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4.3 DIFICULDADES PARA O USO DE SIMULAÇÃO NA CONSTRUÇÃO

4.3.2 Tempo de Desenvolvimento do Modelo 95 !

Segundo Oloufa, Ikeda e Nguyen (1998), várias razões limitam a efetiva implementação da simulação na gestão da construção. Entre estas, segundo os mesmos autores, está o tempo necessário para o desenvolvimento do modelo de simulação, que figura como uma das principais dificuldades.

Oloufa, Ikeda e Nguyen (1998) explicam que isto acontece por que em outros setores industriais, nos quais as atividades de produção são perenes, o investimento de tempo no desenvolvimento pode ser compensador. Entretanto, este não é o caso da construção civil, uma vez que, devido à natureza temporária dos processos de construção e à presença de incerteza, torna-se necessária a obtenção de respostas rapidamente, reduzindo o tempo disponível para o desenvolvimento do modelo.

Segundo Robinson (2003), os modelos de simulação podem ser empregados de diversas formas nas organizações. Segundo o mesmo autor, há cinco tipos de modelos quanto a sua utilização: modelos descartáveis, de uso contínuo, de uso regular, modelos genéricos e

34 Maiores detalhes sobre métodos de codificação indiretos podem ser encontrados em Spetzler e Von Holstein

modelos reutilizáveis. Enquanto os três primeiros tipos relacionam-se à freqüência com a qual um modelo é usado, os dois últimos ao número de situações-problema que podem ser tratados por um modelo (ROBINSON, 2003).

Uma forma de reduzir o tempo de desenvolvimento dos modelos de simulação pode ser conseguida através do emprego de modelos genéricos e reutilizáveis (MACKULAK; LAWRENCE; COLVIN, 1998; OLOUFA; IKEDA; NGUYEN, 1998; BROWN; POWERS, 2000; ALEXOPOULOS et al., 2001; NASEREDDIN; MULLENS; COPE, 2007).

Segundo Robinson (2003), um modelo genérico é aquele construído para um contexto particular que pode ser utilizado em várias organizações. Estes modelos são geralmente muito focados, abordando somente alguns aspectos específicos do problema sob estudo (ROBINSON, 2003).

Desta forma, conforme afirma Robinson (2003), os modelos genéricos são um caso especial de modelos/componentes reutilizáveis, uma vez que um modelo reutilizável implica a utilização de um modelo completo em um outro contexto ou para um outro propósito diferente daquele originalmente proposto. Já o conceito de componentes reutilizáveis envolve o emprego de uma parte do modelo em um novo modelo de simulação em contexto distinto ou para outro propósito (ROBINSON, 2003).

A reutilização de modelos é especialmente útil quando se modelam sistemas de um mesmo domínio ou setor, já que, conforme Mukkamala, Smith e Valenzuela (2003), nestes casos o processo de modelagem caracteriza-se pela repetitividade e os modelos passam a ser similares em vários aspectos, apresentando somente pequenas diferenças. Assim, o esforço de modelagem pode ser reduzido através do desenvolvimento de módulos ou modelos-padrão que condensem a lógica específica daquele domínio e a maioria dos detalhes de modelagem (MUKKAMALA; SMITH; VALENZUELA, 2003).

Assim como em outros setores, de acordo com Shi e AbouRizk (1998), na construção civil a reutilização de modelos, realizada através da formação de uma biblioteca de modelos-padrão de simulação de processos amplamente utilizados, também tem sido empregada como uma forma de reduzir o tempo de desenvolvimento dos modelos. Neste sentido, alguns estudos têm sido desenvolvidos com base nestes conceitos.

Oloufa, Ikeda e Nguyen (1998) desenvolveram uma biblioteca de recursos de produção pré- programados com vistas à redução do tempo de elaboração do modelo de simulação de empreendimentos da construção. Para modelar o empreendimento, o usuário deveria simplesmente selecionar os recursos necessários e especificar a lógica do empreendimento criando suas ligações (OLOUFA; IKEDA; NGUYEN, 1998).

Já Nasereddin, Mullens e Cope (2007) propuseram um modelo de simulação reutilizável, como forma de reduzir o tempo de desenvolvimento de modelos de uma fábrica de habitações modulares. No estudo, esses autores empregaram um modelo genérico de simulação, configurável a cada situação específica, através do uso de planilhas eletrônicas para inserção dos dados e macros para geração dos relatórios. Neste estudo o objeto de estudo foram todos os processos que compunham o sistema de produção da fábrica, ao contrário do anterior que modelou somente processos individualmente.

Ambos os estudos concluíram que o uso desta abordagem permitiu a redução no tempo de desenvolvimento e o aumento na qualidade do modelo, já que este fora previamente testado, permitindo que processos ou sistemas de produção novos fossem modelados mais rapidamente e um número maior de alternativas de projeto fosse avaliado.

Tendo em vista que a reutilização de modelos é um assunto de interesse desta pesquisa, em função de seus benefícios potenciais no processo de desenvolvimento dos modelos de simulação na construção, no que diz respeito ao tempo de desenvolvimento e à flexibilidade, esse tema será discutido em maiores detalhes na secção seguinte.

4.3.2.1 Reutilização de Modelos de Simulação

Segundo Robinson et al. (2004), o termo “reutilização de modelos de simulação” pode significar desde a reutilização de pequenas porções do código de simulação, através da reutilização de componentes, até a reutilização de modelos completos. Em um nível mais abstrato, o projeto de componentes, projeto do modelo ou o conhecimento advindo da modelagem são os principais candidatos à reutilização (ROBINSON et al., 2004).

Embora muita atenção seja dada à reutilização do código-fonte do modelo, a reutilização pode ser aplicada a todos os estágios de desenvolvimento do modelo (ROBINSON et al., 2004). Neste sentido, segundo Paul e Taylor (2002) e Robinson et al. (2004), há várias formas de reutilizar modelos de simulação:

a) reutilização de componentes básicos de modelagem;

b) reutilização de modelos de subsistemas: o modelador tem vários modelos “genéricos” de partes do sistema de produção que foram previamente desenvolvidos e que podem ser adaptados e utilizados em um novo modelo que represente o sistema;

c) reutilização de um modelo similar: o modelador desenvolveu previamente um modelo que tem características similares ao sistema de produção sob investigação, o qual é apropriadamente adaptado.

Pidd (2002) também aborda diferentes formas de reutilização que são representadas em um espectro em função da freqüência e da complexidade desta tarefa (figura 13).

Figura 13: espectro de reutilização de modelos (baseado em: PIDD, 2002)

De acordo com Pidd (2002), o espectro apresenta quatro posições em uma escala linear com duas setas horizontais diferentes. A primeira, indicando a freqüência, mostra que a reutilização é muito mais freqüente na extremidade direita do espectro, no escrutínio de códigos, na busca de linhas de programação que podem ser reaproveitadas. A segunda seta, indicando a complexidade, aumenta no sentido inverso, apontando para a dificuldade na reutilização de modelos de simulação inteiros (PIDD, 2002).

Segundo Robinson (2003), um problema relevante com o desenvolvimento de modelos genéricos é que estes devem ser adequados para representar um sistema em muitas organizações diferentes, sendo necessário que o seja validado a cada vez que é implementado em uma nova organização. Ainda segundo Robinson (2003), outro problema é que os modelos genéricos podem ser empregados em situações para as quais não foram desenhados.

Segundo Pidd (2004), não importando a abordagem de reutilização selecionada, ou o tamanho dos artefatos de informação com que se está lidando, é vital utilizar uma estratégia de reutilização na construção de modelos. Nesse sentido, Pidd (2004) sugere que uma estratégia de reutilização deve incluir fatores para suportar os seguintes aspectos técnicos:

a) abstração: a habilidade de fornecer descrições sucintas e de alto nível de artefatos reusáveis é essencial para auxiliar os desenvolvedores no entendimento do seu propósito, natureza e comportamento;

b) seleção: para auxiliar o desenvolvedor na reutilização, mecanismos que permitam a localização, comparação e seleção de artefatos são também importantes;

c) especialização: qualquer técnica que mantenha coleções de artefatos abstratos reutilizáveis requer características para suportar a especialização daqueles artefatos em entidades concretas e utilizáveis;

d) integração: uma estrutura de integração é necessária para fornecer um mecanismo para a combinação e comunicação entre artefatos reutilizáveis.