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Breve Biografia de Paul Tillich

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2. CAPÍTULO CORRELAÇÃO, MUNDO E FÉ

2.1 Breve Biografia de Paul Tillich

Retrata-se no primeiro capítulo do livro Fronteiras e Interfaces (Sinodal, 2005) que, no segundo semestre de 1886, ao mês de agosto no seu vigésimo dia, nascia, no pequeno vilarejo ao leste da Alemanha, numa região que hoje faz parte da Polônia, o filho do pastor luterano, a criança que recebia o nome de Paul Johannes Oskar Tillich.

De acordo com o professor Enio Ronald Muller, organizador do trabalho acima citado, Paul Tillich viveu neste vilarejo até seus quatro anos de idade, quando seu pai recebe um novo cargo na igreja, o “posto de superintendente regional da Igreja Territorial da Prússia” (p. 11), por esse motivo toda sua família segue para a cidade de Schönfliess-Neumark, e desta para Berlim em 1900. Os pais de Tillich eram cada um de um lado da Alemanha, o pai era da parte oriental, enquanto sua mãe era do lado ocidental, ambos de comportamento diferente produziam distintos impactos em sua formação subjetiva. Com o passar dos tempos, em sua adolescência, Tillich tem que lidar com a irreparável “morte prematura da mãe” (p. 12).

Entre o período de moradia em Neumark até a mudança para Berlim, o jovem Paul estudou Gymnasium humanístico. Muller (2005) explica que essa matéria:

... para nós hoje, em outro tempo, outro continente e outra cultura, é muito difícil fazer uma idéia do que significava uma educação escolar humanística na Alemanha da época. Basta dizer que esperava-se de um adolescente, além de um comando proporcional das disciplinas normais do ensino secundário, conhecimentos bastantes sólidos de grego e latim, além de um embasamento filosófico que talvez entre nós hoje se situe no nível do mestrado ou doutorado. Um aluno normal em tais escolas poderia falar com precisão invejável da ética aristotélica, lida em grego, sem falar dos clássicos latinos. Tillich já tinha lido a Crítica da Razão Pura, de Kant, além de obras de Fichte e outros, antes de entrar para universidade. (MULLER, 2005, p. 14).

Com uma base sólida, de 1904 e 1909 estudou teologia e filosofia em duas universidades em Berlim, Tübingen e Helle, e tinha como desejo desde a sua juventude “torna-se filósofo” (p. 14), buscando para si o caminho da síntese,

“ele segue os filósofos alemães clássicos de Kant a Hegel” (p. 15). Em 1909 concluiu seus estudos de teologia e em 1911 conclui sua “tese de doutorado em filosofia, que foi entregue na universidade de Breslau” (p. 15), ao iniciar o ano de 1912 Tillich entrega sua tese de teologia na universidade de Halle (p. 16).

No período que antecede a primeira guerra mundial, de 1912 a 1914, o agora filosofo torna-se “pastor assistente em Berlim” (p. 17), de pastor assistente a capelão do exército alemão na primeira guerra, quando, no “segundo semestre de 1914, Tillich decide juntar-se” ao agrupamento militar, mas antes disto decide- se “casar-se com Margarethe Wever (p.18), período que traz novas maneiras de compreender e questionar o mundo e a si mesmo “determinando vários aspectos de sua vida e de seu pensamento” (p. 18), mesmo durante os quatro anos que passou na guerra continuou com suas leituras e nesse ínterim aproximou e aprofundou-se nas obras de Nietzsche, e mesmo em tempos de guerra Tillich também terminou “sua tese de habilitação ou livre-docência, apresentada em Halle em 1915” (p. 19).

Como resultado do pós-guerra, em seu regresso encontra-se nas barras do divórcio, “se depara com uma relação matrimonial deteriorada”, e acaba se separando em 1921 (p. 20), posteriormente em 1924 casa-se novamente com Hannah Werner Gottschow. Em 1925 Tillich muda-se para Marburg e de “1926 até o início de 1929, Tillich foi professor de Ciência da Religião em Dresden, e a partir de 1927 também professor de Teologia em Leipzig (p. 25). Assim com intensa produção acadêmica e inúmeras publicações, neste mesmo ano “chega a Frankfurt para assumir a cátedra de filosofia” (p. 27), os quatro anos que se seguiram “foram um dos períodos mais ricos da vida Tillich” e foram nesses anos de Frankfurt que ele formou um grupo de intelectuais com encontros periódicos para “debater temas do momento”, neste grupo ele conheceu e consolidou duas amizades (entre outras), mais essas em especial levou consigo ao longo de sua vida, esses amigos são, Max Horkhimer e Theodor Adorno, o primeiro “oito anos mais novo que ele” e o segundo, “dezesseis anos mais novo.” (p. 28), ambos também se destacaram na vida acadêmica.

Em 1933 Tillich publicou um livro com o título A Decisão Socialista, que foi de pronto “proibido e recolhido pelo governo nacional-socialista” (p. 29), e como resultado...

Este livro sendo o motivo formal de sua demissão da Universidade de Frankfurt pelo regime de Hitler, embora também para isso tivessem pesado a sua defesa intransigente dos colegas professores judeus, e suas posições teológicas publicamente expressadas repudiando o novo regime e alertando para os perigos que ele representava para a Alemanha. O ano de 1933 foi um longo tormento para Tillich. (MULLER, 2005, p. 29).

Por conta desses conflitos Paul Tillich relutante aceitou o “convite de colegas nos EUA para estabelecer-se em Nova Iorque, onde então desembarca com sua família em novembro” (p. 29). Nos Estados Unidos, iniciou sua vida acadêmica como “professor visitante de filosofia na universidade de Columbia, e de Teologia no Union Theological Seminary, ambos em Nova Iorque” (p. 30), ao mesmo tempo essas atribuições foram “manobras” para ganhar tempo até que sua documentação fosse adequadamente apresentada para consolidar sua saída da Alemanha. Quando em 1941 os Estados Unidos entrou na segunda guerra, Paul Tillich publicou um trabalho com o título Nosso Mundo em

Desintegração, alguns anos depois, em 1945, ano que finalizou a guerra, ele

apresentou outro com o título A Situação Mundial (p. 32), apresentando uma visão perspicaz daquele momento. Em 1948 ele volta pela primeira vez à Alemanha (p. 33), ao regressar e com o passar dos dois próximos anos, na década de 50, que as coisas começam a melhorar em todas as áreas de sua vida, inclusive um período de intensa produção intelectual.

Nos anos 50, além de artigos e ensaios avulsos publicados nos mais diversos lugares, coma mesma ampla gama temática de sempre, Tillich publica alguns livros menores que se tornaram grandes sucessos na literatura teológica de língua inglesa, e ajudaram a divulgar e a popularizar o seu pensamento. O primeiro é The Courage to Be (em português A Coragem do Ser), de 1952, obra com qual Tillich se tornou conhecido também internacionalmente nos meios filosóficos. Trata-se de uma análise da angustia existencial e da coragem de ser face a ela. O segundo é Love, Power and Justice (em português, Amor, Poder e Justiça), de 1954, um estudo sobre ética, que, junto com Morality and Beyond (A Moralidade e Para além Dela), constituem os textos-chave para compreensão de sua ética. O terceiro é Dynamics of Faith (em português, Dinâmica da Fé), de 1957, uma penetrante analise do conceito de “fé”, tanto do ponto de vista filosófico como teológico. (MULLER, 2005, p. 35).

No ano de 1955 ele se aposenta pela Union Theological Seminary e no mesmo ano ele recebeu o convite para lecionar em Harvard com total autonomia fazendo parte de um “seletíssimo grupo de University Professors, professores ligados diretamente à reitoria e não vinculados formalmente a nenhum departamento” (p. 34). Em Harvard permaneceu até o ano de 1962, “quando recebeu nova aposentadoria”, como reconhecimento internacional de seu empenho intelectual, suas inúmeras publicações e a fama que o precedia, foi

matéria de “reportagem de capa da revista Time em 1959, coisa reservada só a celebridades” (p. 34). Um convite surge depois da segunda aposentadoria, em 1962 Tillich é “convidado para uma cátedra honorária em Chicago, onde vai permanecer até sua morte” (p. 37).

No dia 22 de outubro de 1965, morre em Chicago por consequência de ataque cardíaco aos 79 anos, Paul Johannes Oskar Tillich.

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