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O Banco Solidário de Mirandela (BSM) é um equipamento implementado pela Santa Casa da Misericórdia de Mirandela (SCMM) que atua no sentido de prover respostas no âmbito das carências ao nível de “bens essenciais prioritários”, como sejam os bens alimentares, aos utentes/famílias da área da cidade e do concelho de Mirandela que manifestem essas mesmas carências - âmbito territorial – artº4 do Regulamento Interno (SCMM, 2016). O objetivo do BSM é intervir, no imediato, ao nível das “necessidades básicas de subsistência” no caso de famílias carenciadas, ou no caso em que sejam crianças e jovens que apresentem também essas carências. Faço aqui notar o que já foi abordado neste trabalho acerca do termo “necessidades”, em que não se deve confundir os sentidos dados ao mesmo. Aqui o termo sugere o sentido enfatizado por Bruto da Costa (2008, p.31): o de necessidades básicas – “conjunto de condições de carência e privação claramente identificadas e de validade universal, inerentes à natureza do homem […], como é o exemplo da subsistência”. Além deste principal objetivo, o BSM tem outro não menos importante e, pode dizer-se, que deu o mote para a criação da plataforma PLASMIR-SIGAAS. Deste modo, e citando o Regulamento Interno,

[…] o Banco Solidário de Mirandela constitui-se como um projeto que visa potenciar a criação de respostas mais adequadas aos problemas sociais, rentabilizando os recursos existentes, eliminando sobreposições de intervenção, e permitindo um melhor planeamento dos serviços e celeridade dos mesmos. Esta tem como finalidade, contribuir para a promoção e integração social do indivíduo, família e comunidade, estimulando a sua participação ativa e privilegiando o trabalho em Rede com os parceiros locais (SCMM, 2016, p. 1).

48 A fim de concretizar os seus objetivos, atenuar os efeitos da pobreza e exclusão social, o BSM conta com a colaboração de entidades públicas e privadas, mediante a entrega de donativos em forma de bens ou mesmo de numerário (para aquisição de bens) para posterior distribuição pelos utentes que deles necessitem.

O Banco Solidário é composto por seis serviços para diferentes respostas sociais: Loja Social “Sorriso Solidário”; Banco de Materiais/Armazém; Banco Alimentar; Equipa de Tratamento de Bens Materiais; Fundo Europeu de Ajuda a Carenciados (FEAC)/ (Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAMPC); Outras Respostas/Parcerias. Estes serviços, em suma, fazem a receção, triagem, gestão, armazenamento e, eventualmente, a recuperação dos bens doados/adquiridos para, posteriormente, serem atribuídos aos utentes/agregados familiares sinalizados ou redistribuídos junto das entidades beneficiárias, no caso do FEAC ou PO AMPC.

O BSM funciona num edifício pertença da Câmara Municipal de Mirandela, sendo nesse espaço armazenados e triados, os diversos bens doados. Aí também funciona o gabinete de coordenação e é onde é feito o atendimento aos utentes. Caso se verifique falta de espaço para armazenar os bens doados, estes serão encaminhados para outros espaços, referidos no nº4 do artigo 10º do Regulamento Interno. Segundo esse mesmo artigo, no seu nº5, são cedidos aos beneficiários gratuitamente todos os bens expostos na sede do BSM.A gestão e administração dos bens é orientada pelo coordenador do BSM havendo para o efeito uma supervisão e acompanhamento regulares. O BSM tem a liberdade para promover campanhas de angariação de bens, tendo apenas que comunicar à mesa administrativa e à Rede Social de Mirandela. Para estas campanhas deve apelar ao envolvimento da sociedade civil, empresas e instituições parceiras.

No que concerne aos utentes do BSM, ainda segundo o seu Regulamento Interno, serão elegíveis aqueles que cumpram os requisitos de admissão enumerados no capítulo III desse documento, podendo ser identificados e encaminhados por outras entidades. Todo o processo segue os trâmites aí descritos e com o respetivo acompanhamento técnico. A única exceção é a descrita no artigo 17º, dizendo respeito a um processo mais simples enquanto o projeto Rede Local de Intervenção Social (RLIS) estiver em funcionamento no concelho de Mirandela.

O BSM é sujeito a uma avaliação semestral e elabora anualmente um relatório de atividades e também um relatório de contas que são integrados na contabilidade geral da SCMM, mas com prévia submissão à aprovação da sua Assembleia Geral. Posteriormente, esses dados são comunicados à Rede Social de Mirandela.

Em concreto, no que diz respeito à plataforma SIGAAS, é da competência do BSM da SCMM, e segundo o disposto no artigo 3º nºs 5 e 6 do regulamento interno do BSM, organizar o processo do utente/família, fazendo a recolha de toda a informação pertinente e necessária ao nível da concessão de apoios sociais e procedendo ao seu registo na SIGAAS, bem como na ferramenta de gestão de stocks (disponível apenas para o BSM, conforme se verá mais à frente).

Analisando o discurso do novo coordenador do Banco Solidário de Mirandela (em funções desde 6 de março de 2019), sendo técnico da área de informática, refere que a SIGAAS é uma ferramenta de trabalho extremamente útil e completa. No seu entender o que falta é as entidades que compõem a Rede Social de Mirandela a utilizarem, isto é, inserirem as informações relativas aos atendimentos feitos, encaminhamentos, e aos apoios prestados. Sendo o objetivo desta plataforma a articulação de apoios de forma a evitar a duplicação dos mesmos, o registo das respostas sociais definidos por cada uma das entidades que compõem a Rede Social de Mirandela deveria ser assumida como verdadeira ferramenta de trabalho dos vários técnicos.

Quanto à importância da ferramenta para o próprio BSM a SIGAAS é uma ferramenta de gestão interna de registo dos apoios prestados, e extramente importante é que essa informação é ao longo do tempo armazenada (o chamado “histórico”) e poderá ser sempre consultada e novamente “trabalhada” caso necessário. A base de dados, na opinião do - Coordenador, “é completa” e “de grande utilidade, por exemplo, para a elaboração do Diagnóstico Social se funcionasse como era expectável”. Refere ainda que a entidade sempre trabalhou e trabalha com “transparência” sendo importante é que os utentes/famílias sejam apoiados nas suas necessidades.

É ainda referido que “um dos constrangimentos talvez seja mesmo o da questão da confidencialidade de dados e que veio mesmo a piorar com a nova lei em vigor, apesar de o BSM tentar adaptar-se às novas circunstâncias”. “Se existe a necessidade de trabalhar de forma integrada ou em parceria está sempre subjacente a partilha de informação”. No entanto,

50 saliento que no próprio Diagnóstico Social de Mirandela (2016, p. 113) é referido que um dos pontos que constitui uma ameaça aos problemas identificados no que diz respeito aos grupos sociais desfavorecidos é a “dificuldade de articulação das diversas entidades” e a meu ver continua atual.

Novamente, o coordenador do BSM salienta a questão das boas práticas a nível ambiental que estão implementadas ao nível das políticas da instituição SCMM, fazer o uso dos recursos digitais em detrimento do recurso ao papel. Além de terem uma informação “centralizada” e “acessível em tempo real” a partir de diversos dispositivos (computador, tablet, telemóvel, etc.)

3. Breves considerações acerca da pobreza e exclusão social: o caso do concelho de