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3  ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE

3.4  MODELOS DE PLANTAS PARA PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEL DERIVADO

Outro possível destino para os RCCV, e para os rejeitos das plantas de reciclagem, são as plantas de produção de combustível derivado de resíduos (CDR). Neste tipo de planta são processadas as frações não recuperáveis dos RCCV que possuem um alto ou médio poder calorífico como materiais de madeira e plásticos que não possuem alternativa viável de reciclagem. Nesta instalação, o resíduo não reaproveitável ou o rejeito passam por um processo de transformação para viabilizar o seu reaproveitamento.

A preparação de CDR por meio de processos mecânicos/físicos se fundamenta no processamento da fração seca dos resíduos não valorizáveis em outras instalações com o objetivo principal do aproveitamento energético contido neste tipo de material.

A fração seca é constituída, principalmente, por restos de materiais, tais como: embalagens, plásticos, papel e papelão, tecidos, metais férricos e não férricos. Os materiais compostos por metais ferrosos e não ferrosos são separados dos demais materiais por meio da utilização de separadores magnéticos e correntes indutivas, respectivamente.

Na primeira etapa, o material recebido, previamente segregado, passa por um processo de pré-acondicionamento (trituração, separação, classificação, etc.), para que os materiais recuperáveis alcancem características adequadas para o processo de produção do CDR e para a qualidade final do produto.

Após a retirada dos metais ferrosos e não ferrosos, os materiais restantes passam por uma série de etapas de tratamento que normalmente acontecem na seguinte ordem: separação de materiais, trituração ou secagem térmica. Este processo é executado até que seja obtida uma mistura dos materiais necessários com a composição granulométrica e qualitativa correspondentes ao combustível derivado de resíduos (CDR).

Geralmente, realizam-se etapas posteriores para o peneiramento e separação final de materiais particulados não desejáveis e para o acondicionamento final (granulação, pelotização, briquetagem, etc.) obtendo-se um produto com as características definidas pelo usuário final.

Figura 12 - Moinho de martelos para biomassa. Fonte: Empresa REMATEC.

Um dos principais objetivos deste tipo de instalação é a redução da fração biodegradável dos resíduos, cujo destino pode ser a disposição em aterros ou a fabricação de compostos orgânicos.

Estes combustíveis apresentam uma composição de material biodegradável que pode variar entre 50% e 60%. Este percentual elevado pode contribuir consideravelmente para a redução das emissões de CO2 ao ser considerada parte biodegradável como

fonte de energia renovável. Além disso, a necessidade crescente de reduzir os custos de produção faz com que a indústria junto com o setor energético estejam cada vez mais interessados na possibilidade de utilização de um combustível substituto mais econômico e com qualidades específicas e homogêneas. Atualmente, a indústria cimenteira é o principal consumidor final deste combustível.

Também é necessário destacar que, mesmo que o termo “Combustível Derivado de Resíduo” seja utilizado em todos os processos que aproveitam os resíduos como combustíveis, o seu significado varia, consideravelmente, de país a país, pois, os tipos

de resíduos de origem utilizados, os processos de produção e a aplicação final regulamentada para o CDR produzido são diferentes em cada região.

Por exemplo, em alguns países o CDR é produzido de alguns fluxos de resíduos específicos, já em outros casos, é obtido a partir do RSU processado. Além disso, o conceito e a finalidade das plantas de tratamento (mecânico-biológico) de resíduos com produção de CDR também são entendidos de forma diferente em alguns casos, tais como:

 Conforme o Comitê Europeu de Normatização (Norma EN 15357), um “Combustíble Sólido Recuperado (CSR)” é um combustível sólido preparado a partir de resíduos não perigosos para a sua valorização energética em plantas de incineração ou coincineração e que cumpre com alguns requisitos de classificação e especificação determinados na Norma EN 15359.

O esquema da Figura 13 apresenta todas as etapas de produção de CDR em uma planta típica, desde a sua recepção até o destino final do material energeticamente valorizável produzido a partir das frações não recuperáveis dos RCCV provenientes do rejeito das plantas de triagem e reciclagem. O destino dos materiais obtidos pode ser a valorização energética em Plantas de recuperação de energia ou em Cimenteiras, desde que, tanto o resíduo como a planta receptora, estejam licenciados para tal.

Figura 13 - Esquema de Planta de produção de CDR. Fonte: Elaboração própria, Consórcio IDP-FR, 2015.

Sugere-se que as plantas de produção de combustível derivado de resíduos (CDR) sejam dotadas de:

 Cercamento da área sinalizado - com identificação da infraestrutura e aprovação do empreendimento - para impedir o acesso de pessoas estranhas e animais. Portão com guarita para controle de acesso ao local.

 Acesso protegido e mantido de forma que permita o funcionamento da planta sob quaisquer condições climáticas.

 Anteparo vegetal e paisagístico em todo o entorno da infraestrutura para proteção de ventos predominantes.

 Portaria e balança.  Sinalização adequada.

 Área de operação com superfície plana para área de recebimento e descarga de resíduos e galpão coberto para a fabricação e armazenamento de resíduos e do próprio CDR.

 Sistemas de proteção ambiental que contemple: controle da emissão de material particulado, principalmente, nas áreas de descargas, de manejo e nas zonas de acumulação de resíduos; dispositivos de contenção de ruído em veículos e equipamentos; sistema de proteção e drenagem das águas superficiais para suportar uma chuva com período de recorrência de cinco anos para impedir, principalmente, o acesso, na área de reciclagem, de águas precipitadas no entorno e o carreamento de material sólido para fora da área de forma a comprometer o sistema de drenagem local.

 Revestimento primário do piso das áreas de acesso, operação e armazenamento, executado e mantido de maneira a permitir a utilização sob quaisquer condições climáticas.

 EPI, de EPC, de proteção contra descargas atmosféricas e de combate a incêndio para todos os funcionários. Além disso, deve ter também sistemas de iluminação e energia que permitam uma ação de emergência em qualquer momento.

 Sistema contra incêndios: é fundamental, já que se trata de uma instalação que produz material combustível, devendo ser composto por: Grupo de pressão, hidrantes; extintores abc (6 kg), extintores CO2 (5 kg).

A área aproximada do terreno para instalação de uma planta de produção de CDR é bastante variável sendo que será maior caso seja necessário prever espaço para separação prévia dos materiais e, menor, caso o galpão seja usado apenas para a fabricação de CDR. Tomando o último caso como parâmetro - galpão sem previsão de área de triagem e separação - para uma capacidade de tratamento de aproximadamente de 10.000 t/ano de resíduos, a área do terreno necessária é de aproximadamente 2.000 m2.

Aspectos ambientais devem ser considerados no momento da escolha e definição da área de instalação da planta dentre os quais podem ser citados: tipo de uso e ocupação

do solo, consumo de energia, geração de ruído, emissão de poeira e material particulado, emissões de Compostos Orgânicos Voláteis; e a geração de resíduos. Ressalta-se que, da mesma maneira como para as demais infraestruturas devem ser tomadas todas as ações para emissão e adequação das exigências legais definidas no processo de licenciamento ambiental.