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EXPERIÊNCIAS DOS PAIE NO BRASIL: DA LEGISLAÇÃO À PRÁTICA

1 OS PROFISSIONAIS DE APOIO À INCLUSÃO ESCOLAR

1.2 EXPERIÊNCIAS DOS PAIE NO BRASIL: DA LEGISLAÇÃO À PRÁTICA

Analisando o histórico da legislação da educação especial na perspectiva da educação inclusiva, identifica-se que a função e perfil do profissional de apoio passaram por modificações, havendo uma redução de exigência de formação, ou seja, esse profissional antes citado como professor especializado, atualmente, é considerado apenas um cuidador ou monitor. Vale ressaltar que, na resolução CNE/CBE 02/2001, o profissional era descrito como suporte ao professor do ensino comum, conforme é apresentado no Artigo 8º. Como um serviço de apoio pedagógico especializado realizado nas classes comuns, o PAIE exercia uma função diretamente ligada ao planejamento, às estratégias pedagógicas, flexibilizações e adaptações necessárias, para as quais era exigida uma formação mínima em Educação Especial (BRASIL, 2001).

Ainda nessa resolução, era exigido que os sistemas de ensino tivessem professores capacitados e especializados para atuar com alunos PAEE. Nesse sentido, os professores especializados em educação especial seriam considerados aqueles com competências para identificar, definir, implementar, liderar as estratégias, flexibilizações e adaptações de procedimentos didáticos e pedagógicos ao atendimento desses alunos e deveriam atuar em equipe com os professores do ensino comum. A formação exigida para esses profissionais seriam cursos de licenciaturas em educação especial ou complementação de estudos pós- graduação nas áreas especificas da educação especial (BRASIL, 2001).

De acordo com Martins (2011), apesar de não ter de forma explicita, nessa resolução, a presença de um profissional de apoio, a recomendação é que haja um profissional para apoio pedagógico na classe comum, sendo denominado como professor especializado em Educação

Especial, no caso, relacionado à “responsabilidade de planejamento e ensino”, a qual exige formação específica para atuação (BRASIL, 2001). Vale ressaltar que esse é um profissional diferente do PAIE, que não existia na legislação em 2001.

Entre os anos de 2005 e 2010, os documentos oficiais da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva passaram a valorizar o Atendimento Educacional Especializado (AEE), através das Salas de Recursos Multifuncionais, cujo profissional responsável é o professor especializado com formação em Educação Especial (MARTINS, 2011). Assim, os demais profissionais não são explicitados nesses documentos. A mesma autora ainda afirma que, ao longo da década, houve mudanças de perfil e atuação de profissionais que fazem parte da rede de suporte à inclusão escolar. Na resolução de 2001, constava a presença do profissional especializado, porém, nos documentos mais atuais pode se identificar a ausência da garantia desse professor com formação específica e o surgimento do profissional de apoio, sem exigência de formação, que possui o perfil do cuidador de alunos PAEE, conforme descrito na Política da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008), que denomina esse profissional como cuidador ou monitor:

Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete, bem como monitor ou

cuidador dos alunos com necessidades de apoio nas atividades de higiene,

alimentação, locomoção, entre outras, que exijam auxílio constante no cotidiano escolar (BRASIL, 2008, p. 17).

Assim, a figura desse personagem é recomendada quando o aluno tem dificuldade ou dependência que interferem nas atividades escolares, nas quais antes não realizava ou necessitava da presença de um familiar na escola para conseguir realizar. Dessa forma, cada vez mais se faz necessário a contratação do PAIE nas escolas comuns, partindo da ideia do aumento de matrículas de alunos PAEE e do ingresso de alunos com mais limitações e dependentes de outrem para satisfazer suas necessidades básicas, uma vez que seria complicado onerar o professor com mais essa função. Vale ressaltar, entretanto, que não são todos os alunos que necessitam desse serviço, ou seja, para o encaminhamento do PAIE seria necessário a realização de uma avaliação prévia para identificar se há ou não necessidade desse tipo de apoio.

A Resolução nº4/2009 CNE – CEB contempla o serviço de apoio desse profissional em questão, porém não o denomina, como fica evidente no trecho a seguir:

Outros profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente às

atividades de alimentação, higiene e locomoção; os profissionais referidos atuam com os alunos público-alvo da Educação Especial em todas as atividades escolares nas quais se fizerem necessários. (BRASIL,

2009, p. 2, grifos nossos).

Assim, mais uma vez, pode-se identificar uma redução de exigências do perfil desse profissional. Dessa forma, tem-se apenas como apoio ao professor da sala comum a nível de planejamento, adaptações entre outros, o AEE que tem se resumido na prática, aos atendimentos nas salas de recursos multifuncionais. É importante destacar que, quando se definiu que o AEE seria oferecido extraclasse comum, pelo professor especializado, emerge então a necessidade de se pensar em oferecer apoio aos estudantes quando estiverem na classe comum e nos demais contextos da escola, exceto nas salas de recursos multifuncionais.

Martins (2011) caracteriza o PAIE atual como alguém sem afinidade com o papel pedagógico e se ressente que essa função de planejamento e ensino não apareça mais nos documentos a partir de 2008, garantindo apenas o profissional de apoio como monitor. Essas mudanças a nível de legislação, geralmente, estão relacionadas à economia no investimento de recursos humanos, nesse caso, ao se contratar um PAIE para exercer função de planejamento e ensino, sem exigir uma formação específica, no lugar de um professor com formação especializada, o custo é menor.

Nesse sentido, vale ressaltar a importância dos dois profissionais como serviço de apoio à inclusão escolar, o professor especializado, assim como o PAIE, os quais deverão ser encaminhados de acordo com a demanda apresentada pelos alunos. Embora destacada a importância, vale lembrar que existem diversos problemas na definição e diferenciação na atuação de cada um deles. Há de se reconhecer que há muitas indefinições, dúvidas, questionamentos, sobre a presença desses profissionais na escola. Para Almeida, Siems- Marcondes e Bôer (2014), apesar de serem citados em alguns documentos legais, eles possuem uma atuação recente no ambiente escolar com perfil e função indefinidos.

Em 2010, a extinta Secretaria de Educação Especial (SEESP) publicou a nota técnica 19/2010, cujo assunto era o Profissional de Apoio para alunos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento matriculados na escola comum da rede pública de ensino. A nota apresentava as necessidades e condições que deviam ser asseguradas para o pleno acesso dos alunos, de acordo com o que segue:

As escolas de educação regular, pública e privada, devem assegurar as condições necessárias para o pleno acesso, participação e aprendizagem dos

estudantes com deficiência e transtorno globais do desenvolvimento, em todas as atividades desenvolvidas (BRASIL, 2010, p. 1).

Assim, os profissionais de apoio são considerados nessa nota técnica uma estratégia para garantir as condições necessárias e o pleno acesso dos estudantes ao ensino regular. Na mesma nota, é descrito o papel dos profissionais de apoio e a justificativa da sua presença, que devem ser oferecidos conforme descrito:

Dentre os serviços da educação especial que os sistemas de ensino devem prover estão os profissionais de apoio, tais como aqueles necessários para promoção de acessibilidade e para atendimento a necessidades específicas dos estudantes no âmbito da acessibilidade ás comunicações e da atenção aos cuidados pessoais de alimentação, higiene e locomoção (BRASIL, 2010, p. 1).

A nota ainda menciona a possibilidade de o atendimento ser individualizado para os alunos que são dependentes nas ações supracitadas e afirma que o apoio deve ser de acordo com as especificidades apresentadas pelo aluno, relacionado às condições de funcionalidade e não a sua deficiência. A nota técnica considera os seguintes aspectos relacionados às atividades dos Profissionais de Apoio:

[...] - Os Profissionais de Apoio às atividades de locomoção, higiene, alimentação, prestam auxílio individualizado aos estudantes que não realizam essas atividades com independência. Esse apoio ocorre conforme as especificidades apresentadas pelo estudante, relacionadas à sua condição de funcionalidade e não à condição de deficiência.

- A demanda de um Profissional de Apoio se justifica quando a necessidade específica do estudante público-alvo da educação especial não for atendida no contexto geral dos cuidados disponibilizados aos demais estudantes.

- Em caso de educando que requer um profissional “acompanhante” em razão de histórico segregado, cabe à escola favorecer o desenvolvimento dos processos pessoais e sociais para a autonomia, avaliando juntamente com a família a possibilidade gradativa de retirar esse profissional.

- Não é atribuição do Profissional de Apoio desenvolver atividades educacionais diferenciadas, ao aluno público-alvo da educação especial, e nem se responsabilizar pelo ensino deste aluno.

O Profissional de Apoio deve atuar de forma articulada com os professores do aluno público-alvo da educação especial, da sala comum, da sala de recursos multifuncionais, entre outros profissionais no contexto da escola.

- Os demais Profissionais de Apoio que atuam no âmbito geral da escola, como auxiliar na educação infantil, nas atividades de pátio, na segurança, na alimentação, entre outras atividades, devem ser orientados quanto à observação para colaborar com relação no atendimento às necessidades educacionais específicas dos estudantes (BRASIL, 2010, p. 2).

Leal (2014), entretanto, critica a nota, considerando que não é definido o perfil, nem quem é o responsável pelo encaminhamento, remuneração, deixando a critério de cada

instituição a atribuição dessas questões, dificultando a construção da identidade do profissional. Vale destacar que a nota não deixa claro qual seria essa atuação e abre possibilidade para interpretação de atuação dos profissionais em diversas atividades, como por exemplo as “responsabilidades de planejamento e ensino” ou qualquer outra que não seja da competência do PAIE.

Nesse sentido, Zerbato (2014) destaca a variedade de serviços dos Profissionais de Apoio para a efetivação dos princípios inclusivos e aponta a importância da clareza do papel de cada um, a fim de evitar o “jogo de empurra” em relação às responsabilidades desafiadoras no contexto da inclusão escolar. A autora ainda considera que não é papel do Profissional de Apoio a responsabilidade pela aprendizagem dos alunos atendidos, sendo a função desse profissional o auxílio das atividades da vida diária, sendo excluído o apoio pedagógico, e acrescenta que é de fundamental importância a parceria entre o professor do ensino comum e profissionais da educação especial ou especializados (psicólogos escolares, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais entre outros) no ambiente escolar.

Considerando esse contexto, vale ressaltar o reforço da garantia do profissional no caso dos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pois há uma lei específica para esse público que fortalece o encaminhamento desse profissional, nesse caso, chamado de Acompanhante Especializado. Consta na Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, no artigo 3º, inciso IV, parágrafo único, em que se lê que “Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular [...] terá direito a acompanhante especializado”.

(BRASIL, 2012, p. 2). O decreto 8.368/2014 que regulamenta essa lei afirma que:

Caso seja comprovada a necessidade de apoio às atividades de comunicação, interação social, locomoção, alimentação e cuidados pessoais, a instituição de ensino em que a pessoa com transtorno do espectro autista ou com outra deficiência estiver matriculada disponibilizará acompanhante especializado no contexto escolar, nos termos do parágrafo único do art. 3o da Lei no 12.764, de 2012.

O decreto regulamenta e descreve as ações, porém ainda, de forma vaga e indefinida, a exemplo do que seria o especializado desse acompanhante.

A LBI (2015), legislação mais completa e atual sobre a inclusão escolar, também não possui definições e diferenciações claras sobre os profissionais de apoio escolar, conforme descrito no artigo 28:

Pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas. (BRASIL, 2015 p. 1)

Assim, evidencia-se que quem exercerá esse cargo não poderá assumir nenhuma função que seja de responsabilidade de um profissional regulamentado, como por exemplo, do professor, psicólogo, fonoaudiólogo, entre outros profissionais que atuam na escola. Essa função não exige uma formação inicial ou cursos específicos, o que consequentemente leva a uma multiplicidade de perfis e, assim, pessoas com níveis variados de escolaridade, desde estudantes do ensino médio a pedagogos com especialização em Educação Especial, atuam como profissionais de apoio de formas diferentes (GOMES; MENDES, 2011). Em alguns municípios, dão suporte especializado pedagógico e, em outros, se limitam aos cuidados básicos pessoais dos alunos (MARTINS, 2011).

Apesar de constar na resolução de 2001, a função do professor especializado, nos documentos mais recentes não garante esse profissional com formação específica para dar suporte ao professor do ensino comum, sendo citados apenas os profissionais que realizam uma função que não exige título acadêmico. Embora a legislação não contemple a função do professor especializado, alguns municípios já implantaram o cargo do professor de apoio à classe comum, o qual exerce a função de planejamento e estratégias pedagógicas na sala de aula (PRADO, 2016).

Fazendo uma análise do panorama legal, os documentos oficiais que foram apresentados citam e indicam a presença dos profissionais de apoio no contexto escolar, apesar de serem apresentadas com definições vagas, vazias, sem explicações e determinações que possam nortear o trabalho na prática e delimitar a atuação dos profissionais, o que abre possibilidade para múltiplas e subjetivas interpretações, além de surgimentos de equívocos e falta de padronização do serviço de apoio. (MARTINS, 2011; LEAL, 2014; ALMEIDA, SIEMS- MARCONDES e BÔER, 2014).

Diante da realidade apresentada, vale citar uma pesquisa realizada em nove redes municipais que teve como objetivo identificar a forma de organização e atuação dos profissionais de apoio. Martins (2011) constatou que no mesmo estado a atuação dos PAIE acontecia de forma diferente, tanto em relação às atribuições das funções do PAIE, perfis exigidos, público atendido, como carga horária, formação entre outras questões. Os resultados do trabalho confirmaram que cada município cria suas próprias definições e regras.

Por falta de diretrizes mais sólidas, cada sujeito pauta sua prática em suas próprias crenças e contextos, buscando em seu meio e recursos internos as formas e estratégias que considera mais adequada à inclusão do aluno com Necessidades Educacionais Especiais no âmbito escolar.

Desse modo, em Teresina, as formas de funcionamento e organização da atuação dos Acompanhantes Terapêuticos (AT) foram criadas pelo setor de educação especial. A realidade de lá era composta por AT estudantes de psicologia e pedagogia que possuíam uma formação continuada quinzenalmente em reuniões de orientações. Os profissionais iniciaram o trabalho na educação, com objetivo inicial de dar suporte diretamente aos profissionais da escola, devido à sobrecarga de trabalho de todos eles, como professor, coordenador e demais funcionários para melhorar qualidade de prestação de serviço dos funcionários da escola. Entretanto, essa atuação foi sendo modificada e se resumiu ao acompanhamento de alunos PAEE, devido às necessidades emergentes.

Esses estagiários/profissionais eram contratados por uma empresa terceirizada que possuía como critério para contratação, inicialmente, a exigência de ser estudante de Psicologia, porém, com o tempo, o perfil dos profissionais foi ampliando, contemplando também os estudantes de Pedagogia. A exigência era serem estudantes desses cursos, a partir do 3º semestre, mas não havia processo seletivo, apenas inscrição no site. Os estagiários tinham como função, além de cuidar, auxiliar o professor da sala comum na promoção de meios de acesso ao conteúdo, adequando materiais e atividades sempre que necessário e ajudar no bem-estar físico, emocional e cognitivo, contribuindo nas atividades pedagógicas.

Entretanto, após discussões dos próprios profissionais com a equipe gestora do município em relação às orientações da Nota Técnica 19/2010 (BRASIL, 2010), ao longo do tempo, algumas mudanças foram ocorrendo e, então, os profissionais afirmaram possuir dificuldades na compreensão da nota e relataram que as orientações não davam conta da demanda especifica da rede, sendo necessária uma reformulação da função desse acompanhante. Sendo assim, as atribuições dos profissionais foram ampliadas e reajustadas, porém não foram mantidas por muito tempo, pois foram realizadas reavaliações da atuação e as atribuições foram consideradas excessivas para o AT, junto a essas mudanças a nomenclatura passou a ser professor auxiliar e não mais AT, o que gerou novos equívocos na função e ocasionou novamente modificações na nomenclatura, sendo definido desta vez como Acompanhante Pedagógico (AP), visto que a função do profissional era de auxiliar os alunos em todas as atividades escolares em parceria com o professor.

Após algum tempo de utilização desse termo AP, foi percebido que ele gerou uma mudança de compreensão da atuação do profissional pela equipe gestora, assim, houve mais uma vez uma modificação na função, sendo determinada a função de caráter de cuidado aos alunos e não mais de suporte de “ planejamento e ensino” ao professor. Deixando claro que o responsável pela gestão da aprendizagem de todos os alunos da sala é o Professor Titular e não do AP. Seguindo as orientações de forma fiel à Nota técnica 19/2010 que descreve sobre a atuação dos Profissionais de Apoio, enfatizando o cuidado e desresponsabilizando do planejamento pedagógico a atuação desses profissionais.

Nesse cenário da atuação dos PAIE, em Teresina, além das questões apresentadas, Leal (2014) sinaliza alguns problemas, na prática, a exemplo da função ser exercida por estagiários que só podem permanecer por, no máximo, dois anos na função, regra que consta no regimento do estagiário, o que consequentemente gera uma alta rotatividade dos profissionais. Outro problema considerado pela autora é a forma de contratação, realizada por uma empresa terceirizada e não possui processo seletivo.

Leal (2014) estudou também a realidade do município de Belo Horizonte (MG), em 2010, quando os profissionais eram denominados de Auxiliar de Apoio à Inclusão. A contratação dos profissionais era realizada através do dinheiro direto da escola, com carga horária de oito horas diárias. Eram exigidas pessoas acima de 21 anos, com escolarização de no mínimo, ensino médio e eram oferecidas formações mensais em cada região da cidade. Em Cataguases (MG) os Profissionais de Apoio eram denominados professores de apoio permanente e professor de atendimento específico e eram responsáveis pelo suporte de “ planejamento e ensino”.

Gomes e Mendes (2010) realizaram uma pesquisa, também em Belo Horizonte, com o tema de escolarização dos alunos com TEA e, dentre outros aspectos, foi discutido também sobre os auxiliares. As autoras concluíram que 80% dos auxiliares eram estudantes do ensino médio e 20% eram estudantes do ensino superior, as mesmas constataram que mesmo com a presença desses auxiliares a participação dos alunos em sala era ainda muito baixa, o que as remeteu uma possível conclusão “baixa instrução dos auxiliares responsáveis” devido ao perfil exigido do profissional, sendo assim os alunos continuavam desassistidos. Vale ressaltar que as autoras consideraram como positivo na presença dos auxiliares, o aumento da frequência e maior tempo na escola dos alunos com TEA, sendo justificado pela confiança e tranquilidade dos pais ao deixarem os alunos na escola com os profissionais.

Prado (2016), em sua pesquisa, aponta que em Londrina (PR) esse profissional é chamado de professor de apoio permanente em sala de aula, um professor habilitado ou especializado em educação especial que assumia a função de auxiliar o professor e a equipe do ensino comum. A autora considera um avanço no município possuir essa função com suporte de “ planejamento e ensino”, comparando com o que a legislação traz sobre a função dos Profissionais de Apoio escolar voltada aos cuidados.

Em suma, tais estudos evidenciaram a ausência de padronização e definição da atuação dos profissionais, o que tem sido fonte de conflitos nas escolas e redes, devido à falta de normativas e documentos que norteiem a prática (MARTINS, 2011; ALMEIDA, SIEMS- MARCONDES, BÔER, 2014). A partir dessa diversidade exemplificada dos municípios acima, pode-se confirmar a pluralidade de atuação e perfil dos profissionais nos diversos contextos municipais escolares. Como cita Leal (2014, p. 58):

Fica evidente, que na realidade brasileira existem variadas formas de atuação do profissional de apoio à inclusão, ocasionadas pela falta de clareza na legislação e a escassa produção cientifica sobre o tema, que em algumas situações é tido como cuidador, em outras como auxiliar pedagógico, havendo ainda possibilidade de que exerça a função concomitantemente. O perfil acadêmico também é muito variado, visto que se encontram atuando pessoas com ensino médio, estudantes e