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1 CONCEPÇÕES DE ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, MERCADOS E SUAS

1.6 Mercados, Cadeias Curtas de Abastecimento alimentar/Redes Alimentares Alternativas

1.6.2 Cadeias Curtas de Abastecimento Alimentar (CCAA) e Redes Alimentares Alternativas

mercados locais e territoriais, porém, algumas agroindústrias participantes da pesquisa, também atendem a os mercados públicos e institucionais. Sendo assim, fica claro as relações locais e de proximidade presentes nos mercados que estas agroindústrias familiares rurais se inserem, corroborando com Wilkinson (2008), que a partir do ponto de vista de Granovetter, afirma que os mercados da agroindústria familiar rural podem ser vistos fundamentalmente como extensão das relações familiares e de confiança, podendo assim, mesmo esta produção sendo de origem informal, conseguir atingir camadas da elite local, pois este produto adquire reputação de qualidade, sendo esta, uma prerrogativa de relações de parentesco, vizinhança, conhecimentos pessoais e transações repetidas entre os atores, firmando relações sólidas de confiança e lealdade, blindando estes mercados a pressões externas (mercadológicas ou reguladoras).

Wilkinson (2008, p.16), afirma que os mercados de maior importância para a agricultura familiar “é conquistado por distintos processos de fidelização, com base na identificação dos produtos e dos processos produtivos com características específicas”. Sendo que na agricultura familiar, a construção e participação nestes referidos mercados, é uma das estratégias para o escoamento de sua produção, tendo como intuito, atender as necessidades materiais e de reprodução social da unidade familiar, buscando o seu desenvolvimento, através de alternativas autônomas, para a superação das formas convencionais de mercado. Sendo assim, dentro da agricultura familiar, algumas alternativas, a exemplo, a agregação de valor via agroindústrias familiares rurais é uma maneira de se superar esses mercados convencionais, e participar da construção de outros mercados.

1.6.2 Cadeias Curtas de Abastecimento Alimentar (CCAA) e Redes Alimentares

que a alimentação se desenraizou, perdendo sua conexão com sua base natural, se desconectando dos seus laços culturais e geográficos (Schneider e Gazolla, 2017). Os referidos autores, argumentam que cadeias agroalimentares são cadeias agroindustriais, sendo composta por uma complexa rede de agentes intermediários (fornecedores de sementes, insumos, implementos, unidades de transformação e etc.). Sendo as mesmas consideradas como cadeias agroalimentares longas, pois rompem os elos entre a produção e o consumo, saindo da lógica de produção de alimento e se deslocando para a produção de mercadoria (capital).

Para Schneider e Gazolla (2017, p.11), essas cadeias agroalimentares longas, por serem desenraizadas, não possuindo relações entre quem produz e quem consome, acabam desenvolvendo estratégias para conectar o consumidor a mercadoria, fazendo se uso de

“mecanismos de certificação, rastreabilidade e acreditação para satisfazer os receios dos consumidores quanto à qualidade e a sanidade dos produtos”. Desta maneira, a produção local de alimentos tem sido debatida como uma das alternativas para a superação da globalização, pois a mesma contempla desde as preocupações ambientais, aos aspectos socioeconômicos e a geração de ocupação no campo (FORNAZIER E BELIK, 2013).

Desta maneira, neste trabalho, iremos partir do entendimento dos referidos autores (RENTING, MARSDEN E BANKS, 2003 e 2017; GOODMAN, 2017; FORNAZIER E BELIK, 2013; SCHNEIDER E GAZOLLA, 2017), quanto a discussão da formação de novas cadeias agroalimentares, considerando assim as cadeias curtas de abastecimento alimentar (CCAA) 29 e redes agroalimentares alternativas (RAA), como uma nova maneira de produção e escoamento de produção, porém, as mesmas se inserem em um debate mais profundo, quanto a cadeias de valor. Para Schneider e Gazolla (2017), cadeia de valor são atividades que acrescentam valoração a um produto (mercadoria ou serviço) ao longo das fases de produção, buscando atender as demandas dos consumidores. No entanto, iremos nos ater neste trabalho, quanto a conceituação das cadeias curtas de abastecimento e seus sinônimos e as redes alimentares alternativas.

29 O referido termo também pode ter outras denominações na literatura, sendo: Cadeias Curtas; Circuitos Breves de Produção-Consumo; Redes (ou sistemas) Agroalimentares Alternativos; Cadeia Alimentar Sustentável ou mesmo Circulação Curta.

Desde a década de 1990 as redes alimentares alternativas (RAA) vem sendo objeto de estudo, estando fortemente ligado as críticas ao sistema agroalimentar convencional, é um termo utilizado geralmente, que abrange redes emergentes de produtores, consumidores e outros atores, tendo como exemplo empírico a agricultura orgânica, produção de especialidades e venda direta (RENTING, MARSDEN E BANKS, 2003 e 2017). O uso dos termos RAA e CCAAs muitas vezes é utilizado como sinônimos, porém, existem diferenças, sendo a principal, correlacionada a análise e interpretação teórica destes processos sociais, para alguns autores, se prefere mobilizar o referencial da abordagem das cadeias de valor, enquanto outros optam pela análise de redes sociais, sendo que aquele que foca a cadeia curta de valor, acaba focando o processo de interação dos produtores com os consumidores, buscando novas formas de gestão e inovação dos produtos, já aqueles que trabalham com o enfoque nas redes alimentares discutem os aspectos que se relacionam com o consumo como um ato político em face do modelo produtivo hegemônico (SCHNEIDER E GAZOLLA, 2017). Para Renting, Marsden e Banks (2017, p.29), “o conceito de CCAA é mais específico que o de RAA e abrange, preferentemente, (as inter-relações entre) atores que estão diretamente envolvidos na produção, processamento, distribuição e consumo de novos produtos alimentares”.

Sendo assim, segundo, Schneider e Gazolla (2017, p.11)

As cadeias agroalimentares curtas de abastecimento podem ser entendidas como expressão da vontade dos atores envolvidos em uma cadeia de valor em construir novas formas de interação entre produção e consumo, mediante o resgate da procedência e da identidade dos produtos, assentada não apenas em critérios de preço, mas também em valores sociais, princípios e significados simbólicos, culturais, éticos e ambientais.

Neste sentido, as cadeias curtas de abastecimento alimentar trabalham na lógica da exclusão ou redução de intermediadores nas relações entre os consumidores e produtores familiares, encurtando a passagem deste produto nas cadeias de valor, tendo como princípio a possibilidade de rastreabilidade do produto, podendo se identificar aqueles que produziram e que processaram aquele produto. Segundo Renting, Marsden e Banks (2003 e 2017), essas CCAAs podem ser tipificadas em 3 tipos, sendo a primeira categoria baseada nas interações face a face, sendo que os consumidores adquirem os alimentos diretamente dos produtores e/ou processadores, coincidindo com a definição de vendas diretas, a exemplo da venda na beira da estrada, vendas de porta em porta, colha e pague, feiras da agricultura familiar, além da internet

que também tem proporcionado este tipo de venda, principalmente através de aplicativos e redes sociais (Whatzapp, Instagram, telegram e facebook).

A segunda categoria é a proximidade espacial, onde os produtos são produzidos e distribuídos por uma região geográfica específica, sendo que os consumidores constantemente buscam estes produtos no local de sua produção, e/ou em locais de comercialização, valorizando o regional, podem incluir atores intermediários (ex: mercearias locais, restaurantes, varejistas especializados, lojas de produtos dietéticos). Já na terceira categoria, às cadeias especialmente estendidas, o alcance dos produtos atingem regiões fora da localidade de produção, sem nenhum vínculo entre o consumidor com aqueles produtores, podendo também atingir mercados nacionais e globais (a exemplo os vinhos, queijos, café e chás), porém, mesmo atingindo longas distancias “os mesmos ainda são cadeias “curtas” de abastecimento de alimentos: não é a distância percorrida pelo produto que constitui o fator crítico, e sim o fato de o mesmo incorporar informação portadora de valor ao alcançar o consumidor” (RENTING, MARSDEN E BANKS, 2017, p.37). Geralmente os mesmos fazem uso de selos de qualidade ou origem e certificados (labels) para diferenciação dos produtos.

Além destas 3 tipificações das CCAAs, nos estudos realizados por Renting, Marsden e Banks (2003), foi definido a existência de duas diferentes definições de qualidade empregadas as CCAAs, sendo na primeira, enfatizado sobretudo aos atributos de qualidade dos produtos e seu local de produção, valorizando características regionais ou artesanais primordiais, se configurando como determinantes de parâmetros de sabor e aparências distintivas, tendo como exemplo as especialidades regionais, caseiros, qualidade baseada em comercio justo. Já o segundo grupo de CCAAs define qualidade em termos de características ecológicas e naturais, através de bioprocessos, sendo uma resposta as preocupações dos consumidores com o meio ambiente, faz se uso de métodos de produção sustentáveis (agroecológica e orgânica), respeitando o bem-estar animal.

Em trabalho realizado por Fornazier e Belik (2013), no intuito de apresentar os diferentes conceitos relativos aos sistemas agroalimentares locais, principalmente no contexto internacional (Foodsheds, Embeddedness e Foodmiles) e o seu correspondente aqui no Brasil (Cadeias Curtas de Abastecimento Alimentar - CCAA), os mesmos apresentam as diferentes profundidades de cada conceito, correlacionando com suas relações sociais e melhoria da

qualidade do alimento, até o desenvolvimento de determinadas regiões. Para os referidos autores, os estudos de sistemas agroalimentares locais têm valorizado os espaços geográficos, tendo a percepção de que alguns fatores como a distância entre a produção e o consumo são importantes, desta maneira a concepção dos Foodsheds vem “com o primado da unidade de lugar e pessoas, natureza e sociedade” (FORNAZIER E BELIK, 2013, p.206). Sendo que os Foodsheds descrevem a capacidade produtiva de uma localidade através de informações geográficas, mas não se limita apenas a isso, englobando os alimentos que podem ser cultivados, como é cultivado, por quem, além de elementos culturais e sociais da comunidade, estando presente o tripé da sustentabilidade (econômico, social e ambiental) e políticos.

Outro modelo de discussão de produção local citado pelos autores é o Foodmiles, o mesmo trabalha com a noção de que quanto mais os alimentos percorrem distancias entre o local de seu cultivo até o beneficiamento, distribuição e comercialização o mesmo percorre muitas milhas (distancia), se tornando um produto com impacto negativo na questão ambiental, pois sua correlação com os impactos dos gases do efeito estufa (GEE) são negativos. Além da preocupação ambiental, existe uma preocupação com a economia local, relacionado ao aumento de oferta de trabalho e aumento de renda. Já o terceiro e último modelo, conhecido como Embeddedness, é considerado pelos referidos autores, através da citação do trabalho de Karl Polanyi (1957), onde o mesmo constata “que a economia humana é enraizada (embedded) e emaranhada (enmeshed) em instituições, econômicas e não econômicas” (FORNAZIER E BELIK, 2013, p.211), desta maneira, este termo se refere a laços sociais assumidos no sentido de mudar e aumentar as interações econômicas humanas, geralmente tem sido usado para promover o componente social da ação econômica, apesar de suas limitações, Embeddedness tem sido utilizado para defender o caráter social das redes alternativas de alimentos. O mesmo envolve a conexão social, reciprocidade e confiança, sendo visto como uma ‘marca’ em vendas diretas, envolvendo também as dimensões econômicas, ambientais, culturais e políticas das redes, fazendo parte de um processo de (re) enraizamento. Essas diferentes abordagens têm em comum a observância quanto a produção local, suas relações sociais, até a dinamização de regiões com baixa dinâmica econômica.

Estas novas formas de (re) valorização do rural, através da reconfiguração produtiva, agregação de valor a produção agrícola (através das agroindústrias familiares rurais) e outras

formas pluriativas, são estratégias que surgem com o intuito de se reduzir custos, e viabilizar a permanência da família na unidade produtiva. Sendo que neste cenário, as CCAAs é uma iniciativa dos agricultores familiares, sociedade civil organizada (consumidores), ONGs, movimentos sociais, Universidades e gestores públicos, no intuito de recuperarem valor na cadeia de abastecimento, reduzindo-se os apertos relacionados a preços, sendo o encurtamento destas cadeias importante para os mesmos, pois ocorre também o “encurtamento” das relações entre produtor e consumidor, proporcionando a formação de cadeias transparentes, onde o consumidor tem acesso a produtos que comportam considerável informação de valor, sendo que estes são considerados mais enraizados e diferenciados (RENTING, MARSDEN E BANKS (2017).

O surgimento destes circuitos alimentares, vem se apresentando em parte também por necessidades dos consumidores, estando correlacionado com a preocupação com questões como produção de alimentos de forma sustentável, saúde, bem-estar animal e inclusão produtiva. Esta necessidade de alimentos saudáveis, parte da maior desconfiança dos consumidores para com os alimentos produzidos em cadeias longas e ultra processados. Para Goodman (2017, p.60)

De fato, debilitou-se o pacto fordista entre a indústria corporativa de alimentos – com suas linhas padronizadas de produtos altamente processados – e os consumidores de classe média, provocando uma fuga para a “qualidade” e incentivando o crescimento de alternativas ao abastecimento via supermercados. Esta crise de confiança naqueles alimentos “sem origem e sem identidade” produzidos em massa é em geral, mas não exclusivamente, articulada por consumidores de renda mais elevada, que detêm meios para optar por sair dos canais predominantes de abastecimento alimentar.

Podemos concluir, assim como Goodman (2017, p.61), que boa parte destes novos circuitos de alimentação estão diretamente correlacionados as elites, estando ligados a

“qualidade e excelência gastronômica, incentivadas pela mídia através do culto a chefs famosos e a críticos gastronômicos, da badalação de restaurantes de elite e boutiques de alimentos, [...]

destacada em jornais, revistas e publicações sobre estilo de vida”. Desta maneira, podemos concluir, que este processo apesar de favorecer uma parcela dos agricultores familiares e suas agroindústrias familiares rurais, parte desta produção fica limitada as classes de maiores poderes aquisitivos, se tornando produtos elitizados.

Na contramão do referido acima, alguns países tem implantado políticas públicas no sentido de incentivar a produção local de alimentos e a aquisição dos mesmos através de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, para a distribuição as famílias mais vulneráveis, escolas, creches, asilos e presídios. Para Fornazier e Belik, 2013, p.215)

No Brasil, ações de compras governamentais da agricultura familiar são defendidas principalmente dentro da perspectiva de melhoria da alimentação, por exemplo, em escolas, assim como fornecer alimentos a quem tem dificuldades de acesso (insegurança alimentar) e geração de renda para produtores locais.

Estas políticas governamentais, foram criadas no Brasil a partir de 2003, com a implantação do PAA, que teve grande importância na estruturação da cadeia produtiva da agricultura familiar, através da compra da produção local e sua redistribuição nos municípios, reduzindo a insegurança alimentar nos municípios mais pobres, tornando acessível a população mais vulnerável do país a alimentos de altíssima qualidade, promovendo ocupação e renda no campo. Além da referida política, devemos também destacar as mudanças no PNAE, e a exigência de compra de pelo menos 30% dos recursos repassados pelo FNDE, de instituições representantes da agricultura familiar, indígena e quilombola, respeitando os modos e práticas alimentares locais.

Desta maneira, quanto as referidas políticas públicas, podemos afirmar que as CCAAs relacionado as mesmas, são consideradas catalizadoras de iniciativas agrícolas e sociais que promovem um desenvolvimento rural alternativo, através de uma nova relação entre o campo e a cidade, com segurança alimentar e nutricional dos centros urbanos e a geração de ocupação e renda no campo. Sendo este desenvolvimento totalmente diferente daquele proposto no pós-Segunda Guerra Mundial, buscando a superação de um sistema produtivista, que gera a concentração de renda, da terra, êxodo rural, artificialização da produção agrícola, destruição do meio ambiente, a produção de mercadoria (e não alimento) e a desvalorização e destruição dos conhecimentos tradicionais, locais e o saber-fazer (GOODMAN, 2017).

Sendo assim, as CCAAs é uma importante representante destas novas relações de produção e consumo, desde a compra direta, via face a face, às feiras da agricultura familiar, movimentos como o CSA30, cooperativas de consumo, economia solidária, Slow Food (iniciado

30 Comunidade que Sustenta a Agricultura

na Itália), ou o uso de símbolos (logomarcas, rótulos, certificações dos SIS, de procedência, processo e produto, Indicação Geográfica - IG e recentemente SeloArte) que promovam a valoração e conexão entre os consumidores, produtores e as regiões de produção destes alimentos, mesmo estando distantes. Porém, devemos atentar, que estas práticas e relações vem sofrendo uma contraofensiva dos grandes conglomerados alimentícios (Impérios Alimentares), pois os mesmos tem se reorganizado no sentido de também atender a estes mercados de qualidade, fazendo se uso do marketing, desenvolvimento de marcas próprias, rastreabilidade e rótulos, os mesmos vêm adentrando aos referidos mercados, suscitando questionamentos quanto a essa incorporação do mercado de qualidade ao “mercado convencional”, e quais os seus limites (GOODMAN, 2017).

No entanto, estes desafios que permeiam a agricultura familiar, suas agroindústrias e as CCAAs devem ser melhor estudadas em todo o Brasil, na região centro-oeste, por exemplo, são encontrados poucos estudos referentes a essa temática, hoje os movimentos sociais do campo e da cidade – trabalhadores/consumidores – vem trabalhando através de redes em favor da construção destas novas concepções; quanto à qualidade dos alimentos – qualidade ampla –, noções de mercado através das cadeias curtas de abastecimento alimentar – feiras da agricultura familiar, PAA e PNAE – e o exercício de novas formas de relações humanas, sendo uma nova forma de governança.

Porém, como atentado por Goodman (2017), existe o risco da fetichização destes produtos, principalmente quando se tem o consumo mais relacionado a selos e rótulos, distante do produtor, podendo se tornar uma fonte de “mais valia” cultural, e econômica para o consumidor e uma forma de capital social, estando estreitamente associado ao privilégio, sendo associado ainda à superioridade moral de quem tem acesso a estes produtos. Sendo assim, uma série de desafios quanto a CCAA devem ser superados, as políticas públicas de aquisição de alimentos (PAA e PNAE), feiras da agricultura familiar e as cooperativas de consumo são algumas das alternativas para a popularização destes alimentos de qualidade. A organização dos agricultores familiares, através de suas cooperativas e os movimentos sociais do campo e da cidade se tornam super importantes, pois juntos, os mesmos terão condições de se organizarem para os enfrentamentos destas práticas oligopolistas utilizadas pelos Impérios Alimentares para manterem os monopólios das cadeias agroalimentares.