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O espaço virtual e as novas tecnologias a serviço da educação

A Educação a Distância

1.3 O espaço virtual e as novas tecnologias a serviço da educação

Como já mencionado, as novas tecnologias e os avanços nos meios de transmissão e armazenamento de dados serviu, e ainda serve, de propulsor para a educação a distância, proporcionando uma ampliação tanto do tipo de serviço prestado, quanto da qualidade do mesmo. Neste momento, julga-se necessário então caracterizar brevemente o que seria o espaço virtual, e quais as novas tecnologias que são de fato utilizadas no contexto educacional.

Para a compreensão do termo espaço virtual, é necessário o entendimento sobre o conceito de virtualidade, ou seja, o que é o virtual. Para tanto, Lévy (1999) aponta uma triangulação de conceitos que ajudam na diferenciação e compreensão do que seja a virtualidade, essa diferenciação é feita pela comparação e diferenciação dos termos real – atual - virtual. Para o autor, o conceito de real seria aplicado a tudo aquilo que pode ser concebido no concreto imediato, tudo aquilo que existe materialmente no espaço de tempo presente. O conceito de atual (ou possível) seria tudo aquilo que poderia vir a ser, mas já está constituído, concebido em ideia, faltando-lhe apenas a materialidade, e, dessa forma, sua concretude não pode mudar sua natureza, pois essa já está criada. “A diferença entre possível e real é, portanto, puramente lógica”. (Lévy, 1999, p, 16)

Já o conceito de virtual, contrariamente ao atual (estático e já constituído), “é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanham uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização”. (p, 16). A árvore seria a virtualidade contida na semente, ou seja, existe na semente a essência de árvore, mas ela ainda tem que construí-la, co-produzi-la com aquilo que encontrar. (Lévy, 1999)

Segundo Thing (2003), o conceito do virtual ganha força com o advento da tecnologia, passa a ser um símbolo, uma linguagem acessada e vivenciada. “Na tecnologia da informação, parece haver uma versão virtual de quase tudo” (Thing, 2003, p, 921). Dessa forma o espaço virtual seria o campo onde o processo de virtualização ocorre. É o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e suas memórias, um conjunto de sistemas de comunicação eletrônico que visa a transmissão da informação advinda de fontes digitais ou em digitalização. (Lévy, 1999).

Esse espaço virtual, também chamado de ciberespaço, concretiza-se virtualmente na internet, onde o digital traduz todos os processos e as virtualizações. É o espaço que permite o total acesso e interconexão humana através da máquina, independente da localização geográfica dos indivíduos. É característica desse espaço a fluidez de informação, a velocidade e a interatividade. (Thing, 2003). Esse novo ambiente demanda do ser humano novas formas de entender a relação humana, o próprio formato da informação, sua linguagem e seus símbolos. Consequentemente demanda também uma nova maneira de atuar e interagir, levando em consideração as peculiaridades desse meio.

É no ambiente virtual que os indivíduos terão acesso aos dispositivos tecnológicos para a aprendizagem a distância, na atualidade. É através desse contexto que os recursos tecnológicos de comunicação tomam forma (chat, emails, vídeo conferências, fóruns) oferecendo alternativas formas de interação entre professor/aluno e aluno/aluno na modalidade a distância.

Posto isto, para a educação a distância duas vertentes de desenvolvimento tecnológico são fundamentais: as tecnologias de transmissão/comunicação de dados e a tecnologia de armazenamento de dados. Primeiramente, discorrer-se-á sobre a

tecnologia de transmissão de dados, que evoluiu de um sistema analógico, para o digital, para o wireless (sem fio - 3G).

A primeira experiência de transmissão de dados via computador foi a internet que, criada em 1969 pela americana Advanced Research Projects Agency, surgiu como uma técnica para a conexão do real ao virtual através de sua potencialização, que serviria como uma rede interna de comunicação. Uma estratégia de comunicação entre cientistas, engenheiros e comandantes militares americanos, capaz de resistir a bombardeios e ataques nucleares. Mas foi apenas em 1990, que foi desenvolvido o software de navegadores (browser), que permitiu o acesso desse meio de transmissão de dados para a população através da Web (dimensão multimídia da internet). (Thing, 2003)

A web é acessada a partir do Hypertext Transfer Protocol (http) protocolo de transferência de hipertexto. Através desse sistema é possível acessar dados em formato de texto, imagem ou som. Nasce a interatividade do homem com a máquina. No Brasil, a internet começa a ser difundida na década de 90 através da FAPESP - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, que oferece a tecnologia à Instituições de Ensino, fundações de pesquisa e órgãos governamentais. Hoje a internet é acessada em qualquer residência no território nacional, contando com tecnologias de transmissão de dados por ondas de rádio, cabo de fibra óptica, linha telefônica ou ainda transmissão via satélite.

Através da internet têm-se o acesso aos vários recursos de comunicação/interação sincrônica e assincrônica que são muito utilizados, atualmente, nos cursos na modalidade a distância como: Correio eletrônico (emails) – canal de comunicação assíncrono, onde o aluno pode entrar em contato direto com o professor tanto para solucionar dúvidas como para receber orientações e fortalecer os vínculos

necessários para um bom relacionamento; Sala de bate papo (chats) – são canais de comunicação sincrônico, onde duas ou mais pessoas se encontram para conversar a respeito do curso e seu conteúdo sem uma preocupação excessiva com os conceitos teóricos. É um espaço para conhecer o restante da turma, trocar experiência. O tutor neste momento faz poucas intervenções, só mesmo para orientar os participantes; Vídeo conferência – é um recurso que permite colocar um professor especialista em contato com os alunos das mais diversas localidades ao mesmo tempo, contando com uma interatividade áudio-visual, através da transmissão da imagem e som por satélite; Lista de discussões (fóruns) – diferente das salas de bate papo, sendo uma ferramenta muito utilizada para a discussão simultânea de temas específicos, onde os alunos recebem um tema a ser discutido, é marcado um horário para todos se encontrarem e o tutor orienta a discussão; CD ROM e Power Point – “são técnicas multimidiáticas e hipermidiática que integram imagem luz, som, texto, movimento, pesquisa, busca, links já organizados neles próprios ou com possibilidade de torná-los presentes através do acesso a internet” (Masetto, 2006, p, 162).

Além desses recursos, o aluno da educação a distância ainda pode ter acesso a sites que forneçam materiais pedagógicos ou consultas digitalizadas, o que amplia a possibilidade de pesquisa à conhecimentos diversos. Assim, entende-se que as novas tecnologias abrem espaço para uma gama de possibilidades e de campos de aplicabilidade e inovação, além de várias formas de gerar informação e facilitar os processos de construção de conhecimento, principalmente para aquelas pessoas cujo obstáculo da localização geográfica as impedem de ter contato com centros de educação.

Mas isso tudo só tornou-se possível com o aperfeiçoamento dos próprios meios de armazenamento de dados, ou seja, da máquina que é capaz de traduzir as

informações binárias em um sistema compreensível para o homem, o próprio computador. Não existe uma data correta para a invenção da máquina, a autoria dessa invenção também é contraditória. Segundo Barros (2005), a IBM (Internacional Business Machine) desenvolveu em 1953 o primeiro computador do mundo. Mas foi com a Intel em 1971 (mais para frente em 1975 denominada Microsoft) que o avanço dos componentes específicos de memória (disquetes 5 ¼) e os microprocessadores (chips) foram gerados. (Barros, 2005, p, 39)

A produção de hardwares (sistema que faz a máquina funcionar, disco rígido, o gerador das informações binárias) e softwares (sistemas operacionais, aquilo que traduz a informação binária para o programa que é executável) não parou mais, proporcionando inúmeras possibilidades para a comunicação do homem. Segundo Barros (2005), para entender essa aplicabilidade tecnológica na área da educação, é preciso interpretar seus conceitos e executar um trabalho de transposição didática das possibilidades tecnológicas para o processo de aprendizagem. Entretanto, não basta apenas reaplicar a pedagogia do ensino presencial na educação a distância, mas é necessário criar novas formas de atuar neste contexto. (Moran, 2006).

1.4 Aprendizagem autônoma, mediação pedagógica e o papel do tutor