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C ATEGORIAS DE A NÁLISE E T RIANGULAÇÃO DOS D ADOS

Para responder às perguntas que nortearam este trabalho, as categorias de análise utilizadas foram:

Pergunta 1 (Cap.4 – item 4.1) - utilizamos-nos dos pressupostos teóricos que sustentam nossa pesquisa, em especial os conceitos vygotskyanos sobre construção de conhecimento.

Pergunta 2 (Cap. 4 - item 4.2) - a interpretação dos dados foi pautada no modelo de análise proposto por Bronckart (2003) para a descrição e análise de textos. Além disso, utilizamos os planejamentos das aulas para que pudéssemos verificar se as características principais de uma HI foram consideradas ou não e como os jogos de leitura podem ser utilizados na transposição didática do gênero HI.

Para respondermos à pergunta 3 (Cap. 4 – item 4.3), os dados coletados foram analisados a partir dos conceitos de pista de contextualização, desenvolvidos no campo da sociolingüística interacional. Com isto, buscamos verificar se a ação pedagógica da professora contribuiu ou não para a proposta de ensino aqui apresentada. A estes construtos teóricos somamos a teoria bakhtiniana sobre apreensão do discurso do outro, a fim de que pudéssemos compreender como as palavras alheias emergiram nas aulas analisadas e como estas contribuíram para a construção dos conhecimentos socialmente organizados.

Além disto, servimo-nos da descrição detalhada de cada atividade após a sua realização, ou seja, do que efetivamente aconteceu na sala de aula, assim como a descrição das transcrições das aulas gravadas.

Outra preocupação nossa foi a de assegurarmos a validade da pesquisa que, segundo André e Ludke (2001, p.51), neste tipo de trabalho, é de grande importância - afirmam que, se o estudo pretende retratar o fenômeno pesquisado de forma completa, é preciso que os dados sejam coletados numa variedade de situações, em momentos diversos e com fontes variadas de informação.

Para isto, Denzin (1998) acredita que o pesquisador possa recorrer à triangulação dos dados, ou seja, checagem de um dado obtido por meio de diferentes métodos de coleta, que se centrariam nos mesmos aspectos para confirmação ou não-confirmação sistemática.

Diante de tais considerações, a validade deste trabalho foi feita principalmente através de: (1) transcrição das gravações das aulas (ANEXOS I, J, K, L, M, N, O e P); 2) planejamento das aulas e descrição detalhada do que efetivamente nelas ocorreram; 3) Contagem dos turnos de cada sujeito envolvido analisando se estes foram feitos em LE, LM, LE + LM – alternância de código lingüístico - (ANEXO Q); e (4) realização do Grupo Focal (Krueger, 1997), um instrumento de coleta de dados que detalhamos a seguir.

5.7.1 O Grupo Focal Como um Instrumento de Coleta e Certificação dos Dados.

De acordo com Krueger (op.cit.), Grupo Focal é uma técnica de pesquisa, dentre as consideradas de abordagem rápida, que permite a obtenção de dados de natureza qualitativa a partir de sessões em grupo. Tal técnica é planejada e guiada entre participantes de um grupo seleto para examinar um tema em

particular. Deve haver a presença de um moderador do grupo, com aproximadamente 10 pessoas, numa discussão que tem por objetivo revelar experiências, sentimentos, percepções, preferências.

Outro aspecto enfatizado pelo autor é o de que os grupos são formados por participantes com características em comum e incentivados pelo moderador a conversarem entre si, trocando experiências e interagindo sobre suas idéias, sentimentos, valores, dificuldades, etc. Neste contexto, o papel do moderador é o de promover a participação de todos, evitar dispersão dos objetivos da discussão e monopolização de alguns participantes sobre outros. O moderador deve orientar-se por um roteiro de perguntas basicamente de cinco tipos: perguntas abertas, introdutórias, de transição, perguntas-chave e finalizadoras. Além disto, as perguntas devem envolver os participantes (reflexões, exemplos, escolhas, etc.) e devem obedecer a uma seqüência: perguntas que vão do geral para o específico.

As perguntas feitas para o grupo, previamente programadas58, foram: 1) Vocês lembram as histórias que a teacher contou para vocês? 2) Quando se fala em usar histórias na aula de inglês... histórias na aula de inglês... O que é que vem na cabeça de vocês? 3) O que vocês acharam desta história aqui: “The Grouchy Ladybug”? 4) Vocês se lembram das atividades que nós fizemos com esta história? 5) Qual destas atividades vocês mais gostaram? 6) A história não foi contada de uma só vez, ela foi sendo contada parte por parte. O que isto trazia para você? Curiosidade, raiva... ? 7) E em termos de língua, de língua inglesa, de inglês, vocês acham que é mais fácil aprender inglês com as histórias, é mais difícil ou tanto faz?

58

Motta-Roth (2003, p.172) caracteriza uma pesquisa realizada sob a perspectiva êmica - a que considera os valores e a interpretação do grupo sobre sua própria dinâmica cultural e usa descrições detalhadas das condições materiais do contexto e dos significados compartilhados internamente pelos membros do grupo envolvido em uma determinada pesquisa. Além disto, Motta-Roth (2004 – Informação Verbal)59 acredita na necessidade de se conhecer o ponto de vista dos sujeitos da pesquisa pois é importante que o pesquisador analise as atitudes dos participantes, mas também conheça a sua opinião de forma explícita.

Assim, neste capítulo, apresentamos as informações relacionadas à metodologia de pesquisa utilizada, descrevemos o contexto e os sujeitos nela envolvidos. Em seguida, relatamos o planejamento das aulas e as atividades realizadas com os alunos como uma forma de transpor didaticamente as HIs para o contexto de sala de aula. Após os planejamentos, trouxemos a descrição das aulas, para que pudéssemos ter uma visão do planejado e do realizado. Na continuidade, apresentaremos os resultados dos dados coletados deste estudo, por meio dos quais responderemos às perguntas de nossa pesquisa.

59 Pesquisa sobre gêneros discursivos; uma investigação sobre textos, atividades e relações sociais. Seminário em Estudos Avançados, ministrado na Universidade Estadual de Londrina, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem.

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

“S1 - Histórias de... em Inglês é diferente...”.

(Grupo Focal - 25/11/03)

Tendo explicitado, no capítulo anterior, a metodologia utilizada na coleta e análise dos dados, neste capítulo, apresentaremos e discutiremos os resultados da análise e interpretação dos dados, visando responder às perguntas da pesquisa, apresentadas no capítulo de Introdução deste trabalho.

Portando, na seção 4.1, estudaremos 1) como as HIs foram utilizadas como instrumento no ensino de inglês para crianças e se, no ato de compartilhar os temas por elas abordados, houve a formação de conceitos e a construção de novos conhecimentos; em seguida, na seção 4.2 identificaremos 2) se a prática considerou as principais características do gênero HI; e na seção 4.3 avaliaremos 3) até que ponto a maneira de a professora conduzir as aulas contribuiu ou não para o ensino da língua inglesa por meio de histórias infantis.

Os dados serão trabalhados como um todo. No entanto, as transcrições das aulas serão apresentadas por meio dos recortes que nos pareceram mais significativos.