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BLOCOS REGIONAIS ECONÔMICOS E DE PODER

No documento Colecao Diplomata - Tomo II - Geografia (páginas 188-200)

GEOGRAFIA DA INDÚSTRIA E GLOBALIZAÇÃO

3.6. BLOCOS REGIONAIS ECONÔMICOS E DE PODER

Nesse subtópico, elencaremos os principais blocos regionais de poder e/ou econômicos. Fazem parte deste trabalho, na Europa, o Conselho da Europa, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Organização para Segurança e Cooperação Europeia (OSCE), a União para o Mediterrâneo (EUROMED), a GUAM, sigla formada pelo nome de seus membros – Geórgia, Ucrânia, Azerbaidjão e Moldova, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a União Europeia (UE).

Nas Américas, comentamos sobre o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), a Comunidade do Caribe (CARICOM), o Sistema de Integração Centro-Americano (SICA), a Comunidade Andina (CAN), a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa Terra (ALBA), o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), a União Sul-Americana de Nações (UNASUL) e a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA).

Na Ásia-Oceania, comentamos sobre a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), os acordos comerciais da Austrália, a Organização para a Cooperação de Xangai, a Comunidade de Estados Independentes (CEI), o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), a APEC, do inglês Asia-

Pacific Economic Cooperation, e o Plano Colombo.

Sobre os blocos africanos, trazemos informações sobre a Comunidade Econômica dos Estados do Oeste da África (ECOWAS), a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Comunidade Econômica dos Estados da África Central (ECCAS), o Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) e a Comunidade de Estados Saarianos e do Sahel (CEN-SAD).

Relações Exteriores, Antonio Patriota (2012: A14), lembra que “o objetivo da ​diplomacia comercial” é a “criação de condições e [a] prospecção de oportunidades para que o comércio internacional sirva ao projeto de desenvolvimento do país”. Assim, obter acesso a mercados torna- se uma das atribuições da diplomacia. Contudo, em conjuntura de crise, isso se torna particularmente difícil, em especial nos foros multilaterais. Isso acentua a importância dos blocos regionais econômicos e de poder.

3.6.1. Europa

A Europa é o continente em que os blocos econômicos e de poder estão mais estruturados, como vemos no quadro 2 (COLIN, 2009: 56), em seguida. Sua história remete à criação, em 1948, da

Organização para a Cooperação Econômica (OECE), criada com o objetivo de administrar a

ajuda estadunidense recebida com o Plano Marshall pelos europeus para reconstruir o continente. No ano seguinte, foi criado o Conselho da Europa (http://www.conventions.coe.int/), instituição voltada à proteção dos direitos humanos e da democracia que, entre outros objetivos, busca a elaboração de padrões jurídicos e de políticas comuns em temas como cibercrime, lavagem de dinheiro, corrupção, cooperação entre países em assuntos jurídicos e eficácia das instituições judiciais.

Quadro 2: Sistema institucional europeu.

Os membros atuais do Conselho da Europa são: Albânia, Alemanha, Andorra, Armênia, Áustria, Azerbaidjão, Bélgica, Bósnia Herzegovina, Bulgária, Chipre, Croácia, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Letônia,

Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Malta, Moldova, Mônaco, Montenegro, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Romênia, Reino Unido, Rússia, San Marino, Sérvia, Suécia, Suíça, Turquia e Ucrânia. São observadores os Estados Unidos, o Canadá, o México, a Santa Sé, o Japão e Israel. O único país europeu ausente é Belarus.

A OECE foi substituída pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 1961. A estrutura da OCDE, mostrada no quadro 3 (http://www.oecd.org/about/whodoeswhat/), é formada pelo Conselho, pelo Secretariado e por Comitês de trabalho que atuam em diversas áreas. Ademais, a Comissão Europeia colabora com as estratégias e os programas de trabalho da instituição, apesar de não ter direito de voto em decisões ou recomendações apresentadas ao Conselho da OCDE.

Quadro 3: Estrutura da OCDE.

Os membros da OCDE hoje são: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coreia do Sul, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Em maio de 2007, os integrantes convidaram Brasil, China, Índia, Indonésia e África do Sul, que, junto com Rússia, são considerados key partners.

A Organização para Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) originou-se, em 1994, da Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa, a qual foi criada em 1975 “para servir

como fórum multilateral para diálogo e negociação entre Leste e Oeste”

(http://www.osce.org/who/87). Com o fim da guerra fria, a OSCE teve sua função ​alterada, especialmente após a independência das ex-repúblicas soviéticas e da fragmentação da Iugoslávia, no início da década de 1990. Essa organização trabalha com três dimensões de segurança: a político-militar, a econômico-ambiental e a humana, trabalhando desde o combate ao tráfico de pessoas e ao terrorismo até o controle de fronteiras e de armas, ademais da observação de processos eleitorais e do monitoramento de crimes financeiros.

Os membros atuais dessa instituição são: Albânia, Alemanha, Andorra, Armênia, Áustria, Azerbaidjão, Belarus, Bélgica, Bósnia Herzegovina, Bulgária, Canadá, Cazaquistão, Chipre, Croácia, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Malta, Moldova, Mônaco, Montenegro, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Quirguízia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Romênia, Rússia, San Marino, Santa Sé, Sérvia, Suécia, Suíça, Tadjiquistão, Turcomenistão, Turquia, Ucrânia, Uzbequistão, Reino Unido e Estados Unidos. Há, ainda, parceiros da OSCE: Afeganistão, Argélia, Austrália, Egito, Israel, Japão, Coreia do Sul, Jordânia, Mongólia, Marrocos, Tailândia e Tunísia.

O Processo de Barcelona foi lançado em 1995 pelos Ministros de Relações Exteriores dos Estados-membro da União Europeia de então e por 14 parceiros do Mediterrâneo, criando a Parceria Euro-mediterrânea. Essa parceria foi relançada em 2008, com o nome Parceria

Euromediterrânea (http://eeas.europa.eu/euromed/in dex_en.htm) ou EUROMED, com os objetivos expressos de integração econômica entre os membros da União Europeia e os vizinhos do Oriente Médio e do Norte da África, e de reformas democráticas nos governos desses países. Hoje a EUROMED é integrada pelos 27 países da UE e por Albânia, Argélia, Autoridade Palestina, Bósnia Herzegovina, Croácia, Egito, Israel, Jordânia, Líbano, Mauritânia, Mônaco, Montenegro, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia.

pelos atuais membros Geórgia, Ucrânia, Azerbaidjão e Moldova (mapa 20:

http://www.azer.com/aiweb/categories/caucasus_crisis/index/cc_articles/m

aps_html/guam_map.html). O Uzbequistão entrou em 1999 e suspendeu sua participação em 2001, em decorrência do 11 de setembro. Turquia e Estônia são observadores. A GUAM foi fundada como uma aliança estratégica com o objetivo de fortalecer a independência e a soberania destas ex- repúblicas soviéticas, em especial frente à Rússia. Ademais, a cooperação econômica também estava prevista por meio da construção do corredor Transcaucasiano (TRACECA), o qual tem como finalidade evitar o território russo no transporte, especialmente, de gás natural e petróleo.

Mapa 20: Países integrantes e observadores do GUAM.

Geórgia e Ucrânia, membros da GUAM, são, outrossim, candidatos a integrar a Organização do

Tratado do Atlântico Norte (OTAN) (www.nato.int/), o que deixa a Rússia bastante preocupada com a perda de sua influência sobre as ex-repúblicas soviéticas. A rápida guerra entre Rússia e

Geórgia em 2008, sobre o controle da Abkházia e da Ossétia do Sul reflete este conflito. A OTAN foi criada ainda em 1949 por doze países: os cinco parceiros do Tratado de Bruxelas – França, Grã- Bretanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo –, e Canadá, EUA, Dinamarca, Islândia, Itália, Noruega e Portugal. Em 1952, entraram Grécia e Turquia; em 1955, Alemanha Ocidental; em 1982, Espanha; em 1999, Hungria, Polônia e República Tcheca; em 2004, Estônia, Letônia, Lituânia, Eslováquia, Bulgária, Romênia e Eslovênia; em 2009, Albânia e Croácia.

A OTAN corresponde a uma série de organizações regionais que visavam à contenção da União Soviética. Para Kissinger (1994: 820), tanto a OTAN quanto a União Europeia são os pilares da relação atlântica entre EUA e Europa. Segundo o autor (KISSINGER, 1994: 820-2),

[...] a OTAN continua sendo o principal link institucional entre America e Europa. Quando a OTAN foi formada, tropas soviéticas encontravam-se no Elba em uma Alemanha dividida. [...] Durante a Guerra Fria, a Europa Ocidental dependeu dos EUA para sua segurança, e as instituições da OTAN pós-Guerra Fria ainda refletem esta situação. [...] O movimento para a integração europeia teve sua origem em duas proposições: que, a menos que a Europa aprendesse a falar com uma única voz, seria gradualmente conduzida à irrelevância, e que uma Alemanha dividida não estaria na posição de ser tentada a oscilar entre os dois blocos e a jogar os dois lados da Guerra Fria um contra o outro. [...] Se a OTAN precisa adaptar-se ao colapso do poder soviético, a União Europeia enfrenta a nova realidade de uma Alemanha reunificada, a qual ameaça o tácito acordo que tem estado no coração da integração europeia: a concordância da República Federal da liderança política francesa na Comunidade Europeia e, por sua vez, a voz preponderante da Alemanha em assuntos econômicos. [...] O ajuste das relações internas da OTAN tem sido dominadas pelo permanente cabo de guerra entre perspectivas americanas e francesas das relações atlânticas. Os EUA têm dominado a OTAN de acordo com o lema da integração. A França, defendendo entusiasticamente a independência europeia, tem dado forma à União Europeia. O resultado dessa falta de consenso é que o papel americano é por demais predominante no campo militar para promover a identidade política europeia, enquanto o papel francês é por demais insistente na autonomia política europeia para que consiga promover a coesão da OTAN.

Desse modo, Kissinger (1994) mostra a imbricação entre a OTAN e a União Europeia (http://europa.eu/index_en.htm), cujo processo de formação remonta ao imediato pós-guerra, à

formação do BENELUX – união aduaneira entre Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, em vigor desde 1948 –, e ao próprio Conselho da Europa. Antonio Carlos Lessa (2003: 35-6) lembra que, com esta instituição, a criação de órgãos supranacionais passou “a ser um tema tratado diretamente pelos governos nacionais”, já que lentamente percebiam maior possibilidade de “ganhos na cooperação do que na perpetuação de políticas tradicionais”. Como os problemas econômicos, em especial os vinculados ao carvão e ao aço, eram compartilhados, a solução destes em função de projetos que gradualmente “propugnava[m] realizações concretas, ainda que limitadas, mas que permitissem a criação de uma solidariedade de fato”, tornou-se realidade. Assim,

[...] as instituições apresentadas no Plano Schuman adquiriam um caráter francamente supranacional, ganhando a forma de uma Alta Autoridade, cujas decisões ligariam os Estados- membro, composta de membros independentes dos governos nacionais e cujas decisões teriam execução plena nos diferentes países. [...] O Tratado instituindo a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca) foi firmado aos 18 de abril de 1951 em Paris, instaurando um mercado comum progressivo do carvão e do aço, implicando, em consequên​cia, a supressão de direitos alfandegários, de restrições quantitativas à livre circulação desses bens, de medidas discriminatórias e de subsídios ou ajudas de qualquer natureza eventualmente acordadas pelos Estados-membro aos produtores nacionais. O Tratado de Paris que estabelecia a Ceca entrou em vigor em 25 de julho de 1952. [...] O poder executivo [da CECA] estava nas mãos de uma Alta Autoridade que representava os interesses da Comunidade no seu todo e que não podia ser dissolvido pelo Conselho de Ministros, que por seu turno representava os Estados-membro (LESSA, 2003: 36-7).

Após a experiência da CECA e os fracassos nas tentativas de concertos na área de defesa, os seis integrantes dessa instituição – França, Alemanha Ocidental, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo – decidiram pelo aprofundamento da cooperação, por meio dos Tratados de Roma de 1957, que entraram em vigor no ano posterior. Esses tratados instituíram a Comunidade Econômica Europeia (CEE), criando o Mercado Comum Europeu (MCE), e a Comunidade Europeia de Energia Atômica (EURATOM). Devido ao fracasso das negociações de estender as relações comerciais vigentes entre os países da CEE aos demais países da OECE, Reino Unido, Áustria, Dinamarca, Suécia, Suíça e Portugal criaram a Associação Europeia de Livre Comércio, que entrou em vigor em 1961.

Em 1973, o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca entraram na CEE. Nesta década, houve marcos importantes na constituição de relações mais profundas entre os membros do bloco, como a unificação das comissões também em 1973 e a criação do Sistema Monetário Europeu. No decênio seguinte, foram incorporados novos países: Grécia, em 1981; e Portugal e Espanha, em 1986. Ademais, retomaram-se as grandes ambições, como as presentes nos regulamentos de Schengen, desde 1985, e no Ato Único Europeu, de 1986. O avanço maior seria concluído, contudo, em 1992, quando foi criada a União Europeia, com seus três pilares – as Comunidades Europeias, a Política Externa e de Segurança Comum (PESC) e a cooperação em questões internas e no campo da justiça.

Em 1995, a União Europeia amplia seu número de membros com a adesão da Áustria, da Finlândia e da Suécia. Em 2004, foi a vez de se integrarem Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Lituânia, Letônia, Estônia, Malta e a parte grega de Chipre; em 2007, foram incorporadas Romênia e Bulgária. Nesse ínterim, o euro passou a circular como moeda oficial de alguns países, já que houve aqueles que preferiram manter suas moedas tradicionais. Entre as principais instituições da integração europeia, estão o Conselho Europeu, o Conselho da União Europeia, o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, o Tribunal de Justiça Europeu e o Tribunal de Contas da União Europeia, entre outros organismos e diversas agências especializadas.

3.6.2. Américas

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) (http://www.nafta-sec-alena.org/) é integrado por EUA, Canadá e México e entrou em vigor em 1994. Para Kissinger (1994: 832), “a Iniciativa para as Américas, anunciada em 1990 por Bush, e a batalha” em torno de um “Acordo de Livre Comércio da América do Norte com México e Canadá, concluído exitosamente por Clinton em 1993, representa a mais original política estadunidense para a América Latina na história”. O NAFTA foi pensado como um primeiro passo à integração, por meio do livre comércio, de todo o hemisfério ocidental; contudo, as negociações para a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) fracassaram em 2003.

O NAFTA é um dos mais amplos acordos de integração regional existentes, prevendo, inclusive, a possibilidade de empresas processarem os Estados participantes em decorrência de políticas

econômicas adotadas. A economia canadense é bastante vinculada à norte-americana, mas a mexicana sofreu fortemente com os impactos decorrentes da entrada em vigor do acordo de livre comércio. No dia em que o NAFTA começou a funcionar, houve a eclosão do movimento guerrilheiro de Chiapas, e, em relação à cadeia produtiva, o México, tradicional produtor de milho, gênero agrícola característico de sua culinária, passou a importá-lo cada vez mais, já que não apresenta condições de concorrer com o agronegócio estadunidense.

Em 1973, por meio do Tratado de Chaguaramas, o Acordo de Livre Comércio do Caribe (CARIFTA) foi substituído pela Comunidade do Caribe (CARICOM) (www.caricom.org/), constituindo-se um mercado comum. Atualmente é formado por Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago. Tem como associados Anguila, Bermuda, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman e Ilhas Turks e Caicos. Seus objetivos são reforçar a cooperação funcional entre os membros e expandir as relações comerciais e econômicas. A importância da CARICOM reside nos acordos comerciais que tornam o Caribe plataforma de exportação para a União Europeia e para os EUA.

O Mercado Comum Centro-Americano é formado por Nicarágua, Honduras, Guatemala, El Salvador e Costa Rica. Foi criado em 1960 e substituído em 1991 pelo Sistema da Integração

Centroamericana (SICA) (www.sica.int/), tendo incorporado nesse ano o Panamá. Foram integrados, ainda, Belize em 2000 como Estado-membro, e a República Dominicana, em 2003, como Estado associado. O objetivo é criar uma área de livre comércio entre estes países, ademais da criação de uma união aduaneira. Essa integração caminha para uma ampliação de normas comuns em diversas áreas, desde tráfego de caminhões e sinalização viária até a constituição de um Parlamento Centro-americano.

A Comunidade Andina (www.comunidadandina.org/) é composta por Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. O Acordo de Cartagena deu origem ao Pacto Andino em 1969, adotando o termo atual em 1996. Já integraram o bloco o Chile e a Venezuela. Tem como Estados associados os integrantes do Mercosul e o Chile, e o Marrocos solicitou status de observador em 2011. Também tem como objetivo a integração econômica cujo modelo é a União Europeia, englobando desde uso

compartilhado de satélites até políticas públicas comuns. Em 2006, a zona de livre comércio andina entrou em pleno funcionamento em decorrência da adequação peruana às normas comunitárias.

A Alternativa Bolivariana das Américas passou a ser chamada em 2009 de Aliança Bolivariana

para os Povos de Nossa América (http://www.alba-tcp.org/), e um pouco antes, em 2006, foram assinados os Tratados de Comércio dos Povos (TCP). É no mínimo curioso que países com governos de esquerda como Bolívia e Venezuela adotem um parâmetro que, como visto, corresponde às práticas do liberalismo econômico. De acordo com a organização, os TCP são “tratados de intercâmbio de bens e serviços para satisfazer as necessidades dos povos” e “sustentam-se nos princípios de solidariedade, reciprocidade, transferência tecnológica, aproveitamento das vantagens de cada país, economia de recursos e incluem convênios creditícios para facilitar as transações”. É formada por Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica, Equador, São Vicente e Granadinas e Antígua e Barbuda.

O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) (http://www.mercosur.int/;

http://www.mercosul.gov.br/) é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, recentemente suspenso, e Venezuela. Foi criado em 1991 pelo Tratado de Assunção, em um momento de convergência nas políticas exteriores de Brasil e Argentina, que posteriormente agregaram os vizinhos menores. Os entendimentos com a Argentina vinham desde a solução da questão Itaipu- Corpus, em 1979, passando pelo apoio brasileiro à Argentina durante a Guerra das Malvinas, em 1982, a Ata de Iguaçu, em 1985, os entendimentos nucleares desde meados dessa década, o Programa de Integração e Cooperação Econômica, em 1986 e o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, em 1988.

A negociação de fato do MERCOSUL iniciou-se durante a Cúpula de Buenos Aires em 1990, e por meio do Acordo de Complementação Econômica número 14, celebrado no âmbito da Associação Latino-americana de Integração (ALADI) no mesmo ano. No ano seguinte, como visto, é constituído o MERCOSUL, que, por meio do Protocolo de Ouro Preto, de 1994, definiu aspectos institucionais do bloco, conferindo-lhe personalidade jurídica internacional. A tarifa externa comum (TEC) passou a vigorar em 1995, embora, desde então, a união aduaneira seja constantemente “furada” pelos países-membro. O Protocolo de Ushuaia, de 1998, afirma o compromisso

democrático no MERCOSUL, e o de Olivos, para solução de controvérsias, de 2002, cria o Tribunal Arbitral Permanente de Revisão, com sede em Assunção.

O MERCOSUL assinou acordos de livre comércio com Chile, Bolívia, Comunidade Andina, Peru, Egito, Israel e Palestina; e acordos de preferências fixas com o México, com a Índia e com a União Aduaneira da África Austral (SACU). Um dos problemas para assinar acordo semelhante com a União Europeia é a bitributação de produtos dentro do bloco. Quanto à China, o bloco não pode estabelecer laços preferenciais com este país, porque o Paraguai reconhece Taiwan como Estado. O bloco tem como Estados associados o Chile, a Bolívia, o Peru, o Equador e a Colômbia. Sobre o bloco e a integração sul-americana, comenta o Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota (2012: A14):

[...] como afirmou o chanceler do Uruguai em visita ao Brasil na semana passada, o Mercosul vive um momento de força. O Mercosul é um projeto que permitiu que o intercâmbio do Brasil com o bloco mais que decuplicasse desde sua criação, passando de US$ 4,5 bilhões, em 1991, para US$ 47,2 bilhões, em 2011. Os bens manufaturados representam mais de 90% das exportações brasileiras para o agrupamento, configurando fonte de geração de empregos de alta qualidade no país. O Mercosul, porém, não beneficiou somente o Brasil. Todos os sócios ganharam com o aumento das trocas intrarregionais. O amplo mercado consumidor brasileiro, que tem conhecido expansão sem precedentes nos últimos anos, está aberto aos vizinhos. [...] No âmbito do Mercosul, será realizado, por ocasião da Reunião de Cúpula de Brasília, em dezembro [de 2012], o primeiro grande evento empresarial do agrupamento, o que curiosamente somente ocorre 21 anos após a entrada em vigor do Tratado de Assunção. [...] Na América do Sul, a rede de acordos comerciais negociados no âmbito da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) assegura a conformação de uma zona de livre comércio sul-americana em 2019. A essa realidade somam-se os esforços empreendidos no âmbito da Unasul com vistas a desenvolver a infraestrutura regional de transportes e a criar mecanismos que estimulem e facilitem tanto o comércio como os investimentos.

A Comunidade Sul-americana de Nações (CASA/CSN) abarcava todas as nações deste subcontinente e foi substituída pela União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) (MRE, s/d). A CASA/CSN foi estabelecida em Cuzco, em 2004, por ocasião da III Reunião de Presidentes da

América do Sul. Em 2008, o tratado constitutivo da UNASUL foi aprovado em Brasília, entrando em vigor em 2011. Tem como objetivo articular os Estados-membro nas áreas cultural, socioeconômica e política e conta com oito conselhos ministeriais: energia; saúde; defesa; infraestrutura e

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