; e) Subsecções; f) Divisões; g) Subdivisões. Embora possam ser dispensadas nos diplomas de menor dimensão. Conforme o artigo 6.º das regras de legística na elaboração de atos normativos pelo Governo, publicadas no Diário da República, 1.ª série - N.º 219 - 9 de novembro de 2015, na parte inicial dos atos normativos, devem ser apresentados, de forma concisa, o seu objeto, âmbito, princípios gerais, bem como normas definitórias de conceitos, caso sejam necessárias à sua compreensão. Os atos normativos deverão apresentar-se de forma articulada em artigos, sendo que cada um deverá contemplar uma única matéria, podendo ser subdividido em números e alíneas. Quanto aos artigos, os números e alíneas, estes não devem contemplar mais do que um período, e a identificação dos artigos e números deverá ser efetuada através de algarismos, enquanto as alíneas de- verão ser identificadas através de letras minúsculas do alfabeto português. Quando o di- ploma contempla um único artigo, deverá ser designado pela expressão “artigo único”. Ainda no que respeita às alíneas, se o número destas for superior ao número de letras do alfabeto português, dobra-se a letra e recomeça-se o alfabeto. Por outro lado, as alíneas podem ainda ser subdivididas em subalíneas, devendo ser identificadas com recurso à numeração romana, em minúsculas. Neste âmbito, é também necessário observar as nor- mas relativas às remissões, epígrafes, anexos, republicações, bem como no que concerne às disposições complementares, transitórias e finais.

Importa também mencionar algumas das disposições61 concernentes à:

a) Clareza do discurso: devem ser utilizadas frases simples e concisas; deve ser adotado o português padrão; deve ser evitado o uso de conceitos indeterminados e vagos; as regras devem ser enunciadas na voz ativa e de forma afirmativa, evitando-se a dupla negativa; os termos deverão ser usados no seu sentido corrente, embora se use termino- logia técnica, sempre que necessário.

b) Linguagem não discriminatória: recomenda-se a neutralização ou minimização da especificação do género, privilegiando formas inclusivas ou neutras, nomeadamente genéricos verdadeiros ou pronomes invariáveis.

61 Informação extraída da Resolução do Conselho de Ministros n.º 90-B/2015 (disponível em:

<https://dre.pt/application/conteudo/70961384>) e do Guia prático de regras a observar na redação de

atos normativos da Assembleia da República. Disponível em:

<https://www.parlamento.pt/DossiersTematicos/Documents/Reforma_Parlamento/guialegisticaformal.pdf

163 c) Uniformidade de expressões e conceitos: as expressões devem ser utilizadas com o sentido que têm no ordenamento jurídico e de modo uniforme.

d) Expressões em idiomas estrangeiros: só devem ser utilizadas, quando não exis- tem termos correspondentes em português; quando utilizadas, devem ocorrer em itálico. e) Tempo verbal: recomenda-se o uso do presente do indicativo62.

São ainda apresentadas várias recomendações relativas ao uso adequado de mai- úsculas, minúsculas, abreviaturas, fórmulas científicas, siglas e acrónimos, pontuação, numerais, negritos, itálicos e aspas. Neste sentido, a redação de um projeto de lei, dado o seu caráter normativo, obedece a múltiplas regras, que vão desde a organização compo- sicional, o plano de texto, até às escolhas lexicais. Face ao exposto, verifica-se que o género projeto de lei está associado às atividades legislativa, política, governativa e ad- ministrativa.

62 Conforme referido no Guia prático de regras a observar na redação de atos normativos da Assembleia da República, “o tempo verbal deve reflectir que a norma é actual”. Além disso, “o presente do indicativo

deve ainda utilizar-se nos seguintes casos: em normas que remetem para acontecimentos futuros (exemplo: “A partir de 1 de Janeiro de 2007, os funcionários recebem subsídios”) em normas com efeitos retroactivos, que se projectam para acontecimentos já ocorridos (exemplo: “A atribuição da nacionalidade portuguesa produz efeitos desde o nascimento, …”); em norma de condicionalidade implícita (exemplo: “O Governo regula o presente diploma no prazo de 180 dias”).” Disponível em:

<https://www.parlamento.pt/DossiersTematicos/Documents/Reforma_Parlamento/guialegisticaformal.pdf

> [acesso a 4 de outubro de 2018].

Esquema 18: atividades e género projeto de lei