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T RANSPONDO D IDATICAMENTE AS H ISTÓRIAS I NFANTIS

Conforme mencionamos no capítulo introdutório deste trabalho, diante da preocupação em oferecer um ensino de inglês com qualidade e que também contemplasse a realidade do universo infantil, passamos a fazer leituras buscando o aprimoramento de nossa prática pedagógica. Tais pesquisas nos conduziram a alguns autores que defendiam a importância e a eficácia do uso de histórias infantis no ensino da língua inglesa para crianças (PRADO, ROCHA, PRADO, 2001; WRIGHT, 1995, 1997; ELLIS e BREWSTER, 1991; MORGAN e RINVOLUCRI, 2002; PEDERSEN, 1995; STOCKDALE, 1995; MALKINA, 1995).

Especialmente ao lermos Wright (1995), deparamo-nos com várias sugestões de atividades para o ensino da língua inglesa a partir de histórias infantis,

51 Os critérios de escolha não estão em ordem de prioridade.

pois, nesta obra, o autor defende a importância da atividade, acredita que, para aprender inglês como LE, alguns fatores sejam fundamentais e as histórias vão ao encontro dessas necessidades.

Assim, as atividades realizadas com os alunos durante esta pesquisa foram inspiradas fundamentalmente nos autores supra mencionados, cujas propostas giram em torno de oferecer idéias práticas aos professores de inglês que trabalham com crianças. Desta forma, optamos por chamar tais atividades de jogos de leitura, seguindo a sugestão de Sandroni e Machado (1987) que denominam atividades apoiadas na leitura prévia de um livro de histórias como jogos de literatura.

5.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

A coleta dos dados foi dividida em duas etapas: uma aula que chamamos de aula diagnóstica, desenvolvida a partir da HI The Very Busy Spider (ANEXO A), do autor Eric Carle; e outras seis aulas nas quais desenvolvemos uma unidade didática a partir de outra HI, The Grouchy Ladybug (ANEXO B), de autoria do mesmo autor.

A escolha por seis aulas justifica-se a partir do número de atividades planejadas que seriam realizadas após cada etapa contada da história.

De acordo com Seliger e Shohamy (1990), é importante que se verifique a qualidade do procedimento antes que este seja efetivamente aplicado;

assim, possíveis mudanças e adaptações podem ser realizadas a fim de que se tire o máximo proveito dos dados obtidos. Além disso, estes mesmos autores enfatizam

a importância da análise de uma atividade piloto, pois acreditam que isso pode conferir maior segurança na realização da pesquisa em si.

Desta forma, a primeira etapa constituiu-se de uma aula diagnóstica na qual a professora pesquisadora contou a história The Very Busy Spider, de Eric Carle, buscando não apenas perceber e registrar o envolvimento, motivação e interesse dos alunos ao ouvirem uma história totalmente desconhecida por eles, mas também: 1) verificar os conhecimentos prévios destes alunos sobre este gênero, ou seja, perceber se as características básicas presentes em uma história para criança podiam ser reconhecidas pelos alunos: autor, presença do título, personagens, etc.; e 2) identificar as capacidades de linguagem já dominadas pelos alunos.

A aula diagnóstica, a qual foi imediatamente transcrita, na tentativa de observar se os dados resultantes poderiam ser utilizados de maneira a atender nossas necessidades. Esta aula foi gravada somente em áudio, o que resultou na comprovação da necessidade de gravações em vídeo para que os detalhes não verbais (atitudes dos alunos, ações presentes no decorrer da aula, etc.) pudessem ser também considerados na análise52.

A opção pela gravação em vídeo justifica-se pela necessidade apresentada neste tipo de pesquisa na qual os dados são coletados em seu ambiente natural e depois revistos e analisados (SELIGER e SHOHAMY, 1990).

Além disso, sentimos a necessidade de incluirmos em nossos dados o registro descritivo das ações, expressões e movimentos manifestados em sala de aula.

Tais detalhes são considerados importantes por Altrichter, Posch e Somekh (1993), ao sugerirem a elaboração de comentários sobre o processo de

52 Consideramos a realização da aula diagnóstica importante para que pudéssemos, observando os conhecimentos prévios dos alunos, planejarmos as aulas que serviriam de corpus para nossa pesquisa. Apontada por Nunan (1993) como um conceito importante presente na pesquisa-ação que é o da prática reflexiva.

coleta de dados. Servimo-nos de tal orientação como suporte para que tomássemos esta conduta na transcrição dos dados.

Uma semana depois, iniciamos a contação da história The Grouchy Ladybug, do mesmo autor. Nesta fase, a história foi contada em partes pela própria professora-pesquisadora e, após cada parte da história contada e explorada em sala de aula, foram executadas algumas atividades relacionadas, descritas no decorrer deste mesmo Capítulo.

O corpus da pesquisa se constituiu a partir de material obtido de gravação em vídeo de seis aulas de inglês. A duração de cada aula foi de, aproximadamente, 45 minutos. A pesquisadora obteve, para isto, autorização da direção do colégio (ANEXO C), da coordenação do Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries (ANEXO D) e dos pais dos alunos (ANEXO E). A necessidade da autorização da instituição e dos responsáveis pelos alunos para que estes participassem da pesquisa encontra apoio em André e Ludke (2001), que postulam ser o método de observação muitas vezes considerado antiético porque invade a privacidade dos sujeitos sem lhes pedir permissão. Assim, foi solicitado o pedido de consentimento aos pais e responsáveis dos sujeitos para a realização da pesquisa.

5.4.1 Transcrição dos Dados

Os dados coletados foram por nós transcritos a partir do padrão sugerido por Tavares (2002, p.99), com algumas adaptações tendo, ao final, o seguinte roteiro:

Tabela 1: Convenções para Transcrição

Ocorrências Sinais Exemplificação

Teacher T T- How are you people?

Aluno/aluna não identificado/identificada, inclusive o sexo.

As As – No…

Vários alunos ao mesmo tempo. Ss Ss – No…

Aluno ou aluna identificado, identificada. Sn * Sn – Hot!

Aluno ou aluna com o nome mencionado L. ** Agora não, né L.?

Aluno com nome repetido L.H. *** Foi o L.H.

Professora e alunos falando juntos T e Ss T e Ss – Reaching out with its long front legs.

Indicação de transcrição parcial ou eliminada. (...)

Incompreensão de palavras ou segmentos. ( ) S2 – ( ) Comentário da transcritora e descrição das ações

ocorridas naquele momento.

(( )) T- But… she is not crying… and she is like this… ((franze a testa, fazendo cara de emburrada)) She is... ((aponta para o título do livro))... GROUCHY!

Entonação enfática Maiúscula S3 - Teacher tá MUITO (fácil).

Citações literais ou leitura de textos “ ” T- No, look, “If you insist said the friendly ladybug sweetly” Let’s repeat?

Sinal de entonação correspondente à pergunta. ? S7 – Bichinho?

Sinal de entonação correspondente à exclamação. ! S3 – Breakfast!

Risos @@@ S7 - @@@ ((Sorri e nega com a cabeça))

Trecho falado com risos <@@@> A-Acho que não <@@@>

Sinais de prolongação de fala ... S1 - Tão comendo a folha…

* Cada aluno será identificado com a letra S seguida de um número.

Como temos um número de 10 (dez) alunos, as indicações variam entre S1 e S10.

** Os alunos cujos nomes são mencionados e, portanto, transcritos, serão identificados pela primeira letra do nome em letra maiúscula.

*** No caso de alunos que tenham o mesmo nome, dentro da mesma turma, estes serão identificados como a primeira letra do nome em maiúscula e a primeira letra do sobrenome também em maiúscula.