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3  ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE

3.9  MODELO DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS INERTES EM ATERROS CLASSE A

Os aterros Classe A, de acordo com a Deliberação Normativa COPAM nº 155, de 25

de agosto de 2010, pode ser definido como um local devidamente preparado no qual

são empregadas técnicas para a disposição de resíduos classe "A" da construção civil, nos termos da classificação instituída pela Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, ou das que sucederem, visando à reservação de materiais segregados de forma a possibilitar o seu uso futuro e/ou a futura utilização da área, adotando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.

A Lei nº 10.522, de 24 de agosto de 2012 Institui o Sistema de Gestão Sustentável de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos - SGRCC - e o Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos - PMRCC, e deu outras providências. Em seu Artigo 30º ressalta-se que:

 Os resíduos da construção civil e os resíduos volumosos não podem ser depositados em aterros sanitários.

 Os resíduos da construção civil, se apresentados na forma de agregados reciclados ou na condição de solos não contaminados, podem ser utilizados em aterros sanitários com a finalidade de execução de serviços internos ao aterro. A NBR 15113:2004. Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – define as diretrizes para projeto, implantação e operação dos aterros de RCC.

Figura 18 - Esquema aterro Classe A. Fonte: Elaboração própria. Consórcio IDP-FR, 2015.

Sugere-se que os aterros Classe A sejam dotados de:

 Cercamento no perímetro da área em operação, construído de forma a impedir o acesso de pessoas estranhas e animais.

 Portão junto ao qual seja estabelecida uma forma de controle de acesso ao local.  Os acessos internos e externos devem ser protegidos, executados e mantidos

de maneira a permitir sua utilização sob quaisquer condições climáticas.

 Sinalização na(s) entrada(s) e na(s) cerca(s) que identifique(m) o empreendimento.

 Anteparo para proteção quanto aos aspectos relativos à vizinhança, ventos dominantes e estética, como, por exemplo, cerca viva arbustiva ou arbórea no perímetro da instalação.

 Faixa de proteção interna ao perímetro, com largura justificada em projeto.  Portaria.

 Balança.

 Portaria das diversas áreas.

 Área de recepção: a área de recepção deve ter sua superfície regularizada.  Área de armazenamento temporário coberta para os resíduos classe D.  Área de disposição dos RCC.

 Área de acumulação de materiais (terras e argilas) para o cobrimento dos RCC depositados.

 Sistemas de proteção ambiental: deve ser implantado um sistema de proteção ambiental que contemple:

 Sistema de proteção das águas subterrâneas.

Devem ser previstas medidas para a proteção das águas subterrâneas mediante um sistema de poços de monitoramento, instalado na área do empreendimento, constituído de no mínimo quatro poços, sendo um a montante e três a jusante, no sentido do fluxo de escoamento preferencial do aquífero. Os poços devem ser construídos de acordo com a NBR 13895.  Sistema de proteção das águas superficiais.

Devem ser previstas medidas para a proteção das águas superficiais respeitando-se faixas de proteção de corpos de água e prevendo-se a implantação de sistemas de drenagem compatíveis com a macrodrenagem local, devendo ser capazes de suportar chuva com períodos de recorrência de cinco anos, que impeça:

 acesso, no aterro, de águas precipitadas no entorno;

 carregamento de material sólido para fora da área do aterro.  O sistema de proteção das águas superficiais deve incluir:

 Sistema de controle de poeira, ativo tanto nas descargas como no manejo e nas zonas de acumulação de resíduos;

 Dispositivos de contenção de ruído em veículos e equipamentos;  Equipamentos de segurança.

 A planta de produção de agregados reciclados deve dispor de equipamentos de proteção individual, de proteção coletiva e de proteção contra descargas atmosféricas e de combate a incêndio.

 Iluminação e energia: o local da área de reciclagem deve dispor de iluminação e energia que permitam uma ação de emergência em qualquer momento.

Resíduos admissíveis nos aterros Classe A

Resíduos da construção civil Classe A, conforme classificação da Resolução CONAMA n° 307 são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplenagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.

d) resíduos inertes (classe II-B conforme a Lei Federal n° 12.305/2010): aqueles que, quando amostrados de forma representativa e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água vigentes, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.

Resíduos não admissíveis em Aterros Classe A

I - Resíduos classe I – perigosos conforme a Lei Federal n° 12.305/2010, são

aqueles que, em função das suas características de toxicidade, corrosividade, reatividade, inflamabilidade, patogenicidade ou explosividade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à aplicável ambiental, tais como os patogênicos, os mutagênicos, os teratogênicos, os poluentes, os bioacumulativos e congêneres; Inclui os resíduos da construção civil classe D conforme classificação da Resolução CONAMA n° 307 (modificada pela Resolução n° 431/2011 e pela Resolução n° 348/04). Nesta classificação entram os resíduos de alguns materiais perigosos de construção (amianto) e os aditivos empregados em outros materiais (adesivos, massas, pinturas, selantes).

II - Resíduos classe II A - não perigosos, não inertes: conforme a Lei Federal n° 12.305/2010: são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe

I - perigosos ou de resíduos classe II - B - inertes, nos termos desta lei, podendo apresentar propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

Inclui os resíduos da construção civil classe B e C conforme classificação da Resolução CONAMA n° 307 (modificada pela Resolução n° 431/2011 e pela Resolução n° 348/04). Os resíduos valorizáveis da construção (metal, madeira, plástico, vidro, etc.) estão considerados dentro desta classificação.

Quadro 21 - Vantagens e desvantagens dos aterros.

Classe Vantagens Desvantagens

Classe A

Baixo custo em relação a outras opções de tratamento e disposição final, como a incineração.

Necessita de uma grande área física para construção e operação.

Pode ser utilizado para grande variedade

de tipologias de RCC. Gera um passivo que precisa ser continuamente monitorado.

Fonte: Elaboração própria. Consórcio IDP-FR, 2015.

Um caso particular de Classe A são as bacias de entulho, que são aterros de pequeno porte com a finalidade imediata de regularização de terrenos.

Nos aterros Classe A devem ser depositadas as frações não recuperáveis presentes nos RCCV, com a finalidade de gerar o menor impacto possível e permitir a sua reservação para uso posterior.

Tendo em vista as infraestruturas sugeridas para o gerenciamento dos RCCV gerados na RMBH e Colar Metropolitano, os Aterros Classe A receberiam resíduos provenientes das seguintes áreas propostas:

 URPV.

 Postos de descarga de entulho.  Pontos Limpos.

 Obras privadas ou públicas.

 Plantas de triagem e transferência.

Em termos de “produção”, diferentemente das demais infraestruturas previstas, tais como os pontos limpos e plantas de triagem, os Aterros Classe A não apresentam nenhum material oriundo do processo de aterramento. Vale salientar que o lixiviado gerado deve ser tratado de forma adequada e conforme a legislação ambiental vigente. No que se refere aos ASPECTOS AMBIENTAIS, devem ser considerados ocupação de solo, consumo de água, consumo de energia, geração de lixiviados, geração de ruído, geração de poeira e geração de odores.

Sobre os aspectos legais, os aterros de resíduos da construção civil e resíduos inertes, destinados à disposição exclusiva de resíduos da Classe A triados, estão sujeitos ao licenciamento ambiental quanto à localização, instalação e operação, no âmbito dos órgãos estaduais de meio ambiente respeitando sempre as restrições quanto às áreas com legislação ambiental específica.

Além de Aterros podem ser licenciadas áreas menores com finalidade imediata de regularização de terrenos para edificação e deverão ser dispensados de licença ambiental que em alguns casos é, na verdade, uma Autorização Ambiental de Funcionamento ou AAF.