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3  ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE

3.3  PLANTAS DE RECICLAGEM DE MADEIRA 52 

As plantas de reciclagem ou beneficiamento de madeira são um caso particular já que, para o seu funcionamento adequado, devem receber apenas madeira já segregada. Na segregação, deve-se atentar, principalmente, para o material tratado com produtos químicos que podem ser considerados contaminantes. Caso não seja possível retirar o resíduo químico antes do processo, o material deve ser enquadrado na Classe D e reservado para encaminhamento a aterro específico, Classe 1. Atenção que também deve ser dada a outros componentes que precisam ser separados tais como: pregos, parafusos, pedaços de vidro ou plástico, dentre outros.

Os formatos mais comuns de resíduos de madeira que podem ser encaminhados a este tipo de instalação são:

 Restos de construção e demolição: na construção se utiliza madeira para elaborar formas, escoras, portas e janelas, etc.

 Paletes de madeira: é uma plataforma horizontal utilizada como base para o transporte de mercadorias. Apesar de já haver algumas boas práticas de reforma para posterior reutilização de pellets usados, em muitos casos, principalmente em empreendimentos industriais, este material é visto como resíduo.

 Móveis, portas e armários: geralmente são resíduos volumosos pesados gerados pela própria população quando o munícipe se desfaz de seu mobiliário.  Embalagens de madeira: podem ser de pequeno ou de grande porte, neste item

se enquadram as caixas de frutas e embalagens utilizadas para o transporte de equipamentos e peças robustas. Os mercados de distribuição de alimentos são focos de geração destes itens.

 Bobinas de madeira: usadas para transporte de cabos, fios, mangueiras, e outros dutos feitos de material flexível. Em muitos casos podem ser reutilizadas, reformadas ou, se não for possível, encaminhadas para reciclagem.

 Cavaco de madeira: é o resíduo de madeira mais comum, são pedaços de madeira de formato e dimensões variadas. É um resíduo típico de empresas do setor moveleiro ou de fabricação de peças de madeira, mas também estão presentes em resíduos de pequenas reformas e em algumas obras.

 Madeira tratada: toras usadas, postes para iluminação pública, etc. O tratamento superficial com material químico dificulta a sua reciclagem, fazendo com que o seu processamento tenha que ser separado, além disso, demanda a realização de análise do produto resultante já que, em algumas ocasiões, este pode ser enviado para produção de combustível derivado de resíduos CDR ou coprocessamento em fornos de clínquer como fonte de energia.

É importante destacar que a trituração de material volátil pode liberar material particulado no ar. Sendo assim, as plantas que executam processos de trituração para granulometrias muito finas devem contar com um sistema de tratamento de ar como, por exemplo, ciclones ou filtros manga com o objetivo de reduzir o impacto ao meio ambiente e os riscos à saúde dos trabalhadores.

Também é fundamental que a instalação esteja equipada com um sistema efetivo contra incêndios, já que processa grandes volumes de material combustível. Para tal devem ser seguidas as recomendações do Corpo de Bombeiros em nível municipal. Como componentes mínimos recomendam-se: grupo de pressão, hidrantes, extintores abc (6 kg), extintores CO2 5 kg.

O sistema hidro sanitário da planta - canalizações de água e sistema de drenagem para água pluvial - devem conter filtros capazes de reter elementos sólidos, estar dotadas com caixa de registro e dispor de um sistema para separar os materiais recolhidos. Além do exposto, a instalação deve conter contêineres de coleta seletiva para cada um dos resíduos gerados durante a atividade.

Aspectos ambientais devem ser considerados no momento de escolha e definição da área de instalação da planta, dentre os quais podem ser citados: tipo de uso e ocupação do solo, consumo de energia, geração de ruído, emissão de poeira e material particulado, emissões de Compostos Orgânicos Voláteis e geração de resíduos. Ressalta-se que, assim como para as demais infraestruturas devem ser tomadas todas as ações para emissão de licenças de operação e adequação das exigências legais definidas no processo de licenciamento ambiental.

O esquema apresentado na Figura 8 representa as etapas de processamento da madeira desde a sua recepção na planta até o encaminhamento para o destino final. Como representado, o produto final obtido é a madeira triturada de tamanho variável que pode ser fixado conforme as exigências do cliente, do mercado existente na região e em função do uso futuro.

 Lasca de madeira com aproximadamente 5 cm.  Pó de madeira gerado durante a trituração.

Serragem com granulometria intermediária entre o pó e a lasca de madeira.

Estes produtos podem ser vendidos para reintrodução como matéria-prima em outras indústrias. Dessa maneira, permite-se prolongar o ciclo de vida da madeira e reduzir o uso de matéria-prima virgem. Outros destinos possíveis são a valorização energética direta (caldeiras de biomassa, etc.), e a fabricação de combustível derivado de resíduos (CDR) ou pellets.

Figura 8 - Processos típicos de uma planta de reciclagem ou beneficiamento de madeira. Fonte: Elaboração própria, Consórcio IDP-FR, 2015.

Figura 9 - Resíduos de madeira segregados prontos para serem triturados e peneirados. Fonte: TERSA. Planta de Tratamento de Resíduos Voluminosos de Gavà (Barcelona- Espanha).

Figura 10 - Planta de reciclagem de madeira.

Fonte: TERSA. Planta de Tratamento de Resíduos Volumosos de Gavà (Barcelona- Espanha).

A área necessária para uma planta típica, com capacidade de tratamento de aproximadamente 50.000 t/ano de madeira pode variar entre 8.000 m2 a 10.000 m2.

Figura 11 - Produtos reciclados da madeira prontos para serem estocados ou encaminhados para

venda.

Fonte: TERSA. Planta de Tratamento de Resíduos Volumosos de Gavà (Barcelona- Espanha).

O Quadro 16 abaixo apresenta as áreas mínimas exigidas para o manejo dos resíduos nas plantas de beneficiamento (ou reciclagem) de madeira com capacidades variadas. Quadro 16 - Área básica demandada para o manejo dos resíduos.

TIPO DE INSTALAÇÃO CAPACIDADE ÁREA DEMANDADA

Planta de beneficiamento ou reciclagem

de madeira 100 m3/dia 1.000 m2

Planta de beneficiamento ou reciclagem

de madeira 240 m3/dia 1.800 m2

Fonte: Manual para implantação de sistema de gestão de resíduos de construção civil em consórcios públicos, 2010. Ministério do meio ambiente de Brasil.

3.4 MODELOS DE PLANTAS PARA PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEL DERIVADO