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1 OS PROFISSIONAIS DE APOIO À INCLUSÃO ESCOLAR

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.3. d Município de Santa Clara

relata que essa não era uma rede de apoio suficiente, porém os trabalhos realizados com os suportes citados vinham alcançando bons resultados. Para a GL, a Inclusão escolar no município.

Está acontecendo, estamos capacitando os profissionais, tem os projetos voltados para a família e para os alunos com deficiência. Também ocorreu uma ampliação e melhoria no atendimento nas Salas de Recursos Multifuncionais, porém notava que existia uma dificuldade e resistência por parte de alguns profissionais em entender que a Educação é um direito de todos.

A visão da gestora sobre inclusão escolar era otimista, relatada de forma positiva em relação ao que o município vinha realizando, porém apontou a dificuldade da resistência de alguns profissionais na prática com os alunos PAEE. Nesse contexto, a gestora comentou sua opinião sobre a atuação dos cuidadores:

Em alguns casos as crianças necessitam muito da ajuda desses profissionais, mas depois se criou uma zona de conforto em saber que poderia ter um profissional desse em sala de aula, aumentando as solicitações, às vezes sem necessidade.

Em Lince, havia um trabalho de esforço desenvolvido para o PAEE, com a existência de diversos projetos, nos quais foram citados, com o objetivo de garantir a inclusão escolar. O município possui equipe qualificada no setor responsável e uma trajetória marcada por avanços no que diz respeito à Divisão de Educação Especial, porém ainda apresenta déficits na rede de apoio e nas políticas municipais.

2.3.d. Município de Santa Clara

Localizado no estado de São Paulo, possuía uma média populacional acima de um milhão, no que se refere à Educação Especial no município, existia um setor específico, denominado de Divisão de Educação Especial, ligada à coordenadoria pedagógica da Secretaria de EducaçãoEducação, assim como, possuía também a coordenadoria do ensino fundamental, educação de jovens e adultos e infantil. A Divisão foi criada inicialmente nos anos 80 e, nessa altura,era apenas um setor e não uma divisão, até o momento em que Santa

Clara começou a ter programa de atendimento e apoio às crianças com deficiência na rede municipal.

No ano de 2005, o setor passou a ser núcleo de educação especial e, em 2016, se transformou em divisão de educação especial. Ao longo do tempo, a composição da equipe da divisão dependia da compreensão e valorização do grupo político que assumia a gestão do município, a qual já chegou a ter duas pessoas trabalhando nesse segmento, porém, até a partir desse ano, passou a ser composta por oito profissionais, um assistente técnico educacional (ensino médio) e sete assessores técnicos, que eram pedagogos. Havia também os responsáveis pelas políticas públicas, tecnologia entre outras áreas, seis deles eram os titulares do município e um era contratado, um funcionário surdo. A gestora de Educação especial (GSC) ocupou esse cargo durante oito anos seguidos, se afastou e voltou em 2017.

A rede municipal de ensino atendia, aproximadamente, 18.000 alunos PAEE. Desse quantitativo, 16.000 alunos estavam nas escolas comuns e 4.000 eram atendidos por cerca de 904 PAIE. O município possuía uma rede de apoio à inclusão composta por uma equipe multiprofissional que trabalhava de forma interdisciplinar. Tinha também um centro de acompanhamento da inclusão, órgão responsável pelo acompanhamento das ações de inclusão escolar na cidade. Cada diretoria regional possuía o seu centro, com equipe de profissionais, dentre eles terapeuta ocupacional, pedagogo, psicólogo, fonoaudiólogos entre outros, os quais, inclusive, eram responsáveis por acompanhar e realizar as formações dos AVE. Além de contar com as salas de recursos multifuncionais e os professores do atendimento educacional especializado (PAEE), havia professores itinerantes que iam nas escolas dar suporte ao professores, ajudavam na organização do planejamento, identificavam quais barreiras estavam impedindo o acesso e faziam todo o trabalho junto com a escola. No ano de 2016, foi aprovado um novo profissional na rede, PAEE colaborativo:

é um professor que fazia um trabalho dentro da escola verificando todos os obstáculos, o que está sendo viabilizado, vendo que tipo de estratégias podem ser colocadas e eles fazem esse suporte junto com o professor. Isso é bem recente a gente está bem de olho nisso para ver se isso funciona” (GSC).

Além dos profissionais citados, havia também na rede de suporte à inclusão, a garantia dos estagiários com o objetivo de dar apoio direto ao professor e atuavam em turmas com alunos PAEE que necessitavam de suporte, sendo no total 2.400 estagiários nas escolas municipais, os quais, de acordo com a GSC, auxiliavam o professor dentro da sala de aula no planejamento, na organização dos materiais, quando estava trabalhando em grupos etc. “A

ideia do estagiário é que o professor possa ter alguém que o auxilie nas coisas que ele precisa fazer e é alguém que está se formando no magistério” (GSC).

Outros serviços de apoio citados pela GSC foram a garantia dos intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), instrutores surdos, guias intérpretes, a formação em Libras, e havia no município o núcleo de avaliação multidisciplinar que atuava junto com o centro de acompanhamento da inclusão e o núcleo de atendimento pedagógico para crianças em situação de vulnerabilidade social.

Com relação aos PAIE, o município iniciou o trabalho em 2010, um projeto focado na inclusão escolar, o qual, segundo a GSC, foi um dos primeiros municípios do Brasil a ter esses profissionais na rede. A mesma relata que foi difícil a implantação por não existir um modelo ou orientações a serem seguidas, na época, estudaram a CBO (Classificação Brasileira de Ocupação), embora não tenham concordado tanto, seguiram alguns aspectos e reinventaram outras. Desde a criação do cargo, existe uma portaria que orienta a atuação dos PAIE e, em 2016, foi criado um decreto municipal que revogou a anterior e foi feita uma única portaria, com todas orientações que regem o município no que se refere aos PAIE. Todos os documentos legais municipais de Santa Clara relacionados à inclusão são elaborados com base nas diretrizes nacionais atendendo a necessidade do município, porém há algumas ações inéditas na época da sua criação que ainda não tinham sido discutidas em âmbito nacional.

Em relação ao processo de inclusão do município, a GSC comenta que Santa Clara tem investido no trabalho e já alcançou muitas coisas, porém, a mesma diz que está ciente, ainda, da distância entre o que é determinado na política, na formação que é dada e o que acontece em sala de aula, e que o fato de existir tudo assegurado não garante a efetivação. Dessa forma, a GSC pensa que a inclusão envolve muitas questões, como por exemplo, a criação de sistema de avaliação e acompanhamento, formação constante, revisão de projetos entre outros. Nesse sentido, a gestora afirma que

A secretaria tem feito esse trabalho há muito tempo, então foram muitas pessoas que trabalharam e vem trabalhando de forma efetiva, lógico que se eu for procurar problema vou encontrar inúmeros, mas não que não seja na busca das soluções (GSC).

Sobre os PAIE, a GSC inicialmente achava que o ideal seria não precisar do PAIE, pois as escolas teriam que se organizar com seus funcionários e se responsabilizarem, porém, nesse formato, as famílias terminaram assumindo esse papel. Sendo assim, a secretaria

percebeu que os profissionais da escola não estavam dando conta de dar suporte em algumas atividades, como a de alimentar pela sonda, trocar frauda, ter cuidado com escaras, entre outros, e a gestora, ainda, ressaltou sobre o tempo de permanência dos alunos na escola que tem aumentado com a oferta do turno integral, tornando inviável essa responsabilização para a equipe da escola, gerando necessidade de ampliar a rede de apoio à inclusão, daí criou-se o cargo do AVE.

2.3.e. Município de Chico Lopes

Localizado no estado de São Paulo, com população entre 500 mil a dois milhões, no que se refere à educação especial, possuía um setor específico chamado de Núcleo de Educação Especial, ligado à coordenadoria da educação básica, porém era extraoficial por não fazer parte do organograma da secretaria, e foi criado apenas para otimizar a frente de trabalho. Nele atuavam três coordenadores pedagógicos e uma professora de educação especial. Dois desses coordenadores possuíam experiência na área da educação especial e mestrado em educação. Esse núcleo existia desde 2014 e a atual gestora fazia parte da equipe desde 2016.

O município possui 181 escolas municipais, 1073 alunos PAEE, em 2017, e 289 desses alunos são atendidos por 200 PAIE. O trabalho com os PAIE iniciou em 2014, porém estava sob responsabilidade e acompanhamento de empresa terceirizada. A função do PAIE era garantida no projeto base da empresa, porém os profissionais não conheciam esse documento. O município se baseava na Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, assim como no Decreto 7.611 e o PAIE foi pensado de acordo com o que havia na legislação da época da criação do cargo.

Além dos PAIE, o município oferecia como serviço de apoio professores de educação especial no âmbito do ensino regular em todas as escolas, para os alunos que necessitam de apoio no turno da classe comum, e tinha também os professores de educação especial no contra turno que atuam nas salas de recursos do município. O professor de educação especial atuava junto ao professor regente da turma do planejamento e da elaboração dos processos pedagógicos do ensino oferecido para o aluno e também na classe comum.

A GCH garante que, em relação à inclusão, vinha sendo garantido o acesso e frequência dos alunos PAEE nas escolas, mas, em relação à qualidade, afirmou que tinham muito a caminhar. A gestora acrescentou ainda que seria necessário mais investimento na