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3 CONDIÇÕES E RELAÇÕES DE TRABALHO NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO

3.1 O Macroambiente de Trabalho: Malha Rodoviária Brasileira e as Condições de

3.1.4 Batalhão de Polícia Rodoviária

Contemporânea à integração da PRF ao DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), e consoante à concepção de polícia de trânsito da época, a “Polícia Rodoviária” originou-se do Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia (DERBA) em 1946 (Decreto -Lei nº 816 de 1946). Chefiada por civis ou militares até sua extinção em 1971, sua finalidade era policiar as estradas regulares no estado, fiscalizar o cumprimento às normas estabelecidas para veículos de carga, condutores de passageiros, à segurança das estradas e cobranças de taxas e multas (POLÍCIA MILITAR, 2011).

A mudança para o comando da Polícia Militar (Lei Estadual 3.002 e o Decreto-Lei nº 667de 1969) conferiu à instituição a competência de executar com exclusividade o policiamento ostensivo fardado em todo território de Estado. Outras duas mudanças ocorreram até o modelo de organização e policiamento atual: 1) a criação da Companhia de Polícia Rodoviária CiaPRv (Decreto Estadual nº 23.623, de 1973) como unidade especial de policiamento ostensivo em 1973; e, em decorrência da expansão da malha rodoviária e da necessidade da ampliação numérica e qualitativa do policiamento rodoviário ostensivo, 2) a transformação da Companhia de Polícia Rodoviária em Batalhão de Polícia Rodoviária BPRv (Decreto Estadual nº 7.807 de 2000) e criação do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR), como suporte operacional às Companhias do BPRv “no combate às ações desestabilizadoras da ordem pública”, ao tráfico de drogas e entorpecentes e roubos praticados nas rodovias (POLÍCIA MILITAR, 2011).

Sob sua jurisdição, o Batalhão de Polícia Rodoviária tem 19.283,4 quilômetros de rodovias estaduais, federais delegadas ao DERBA e respectivas faixas de domínio (POLÍCIA MILITAR, 2011); e assim como os cerca de 22 Batalhões que integram o quadro organizacional da Polícia Militar (figura 7), subordina-se ao Comando Geral da Polícia Militar.

Figura 7 - Estrutura organizacional da Polícia Militar Fonte: http://www.saeb.ba.gov.br/perfil99/pm_org.htm

Legenda

______ Subordinação Administrativa _ _ _ _ Órgão Colegiado

Unidade especializada da Polícia Militar composta por oito Companhias, duas delas, Companhias Independentes (Itabuna e Brumado), o BPRv tem como missão executar policiamento ostensivo de trânsito rodoviário, planejamento, direção, fiscalização de trânsito, coordenação e execução de todas as medidas de policiamento rodoviário regulamentadas (POLÍCIA MILITAR, 2011), que também podem ser agrupadas nos três eixos:

a) Segurança Pública

Assegurar a livre circulação de veículos; planejar operações de policiamento e cooperar com instituições policiais e jurídicas na prevenção dos crimes e contravenções; zelar pela segurança do trânsito nas estradas e rodovias sob sua jurisdição; realizar escoltas a dignitários e serviço de batedor para cargas excepcionais; propor ao órgão competente providência que, ao seu juízo, proporcionem melhorias das condições de segurança.

b) Autoridade de Trânsito

Cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares de trânsito e tráfego; lavrar autos competentes contra os infratores ou adverti-los conforme legislação; promover e colaborar com campanhas educativas de trânsito rodoviário; apreender animais soltos nas rodovias; informar órgão competente em caso de vias obstruídas ou sob condições de provocar acidentes; coletar dados estatísticos referentes ao trânsito, tráfego de veículos e acidentes; realizar operações direta e imediata nos casos de anormalidades como desvio de tráfego, sinalização de emergência, acidentes e outras; efetuar o Registro de Acidente de Trânsito.

c) Serviço de socorro a vítimas de acidentes

Providenciar socorro médico às vítimas de acidentes de trânsito e solicitar a presença das autoridades competentes, quando necessário.

Não se obteve acesso a dados sobre distribuição das Companhias do Batalhão, efetivo e estrutura da polícia rodoviária do estado, ainda que solicitado por escrito de modo oficial. A ausência desses dados, no entanto, não oculta na totalidade as dificuldades enfrentadas pelo BPRv. Nos raros momentos em que os policiais entrevistados permitiram se queixar sobre suas condições de trabalho, atribuíram a insuficiência de recursos (como a falta de cones para sinalização) a e precariedade dos mesmos, aos parcos investimentos do governo estadual em segurança pública nos últimos anos. Fato destacado entre as diferentes categorias de entrevistados; o BPRv conta com reforços de outras Companhias

da Polícia Militar, dentre elas a conhecida “Polícia da Caatinga” ou Companhia de Polícia de Ações em Caatinga (CPAC) em ações pontuais.

Originada da necessidade de combater o tráfico de entorpecentes e assaltos na região do polígono da maconha27, a CPAC foi criada em apoio às Unidades Ordinárias da região de Chorrochó (Bahia) (Decreto Nº 7.926 de 2001) para “restabelecer a ordem pública na região, desestabilizada pelos bandos armados que atuavam de forma indiscriminada, impondo o medo na comunidade sertaneja, tendo porém a sua área de atuação em todo o Estado da Bahia” (POLÍCIA MILITAR, 2011). Sua atuação centra-se em dois focos distintos e por vezes interligados: operações de combate ao narcotráfico e erradicação de plantios de maconha em área rural; combate às quadrilhas e bandos armados e organizados, repressão a assaltos a bancos, veículos de transporte de valores, cargas e passageiros. Os 136 agentes são policiais especializados em “combate rural” e patrulhamento tático nas rodovias estaduais e vicinais, patrulhamento fluvial no rio São Francisco, ilhas e em locais propícios para o cultivo da maconha, o que os obriga a ter preparo físico e técnico ímpares (POLÍCIA MILITAR, 2011), dadas as condições extremas a que são submetidos no sertão.

Em resumo, as forças policiais de combate aos crimes em rodovias no estado baiano sofrem com a insuficiência de recursos, sejam humanos e/ou materiais, quando se considera a extensão da malha rodoviária no estado, criando oportunidades para práticas de delitos e infrações de natureza diversas. Pode-se inferir, que pela continuidade dos roubos a ônibus em rodovias, as forças policiais no estado não representam guardiães capazes (COHEN; FELSON, 1979).