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Através da Resolução do Conselho de Ministros nº197/97 de 18 de novembro é criado o Programa Rede Social ao qual a Câmara Municipal de Mirandela aderiu, pois a adesão, quer por parte das autarquias, quer por parte das entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, é livre. Neste caso em concreto foi constituído o CLASMIR, sendo composto por 34 entidades. Claramente o objetivo principal da Rede Social é o combate à pobreza e exclusão social bem como promover o desenvolvimento social. Assim, integradas as entidades nesta medida de política social territorial, Alves (2012, p. 9) diz-nos que “procura-se rentabilizar o esforço de parcerias existentes entre os actores sociais locais, na base de uma parceria global e de acordo com uma lógica de actuação complementar, à escala territorial, evitando a sobreposição de projectos e acções direccionadas para os mesmos públicos e com os mesmos propósitos”.

A visão do município de Mirandela preconiza a prestação de um serviço de qualidade aos cidadãos em todos os domínios. A sua política assenta numa base de desenvolvimento sustentável, atraindo investimento de qualidade e otimizando os recursos existentes de forma eficiente, a fim de que o concelho seja reconhecido tanto no que toca aos objetivos de desenvolvimento, bem como às necessidades dos munícipes. A sua missão visa a prestação de serviço público de qualidade às populações tendo em conta as atribuições e competências da autarquia.

A CMM é, em termos jurídicos, uma pessoa coletiva de Direito Público – N.I.P.C. 506881784/C.A.E. – 84113, estatuto pelo qual exerce suas atribuições conferidas por lei às autarquias locais. A Câmara constitui o órgão executivo e reúne-se no Palácio dos Távoras a cada quinze dias. As suas competências e regime jurídico de funcionamento encontram-se definidos nos artigos 56º e seguintes da Lei nº169/99, de 18 de setembro, com as alterações

44 efetuadas pela Lei 5-A/2002 de 11 de janeiro, Lei nº 67/2007 de 31 de dezembro, e pela Lei Orgânica nº1/2011 de 30 de novembro.

O quadro da transferência de atribuições e competências para as autarquias locais, bem como a intervenção da administração central e local que coloca em prática os princípios da descentralização administrativa e da autonomia do poder local estão estabelecidos nos artigos 111º a 127º da Lei nº75/2013 de 12 de setembro. No que diz respeito à ação social a nível autárquico, a mesma lei, no seu artigo 23º, circunscreve os campos de intervenção dos órgãos municipais respeitantes à atuação na área social. A operacionalização da intervenção municipal nesta área concretiza-se pela participação em cooperação com instituições de solidariedade social, bem como através de parceria com a administração central, em programas e projetos de ação social de caráter municipal, salientando-se o combate à pobreza e exclusão social (artigo 23º ponto 3 da Lei nº154/99 de setembro). Tal como é destacado por Cardoso,

[…] A Acção Social dos municípios tem vindo a adquirir um carácter cada vez mais abrangente, mas também cada vez mais disperso; a sua acção baseia-se num trabalho em rede com os organismos locais do Estado e com as IPSS e a sua diversidade reflecte-se na tipologia de projectos e acções, alguns deles transversais a outras áreas de intervenção municipal. Apesar de não se identificar um modelo padrão de Acção Social municipal – nem a sua tradução em investimento financeiro – existem afinidades ao nível das funções de atendimento e encaminhamento da população quer para os serviços da Segurança Social, quer para as IPSS, nos projectos na área do envelhecimento no âmbito do convívio e recreação, assim como num conjunto de actuações que se vão reproduzindo em municípios e freguesias: lojas sociais, cartões 65+, apoio alimentar em situações pontuais (Cardoso, 2013, p. 138).

Denota-se neste excerto o sentido da cooperação, que, no caso do concelho de Mirandela, se encontra implementado em parcerias com o programa do Rendimento Social de Inserção (RSI); Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) e com a Rede Social (RS). No entanto, também existe colaboração em domínios mais informais com outras instituições do concelho. Para além destes projetos, a Ação Social da câmara efetua atendimento e aconselhamento (às terças e quintas feiras, com o horário das 9h-12h30 e das 14h-17h30), fazendo o acompanhamento social dos seus utentes com o objetivo da resolução

das problemáticas apresentadas, que podem ser a vários níveis, como já esclarecido. Deste modo,

[…] numa conjuntura de agravamento das expressões da questão social (ou das novas expressões da questão social), a Acção Social tem de se realizar numa maior proximidade aos sujeitos, focalizando as acções nos seus espaços, assegurando a resposta imediata às necessidades, mas, também, na prevenção das situações de fragilidade social e na intervenção de continuidade com objectivos de mudança, o que requer poderes, saberes e opções adequadas aos contextos territoriais (Cardoso, 2013, p.139).

É importante estar atento às mudanças constantes que ocorrem nas sociedades atuais, pois estas encerram em si grandes contradições e desigualdades. Aqui, concretamente, é necessário adequar as medidas e intervenções nos contextos locais com as características que lhes estão associadas, pois

[…] da Acção Social municipal espera-se, sobretudo, que actue no sentido da articulação entre o sujeito e a sociedade, conferindo ao indivíduo o direito a ser um membro efectivo da comunidade a que pertence através da resolução das suas necessidades mais elementares, acionando os recursos necessários para satisfazer as suas aspirações quando não podem ser respondidas por outros níveis da política social (Cardoso, 2013, p.139).

A impossibilidade de satisfação das necessidades básicas pode ocorrer a qualquer altura da vida do sujeito, restringido por acontecimentos mais ou menos inesperados ao nível do emprego ou da saúde, por exemplo. Daí a relevância da Ação Social municipal, no caso da Câmara Municipal de Mirandela, através do seu Regulamento dos Apoios Económicos (RAE) e do Plano de Emergência Social (PES), políticas destinadas a evitar situações suscetíveis de exclusão social.

De acordo com o organograma da Câmara Municipal de Mirandela, o setor de Ação Social encontra-se integrado numa das seis unidades orgânicas existentes e que são de nomenclatura flexível. Esse setor está vinculado à Divisão de Educação, Ação Social, Desporto e Juventude. À Divisão de Educação, Ação Social, Desporto e Juventude compete “[…] assegurar a programação, organização, coordenação e direção integrada dos respetivos serviços, nomeadamente na área da educação; desporto e juventude; ação social; residência de

46 estudantes; e apoio técnico (Regulamento Orgânico Municipal, 2018, pp.13-14).A Divisão a que diz respeito ao setor de Ação Social é da responsabilidade de um chefe de divisão municipal a quem compete orientar e zelar pelo normal funcionamento da divisão. Este encontra-se diretamente dependente do vereador com pelouro sobre a unidade orgânica flexível. Concretamente, na ação social encontram-se afetas três técnicas superiores: uma socióloga e duas assistentes sociais. É da competência da Ação Social as seguintes funções:

a) Promover, articular e qualificar os recursos sociais para o desenvolvimento social do concelho, dinamizando a rede social;

b) Elaborar instrumentos de planeamento social (Diagnóstico Social, Planos de Desenvolvimento Social e Planos de Ação);

c) Operacionalizar o sistema de informação local da Rede Social;

d) Colaborar na realização e atualização do levantamento dos equipamentos sociais existentes, aferindo das necessidades e priorizando a atuação, visando a criação de uma rede de equipamentos sociais integrada;[…]

o) Operacionalizar os regulamentos dos Apoios Sociais Municipais (Plano de Emergência Social e Regulamento dos Apoios Económicos); […](Regulamento Orgânico Municipal, 2018, pp. 16-17).

Em concordância com a opinião partilhada por Alves (2012, pp.10-12), os municípios, são a instituição pública de topo no que toca à proximidade em relação à população sendo estes os que reúnem condições de excelência no que diz respeito à mobilização de vários recursos com vista ao desenvolvimento do território tutelado por si:

Ao gerir e coordenar várias iniciativas de desenvolvimento local, financiadas ou não por programas nacionais e internacionais, ao administrar recursos e aferindo potencialidades para os transformar em estratégias de desenvolvimento local, formando redes locais e dando apoio técnico e consultoria aos projetos idealizados para implementação nos respetivos territórios, os municípios assumem-se como actores privilegiados para impulsionar as parecerias, fazer convergir estratégias de aliança entre pares, moderar relações institucionais potencialmente conflituosas e inibidoras de um trabalho conjunto e, em última instância, ajudar a definir as prioridades de intervenção sem deixar de promover a co-responsabilização pelas decisões tomadas entre os vários actores que compõem as parecerias locais (Alves, 2012, p.13).

Com base no acima exposto, as entidades que compõem a rede social de Mirandela facilitariam os processos de intervenção e mais justa atribuição/distribuição dos apoios concedidos se utilizassem a plataforma SIGAAS em pleno e em tempo real para a finalidade que originou a sua existência. Dado o caráter de proximidade do município às populações toda a informação partilhada pelos parceiros e que o próprio município igualmente partilha é de suma importância nos processos de desenvolvimento social a nível territorial.