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Além de verificar o andamento do projeto em seus elementos tangíveis, uma boa avaliação deve:

 Ser uma ferramenta de gestão mais do que uma ferramenta de controle.

 Inserir-se num processo de informação, de comunicação e de busca de educação ambiental e melhoria.

 Melhorar a capacidade da instituição de compreender as realidades nas quais é necessário agir e organizar-se de maneira mais eficaz e eficiente.

 Facilitar a avaliação de maneira que as equipes e os responsáveis tenham uma ideia clara da gestão dos RCCV.

 Aperfeiçoar os indicadores identificados durante o planejamento para avaliar o desempenho da implantação.

Dentro da avaliação das etapas de manejo dos RCCV, pode ser realizada uma análise desde a etapa de capacitação ambiental, passando pela geração até a disposição final ambientalmente adequada dos mesmos.

8.1 MONITORAMENTO CONTÍNUO DAS ETAPAS DE GERENCIAMENTO

A função do programa de controle e monitoramento é estabelecer um sistema que garanta o cumprimento das atividades propostas no Plano, considerando os seguintes pontos:

 Comprovar que as medidas propostas sejam realizadas.  Proporcionar informação para verificar os possíveis impactos.  Comprovar a aplicabilidade das medidas corretoras.

 Ser uma fonte importante de informação para melhorar o Sistema Integrado de Gestão - SIG.

Ao elaborar o programa de controle e monitoramento das etapas de geração, tratamento e disposição final ambientalmente adequada, além dos indicadores e demais instrumentos de controle é necessário estabelecer uma lista de check-list para o controle do gerenciamento dos RCCV nas diversas etapas existentes.

Conforme descrito nos itens anteriores são várias as etapas propostas para fluxo do gerenciamento dos RCCV na RMBH e Colar Metropolitano.

As etapas, comuns a maioria delas, são:

 Uma primeira etapa, na qual se transportam os RCCV desde os pontos de coleta até os centros de triagem e transferência, para que logo sejam transferidos, segregados, até as diversas instalações de reciclagem ou à disposição final.

 Uma segunda etapa, na qual se transportam os materiais já segregados desde as instalações de reciclagem até sua incorporação como materiais reciclados ou a disposição final.

No Quadro 38 a seguir, são descritos os parâmetros em formato de check-list que podem ser considerados para o monitoramento contínuo das etapas de gerenciamento descritas. Quadro 38 - Monitoramento das etapas de gerenciamento nas fases de transbordo, tratamento e disposição

final. ETAPAS DE MONITORAMENTO MONITORAMENTO CONTROLE FÍSICO DIGITAL Geração Gerador de resíduo X

Verificação do estado dos coletores, etc.,

de armazenamento X

Verificação das capacidades máximas de

preenchimento (volume). X

Verificar que não existem derramamentos

de resíduos X

Verificar trajetos e rotinas de coleta de

resíduos X X

Realização de auditorias nas empresas

operadoras externas X X

Identificação dos resíduos coletados X X Verificação do peso de resíduo gerado por

grupo X X

Transbordo

Ficha de acompanhamento e controle de

transporte do resíduo X X

Grupo de resíduo transportado X X

Volume / peso de resíduo X X

Controle via satélite X

Identificação dos veículos de transporte. X X

Seguimento da rotina de coleta. X

Estado dos coletores, etc., de

armazenamento. X

Verificação do tempo da rotina. X

Incidências X

Motorista autorizado X X

Inspeção do veículo e da carga X

Descarga do veículo X

Serviço incompleto X X

Quedas ou derramamentos de resíduos X Equipamentos de proteção individual X

Tratamento Origem dos resíduos X X

ETAPAS DE

MONITORAMENTO MONITORAMENTO

CONTROLE FÍSICO DIGITAL

Identificação X X

Volume / peso do resíduo X X

Estado das áreas de armazenamento. X Estado dos coletores, etc., de

armazenamento. X

Carga de coletores limpos e vazios. X Vazamentos ou derramamentos nas

instalações. X

Estado das instalações de tratamento. X Estado do sistema de drenagem de águas

pluviais. X

Estado do sistema de coleta de emissões. X Equipamentos de proteção

individual/coletiva. X

Disposição final

Origem dos resíduos. X X

Grupo dos resíduos. X X

Identificação. X X

Volume / peso do resíduo. X X

Estado das áreas de armazenamento. X Estado dos coletores, etc., de

armazenamento. X

Carga de coletores limpos e vazios. X Vazamentos ou derramamentos nas

instalações. X

Estado das instalações de tratamento. X Estado do sistema de drenagem de águas

pluviais. X

Estado do sistema de coleta de emissões. X Equipamentos de proteção

individual/coletiva. X

Nota: No Quadro anterior, o formato de seguimento físico está relacionado com as fichas e documentos físicos. No formato digital está relacionado com o seguimento mediante tecnologia RFID ou Código de barras, caso fosse utilizado (nível software e hardware do sistema).

Fonte: Elaboração própria. Consórcio IDP-FR, 2015.

8.1.1 AVALIAÇÃO DAS ETAPAS DE MANEJO DOS RCCV

As observações e levantamentos derivados dos indicadores sugeridos no item anterior devem ser realizadas pelos responsáveis de cada etapa, mas, o ideal, é que haja o compartilhamento de interesses na manutenção das situações ideais, inclusive se tomarmos como premissa o paragrafo 1° do Artigo 27 da PNRS 12.305/2010, que define, em termos gerais, que a responsabilidade pelo gerenciamento adequado dos resíduos gerados é de todos aqueles envolvidos na cadeia, desde a sua geração, até a sua disposição final.

(...) Art. 27º. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são responsáveis pela implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento de resíduos sólidos aprovado pelo órgão competente na forma do art. 24.

§ 1o. A contratação de serviços de coleta,

armazenamento, transporte, transbordo, tratamento ou destinação final de resíduos sólidos, ou de disposição final de rejeitos, não isenta as pessoas físicas ou

jurídicas referidas no art. 20 da responsabilidade por danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos. (...)

Diante disso, os indicadores apresentados acima, podem ter a seguinte interpretação no que se refere à execução e observações dos tópicos sugeridos, como, por exemplo:

Coleta e transporte externo: os geradores devem ser cuidadosos ao

contratar uma empresa para a coleta e transporte dos RCCV gerados observando se a mesma possui licença válida e solicitá-la para verificação no ato da coleta dos resíduos. O ideal e mais seguro é que a empresa que irá receber estes resíduos seja para o transbordo, reciclagem ou disposição final, já esteja contratada e notificada quanto ao recebimento de determinado volume de resíduo em um prazo estimado. Além disso, o gerador deve fornecer as informações corretas para o preenchimento do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) – ou CTR, como já é definido por Lei em alguns municípios.

Da mesma forma, a empresa que irá fazer o transporte dos RCCV deve exigir o fornecimento de informações corretas quanto ao resíduo que será transportado e, ainda, verificar no carregamento se o que foi informado é condizente com o que será transportado. Deve ser verificada também a existência, ou não, de resíduos que merecem uma atenção especial para o tratamento como latas de tintas, solventes, telhas de amianto, etc.

Transbordo: a empresa ou administração pública, responsável pela área

de transbordo, deve estar atenta às condições dos veículos de transporte da empresa contratada pelo gerador para o transporte, desde o local da geração. Neste sentido, vale ressaltar alguns pontos que devem ser observados tais como: verificar se o resíduo “declarado” no (MTR) - ou CTR, corresponde em peso e caracterização ao resíduo entregue; se o veiculo de transporte está ou não, adequado à legislação local, a situação legal do motorista e o processo de descarga do veículo.

Da mesma forma, deverá ser de interesse da empresa transportadora, a observação dos aspectos gerais do funcionamento e da infraestrutura da área de transbordo, observando a conformidade com os aspectos técnicos mínimos exigidos por lei.

Observações semelhantes podem ser feitas para as etapas subsequentes de tratamento e disposição final. Em todo caso, entendendo que a realização de forma adequada de uma etapa impacta de forma positiva nos serviços necessários á etapa seguinte, o ideal é que estas informações sejam compartilhadas entre cada um dos gestores. Além disso, é imprescindível que o conhecimento prévio de conceitos, aspectos legais e a importância do seu cumprimento sejam compreendidos por todos os envolvidos. Assim, seria possível estabelecer e alimentar um sistema conjunto, integrado, para adequação dos serviços em todas as etapas, garantindo não apenas a segurança dos funcionários envolvidos, mas também a manutenção do meio ambiente saudável e, ainda, uma redução progressiva de passivos ambientais que, indiretamente se resumem em custos adicionais a todo o sistema de gerenciamento e de gestão dos RCCV.

A planilha de indicadores proposta incorpora parâmetros que podem ser usados para interpretação do desempenho ambiental do empreendimento gerador. Sua utilização evidencia as questões mais críticas do sistema de gerenciamento de RCCV, dentro e fora do local de geração, permitindo o direcionamento estratégico das ações de melhoria para todos os gestores em um âmbito geral.

A elaboração, o acompanhamento, o monitoramento e o controle do PGRCC e do PMGRCC, pelos empreendedores e pelos municípios, respectivamente, representam uma oportunidade de levantamento de dados reais e de avaliação de procedimentos e boas práticas executados. Por meio da pesquisa e do desenvolvimento desses procedimentos nas etapas de gerenciamento dos RCCV é possível interpretar e visualizar as consequências das ações de funcionários e levantar pontos que podem ser melhorados internamente.

Apesar de representar custos extras e mobilização de pessoal em horário de trabalho, a capacitação é uma ferramenta valiosa e deve ser compreendida como um item de elevado custo-benefício. Quanto maior o número de colaboradores preparados com conhecimento técnico e apto para a realização dos serviços propostos, maiores são as chances de êxito no alcance das metas definidas. O treinamento é uma ferramenta valiosa de fidelização da mão-de-obra ao empregador. O reconhecimento por um trabalho bem feito gera bons resultados à medida que aumenta a satisfação do profissional com o trabalho realizado e possibilita ganhos para ambas as partes.

Tendo em vista a especificidade de cada empreendimento gerador de RCCV, os indicadores listados no item 9.1. devem ser ajustados à realidade de todos e, da mesma forma, podem ser adaptados para uma proposta de gestão compartilhada e regionalizada para os municípios da RMBH e Colar Metropolitano. Em todo caso, o levantamento de dados quando realizado em sintonia com o PMGRCC se torna uma informação preciosa para a definição de novos processos, procedimentos e para aperfeiçoamento do uso dos recursos financeiros.