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3  ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE

3.5  MODELOS DE PLANTAS DE PRODUÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS 61 

As plantas de produção de agregados reciclados são outro caso específico de planta de reciclagem de RCCV nas quais podem ser processadas as frações inertes (Classe A) presentes nos RCCV.

Uma planta de produção de agregados reciclados é, em termos gerais, uma área de reciclagem de resíduos da construção civil, destinada ao recebimento e transformação dos RCC Classe A previamente triados, para produção de agregados reciclados (NBR 15114 - Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação).

A legislação especifica para o Município de Belo Horizonte, Lei Municipal nº 10.522/20 12 segue os mesmos princípios da CONAMA 307/2004 ao estipular que “os resíduos da construção civil de natureza mineral, designados como Classe A, devem ser prioritariamente reutilizados ou reciclados, salvo se inviáveis estas operações, caso em que deverão ser destinados a aterros de resíduos da construção civil licenciados para reservação e beneficiamento futuro ou para conformação topográfica de terrenos. Parágrafo único - Na conformação topográfica de terreno com resíduos da construção civil Classe A deve-se obedecer ao disposto na legislação municipal que regula o movimento de terra e entulho”.

Figura 14 - Planta de seleção de RCC em Astúrias (Espanha). Fonte: COGERSA.

Figura 15 - Tromel em planta de seleção de RCC em Astúrias (Espanha). Fonte: COGERSA.

Os produtos obtidos para uso futuro em pavimentação devem cumprir com as seguintes normas técnicas para reciclagem de RCCV:

 ABNT - NBR 15.115:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil. Execução de camadas de pavimentação. Procedimentos.  ABNT - NBR 15.116:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da

construção civil. Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural. Requisitos.

Figura 16 - Esquema de planta de produção de agregados reciclados. Fonte: Elaboração própria, Consórcio IDP-FR, 2015.

Um caso específico de planta de reciclagem de RCC e fabricação de agregados reciclados são os equipamentos móveis de reciclagem de RCC em obra. Alguns tipos de obra demandam e viabilizam reciclagem “in situ” mediante plantas de trituração e seleção, geralmente, quando a mesma obra pode utilizar estes agregados - para um processo urbanístico, por exemplo. A fabricação de agregados reciclados deve ser

executada conforme com as especificações técnicas e ensaios indicados nas normativas vigentes.

Recomenda-se que estejam devidamente registradas para as atividades de valorização de resíduos na própria obra na qual foram gerados, tal como estabelecido pela autoridade ambiental competente.

Quadro 17 - Vantagens e desvantagens das plantas de produção de agregados reciclados. Plantas moveis e fixas de produção de agregados reciclados

Vantagens Desvantagens

Redução do volume total de RCC não beneficiados. Gera resíduo que devem ser dispostos corretamente de acordo com a sua composição.

Diminuição da exploração de recursos naturais para fabricação de agregados e consequente redução dos impactos socioambientais relacionados.

Beneficiamento e valorização dos resíduos gerando produtos comercializáveis, geralmente de custo mais baixo.

Geração de emprego, renda e inclusão social. Criação de novos postos de trabalho para mão de obra com baixa qualificação.

Incentivo à valorização dos resíduos da construção civil e consolidação da importância do descarte correto. Amenização dos impactos socioambientais causados pelo descarte inadequado dos resíduos, tais como a multiplicação de vetores de doenças, o comprometimento da paisagem e do tráfego de pedestres e veículos.

Fonte: Elaboração própria, Consórcio IDP-FR, 2015.

Recomenda-se que a planta de produção de agregados reciclados seja dotada de:  Cercamento no perímetro da área em operação, construído de forma a impedir

o acesso de pessoas estranhas e animais.

 Portão junto ao qual seja estabelecida uma forma de controle de acesso ao local. Os acessos internos e externos devem ser protegidos, executados e mantidos de maneira a permitir sua utilização sob quaisquer condições climáticas, com sinalização na(s) entrada(s) e na(s) cerca(s) que identifique(m) o empreendimento quanto às atividades desenvolvidas e à aprovação do empreendimento.

 Anteparo para proteção quanto aos aspectos relativos à vizinhança, ventos dominantes e estética, como, por exemplo, cerca viva arbustiva ou arbórea no perímetro da instalação.

 Portaria. Balança.

 Sinalização dos diversos elementos.

 Área de operação: A área de operação deve ter sua superfície regularizada. - Área de recebimento;

- Área de armazenamento temporário dos resíduos recebidos;

- Área de armazenamento temporário coberto para os resíduos de classe D; - Área específica para o armazenamento temporário de materiais

recuperados (madeira, metais, plásticos, outros); - Área de reciclagem/fabricação de agregados; - Área de armazenamento dos agregados reciclados.

 Sistemas de proteção ambiental: deve ser implantado um sistema de proteção ambiental que contemple:

- Sistema de controle de poeira, ativo tanto nas descargas como durante o manejo, e nas zonas de acumulação de resíduos.

- Dispositivos de contenção de ruído em veículos e equipamentos.

- Sistema de proteção das águas superficiais: deve ser previsto um sistema de drenagem das águas de escoamento superficial na área de reciclagem, capaz de suportar uma chuva com período de recorrência de cinco anos, compatibilizado com a macrodrenagem local, para impedir:

 o acesso, na área de reciclagem, de águas precipitadas no entorno;  o carregamento de material sólido para fora da área.

- Revestimento primário do piso das áreas de acesso, operação e estocagem, executado e mantido de maneira a permitir a utilização sob quaisquer condições climáticas.

 Equipamentos de segurança.

- A planta de produção de agregados reciclados deve dispor de equipamentos de proteção individual, de proteção coletiva e de proteção contra descargas atmosféricas e de combate a incêndio.

- Iluminação e energia: o local da área de reciclagem deve dispor de iluminação e energia que permitam uma ação de emergência em qualquer momento.

A área aproximada do terreno para uma planta de produção de agregados reciclados pode variar em função do nível de segregação do material recebido e do maior ou menor volume de resíduos a admitir. Ou seja, caso a planta receba somente material devidamente triado, a área pode ser menor, caso contrário, deve ser previsto um espaço para reservação e triagem do material não segregado e também do material que não será processado.

Quadro 18 - Área básica demandada para o gerenciamento dos resíduos em uma planta de produção de

agregados reciclados dos RCCV.

Tipo de instalação Capacidade Área demandada

Reciclagem RCD Classe A 40 m3/dia 3.000 m2

Reciclagem RCD Classe A 80 m3/dia 3.500 m2

Reciclagem RCD Classe A 160 m3/dia 7.500 m2

Reciclagem RCD Classe A 320 m3/dia 9.000 m2

Recuperação de solo 240 m3/dia 2.250 m2

Nota: Os solos são também considerados como RCD Classe A na Resolução CONAMA, desde que não estejam contaminados, pois, neste caso, são considerados Classe D.

Fonte: Manual para implantação de sistema de gestão de resíduos de construção civil em consórcios públicos, 2010. Ministério do meio ambiente de Brasil.

Nas plantas de produção de agregados reciclados se realiza a recuperação das frações inertes recuperáveis presentes nos RCC com a finalidade de obter agregados reciclados utilizáveis pela empresa pública e privada. Os materiais processados, quando a triagem não é necessária, são provenientes de instalações nas quais a triagem prévia do material improprio para a reciclagem já foi realizada, ou seja:

 Plantas de recuperação e transferência.  Obras privadas ou públicas.

Os materiais obtidos nas operações de seleção, classificação, avaliação e separação dos RCC limpos e segregados são produtos que podem ser vendidos e utilizados como agregados reciclados em outras obras, desde que todas as orientações técnicas recomendadas e exigidas pela legislação vigente sejam atendidas.

Aspectos ambientais devem ser considerados no momento de escolha e definição da área de instalação da planta dentre os quais podem ser citados: tipo de uso e ocupação do solo, consumo de energia, geração de ruído, emissão de poeira e material particulado, geração de resíduos e geração de águas residuais.

Ressalta-se que, da mesma maneira como para as demais infraestruturas devem ser tomadas todas as ações para emissão e adequação das exigências legais definidas no processo de licenciamento ambiental.

3.6 MODELOS DE PLANTAS DE INCINERAÇÃO PARA VALORIZAÇÃO ENERGETICA

Uma planta de recuperação de energia é uma instalação na qual se realiza o tratamento térmico de resíduos mediante as operações de valorização energética ou de eliminação. A Resolução CONAMA nº 316, de 29 de outubro de 2002 que dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de

resíduos e define o termo tratamento térmico como qualquer processo cuja operação seja realizada acima da temperatura mínima de oitocentos graus Celsius (800º C). O processo de incineração utiliza a combustão controlada para degradar termicamente materiais residuais. Os equipamentos envolvidos na incineração garantem fornecimento de oxigênio, turbulência, tempo de residência e temperatura adequados e devem ser equipados com mecanismos de controle de poluição para a remoção dos produtos da combustão incompleta, das emissões de particulados, de dióxido de enxofre (SOx) e dióxido de nitrogênio (NOx) além das dioxinas e furanos.

O tipo de incineração pode ser diferenciado de acordo com o tipo de forno de combustão utilizado que serão apresentados em maior detalhe a seguir:

a) incineração em forno de grelha; b) incineração em forno rotativo; c) incineração em leito fluidizado.

Em todos os casos, a incineração é pouco indicada para os resíduos gerados na construção civil ou volumosos.

A incineração em forno de grelha, a pesar de bastante flexível, quando usada em operações que utilizam combustíveis heterogêneos, permite o tratamento de RSU, resíduos industriais, lodos de depuradoras ou resíduos dos serviços de saúde. Para a sua aplicação aos RCCV é necessária a segregação prévia dos materiais não combustíveis, não sendo adequado para partículas, líquidos ou materiais que podem se derreter na grelha.

Já no incinerador tipo forno rotativo, se pode incinerar praticamente qualquer resíduo independente do seu tipo ou composição. Entretanto, é preciso atentar para as exigências legais vigentes para que não seja incinerado um resíduo que possa ter outro destino de acordo com a hierarquia de gerenciamento de resíduos estabelecida pela Politica Nacional de Resíduos Sólidos. Mesmo assim, e devido às condições da combustão, sua aplicação atual está direcionada apenas ao tratamento de resíduos perigosos (por exemplo, resíduos de serviços de saúde), sendo que uma pequena parte é utilizada para o tratamento de RSU.

Também para o incinerador de forno de Leito Fluidirizado, os RCCV tem um uso restrito e quase nulo já que são mais adequados resíduos com ausência ou baixo conteúdo de materiais inertes e metais separados. Sendo assim, são usados geralmente para lodos de depuradora ou combustível derivado de resíduos CDR.