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1 OS PROFISSIONAIS DE APOIO À INCLUSÃO ESCOLAR

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.3. b O município de Sexto Elemento

Localizada na Bahia, com média populacional entre um e três milhões, possui a Coordenadoria de Inclusão Educacional e Transversalidade, que faz parte da gerência de currículo ligada à diretoria pedagógica, dentro da Secretaria de Educação, setor responsável por alunos PAEE, aqueles em situação de risco, questões de violência, gênero e/ou etnia, ou seja, o município não possui um setor específico para a demanda da Educação Especial, mas sim para a atenção à diversidade.

A coordenadoria surgiu em 2015, com esta nomenclatura, porém já existia uma equipe que trabalhava com esse público, na qual havia chefes de grupo (Educação Infantil, Educação Especial e outros projetos), em que a gestora atual (GS) já era responsável. O município trabalha com o serviço de acompanhamento aos auxiliares do desenvolvimento infantil para inclusão escolar (AVE), segundo a gestora, desde 2010, quando este já era citado em um documento municipal. Atualmente, a coordenadoria possui uma equipe de pedagogas e pessoas terceirizadas, todos responsáveis por todo o público da diversidade. Em relação aos dados quantitativos, a informação foi solicitada, porém sem obtermos resposta.

O município não possuía um documento legal específico sobre os profissionais de apoio, porém havia alguns que descreviam a função e garantiam o serviço. No site da prefeitura, foi identificada uma cartilha sobre inclusão escolar que conceituava e citava as atividades a serem desempenhadas pelos profissionais de apoio, assim como uma Resolução Municipal que tratava de Inclusão Escolar e descrevia a função desses profissionais.

Como serviços de apoio na Inclusão Escolar, a GS cita o funcionamento de 43 salas de recursos, professores de AEE e instituições especializadas conveniadas, dando suporte às escolas. Foram citadas cerca de doze instituições que realizavam atendimentos multidisciplinares como serviço de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e algumas ofereciam AEE para os alunos que não tinham o atendimento em suas escolas. A gestora considerou a rede de apoio insuficiente, ressaltou a carência na área da saúde para atendimento do PAEE e acrescentou que as instituições citadas acima estavam “abarrotadas”, com grandes filas de espera.

Em relação à Inclusão Escolar, a GS avaliou que ainda não acontecia de forma efetiva e acreditava que não aconteceria apenas por força da lei, porém afirmou que existia ainda a necessidade de criação e efetivação de políticas públicas, um entendimento melhor, projetos e falta o município “enxergar bem, ver, ter seu projeto de inclusão. ” A gestora pensava ser

necessário um esforço grande e que a efetivação da Inclusão vai além da pressão da legislação, porém garantia que a Inclusão no município não estava estagnada, que estava caminhando e acrescentou que as escolas particulares começaram a se “mexer” também. A seguir registra-se um trecho do relato da GS :

Eu sou mãe eu vejo, estou dentro do processo, dentro dessa caminhada que também levantei uma bandeira aqui nesta cidade, então eu vejo que hoje não é igual há 20 anos atrás, então não está parado, está caminhando, quem sabe daqui uns tempos não vamos acelerar esses passos.

A entrevista é finalizada com a visão sobre os profissionais de apoio, de acordo com a GS:

É um profissional para agregar valores, para ser um elo entre a criança e o professor, o aluno com deficiência, os colegas, as atividades, o lazer, o recreio e em todos os ambientes da escola. Então é um facilitador, alguém para dar apoio, ele é um facilitador para que essa criança possa usufruir das aprendizagens e de todos os espaços escolares.

Nesse sentido, a gestora acreditava no trabalho dos profissionais e no processo de Inclusão escolar, apresentando depoimento enquanto mãe de um jovem com deficiência, que demonstrou expectativas nas possibilidades de avanços. O município apresentava uma rede de apoio defasada, uma equipe no setor reduzida para a quantidade de alunos PAEE, porém estavam sendo elaboradas e executas tentativas de melhorias para garantir o direito dos alunos, ainda de forma incipiente.

2.3.c. Município de Lince

Localizado no estado da Bahia, possuía uma média populacional entre 100 e 200 mil habitantes, 80 escolas, 26.904 alunos, e desses, aproximadamente, 600 PAEE e com Transtorno do Déficit de atenção e Hiperatividade (TDAH) e outras necessidades educacionais especiais, além de cerca de 190 cuidadores.

O histórico da Educação Especial, segundo a Gestora (GL), foi marcado em 2009, com o surgimento do Núcleo de Educação Especial, setor responsável pela área no município. Porém, ela não tinha muitas informações desse período, pois estava no cargo há um ano e meio e não fazia parte da rede anteriormente.

A GL relatou que, em 2014, o Núcleo se transformou em Divisão de Educação Especial que se mantém neste formato até o momento. A equipe da Divisão era composta por uma Pedagoga, que realizava o trabalho administrativo e organizacional dos dados; uma psicóloga; um professor articulador de Deficiência Visual; uma professora articuladora de Deficiência Auditiva; uma profissional com formação em Psicologia e Pedagogia, para acompanhar a formação dos professores do AEE; uma gestora e uma empresa de consultoria e capacitação em Educação Inclusiva para dar suporte principalmente nas formações.

O município não possuía um documento legal específico sobre os profissionais de apoio, porém no último Plano Municipal de Educação (PME) constava a garantia desse profissional e a descrição das ações básicas que deveriam ser desempenhadas por eles. Além do PME, havia um jornal informativo criado pela empresa consultora com informações sobre os PAIE. Nesse material, eram destacados atividades, função, perfil e aspectos importantes relacionados à atuação dos profissionais, elaborado de acordo com a realidade do município e seguindo orientações da Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008).

Os serviços de apoio à Educação Especial no município eram 10 Salas de Recursos Multifuncionais, uma escola que atendia Jovens e Adultos com deficiências na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) e oferecia oficinas de habilidades para os alunos PAEE. Além disso, neste mesmo espaço, havia as salas bilíngues, nas quais se utilizava a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como primeira língua e o português como segunda, com a presença da Pedagoga surda e instrutora surda, serviço este oferecido para os alunos surdos dos municípios.

Essa escola possuía parceria com uma instituição de cursos profissionalizantes, oferecidos na sede da instituição parceira, onde os alunos almoçavam na escola e iam ao curso no contra turno de suas aulas, sendo que cursos de informática, assistentes administrativos, entre outros já haviam sido ofertados.

Além desses serviços citados, segundo a gestora, existia cerca de oito projetos em funcionamento, oferecidos em parceria com a empresa de consultoria e capacitação, voltados para inclusão escolar, a exemplo do projeto de formação de professores da rede, que acontecia quinzenalmente, formação continuada para professores da sala de recursos, formação para os profissionais de apoio (cuidadores), curso de LIBRAS todos os sábados, eventos em alusão às datas importantes relacionadas às pessoas com deficiência, como dia do autismo, caminhadas e encontros. Foi citado também um projeto voltado para identificação e inclusão das pessoas

com deficiência em idade escolar que permaneciam fora da escola, entre outros. A gestora relata que essa não era uma rede de apoio suficiente, porém os trabalhos realizados com os suportes citados vinham alcançando bons resultados. Para a GL, a Inclusão escolar no município.

Está acontecendo, estamos capacitando os profissionais, tem os projetos voltados para a família e para os alunos com deficiência. Também ocorreu uma ampliação e melhoria no atendimento nas Salas de Recursos Multifuncionais, porém notava que existia uma dificuldade e resistência por parte de alguns profissionais em entender que a Educação é um direito de todos.

A visão da gestora sobre inclusão escolar era otimista, relatada de forma positiva em relação ao que o município vinha realizando, porém apontou a dificuldade da resistência de alguns profissionais na prática com os alunos PAEE. Nesse contexto, a gestora comentou sua opinião sobre a atuação dos cuidadores:

Em alguns casos as crianças necessitam muito da ajuda desses profissionais, mas depois se criou uma zona de conforto em saber que poderia ter um profissional desse em sala de aula, aumentando as solicitações, às vezes sem necessidade.

Em Lince, havia um trabalho de esforço desenvolvido para o PAEE, com a existência de diversos projetos, nos quais foram citados, com o objetivo de garantir a inclusão escolar. O município possui equipe qualificada no setor responsável e uma trajetória marcada por avanços no que diz respeito à Divisão de Educação Especial, porém ainda apresenta déficits na rede de apoio e nas políticas municipais.

2.3.d. Município de Santa Clara

Localizado no estado de São Paulo, possuía uma média populacional acima de um milhão, no que se refere à Educação Especial no município, existia um setor específico, denominado de Divisão de Educação Especial, ligada à coordenadoria pedagógica da Secretaria de EducaçãoEducação, assim como, possuía também a coordenadoria do ensino fundamental, educação de jovens e adultos e infantil. A Divisão foi criada inicialmente nos anos 80 e, nessa altura,era apenas um setor e não uma divisão, até o momento em que Santa