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Análise e Discussão das Categorias Centrais de Significado

ATUAÇÃO DO TUTOR JUNTO AO ALUNO NA EAD

A terceira e última Categoria Central de Significado da primeira etapa da pesquisa refere-se ao conjunto de informações que dizem respeito à reflexão dos tutores sobre sua própria atuação junto aos alunos. É uma Categoria Central que vai mostrar o que os tutores pensam sobre quais são suas próprias atuações junto ao aluno na educação a distância, ou seja, o que faz cotidianamente no trabalho da tutoria, independentemente se esse é ou não o seu papel oficial dentro do curso.

Esta Categoria Central de significado é composta por seis categorias de significado e suas respectivas subcategorias conforme explicitado no quadro 3 abaixo:

Quadro 3: Categoria Central de Significado ATUAÇÃO DO TUTOR JUNTO AO ALUNO NA EAD

CATEGORIAS DE SIGNIFICADOS Subcategorias

ACOMPANHANDO O PROCESSO DE APRENDIZAGEM  Tirando dúvidas;  Resolvendo atividades;  Acompanhando as dificuldades.

MEDIANDO OS ALUNOS  Nas atividades de fórum;

 Nos chats.

DIRECIONANDO/ORIENTANDO O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

 Quanto à resolução das atividades do curso;  Quanto à definição de conceitos do curso;  Quanto à Resolução de exercícios;  Quanto a necessidade de administrar a autonomia de estudo.

ESTIMULANDO O ALUNO  Para o desenvolvimento do

espírito de equipe (trabalho em grupo);

 Para o desempenho nas atividades do curso.

TRABALHANDO COM O ALUNO INDIVIDUALMENTE

 Com as dúvidas dos alunos;  Com a aquisição de conceitos.

INVESTIGANDO AS CAUSAS DA EVASÃO

OFERECENDO ALTERNATIVAS PARA EVITAR A EVASÃO DOS

ALUNOS

 Buscando soluções para os problemas;

 Oferecendo alternativas de incentivo para o aluno ficar;  Flexibilizando datas para as

atividades;

 Conversando com os alunos por telefone.

Em relação a Categoria Central de Significado ATUAÇÃO DO TUTOR JUNTO AO ALUNO DA EAD, podemos constatar que na opinião dos participantes,

os tutores desempenham na prática funções diversas no curso em Ead. Uma das funções que o tutor desempenha é a de ACOMPANHAR O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

DO ALUNO, esse acompanhamento acontece durante todo o curso quando o tutor tira

as dúvidas dos alunos, resolve junto com eles as atividades ou ainda acompanha as suas dificuldades.

Dentro desse acompanhamento o tutor MEDEIA O ALUNO, predominantemente, segundo os participantes, através das ferramentas fórum e chat. O tutor ainda desempenha a função de DIRECIONAR/ORIENTAR O PROCESSO DE

APRENDIZAGEM tanto no que diz respeito à resolução de atividades e definição de

conceitos que estão sendo trabalhados ao longo do curso, quanto na orientação do desenvolvimento da autonomia do aluno.

Segundo os participantes, o tutor ainda desempenha a função de ESTIMULAR O

ALUNO durante o curso, tanto com o objetivo do desenvolvimento do espírito de equipe, quanto para o desempenho nas atividades do curso, “aumentando o

interesse do aluno”(sic)e “fazendo com que o aprendiz tenha ânimo para os estudos”(sic).

TRABALHANDO COM O ALUNO INDIVIDUALMENTE, é a categoria que

expressa a opinião dos tutores sobre a necessidade de se construir um trabalho individualizado, ou seja, elaborado “de acordo com cada aprendiz e suas

dificuldades”(sic), a partir das necessidades do aluno, ou pensando em cada um dos alunos. Segundo os tutores (n=2), o trabalho individualizado tem o objetivo de ajudar o aluno na aquisição de conceitos teóricos. Para isso seria necessário “conhecer o perfil

de cada aluno”(sic)e fazer “um trabalho personalizado”(sic).

Outra função apontada pelos tutores é a de INVESTIGAR AS CAUSAS DA

EVASÃO. Isso acontece, segundo os participantes, quando alguma carta ou

Neste momento, os tutores investigam os motivos da desistência, avaliando quais são as possibilidades e alternativas disponíveis para o aluno que quer deixar o curso e, a partir daí, OFERECEM ALTERNATIVAS PARA EVITAR A EVASÃO DOS ALUNOS.

Para evitar a evasão os tutores acabam buscando soluções para os problemas dos alunos, “quando esses problemas estão ligados ao curso”(sic), oferecem alternativas de incentivo, flexibilizando datas de entrega de atividades e até mesmo conversam com esse aluno por telefone, pois “através das conversar por telefone”(sic) os tutores acreditam que “podem motivar os alunos a ficarem no curso”(sic).

A análise da Categorial Central de Significado ATUAÇÃO DO TUTOR JUNTO AO ALUNO DA EAD nos remete a importância desse profissional dentro da equipe envolvida com a implementação de cursos a distância. Os participantes da pesquisa evidenciam através de seus relatos o que Maggio (2001) e Preti (1998) discorrem sobre o papel do tutor na Ead, que trata-se de uma função docente que têm fundamental relevância no processo de ensino/aprendizagem da modalidade a distância. Neste sentido, quando os participantes enumeram as funções por eles desempenhadas é possível perceber em quais instâncias o trabalho do tutor está sendo desenvolvido.

Através da análise dos resultados pode-se perceber que a atuação dos tutores participantes acontece em três instâncias ou frentes de trabalho: (1) No acompanhamento dos alunos no decorrer do curso, que significa monitorar o cumprimento das atividades nos prazos, oferecer feedbacks e avaliar as atividades; (2) na intervenção pedagógica, que significa orientar um exercício, esclarecer conceitos teóricos, trabalhar conjuntamente com os alunos na construção de uma tarefa, mediar a construção de conhecimento, promover transformações na maneira como o aluno enxerga seu próprio processo de aprendizagem; e, (3) na prevenção da desistência,

oferecendo apoio e alternativas que facilitem a entrega de atividades e/ou alternativas que permitam maior liberdade aos aluno durante o processo educacional.

Quando as funções desempenhadas pelos tutores são analisadas a partir do que aponta Belloni (2001) sobre as atribuições do docente na Ead, pode-se concluir que os participantes da pesquisa não exercem funções ligadas à elaboração e distribuição de materiais pedagógicos, ou da administração acadêmica, restringindo-se apenas a atribuições que dizem respeito ao atendimento educacional direto ao aluno. Para a autora, a tutoria é uma das funções que a docência na Ead pode assumir e o ideal é que todos os profissionais estejam envolvidos nas várias etapas, ou níveis de trabalho dentro do curso a distância (Belloni,1999).

Analisando então as frentes de trabalho dos participantes, em relação ao acompanhamento dos alunos, os tutores apontam que estão presentes durante todo o decorrer do processo de ensino/aprendizagem dos mesmos. Os tutores acompanham os alunos, principalmente, no que diz respeito, ao conteúdo das disciplinas do curso. Esse acompanhamento acontece quando tira-se as dúvidas dos alunos, resolve-se as atividades propostas, e ajuda-se nas dificuldades de compreensão dos textos. Nesse processo de acompanhamento do aluno, o tutor tem que se “manter disponível para os

alunos”(sic), “organizando horários de atendimento”(sic) e “oferecendo canais de

comunicação direta (email ou telefone)”(sic).

Através do acompanhamento do aluno o tutor tem condições de conhecer melhor as necessidades dos alunos, o que possibilita a estruturação de um trabalho individualizado, que é elaborado “de acordo com cada aprendiz e suas dificuldades”(sic). A ideia de executar um trabalho individualizado junto ao aluno, colocando o aprendiz como centro do processo é uma das bases para desenvolver o trabalho da mediação pedagógica (Masetto, 2006). Pois, para mediar um assunto ou tema, é necessário que o

mediador saiba de “onde partir”, por onde começar esse trabalho e conhecer o aluno com o qual está se trabalhando é fundamental para que seja possível preparar uma boa mediação.

Todavia, o trabalho individualizado desempenhado pelos participantes da pesquisa é direcionado para a “aquisição de conceitos”(sic) e para “solucionar as dúvidas

das atividades do curso”(sic) e não para a preparação da mediação pedagógica.

Em relação ao termo mediação pedagógica, os participantes não especificam o que entendem por essa ação, não a exemplificam ou apontam como ela acontece. Um dos tutores coloca a expressão “mediar” como “facilitar” o processo de aprendizagem. A mediação pedagógica, segundo os tutores, acontece apenas através das ferramentas interativas do chat e fórum. Dessa forma, como não ficou claro, até o momento, como ocorre o processo mediacional não é possível identificar se essa ação caracteriza-se como uma intervenção pedagógica como deveria ser, ou se apenas enquadra-se como mais uma das funções de acompanhamento dos alunos.

No campo das intervenções pedagógicas, os tutores apontam que realizam diversas orientações/direcionamentos, principalmente no que se refere à resolução de atividades/exercícios junto com os alunos e quanto à definição de conceitos teóricos. Para que as orientações ocorram, o tutor tem, segundo os participantes, que “preparar-

se para os encontros presenciais”(sic), “avaliando quais são as dificuldades dos

alunos”(sic), “responder com agilidade às questões dos alunos”(sic)e “criar um ambiente

agradável e receptivo”(sic).

Através dessas exemplificações percebe-se que as competências tecnológicas, a assiduidade e a continuidade dos feedbacks são elementos implícitos neste trabalho, como indica Maia (2002) sobre as competências para o desempenho da tutoria. Maggio (2001) aponta que é necessário que o tutor tenha conhecimento teórico sobre o conteúdo

do curso e domínio didático para conseguir transformar o acompanhamento em um momento de construção de conhecimento com o aluno.

Em se tratando da atuação do tutor diante de uma comunicação de desistência no curso, as análises dos dados provenientes dos questionários possibilitam concluir que não existe um procedimento padrão para a intervenção quando o assunto é a evasão dos alunos. Cada tutor investiga as causas da desistência (ou as possíveis situações de evasão) e toma as medidas que achar melhor para evitá-la. Os resultados dessa intervenção dependerão da justificativa do aluno e dos recursos internos (habilidade de resolução de problemas e habilidades sociais) e externos (possibilidades de flexibilizar trabalhos, datas, recursos pedagógicos entre outros elementos estruturais) dos tutores. Essa situação evidencia a importância e o peso que o tutor recebe em um curso a distância, pois a ele é atribuída a responsabilidade de monitorar os índices de evasão. Entretanto, o tutor não tem autonomia para adaptar propostas pedagógicas, textos ou ferramentas que estejam sendo utilizadas.

Essas análises preliminares abrem espaço para reflexão sobre a prática pedagógica do tutor em cursos a distância e aponta ainda caminhos para a discussão do uso da mediação neste contexto.

O que é a mediação para os tutores do curso? Como essa mediação acontece? Seria possível uma mediação com o objetivo do desenvolvimento humano como propõe Feuerstein? O que eles pensam sobre a construção da autonomia da aprendizagem? Seria possível promover essa autonomia? De que os tutores precisariam para esse desafio?

Os questionamentos supracitados serviram de norte para realização da segunda etapa da pesquisa, a entrevista reflexiva junto aos tutores do curso. Os resultados das entrevistas e as conclusões sobre esses questionamentos são trabalhados

no próximo capítulo – IV Apresentação e Discussão da Análise dos Dados (Segunda Etapa)