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6.4 ESTUDO DE CASO 2 174 !

6.4.3 Avaliação do Estudo de Caso 2 190 !

6.4.3.1 Utilidade

Com relação à contribuição do PSP para a percepção da necessidade de tomada de

decisão de forma conectada, por ter ocorrido na seqüência do estudo de caso 1 e por se tratar

de um empreendimento com características bastante similares ao primeiro, o processo de elaboração do PSP baseou-se nas decisões que já haviam sido tomadas no empreendimento anterior. Enquanto a maioria dos contratos de fornecimento seriam realizadas com os mesmos fornecedores daquele empreendimento, havia ainda uma indefinição sobre a contratação do principal subempreiteiro, o empreiteiro geral, que só foi resolvida pouco antes do início da fase de execução. Desta forma, as reuniões desenvolvidas tiveram basicamente como participantes a equipe da empresa, enquanto o subempreiteiro de obra civil só veio a participar da elaboração do PSP perto da sua conclusão.

Quando comparado ao modelo desenvolvido no primeiro estudo de caso, o modelo utilizado neste estudo, além das adequações necessárias, manteve o escopo do modelo anterior. Entretanto, a pedido do engenheiro, foi realizado um detalhamento do processo de execução de radier, considerando as atividade que o compunham, uma vez que era desejo do engenheiro avaliar a utilização das equipes de produção que também executavam outros processos no empreendimento. Esta solicitação de detalhamento visou a avaliação dos impactos do dimensionamento das equipes de produção e da alocação de atividades a elas.

Já com relação à utilização do PSP como referência na tomada de decisão da gestão do

empreendimento, a partir das simulações realizadas durante o estudo, mostrou-se que a

estratégia de ataque até então utilizada para o processo de elevação de alvenaria causaria uma aumento significativo nos lead times dos blocos de casas. Desta forma, a empresa optou por alterar a estratégia de ataque utilizada no empreendimento X1, executando a elevação de alvenarias em duas frentes de trabalho paralelas (térreo e segundo pavimento) com duas equipes independentes, ao invés de apenas uma.

Como no estudo anterior, o plano de longo prazo do empreendimento foi gerado a partir das decisões oriundas do PSP. Com base na linha de balanço gerada pelo modelo de simulação, o plano de longo prazo foi elaborado pelo engenheiro de obra utilizando o MS-Project. Segundo a equipe de planejamento, o grau de detalhamento utilizado teve impactos positivos e negativos. Como impacto negativo, a dificuldade de visualização da linha de balanço gerada a

partir da simulação foi assinalada como uma causa para sua não utilização como referência ao planejamento de longo prazo do empreendimento. Entretanto, segundo a equipe, o detalhamento permitiu um conhecimento mais profundo e detalhado sobre os impactos dos diferentes ritmos das equipes de produção, bem como sobre a seqüência de execução das unidades-base do empreendimento.

Já as planilhas de monitoramento dos ritmos e aderência ao plano de ataque dos processos considerados mais importantes, segundo a responsável pelo planejamento, vinham sendo utilizadas durante as reuniões de planejamento. Entretanto, de acordo com esta, sua utilização não vinha sendo constante, uma vez que como apenas alguns processos estavam contemplados nela, seu emprego não vinha acontecendo em todas as reuniões, uma vez que o empreendimento estava em sua fase inicial.

Na entrevista de avaliação, o engenheiro da empresa declarou que gostaria de utilizar a simulação ainda na fase de definição dos prazos de entregas parciais e finais dos empreendimentos. Segundo ele, estas datas eram habitualmente fixadas pelo diretor da empresa e a utilização da simulação poderia auxiliá-lo nas discussões sobre a exeqüibilidade dessas datas. Ainda segundo o engenheiro da empresa, o fato de que os empreendimentos de um mesmo nicho de mercado tinham como base uma tipologia comum, possibilitaria a construção de modelos que pudessem apoiar esta discussão e a avaliação antecipada de que estratégias de execução seriam necessárias para sua consecução.

Com relação ao interesse da equipe de gestão em estender o PSP a outros empreendimentos, o engenheiro da empresa vinha, por iniciativa própria, adequando a seqüência de execução das unidades-base do empreendimento X2 a um novo empreendimento (neste caso de unidades térreas) e demonstrou interesse na adequação futura do modelo de simulação e seu emprego no desenvolvimento do PSP desse novo empreendimento.

No que diz respeito à contribuição para a sistematização do processo de tomada de

decisão, neste estudo, a seqüência de execução preconizada no modelo de elaboração do PSP

foi seguida, embora as primeiras duas decisões previstas tenham sido reduzidas à avaliação e revisão das decisões do PSP tomadas no estudo anterior. Duas etapas do modelo não foram executadas: o estudo do fluxo de trabalho na unidade-base, uma vez que a unidade-base do empreendimento X2 era semelhante a estudada no empreendimento X1; e a identificação e projeto de processos críticos. A seqüência de execução da unidade-base do empreendimento

foi revisada, algumas relações de precedência alteradas e os tempos de ciclo revistos. Com base nestas modificações foram realizadas as adequações no modelo de simulação que foi empregado no estudo dos fluxos de trabalho do empreendimento e no dimensionamento da capacidade dos recursos de produção. Nesta etapa houve um maior aprofundamento das discussões em relação ao estudo anterior, refletido pelo número de cenários simulados e pelo tempo despendido na sua realização

Por fim, com relação à contribuição do emprego da simulação para o processo de tomada

de decisão, assim como no estudo 01, os modelos de simulação utilizados foram

desenvolvidos pela equipe de pesquisa com base nas informações coletadas nas reuniões de elaboração do PSP. Esses modelos foram utilizados para o teste de cenários que aconteciam com base em demandas surgidas ao longo das reuniões. Conforme descrito, parte dos cenários foram simulados ao longo das próprias reuniões a partir da evolução dessas discussões.

Neste sentido, a utilização da linha de balanço como ferramenta para representação dos resultados do modelo em termos de fluxos de trabalho mostrou-se útil. Quando os cenários eram simulados fora das reuniões, as linhas de balanço eram impressas e comparadas pela equipe da empresa nas reuniões. Quando geradas nas reuniões eram visualizadas na tela do computador e os resultados discutidos.

No estudo, dezessete cenários foram testados. O emprego da simulação permitiu que fossem exploradas diversas alternativas, principalmente relacionadas a estratégias de ataque de alguns processos, ao número de equipes e a alocação de atividades a estas equipes. A principal medida para avaliação dos resultados dos cenários eram os prazos de conclusão dos blocos e do empreendimento e seu atendimento ao plano de vendas da empresa.

Em comparação ao estudo de caso 1, houve um aumento bastante acentuado no emprego da simulação no estudo 2. A equipe da empresa utilizou da simulação como uma forma de explorar o sistema de produção do empreendimento. Segundo a responsável pelo sistema de planejamento da empresa, a simulação permitiu um melhor conhecimento do sistema de produção, dos impactos relacionados às decisões sobre os ritmos dos processos de produção e as relações de precedência entre processos. O uso mais intenso da simulação deveu-se ao fato de que o modelo foi empregado com mais antecedência em relação ao início do empreendimento. Isso foi viabilizado pela estratégia de reutilização utilizada e pelas poucas modificações necessárias no modelo anteriormente desenvolvido, o que reduziu o esforço

para sua elaboração e um maior tempo disponível para seu emprego. Como já discutido, o engenheiro de obra e a responsável pelo sistema de planejamento afirmaram que tinham interesse em estender o uso da simulação para empreendimentos futuros da empresa. Segundo o engenheiro a simulação poderia ser utilizada como uma ferramenta de apoio à tomada de decisão já na fase de definição do plano de vendas do empreendimento, a fim de avaliar sua exeqüibilidade.

6.3.3.2 Facilidade de Uso

No que diz respeito à iniciativa dos participantes no processo de modelagem, embora o desenvolvimento do modelo tenha ficado a cargo da equipe de pesquisa, diversos cenários foram demandados pela equipe da empresa ao longo do estudo. Estes cenários foram sendo estabelecidos de acordo com a evolução das discussões. O interesse em detalhar o processo de execução de radiers foi uma iniciativa do engenheiro da obra, como forma de melhor entender os impactos da alocação das equipes responsáveis pela execução daquele processo em outros processos produtivos ao longo da obra. Percebeu-se ainda que, dada a semelhança entre os dois empreendimentos estudados, o objetivo da equipe de engenharia da empresa passou a ser o aprofundamento nas discussões acerca do PSP, questionando e sugerindo um número maior de cenários a serem simulados, explorando diversas alternativas.

Com relação à extensão do processo de elaboração, a maior parte do tempo despendido para a elaboração do PSP concentrou-se nas etapas de estudo dos fluxos de trabalho no empreendimento e dimensionamento da capacidade dos recursos de produção. Comparado com o estudo 1, a extensão do processo de elaboração teve uma redução bastante importante. O número de horas despendidas em reuniões para a elaboração do PSP no estudo 2 foi de aproximadamente 60% do tempo despendido no primeiro estudo. Já as horas despendidas na preparação das reuniões (nas quais estão incluídas as horas necessárias para o desenvolvimento do modelo de simulação) foram de aproximadamente 30% das necessárias no estudo 1. Vale ressaltar que, embora duas etapas previstas no modelo de PSP não tenham sido desenvolvidas, estão computadas neste tempo quatro reuniões nas quais foram desenvolvidas as ferramentas monitoramento que foram utilizadas na fase de execução.

A comparação entre o modelo original, desenvolvido para o empreendimento X1, e o modelo utilizado no estudo de caso 2, revelou que as mudanças realizadas resumiram-se a inserção dez novos módulos de processos.

Outros aspectos (número de unidades, estratégia de ataque, tamanho de lotes, recursos produtivos alocados) foram modificados facilmente nas planilhas de entrada e saída de dados. Estas modificações consumiram seis horas de trabalho. Neste caso, pode-se avaliar que a estratégia de reutilização do modelo, com vistas a redução do tempo de desenvolvimento do modelo, foi bem sucedida. Entretanto, cabe destacar que a reutilização foi facilitada pela similaridade entre os dois empreendimentos. Como já discutido, a redução do tempo de desenvolvimento proporcionou maior tempo para sua utilização no processo de elaboração do PSP. Alternativamente, esta redução poderia viabilizar a postergação do processo de elaboração do PSP para um momento mais próximo ao início da fase de execução, quando o nível de incerteza sobre o empreendimento tende a diminuir (como por exemplo definições quanto à contratação de fornecedores, disponibilidade de mão-de-obra, entre outros).

Já com relação à contribuição para a comunicação e entendimento das decisões entre os

participantes, em função do número de cenários simulados, a linha de balanço gerada a partir

dos resultados do modelo assumiu papel importante nas discussões. Como uma ferramenta de visualização dos resultados da simulação, percebeu-se que a mesma apresentou alguns benefícios: (a) criou um registro estático do comportamento do sistema de produção com base nos dados do processo de simulação, permitiu que se tivesse uma visão completa do sistema e não apenas baseada nos indicadores numéricos fornecidos pelo modelo; e (b) permitiu que as lógicas do modelo fossem verificadas e as correções necessárias visualmente identificadas.

Com base no PSP foram elaboradas ferramentas de monitoramento da operacionalização das decisões do PSP durante a fase de execução, que focaram no monitoramento do avanço físico, reforçando a idéia de execução das unidades estritamente na seqüência de execução e na trajetória pré-definidas, bem como dos lotes de produção e transferência estabelecidos para os processos. De acordo com a avaliação da planilha e com base nas afirmações da responsável pelo sistema de planejamento, a planilha vinha sendo utilizada para o monitoramento, durante as reuniões de curto prazo realizadas no canteiro de obra.

Por fim, com relação à possibilidade de continuação do processo após o estudo, de acordo com as declarações do engenheiro e da responsável pelo sistema de planejamento, havia interesse em utilizar o PSP em empreendimentos futuros. Como já discutido, o engenheiro vinha adaptando a seqüência de execução da unidade-base do empreendimento X2 a outro empreendimento que estava por ser iniciado à época da conclusão do estudo de caso. Entretanto, não há evidências de que o processo foi formalizado e a seqüência de elaboração

seguida. O mesmo interesse foi demonstrado com relação à simulação, de forma particular. Entretanto, o uso desta ferramenta depende da participação de especialistas no processo de modelagem e simulação, o que pode representar um entrave à continuação de seu emprego.