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Tabela 1: Convenções para Transcrição

Ocorrências Sinais Exemplificação

Teacher T T- How are you people?

Aluno/aluna não identificado/identificada, inclusive o sexo.

As As – No…

Vários alunos ao mesmo tempo. Ss Ss – No…

Aluno ou aluna identificado, identificada. Sn * Sn – Hot!

Aluno ou aluna com o nome mencionado L. ** Agora não, né L.?

Aluno com nome repetido L.H. *** Foi o L.H.

Professora e alunos falando juntos T e Ss T e Ss – Reaching out with its long front legs.

Indicação de transcrição parcial ou eliminada. (...)

Incompreensão de palavras ou segmentos. ( ) S2 – ( ) Comentário da transcritora e descrição das ações

ocorridas naquele momento.

(( )) T- But… she is not crying… and she is like this… ((franze a testa, fazendo cara de emburrada)) She is... ((aponta para o título do livro))... GROUCHY!

Entonação enfática Maiúscula S3 - Teacher tá MUITO (fácil).

Citações literais ou leitura de textos “ ” T- No, look, “If you insist said the friendly ladybug sweetly” Let’s repeat?

Sinal de entonação correspondente à pergunta. ? S7 – Bichinho?

Sinal de entonação correspondente à exclamação. ! S3 – Breakfast!

Risos @@@ S7 - @@@ ((Sorri e nega com a cabeça))

Trecho falado com risos <@@@> A-Acho que não <@@@>

Sinais de prolongação de fala ... S1 - Tão comendo a folha…

* Cada aluno será identificado com a letra S seguida de um número.

Como temos um número de 10 (dez) alunos, as indicações variam entre S1 e S10.

** Os alunos cujos nomes são mencionados e, portanto, transcritos, serão identificados pela primeira letra do nome em letra maiúscula.

*** No caso de alunos que tenham o mesmo nome, dentro da mesma turma, estes serão identificados como a primeira letra do nome em maiúscula e a primeira letra do sobrenome também em maiúscula.

das características consideradas importantes por alguns autores que trabalham com literatura infantil (COELHO, 2002; CUNHA, 1999): abordem temas significativos para os alunos, ou seja, que façam parte do “mundo” das crianças, contenham ilustrações, estimulem a sua imaginação e ajudem na compreensão das histórias.

Outra razão que levou à escolha destes livros deve-se ao fato de que tais histórias não foram escritas com uma finalidade didática, ou seja, adaptada para o ensino de línguas. São histórias lidas e contadas para crianças nativas53, o que faz da linguagem nelas contida bastante natural, real, sem modificações ou adaptações lingüísticas voltadas para o ensino de línguas.

Consideramos tal aspecto importante, pois o aluno terá a oportunidade de ter contato com uma linguagem “natural”, sem a preocupação com a delimitação de estruturas lingüísticas ou lexicais.

Um ponto significativo são as informações e conceitos contidos na quarta-capa de um dos livros (The Grouchy Ladybug), os quais podem ser explorados em um contexto educacional, o que caracterizou o ponto de partida para a elaboração das atividades: a não utilização de certas expressões que regem as boas normas de convivência social como “bom dia”, ”por favor” e “obrigado”; e a

“promessa” feita pelo autor de que as crianças irão rir e aprender; logo entendemos tratar-se de um livro que diverte e, ao mesmo tempo, ensina, ou seja, ideal para o público infantil54.

Após observarmos tais questões, percebemos que poderíamos desenvolver atividades que contemplassem também aspectos sociais envolvidos nas relações entre dois seres da mesma espécie. Somado este fato, os alunos não

53 Consideramos como nativas crianças nascidas e criadas em um ambiente cuja língua inglesa seja a LM.

54 ”The Grouchy Ladybug didn’t say ‘please’ or ‘thank you’; it wouldn’t share; it thought it was bigger and more

conheciam o enredo das histórias em Português, o que vinha ao encontro de nossos desejos: utilizar uma história totalmente desconhecida pelos alunos55.

Por tudo isto, optamos pela história The Very Busy Spider para realizarmos a aula diagnóstica e o livro The Grouchy Ladybug, para desenvolvermos as aulas que foram posteriormente analisadas. As duas histórias são do autor norte-americano Eric Carle e faziam parte da biblioteca particular da professora-pesquisadora. Com enredos contendo basicamente três momentos centrais da história (situação inicial, complicação e resolução), ilustrações coloridas e considerando que estas abordavam histórias sobre animais, seguindo as orientações de Coelho (2002), um dos autores sobre os quais nos fundamentamos, planejamos parcialmente as atividades a partir dessas etapas, que resultaram em uma aula diagnóstica (The Very Busy Spider) e mais seis aulas (The Grouchy Ladybug), conforme explicitaremos mais adiante.

5.5.1 Conhecendo as Histórias

A HI utilizada na aula diagnóstica, The Very Busy Spider, narra a história de vários animais que se encontram com uma aranha muito ocupada.

Embora cada animal a convidasse para fazer algo, ela não respondia a nenhum dos convites, pois estava muito ocupada construindo sua teia.

O último animal a se encontrar com a aranha não a convida para fazer nada, mas admira a obra de arte construída e pergunta quem havia feito aquilo. No entanto, a aranha novamente não responde a pergunta e, desta vez, não

55 Considerando que outras pesquisas foram desenvolvidas utilizando outros critérios para a escolha das atividades.

pelo fato de estar trabalhando, mas por estar adormecida, muito cansada após um dia inteiro de trabalho.

A HI trabalhada nas aulas seguintes, The Grouchy Ladybug, possui 2 personagens principais e 12 animais que aparecem ao longo da história, sendo os dois personagens principais duas joaninhas: uma educada e amigável e outra rabugenta e brigona.

Logo na primeira página, o autor situa o tempo e o espaço em que a história tem início: era noite (“It was night...”) e, utilizando-se das ilustrações, apresenta o local em que a história começa: uma floresta.

Alguns vaga lumes dançavam ao redor da lua e, ao amanhecer, surge a joaninha educada que estava comendo os pulgões das folhas como café da manhã. Neste momento, aparece, vinda do outro lado, a joaninha rabugenta que também quer comer os pulgões no café-da-manhã.

Diante da situação, a primeira joaninha cumprimenta a outra com

“Good morning”, ao que a segunda responde de forma rude: “Go away. I want those aphids”56. No entanto, por se tratar de um animal educado, esta sugere que elas dividam os pulgões. A joaninha rabugenta não aceita a sugestão e chama a joaninha educada para a briga.

Sendo desafiada para a briga, a joaninha amigável responde: “If you insist...”, já que a outra insistia, deixando implícito que ela aceitaria o desafio. Diante disto, a joaninha brigona se justifica dizendo que a outra não era grande o suficiente para brigar com ela: “You’re not big enough for me to fight” e, aceitando a sugestão da primeira, parte em busca de um animal maior que fosse grande o suficiente para brigar com ela.

Nesta busca por alguém que tenha o tamanho ideal para a briga, a joaninha rabugenta encontra-se respectivamente com uma abelha, um besouro, um louva-a-deus, um passarinho, uma lagosta, um gambá, uma cobra, uma hiena, um gorila, um rinoceronte, um elefante e, por fim, uma baleia.

Chamamos a atenção para o fato de que os animais vão ficando maiores com o desenrolar da história e, além disso, o autor lança mão das ilustrações como recurso visual para enfatizar a desproporção entre o tamanho da joaninha e dos animais que ela encontra pelo caminho. A cada encontro, o animal é maior e o desenho do inseto fica menor em relação ao outro. Mesmo assim, a joaninha não está convencida e continua a desafiar os animais para a briga.

Em acréscimo, temos ainda o desenho da posição do sol que vai se modificando conforme muda o horário em que a joaninha encontra cada animal.

Reforçando este aspecto cronológico, há um pequeno relógio no mesmo lado de cada folha, indicando o horário que cada encontro ocorreu, apesar de este dado estar registrado na própria parte da história escrita.

Todos estes recursos visuais presentes nas referidas HIs reforçam a nossa concepção sobre a importância de todo um conjunto de elementos que caracterizam um determinado gênero. Sendo assim, além do que até aqui já apresentamos sobre a ilustração nas HIs, voltaremos a abordar este tema quando discutirmos um dos elementos considerados no modelo bronckartino de análise textual, o plano textual global.

Com isto, buscamos entender,ao longo de nossas considerações, a riqueza dos elementos que compõe um gênero textual.