• Nenhum resultado encontrado

2 CONTEXTO HISTÓRICO DA PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO DE PRODUTOS

2.3 Consórcios de municípios como solução para implantação SISBI/SUASA e a

2020 Instrução Normativa n° 17, de 06 de março.

Estabelece os Procedimentos Para Reconhecimento da Equivalência e Adesão Ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA).

Fonte: Quadro organizado pelo autor.

2.3 Consórcios de municípios como solução para implantação SISBI/SUASA e a

Após a criação da Lei dos Consórcios Públicos e sua regulamentação no ano de 2007 através do Decreto nº 6.017 (BRASIL, 2007), tem surgido várias formas de consorciamento no Brasil, podendo ser verificado o uso deste instrumento em várias áreas (Construção civil, transportes intermunicipais, saneamento básico, saúde e estruturação do SIM territoriais). A Coordenação federativa é de extrema importância, garantindo a interdependência entre os governos das três esferas do aparelho de Estado preservando-lhes a autonomia naquilo que lhes cabe constitucionalmente. A construção de cooperações entre os territórios através de associativismos e consorciamento tem se desenvolvido em diferentes níveis de governo, proporcionando a criação de entidades territoriais que atuem de forma horizontal ou verticalmente, entorno de dilemas, coordenação e cooperação entre os entes federados (IPEA, 2010).

A Execução de políticas públicas descentralizadas no âmbito municipal muitas vezes se torna limitadas, devido a dificuldades financeiras relacionadas a arrecadação, além da distribuição deficitária de recursos para a execução de competências e responsabilidades estabelecidas aos Municípios pela Constituição Federal (CNM, 2017). Desta maneira, os consórcios públicos se apresentam como uma oportunidade de agregação de experiencias, redução de custos fixos para gestão dos SIM territorializados, além da oportunidade de abertura de novos mercados, pois os produtos certificados nos SIM destes consórcios, poderão ser comercializados nesta unidade territorial.

O Governo Federal, desde o ano de 2011 vem incentivando os municípios a se organizarem através destes mecanismos (IN nº 36, de 20 de julho de 2011), para adentrarem ao SUASA. No ano de 2019 através do Decreto nº 10.032, de 01 de outubro, alterou-se o Decreto nº 5.741, de 30 de março de 2006 (regulamenta o SUASA), para dispor sobre as competências dos consórcios públicos no âmbito do SISBI-POA, facilitando a contratação destes consócios junto aos serviços de inspeção. Quando instituído o Consórcio de Municípios, os agricultores familiares de cada município, poderão comercializar seus produtos entre todos os municípios que fazem parte do consórcio, sendo esta prerrogativa garantida pelo Decreto nº 10.032, de 1º de outubro de 2019 (BRASIL, 2019), em seu Art. 156-A definindo que

Os produtos de origem animal inspecionados por serviço de inspeção executado por consórcios públicos de Municípios, atendidos os requisitos estabelecidos em ato do

Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, poderão ser comercializados em quaisquer dos Municípios integrantes do consórcio.

Porém o mesmo estabelece em seu inciso 1º e 2º que:

§ 1º Caso o consórcio de Municípios não adira ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal no prazo de três anos, os serviços de inspeção dos Municípios Consorciados terão validade apenas para o comércio realizado dentro de cada Município.

§ 2º O prazo de que trata o § 1º será contado a partir do cadastramento do consórcio de Municípios no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Desta maneira, os Municípios Consorciados têm um prazo de 3 anos para se adequarem as exigências do SISBI-POA/SUASA. Porém, para os Munícipes trabalhar através de consórcios, torna se muito mais prático, pois reduz os custos de implantação do serviço, a uma troca de experiências entre os municípios participantes, proporciona um maior desenvolvimento territorial, e estimula a agroindustrialização de pequeno porte, agregando valor aos produtos produzidos nos municípios, além da geração de empregos e renda, reduzindo o êxodo rural, além da abertura de novos mercados.

Em 2020, foi publicado a IN nº 29, de 23 de abril, onde foi estabelecido os requisitos para o livre comércio de produtos de origem animal entre os Municípios consorciados, ampliando o mercado consumidor destes produtos (BRASIL, 2020). Porém se deve atentar para as dificuldades enfrentadas por estes gestores públicos locais em participarem desta cogestão, pois muitos não possuem experiencias em trabalhos conjuntos e compartilhados, a criação do consórcio por si só não cria e nem “empresta” o SIM de um município a outro, pelo contrário, apenas auxilia de forma cooperativa na execução dos trabalhos destes serviços (os municípios já tem que ter suas próprias leis e decreto referentes ao SIM) (CNM, 2021).

Para analisarmos o nível de eficácia destas intervenções realizadas nos últimos anos, realizamos um levantamento dos entes federados aderidos ao SUASA/SISBI-POA até o ano de 2021 (até a publicação deste trabalho)44. Foi verificado 04 Consórcios cadastrados (aumento de 33%), junto ao SUASA, sendo 02 destes localizados em Santa Catarina (CIDEMA com 23 municípios e CISAMA com 18 municípios), 01 de Matogrosso do Sul (CODEVALE com 11 municípios) e um de caráter interestadual e intermunicipal (CONSAD que abrange os estados

44Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA). Disponível em:

<https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/suasa/sisbi-1/sisbi>. Acessado em: 25/06/2021.

do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), totalizando 52 municípios aderidos através de consórcios, tendo um aumento de 300% no número de municípios, quando comparado com os dados apresentados pelo MAPA em 2015. Foi observado 19 estados (AL, BA, CE, ES, GO, MA, MT, MS, MG, PA, PR, PE, PI, RJ, RN, RS, RO, SC e TO) e o Distrito Federal aderidos ao Serviço, sendo constatado um acréscimo de 13 estados quando comparado com os dados do MAPA de 2015, um aumento de 216%. Além disso, foram aderidos 29 SIM de forma individual, um aumento de 123% (13 SIM em 2015).

O processo de criação dos SIM territorializados por intermédio dos Consórcios públicos intermunicipais e sua adesão ao SISBI-POA/SUASA é de extrema importância para os municípios brasileiros, principalmente para legalização das AFR, a valorização da produção local, além de se promover a ocupação e renda nestes municípios. Porém, quando observamos a quantidade de municípios existentes (5.568) no Brasil, apesar de se ter um aumento relativo no número de SIM em funcionamento, e do aumento dos entes federados aderidos ao SISBI-POA/SUASA, concluímos que os resultados aqui apresentados, demonstram que a adesão ao referido Serviço foi baixa.

Segundo dados colhidos pela pesquisa realizada sob a responsabilidade da Confederação Nacional do Municípios (CNM) no ano de 2017, dos 4.743 Municípios pesquisados, apenas 40,4 % possuíam SIM (CNM, 2017). Durante a pesquisa, foi percebido que o Governo Federal vem incentivando a estruturação de mais Consórcios públicos por todo o país, em 2020, no intuito de se aumentar a adesão destes ao SISBI-POA/SUASA, através do Departamento de Suporte e Normas da Secretaria de Defesa Agropecuária (DSN/SDA) do MAPA, foi criado o

“Projeto de Ampliação de Mercados de POA para Consórcios”, conhecido como CONSIM, que selecionou 10 consórcios municipais para apoio técnico, por meio de orientações técnicas presenciais e virtuais, capacitações, fornecimento de material técnico e sensibilização de agroindústrias.

Porém, infelizmente, apesar dos avanços alcançados, a adesão aos SIS ainda permanece complexo, com uma variedade de normativas e competências, os entes federativos tem encontrado muitas limitações para estruturar seus SIM e realizarem a adesão junto ao SISBI-POA/SUASA. Apesar dos consórcios municipais serem apresentados como uma solução para a superação destes gargalos, a execução de políticas públicas descentralizadas no âmbito

municipal, muitas vezes se tornam limitadas, devido à falta de experiência dos gestores municipais em realizar trabalhos conjuntos e as dificuldades relacionadas a orçamento. Neste sentido, faz-se necessário a disponibilização de recursos e o apoio técnico por parte do Governo Federal para a consolidação destes SIM por intermédio dos Consócios públicos municipais, na busca de uma maior adesão destes serviços ao SISBI-POA/SUASA.

Pois a estruturação dos SIM é de extrema importância para o Desenvolvimento Rural dos territórios, a legalização das agroindústrias familiares rurais existentes nos municípios, pode promover um desenvolvimento sustentável para os agricultores familiares do país, além de contribuir para o fortalecimento das cadeias curtas de consumo, a segurança e soberania alimentar local. Neste sentido, faz-se necessário estimular a formação de consórcios públicos intermunicipais, e continuar avançando na adequação das normas e exigências para abarcar os empreendimentos da agricultura familiar e economia solidária, buscando uma fiscalização orientadora e inclusiva.

Quadro 6 – Principais Leis, Decretos e Normativas aprovados para a criação, flexibilização e adesão dos Municípios aos consócios públicos municipais relacionados ao SUASA.

Ano Legislação Descrição

2005 Lei n° 11.107, de 06 de abril Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos

2007 Decreto n° 6.017, de 17 de janeiro. Regulamenta a Lei n° 11.107/2005 que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos.

2011 Instrução Normativa nº 36, de 20 de julho.

Estabelecer os requisitos para adesão dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, individualmente ou por meio de consórcios, ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária, integrado pelo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, na forma desta Instrução Normativa.

2019 Decreto n° 10.032 de 1º de outubro. Acrescenta o artigo 156-A do Decreto nº 5.741/2006, dispor sobre as competências dos consórcios públicos de Município no âmbito do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal.

2020 Instrução Normativa nº 29, de 23 de abril.

Estabelece os requisitos para o livre comércio de produtos de origem animal, inspecionados por consórcio público de Municípios.

Fonte: Quadro organizado pelo autor.

CAPÍTULO III

3 ESTADO DE GOIÁS, POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS AGROINDÚSTRIAS: UM RECORTE DA REALIDADE DA ESTRUTURAÇÃO DO SIM EM DUAS CIDADES DO NORTE GOIANO

Este capítulo será centrado inicialmente na exposição do local de pesquisa, apresentando o histórico de formação e consolidação do Estado de Goiás, apresentando as principais políticas públicas estaduais que se correlacionam com a agricultura familiar e suas agroindústrias familiares rurais. Iremos realizar um recorte específico da Região Norte do Estado, apresentando os dados referentes a suas especificações econômicas e sociais, posteriormente, iremos realizar um segundo recorte, apresentando as cidades de Porangatu e Minaçu (são as únicas que possuem o SIM em funcionamento na região), expondo suas características históricas, sociais e econômicas, a partir da exposição de dados atuais referentes aos mesmos, buscando se entender a formação de sua realidade rural atual, expondo brevemente a implantação do SIM como política pública de incentivo a regularização sanitária e agroindustrialização local nestes dois municípios.