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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1.2 BREVE CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DA CIDADE

Apesar de ainda escassos os dados climáticos na cidade de Palmas, uma caracterização geral é possível com a sua normal climatológica provisória132 de 1961–1990 (RAMOS; SANTOS; FORTES, 2009) e a normal climatológica provisória de 1981–2010 divulgada pelo INMET em 2018 (DINIZ; RAMOS; REBELLO, 2018)133, meses antes da publicação desta tese, como também com alguns estudos específicos do clima intraurbano da cidade (FREITAS, 2015; PAZ, 2009), a partir de estudos regionais do Estado do Tocantins (TOCANTINS, 2012; PINTO, 2013; 2017; SILVA, 2013; SOUZA; GOMES; ROCHA, 2014; SOUZA, 2016), estudos aplicados (LIMA; BARBOSA; SILVA, 2014) e estudos de parâmetros pontuais, mas que também contribuem para o entendimento do clima (PIRES, 2017; SILVA; SOUZA, 2016). Tais estudos fornecem uma visão geral do clima de Palmas, sob diferentes perspectivas, também baseadas em aspectos analítico-separativos.

A Secretaria do Planejamento e da Modernização da Gestão Pública (SEPLAN), no Atlas do Tocantins (TOCANTINS, 2012), e a Prefeitura de Palmas (PALMAS, 2017), apresentam a maior parte dos estudos em mapas temáticos, e apenas três referem-se a dados climáticos, com temperatura e precipitação anuais (apresentadas em médias) e regionalização climática. De acordo com os mapas da SEPLAN (TOCANTINS, 2012) e de Palmas (2017), a área macroparcelada da cidade possui clima C2wA’a’, Clima úmido subúmido com moderada deficiência hídrica no inverno (classificação pelo método de Thornthwaite), média de temperatura do ar de 28ºC e precipitação média anual de 1700,0mm. No entanto, segundo Pinto (2013), tais mapas deixam margem para dúvidas, principalmente no que diz respeito à metodologia utilizada na sua elaboração, inviabilizando a sua utilização como referência segura. “Não está claro qual é a série temporal utilizada e se esta é homogênea no tempo e no espaço, uma que vez é possível utilizar dados heterogêneos com o intuito de adquirir as médias” (PINTO, 2013, p. 30).

Na normal climatológica provisória de Palmas 1961–1990 (RAMOS; SANTOS; FORTES, 2009) são disponibilizados apenas dados de variação mensal das temperaturas

132 Normais Provisórias são médias de curto período, baseadas em observações que se estendam sobre um período mínimo de 10 anos (DINIZ; RAMOS; REBELLO, 2018; RAMOS; SANTOS; FORTES, 2009).

133 Em 2009, foram publicadas as versões atualizadas e expandidas das normais climatológicas 1961–1990, incluindo a cidade de Palmas, antes inexistente. Em março de 2018, foram publicadas as normais climatológicas 1981–2010, traz uma ampliação de dois decêndios subsequentes à edição anterior, uma atualização do conjunto de 26 parâmetros meteorológicos computadas na versão 1961–1990 e uma ampliação de mais 14 parâmetros, no total de 40 variáveis meteorológicas. No entanto, na cidade de Palmas, ambas as normais, tanto de 1961–1900 como de 1981–2010, são consideradas provisórias, mesmo a mais recente, pois não completaram um período de 30 anos e a estação começou a funcionar na cidade em 1993.

máxima, mínima e média compensada, da precipitação e da velocidade média dos ventos. No entanto, como não foram utilizados dados diretos134 na elaboração dessa normal provisória, ainda restam dúvidas no uso desses dados como referência para a cidade de Palmas.

Já a normal climatológica provisória 1981–2010 mais recentemente divulgada (DINIZ; RAMOS; REBELLO, 2018), apresenta os principais parâmetros para a cidade de Palmas: a variação mensal das temperaturas máxima, mínima e média compensada, da precipitação, da umidade relativa, da velocidade média dos ventos, da insolação total e da média de nebulosidade, representados na Figura 14. A normal climatológica provisória 1981–2010 indica média anual das temperaturas máximas de 33,4ºC, média anual das mínimas de 21,7ºC e média compensada anual de 26,7ºC. As temperaturas mensais atingem médias das máximas de 36,6ºC, em setembro, e médias das mínimas de 18,8ºC, em julho. A amplitude máxima de 16,0ºC ocorre no mês de agosto, e a mínima de 9,2ºC no mês de março. Todas as médias de temperaturas foram superiores à normal climatológica anterior.

Na normal climatológica 1981–2010, a média de umidade relativa atingiu o máximo de 88,4%, em março, à noite, e o mínimo de 28,0% em agosto, à tarde, com maiores valores de janeiro a março e menores em agosto, em todos os horários. A velocidade média dos ventos chegou a 3,1m/s, com maiores velocidades em agosto, e mínimas em março a abril, com 1,7m/s. O regime pluviométrico é caracterizado por um período mais chuvoso, que está compreendido entre os meses de outubro a abril, com precipitações médias mensais superiores a 150,0mm, e superiores a 250mm de dezembro a março, e um período mais seco, entre os meses de maio e setembro, sendo de junho a agosto inferiores a 10,0mm. Os dados de precipitação também foram todos superiores aos da normal anterior. Porém, deve ser utilizada como referência com certa cautela, apesar de ter sido elaborada com maior quantidade de dados diretos que a anterior. Em aplicação à arquitetura bioclimática, Lima, Barbosa e Silva (2014) realizaram estudos com a média dos dados climáticos de 2000 a 2013, e identificaram que a média mensal da temperatura máxima chegou a 37ºC em setembro, a menor média mensal das mínimas a 20,4ºC em julho, enquanto a maior média mensal de precipitação foi de 331,9mm, em janeiro. A média mensal da umidade relativa do ar apresentada pelos autores, entre 2000 e 2013, atingiu altas de 81,6% em março e baixas de 41,4% em agosto. Em linhas gerais, os autores descrevem

134 As normais publicadas referem-se ao período de 1961 a 1990, mas no caso de estações que não estavam em funcionamento nesse período, como é o caso de Palmas, foram utilizados dados do projeto da Coordenação-Geral de Modelagem Numérica do INMET (CMN/INMET), disponíveis no início de 2000, dados do Sistema de Informações Meteorológicas do INMET (SIM), após o ano 2000, e as médias obtidas do SIM, por solicitação especial para a publicação das normais, considerando apenas períodos completos, meses ou decêndios (SIM-MC ou SIM-DC), descritos na metodologia por Ramos, Santos e Fortes (2009).

o clima de Palmas com dois períodos distintos: um quente e úmido entre os meses de outubro e abril, com elevada pluviosidade, altas temperaturas, baixas amplitudes térmicas e menores velocidades médias do vento; outro quente e seco, compreendendo o período de maio a setembro, com as mais altas temperaturas do ano no final do período (agosto, setembro), maior amplitude térmica, precipitação quase nula e maiores velocidades médias do vento.

Figura 14 – Dados climáticos de médias mensais segundo normal climatológica provisória 1981–2010 do Município de Palmas

Fonte: Diniz; Ramos; Rebello (2018), organizado pela autora (2018).

Dentre os estudos voltados à base genética e dinâmica do clima, Pinto (2013; 2017) e Silva (2013) descrevem a dinâmica climática das massas de ar sobre o território tocatinense considerando, dentre outras, a pesquisa de Serra e Ratisbonna (1959; 1960) para a América do Sul. Como pode ser verificado na Figura 15, a atuação dos sistemas atmosféricos é sazonal. No

verão, a Massa Tropical Atlântica (MTA) possui menor atuação no Brasil, mais ao leste e sul. Isto ocorre devido ao recuo e enfraquecimento do anticiclone da MTA no Atlântico, oportunizando a atuação da Massa Equatorial Continental (MEC) no interior do Brasil. A MEC é uma massa de baixa pressão localizada no Amazonas, que é aquecida no verão, recebendo ventos marítimos de leste e norte. A Massa Equatorial Atlântica (MEA) está relacionada aos ventos alíseos, devido ao deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e sua atuação concentra-se predominantemente nas regiões Norte e Nordeste (SERRA; RATISBONNA, 1959; 1960).

Figura 15 – Síntese da atuação dos principais sistemas atmosféricos no Brasil ao longo do (a) Verão e (b) Inverno

Fonte: Serra e Ratisbonna (1959), organizado por Silva (2013, p. 53).

No inverno, a MTA desloca-se para o sudeste do continente. Há a retração da MEC para o seu núcleo de baixa pressão, devido ao domínio de massas atlânticas de alta pressão, a MEA e a MTA. A MTA torna-se o principal sistema atuante no país, tanto nas regiões Sul e Sudeste, como nas latitudes mais baixas das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Nesse período, a MTA aumenta sua temperatura e perde a umidade oceânica ao longo do trajeto no interior do continente. O deslocamento da ZCIT ao norte da linha do equador possibilita também maior atuação da MEA na região Norte. Também é mais presente a Massa Polar Atlântica (MPA) oriunda do polo sul em direção às baixas latitudes, mas dependendo da sua intensidade, desloca- se para vastas extensões do Brasil, podendo chegar à Região Norte e Nordeste (SERRA; RATISBONNA, 1959; 1960).

Dos trabalhos de Serra e Ratisbonna (1959; 1960) e de suas pesquisas, Pinto (2013; 2017) e Silva (2013) extraíram que atuam especialmente no Tocantins os sistemas atmosféricos equatoriais e tropicais. A MEA, proveniente dos quadrantes noroeste, norte e nordeste, traz umidade ao Tocantins nos períodos de primavera e de verão; a MEC, de oeste, possui elevada temperatura e traz umidade oriunda da evapotranspiração da floresta amazônica, da ZCIT e da MEA; a MTA, proveniente do leste, é caracterizada no estado pela baixa umidade do ar no outono e inverno e pelas chuvas de primavera e de verão; e a MPA, proveniente do sul e já tropicalizada no centro do país, atua por meio das frentes causando alguma pluviosidade em conjunto com a MEC e discreta diminuição da temperatura na porção sul ou, no máximo, centro-sul do estado (SILVA, 2013).

Segundo Souza (2010, p. 166), “o Estado do Tocantins é marcado pela sazonalidade do regime climático”. As diferenças são mais acentuadas entre a primavera-verão e o outono- inverno, principalmente no aspecto da disponibilidade hídrica na atmosfera. O Tocantins é caracterizado ainda por excepcionalidades, a partir de manifestação de episódios de calor, de estiagem e de pluviosidade acentuada. Do ponto de vista genético do clima, da mesma forma que Silva (2013) e Pinto (2013), o autor destaca que o território tocantinense é controlado por massas de ar tropicais e equatoriais (MTA, MEA e MEC).

Trabalhos pontuais, como o de Silva e Souza (2016), também demonstram a ação das massas atlânticas (MTA e MEA) a partir do comportamento da ventilação, com clara tendência de predominância de ventos vindo de norte (pela atuação da MEA), principalmente na primavera-verão, e leste (pela atuação da MTA), no outono-inverno.

Souza, Gomes e Rocha (2014) e Souza (2016) apresentaram de forma mais compreensiva os limites tocantinenses e arredores sob a atuação das massas de ar, resultados de um projeto mais amplo, que visa à construção de um atlas climático do Estado do Tocantins. Tais pesquisas demonstraram algumas particularidades acerca da atuação dos sistemas atmosféricos no escopo do estado, apresentado na Figura 16, a exemplo do ano de 2001.

Segundo os autores, a MEA e a MTA atuam ao longo de todo o ano sobre o estado, mas com diferentes percentuais de participação espacial e sazonal. A MEA predomina na porção norte e a MTA predomina na porção central e sul do estado, e são as principais responsáveis pelas chuvas no período de primavera-verão, mas também pela estiagem no período de outono- inverno. Já a MEC atua mais no verão, na porção oeste e centro-sul do estado, contribuindo com parte do teor pluvial de maneira mais incisiva nos meses de fevereiro e março (SOUZA; GOMES; ROCHA, 2014; SOUZA, 2016).

A MPA, já muito tropicalizada e por isto denominada Massa Polar Velha (MPV), é normalmente precedida pela Frente Polar Atlântica (FPA), e por suas variantes e influências indiretas, como as Repercussões da Frente Polar Atlântica (REP-FPA) e Frente Polar Atlântica em Dissipação (FPA-DIS). Tais sistemas atuam nos períodos de outono-inverno e de primavera na porção sul do Tocantins, e raramente centro-sul do estado, podendo contribuir para a geração de chuvas, no entanto, para Souza (2016), sua atuação ainda necessita de maior investigação.

Figura 16 – Esboço da participação dos sistemas atmosféricos sobre o Estado do Tocantins em 2001

Fonte: Souza, Gomes e Rocha (2014, p. 1542).

Souza (2016) apresenta tais atuações em forma de perfis de alguns episódios reais, ilustrando didaticamente a atuação das massas de ar na região. Os perfis foram traçados no sentido norte-sul, desde a cidade de Marabá, PA até cidade de Posse, GO, cruzando o Estado do Tocantins, passando ao centro pela cidade de Palmas, e também no sentido leste-oeste, passando por Pedro Afonso, TO.

Os perfis da Figura 17 demonstram um período típico de outono-inverno, em junho de 2007, com predominância da MTA em todo o estado, com tempo quente e seco, e por vezes predominância da MEA na porção norte do Tocantins. O tempo característico nesse período de outono-inverno é de céu aberto e insolação excessiva, temperaturas máximas acima de 30ºC e mínimas abaixo de 20ºC (SOUZA, 2016). Pela localização central da cidade de Palmas, percebem-se maiores oportunidades de predominância da MTA que da MEA.

Figura 17 – Atuação da Massa Tropical Atlântica (MTA) e da Massa Equatorial Atlântica (MEA) no Tocantins, em típicos episódios de outono-inverno

Fonte: Souza (2016, p. 2275).

É possível ver a atuação da MEC na porção oeste do Tocantins no perfil da Figura 18, de fevereiro de 2001, a partir do recuo da MTA. A atuação da MTA e MEA é muito comum na estação chuvosa, no período de primavera-verão, mas ocorre eventualmente a atuação da MEC na porção central e oeste do estado, sobretudo no verão, quando a MEC também é responsável por registros pluviais. Segundo Souza (2016), a presença da MEC também está relacionada com o avanço de sistemas frontais sobre o oceano Atlântico, deslocando o centro de ação responsável pela MTA e MEA (alta pressão subtropical).

Figura 18 – Atuação da Massa Equatorial Continental (MEC) na porção oeste do Tocantins em episódio de verão

Fonte: Souza (2016, p. 2274).

Na Figura 19, os perfis de novembro de 2000 e 2007 demonstram a entrada dos sistemas polares e frontais (e suas variantes) pela porção sul do estado. Ocorre queda suave das

temperaturas, mudança no padrão dos ventos e teores de chuvas, geralmente nas localidades mais ao sul do estado (SOUZA, 2016). Por vezes, esses sistemas atingem a cidade de Palmas, mas por sua posição limítrofe, podem se tornar muito sutis.

Figura 19 – Invasão de ar polar tropicalizado (MPV) e atuação frontal (FPA, REP-FPA, FPA-DIS) na porção sul do Tocantins em episódios de primavera

Fonte: Souza (2016, p. 2271 e 2272).

Em resumo, Souza, Gomes e Rocha (2014) e Souza (2016) descrevem que a centralidade do Estado do Tocantins no âmbito do território brasileiro e sua distância em relação aos principais centros de ação atmosféricos (altas pressões subtropicais e polares, baixas pressões

equatoriais) o expõe ao limite de atuação (bordas) de variados sistemas atmosféricos, provenientes das faixas equatoriais, tropicais e, eventualmente, até polares.

Como a cidade de Palmas localiza-se na porção central do Estado, aumentam as dificuldades para a identificação das situações atmosféricas, especialmente na primavera-verão, quando há o recuo do anticiclone da MTA para o Atlântico Sul, e a possibilidade de maior atuação da MEC e demais sistemas de baixa pressão. Em alguns momentos, é necessário consultar os dados de outras localidades, principalmente ao sul do Tocantins, para identificar a atuação geral das massas de ar no estado.

Do ponto de vista intraurbano na cidade de Palmas, o trabalho de Paz (2009) observou alguns gradientes climáticos a partir da variável temperatura, identificando na cidade ilhas de calor em áreas mais densamente construídas (área central), e ilhas de frescor, a partir da presença de vegetação (áreas próximas às áreas verdes preservadas e aos córregos). A pesquisa de Freitas (2015) também identificou indícios de gradientes térmicos sobre a cidade, de forma distinta nos episódios de primavera-verão (fevereiro/março) e outono-inverno (agosto/setembro). No primeiro período, o autor verificou menores amplitudes térmicas e evidenciou que as variações espaciais foram menores, em virtude dos tipos de tempo característicos dessa época do ano. No outono-inverno, segundo o autor, a temperatura obteve uma elevação em pontos de maior adensamento urbano, bem como baixa umidade, falta de ventilação e céu claro, com maiores amplitudes térmicas. Nos dois períodos, o autor verificou que a temperatura do ar se manteve alta, apesar da elevação no outono-inverno.

A tese de doutorado de Pires (2017) avaliou a influência do reservatório da UHE Luís Eduardo Magalhães (que forma o lago de Palmas) na paisagem e em parâmetros de superfície135 do seu entorno (temperatura, índice de vegetação, evapotranspiração e albedo136), por meio de dados de satélite e mapeamentos da cobertura e uso da terra, antes e após sua implantação, entre os anos 2000 e 2014. Pires (2017) constatou que a temperatura de superfície foi o parâmetro que teve maior alteração, aumentando nas áreas de maior influência antrópica, tanto em áreas que tiveram a urbanização intensificada, como em áreas agrícolas e de pastagens. O albedo também sofreu elevação em algumas áreas, o que, segundo a autora, implica em redução na formação de nuvens, e, consequentemente, nos índices de precipitação. Tal fato foi ainda constatado pela autora nos dados do INMET, em que os registros apresentaram redução nas

135 Tais dados diferem das estações meteorológicas, tanto em termos espaciais, pois referem-se à superfície, enquanto nas estações são medidos a uma determinada altura do solo, como em termos temporais, pois os dados satelitários utilizados correspondem a um horário específico, entre 10h00 e 10h30 (PIRES, 2017).

chuvas nos meses de setembro a dezembro. Aliado a estes fatores, a autora constatou que o índice de vegetação teve redução em várias áreas, assim como a evapotranspiração, ambos ocasionados pela expansão das áreas agrícolas e pela retirada da vegetação nativa. Ao mesmo tempo, entre 2000 e 2014, a autora constatou uma diminuição de 4% de formações florestais, 61% de formações campestres, 22% de Cerrado sentido restrito ralo, 24% de Cerrado sentido restrito denso, um aumento de 66% nas áreas urbanas, com maior expansão em Palmas e Porto Nacional, e de 947% nas áreas agrícolas. A autora concluiu que as alterações observadas nos parâmetros biofísicos locais foram resultado das alterações da cobertura e uso da terra, decorrentes da implantação do reservatório e das políticas de ocupação e desenvolvimento promovidas pelo Estado.

Esses estudos demonstram que as pesquisas sobre o clima de Palmas precisam de maior aprofundamento, e, da mesma forma, maior investigação em como tais condições afetam a percepção da população, o que exige metodologias distintas, conforme descrição na seção seguinte.

Procedimentos da pesquisa

A partir da problemática apresentada, dos objetivos delineados, dos amparos teóricos revisados e pressupostos metodológicos no estado da arte, partiu-se para as propostas metodológicas, sintetizadas no fluxograma demonstrado na Figura 20.

O tratamento dos temas gênese e dinâmica climática, percepção climática e conforto térmico desenvolveu-se em vários níveis de observação e análise, claramente divididos em dois grandes conjuntos, conforme definição do objetivo geral da pesquisa, abordando os aspectos objetivos e subjetivos. A separação é necessária, tendo em vista que a natureza dos dados e as técnicas de análise das duas abordagens são distintas, mas tratadas aqui de forma interdisciplinar, sem contraposição, evidenciando que a abordagem objetiva e a abordagem subjetiva “se complementam e uma não desqualifica a outra” (SOUZA, L., 2013, p. 38).

A abordagem objetiva teve enfoque genético e dinâmico no tratamento do clima e considerando também o enfoque biometeorológico no tratamento do conforto térmico, integrando-os com a análise rítmica. A abordagem subjetiva utilizou técnicas descritas em Whyte (1977), complementando as estratégias tradicionais de percepção ambiental com aplicação de questionários (perguntando) e a análise fenomenológica (ouvindo). As abordagens são detalhadas nas seções seguintes.

Figura 20 – Estrutura da Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora (2018).