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Ace

— Por que ela não está acordando dessa? — Perguntou Aram. — Ela está parecendo melhor.

Por fora, sim, estava.

O inchaço estava diminuindo em seu rosto. As feridas que os pontos mantinham fechadas pareciam menos irritadas.

Ela estava se curando.

Mas apenas do lado de fora.

Eu estava operando com o equívoco de que apenas humanos tinham problemas com suas cabeças. Parecia algo que vinha com a coisa desagradável como uma consciência e uma alma. Problemas de ansiedade, depressão e psicose eram inexistentes em nosso mundo. Pelo menos tanto quanto eu poderia dizer.

Então, assistir Red parecer sofrer com isso era frustrante por muitos motivos.

Primeiro, porque precisávamos saber quem fez isso, para que pudéssemos nos vingar.

Segundo, porque não conhecia o protocolo para um maldito demônio psicótico ou traumatizado. Quais eram as possíveis repercussões disso? Não era como se houvesse um fim para aquele tormento se eu não pudesse descobrir e curar.

— Estou investigando, — assegurei a Aram, tentando não soar tão frustrado quanto estava com seu monólogo sobre a condição de Red.

Estávamos todos preocupados pra caralho. Não precisamos ser constantemente lembrados.

— O que a enfermeira está dizendo? — Drex perguntou, girando seu copo, mas não bebendo.

— Quase nada, — murmurei, levantando-me para examinar as lombadas dos livros da biblioteca, tentando ver se havia um texto antigo que eu tinha esquecido que pudesse conter as respostas que todos nós queremos. — O que? — Gritei quando senti seus olhares em mim.

— Só queria saber se você estava sendo encantador como sempre, chefe, — disse Daemon, atirando-me aquele seu sorriso arrogante.

— Ele tem razão, — Drex concordou, assentindo. — Quero dizer, você a picou com cetamina. Duas vezes.

— Vocês gênios tinham outra maneira de levá-la através do país sem soar o alarme com os humanos? — Perguntei, virando-me para encará-los. — Não é meu trabalho ser legal com ela. Alguém quer encantá-la por informações, esteja à vontade.

— Encanto, ele deve estar falando sobre mim, — decidiu Daemon, recebendo uma revirada de olhos de Bael, mas nenhum de nós se moveu para detê-lo, sabendo que ele provavelmente era o único de nós que poderia chegar a qualquer lugar com ela.

Especialmente depois que eu fodi com sua cabeça e corpo, confundindo-a, fazendo-a me odiar.

Deamon, em seu curto tempo no plano humano, provou uma e outra vez que tinha jeito com as mulheres humanas. A coisa que não funcionava com as mulheres de nossa espécie era como erva- de-gato para as daqui.

— Daemon, — chamei, já me odiando, mas também não conseguindo evitar que as palavras saíssem.

— Sim, chefe?

— Não transe com ela, — eu disse a ele, recebendo uma sobrancelha levantada.

— Eu tenho outros encantos, — disse ele, encolhendo os ombros. Se ele estava lendo meu aviso, não deixou transparecer.

Sabia que não devia esperar que os outros me mostrassem o mesmo respeito.

— Nós não transamos com reféns, — esclareci antes que pudessem se preocupar muito com isso.

— Exceto por Ly, — Drex esclareceu.

— Cuidado, — disse rispidamente, suspirando.

— Este lugar é um necrotério, — Drex declarou, virando sua bebida, então se movendo para se levantar. — Estou indo para o clube.

— É realmente a hora para isso? — Perguntou Aram, irritado. — Red está...

— Praticamente catatônica? Sim, percebi isso, — disse Drex. — Você sabe que me importo com Red, mas a vida dela em espera

não significa que a minha precise estar, — ele disse a Aram, depois saiu pela porta.

— O que? — Eu rebati, olhando para Bael, que estava me dando uma olhada.

Para isso, ele encolheu os ombros. — Não é da minha conta. — Estou dizendo para você tornar isso da sua conta, — exigi. Embora ele nunca tenha sido exteriormente desafiador ou desrespeitoso, a tendência de Bael estar separado do resto de nós apesar de estar no mesmo barco, tornava difícil lidar com ele nos dias bons. E não havia muitos desses com ele.

— Ele passa cada minuto livre naquele clube durante meses. Eu não mantenho controle sobre todos eles. Era o líder, não o maldito pai deles. Não perguntava para onde estavam indo quando partiam, nem exigia saber detalhes de suas vidas privadas.

Sabia que Drex tinha sumido muito. Mas como não havia muito o que fazer na casa a menos que estivéssemos em uma festa, imaginei que estava procurando uma maneira de se divertir. Como era seu direito. Há muito tempo parei de achar a sociedade interessante, optando por ficar em casa, ler, ficar por dentro das tendências, então nunca parecemos “fora do tempo” enquanto o mundo avançava ao nosso redor.

Não sabia que ele passava todo o seu tempo em um só lugar. Não conseguia imaginar por que diabos isso importava.

— E? — Perguntei, encolhendo os ombros.

Tive que admitir, ele pode ser um idiota, mas foi rápido em pegar gerações cheias de conhecimento que joguei nele, aprendendo como usar eletrodomésticos, nova linguagem, como a sociedade humana funcionava. Era impressionante.

O fato de que sabia as diferenças entre os clubes era muito mais longe do que o resto de nós teríamos se tivéssemos surgido nesta era muito mais moderna.

— Claramente não sei. Não consigo imaginar que isso importe. — Ele está no Santuário, — Bael disse, o nome não significando nada para mim.

— É um clube de pervertidos, — explicou Seven.

— Quem diabos se importa? — Perguntei. A tendência de Drex para os estilos de sexo punitivos eram bem conhecidos, já fazia anos. Felizmente, as mulheres humanas estavam gostando de ter seus traseiros batidos e suprimento de ar cortado desde o início dos tempos.

— Para pessoas como nós, — explicou Seven. — Nós não somos pessoas.

— Exatamente, — Bael interrompeu.

— Você está me dizendo que há um clube de demônios por aqui e esta é a primeira vez que ouço falar disso?

— Não somos só nós, — disse Seven. — Não há muitos de nós presos aqui. E não muitos nesta área do mundo. Mas há outros que não deveriam existir, como nós, lá.

— Existem shifters, Filhos de Lilith, e sugadores de sangue e todo tipo de problemas, — Seven me informou, as palavras caindo como uma bomba.

Shifters, tanto faz.

Tínhamos estado em conflito com vários shifters desde que conseguia me lembrar.

Mas íncubos, súcubos e malditos vampiros? Na área? Tudo em um clube? Isso era algo que eu deveria saber há muito tempo. Especialmente se Drex estava gastando tempo com todos eles.

— É chamado de Santuário por uma razão, — explicou Seven. — O dono conseguiu algumas bruxas para enfeitiçar o lugar. Ninguém pode lutar lá. Todo mundo está lá apenas para se divertir.

Só porque ninguém poderia lutar enquanto lá não significava que os inimigos não poderiam ser feitos.

E enquanto shifters e Filhos de Lilith podiam ser mortos se necessário, o mesmo não poderia ser dito sobre os sugadores de sangue. Problemas com eles podem durar cem anos ou mais.

— Eu preciso saber por que ninguém achou que era importante me dizer que...

— Ei, ei, chefe, — gritou Daemon, descendo as escadas com as mãos para cima. — Não atire no mensageiro aqui, mas a linda enfermeira não está no quarto

— Ela provavelmente está no banheiro, — disse a ele. — Ela está tomando banho. — E minha bunda patética estava ouvindo ela usá-lo todos os dias, recusando-se a deixar minha mão se abaixar e

lidar com a ereção dolorida que só a ideia dela em um banho me dava.

— Receio que não, — disse Daemon, encolhendo os ombros. — A porta estava destrancada.

Eu tinha saído furiosamente. Lembrei-me de bater a porta. Mas não travei.

— Foda-se — , eu sibilei, virando-me, correndo para fora da sala.

— Espalhem-se, — Bael exigiu, assumindo o comando, embora fosse um dos homens mais baixos da hierarquia.

Eles iriam verificar a casa. Ela não estaria na casa.

Se ela viu uma saída, iria pegá-la.

Especialmente pela forma como eu a estava tratando. Ela estava fugindo.

No meio do inverno.

Correndo às cegas, sem nem mesmo saber em que estado estava, muito menos o quão longe estávamos de qualquer pessoa que pudesse ajudá-la.

Pegando meu casaco, voei pela porta da frente, sentindo o ar cortante assim que cruzei para o degrau da frente.

Objetivamente, achava vinte e seis graus frio, mas isso era diferente. Esta era uma noite de inverno intenso que estava caindo abaixo de zero. Adicione o frio do vento conforme ele girava, e não parecia bom para ela sozinha, provavelmente perdida.

Mesmo se ela tivesse vestido muitas roupas do guarda-roupa de Red e levado um cobertor, não seria capaz de se manter aquecida por muito tempo.

Sucumbir aos elementos era surpreendentemente fácil para os humanos, considerando que eles se adaptaram a quase todos os climas da Terra por milhares de anos.

Nunca tinha experimentado isso eu mesmo, mas reconhecia as sensações enquanto elas atacavam meu organismo. Eu li sobre eles milhares de vezes.

Meu coração disparou. Minha garganta estava apertada. Meus pensamentos dispararam e colidiram uns com os outros.

— Josephine! — Eu gritei, mal conseguindo ouvir por causa do açoite do vento.

Ela não iria para a floresta. Filmes de terror fazem as mulheres parecerem muito mais burras do que qualquer uma que já conheci.

A floresta era escura e perigosa, pela queda de um penhasco, cair em um rio ou ser atacada por um predador.

Uma mulher esperta procuraria uma estrada. E Josephine era uma mulher inteligente.

Decisão tomada, eu corri naquela direção, olhos abertos para as árvores ao redor, imaginando que ela gostaria de ficar um pouco escondida, mas perto o suficiente da rua para que pudesse correr se visse um carro se aproximando.

Sem saber, é claro, que os carros não vinham por aqui. Porque nossa propriedade se estendia por toda parte.

Mas corri até o fim da dita propriedade e voltei. E nada.

Ela não estava lá.

Ou, pelo menos, ela não estava perto o suficiente da estrada para eu ver.

O pânico aumentou, um aperto forte em meu corpo, me segurando no limiar do meu controle.

— Josephine! — Gritei, sentindo a última parte disso desabar. Não havia como pará-lo.

Minha língua se bifurcou. Meus dedos se alongaram. A pressão em minhas têmporas sugeria que meus chifres estavam começando a aparecer.

Já fazia muito tempo que perdi o controle.

Desde que Lenore se afastou e foi levada pelos shifters.

A diferença era que Lenore tinha sido uma parte vital do meu plano para nos levar de volta ao inferno.

Josephine não era.

O desaparecimento dela não deveria ter importância, muito menos me fazer perder a cabeça.

A desesperança crescendo, me lancei mais fundo na floresta que ladeava a estrada, correndo em um ziguezague inútil, acabando refazendo meus passos várias vezes.

E ainda nada.

Estava prestes a me virar e voltar para casa quando o vento aumentou novamente e senti o cheiro dela na brisa.

Era uma combinação do sabonete que Red mantinha no banho, o shampoo de morango no cabelo e só... ela. Algo doce e terroso ao mesmo tempo.

E a julgar pela direção em que o vento soprava, ela ainda não havia chegado à estrada.

Voltei em direção à casa, cortando a floresta perto da lateral. Ela não estava muito longe.

Ela provavelmente tinha saído apenas alguns minutos antes de Daemon descobrir que havia partido, me ouvir chamá-la e se movido para dentro quando me viu indo em direção à estrada.

Eu a encontrei agachada atrás de uma velha pilha de lenha de antigamente, quando usávamos essas coisas. Ela não estava preparada para o clima. Ela vestiu algumas das peças de roupa de Red, mas nada disso foi o suficiente para mantê-la aquecida. Nem o cobertor que ela tinha enrolado.

Seu corpo sacudiu violentamente com seus arrepios. Mesmo sob o luar fraco, podia ver sua pele muito pálida, o tom de azul em seus lábios, a ponta vermelha brilhante de seu nariz.

— Foda-se, — eu sibilei, correndo para frente, caindo na frente dela, envolvendo meus braços em volta dela para compartilhar o calor do meu casaco.

Um gemido baixo e torturado escapou dela enquanto seu rosto se aninhava no meu pescoço.

— Não me machuque, — ela choramingou, seus braços deslizando relutantemente em volta de mim sob meu casaco.

— Eu disse que não seria uma boa prisioneira.

— Sim, — eu concordei, me abaixando para agarrá-la sob sua bunda, arrastando-a. — Você disse, — falei, puxando-a para cima. — Mas você não precisa se matar para provar isso, — disse a ela, enrolando as pontas do meu casaco o mais que pude ao redor dela, em seguida, levantando-a, voltando para a casa.

— Ela está bem? — Lenore perguntou, correndo para seguir atrás de mim enquanto eu subia as escadas.

— Ela está com frio.

— Vou pedir a Ly para esquentar meus pacotes de arroz, — ela me disse, chamando-o para fazer isso. — Você precisa se aquecer de centro, — acrescentou ela.

— Achei que você deveria friccionar os braços e as pernas, — eu disse, tendo visto isso ser feito para os sem-teto muitas vezes no passado.

— Não, — Lenore e Josephine disseram em uníssono. — Isso estressa o coração, — acrescentou Josephine.

— Coloque-a em algo mais quente, — Lenore exigiu. — Vou pegar mais cobertores.

Eu me movi na frente da porta de Red antes de repentinamente decidir levá-la para o meu quarto.

Porque eu tinha roupas mais quentes. Essa era a única razão.

— Aqui. Sente-se, — exigi, colocando-a na cama, puxando as cobertas sobre ela enquanto ela estremecia. — Não lute comigo sobre isso, — exigi quando voltei depois de pegar agasalhos do

armário. Afastei o cobertor, puxei-a para cima e estendi a mão para tirar sua camiseta. — Não estou tentando olhar para seus seios, Josephine, — disse a ela, a frustração infiltrando-se em minhas palavras. — Estou tentando mantê-la viva, — acrescentei, recebendo um suspiro relutante dela, mas ela me deixou tirar sua camiseta muito fina e vestir meu moletom com capuz mais quente.

A parte de baixo da calça dela estava molhada por ter pisado no pequeno riacho que envolvia os dois lados da propriedade.

Ela não se preocupou em lutar comigo quando os arranquei, e um olhar para ela me deixou mais preocupado do que aliviado por ela não estar fazendo barulho.

Seus olhos pareciam um pouco desfocados. Sua respiração estava mais fraca.

— Merda, — assobiei, colocando as calças, calçando as meias, em seguida puxando os cobertores sobre ela, tentando vedar o calor que pudesse.

— Deite com ela, — disse Lenore, fazendo-me virar para encontrá-la se aproximando com seus sacos de arroz aquecidos, deslizando-os sob as roupas de Josephine, um no peito, outro perto de sua virilha.

— O que? — Eu perguntei, balançando minha cabeça. Para isso, Lenore soltou uma pequena risada sem humor.

— Acho que todos vocês se esquecem porque sentem frio o tempo todo, mas estão todos realmente aquecidos. Quentes até. É como estar perto de uma fornalha. Entre lá com ela. Você vai aquecê-la mais rápido do que meus pequenos pacotes de calor ou

apenas os cobertores. Vou preparar algo quente e doce para ela beber.

Não me incomodei em perguntar a ela por que deveria ser doce. Eu não acho que o coven de bruxas de onde ela veio tenha muitos acertos no mundo, mas era difícil argumentar com elas sabendo mais sobre como se recuperar da exposição aos elementos do que eu.

Então respirei firme, movendo-me para o outro lado da cama, tirando minha camiseta e calças, em seguida, entrando.

Achei que seria difícil, ficar nu perto da mulher que tinha sido problemática para meu impulso sexual. Mas o toque de sua pele frígida quando a puxei sobre meu corpo foi o suficiente para afugentar qualquer coisa, exceto o que reconheci como preocupação por ela, talvez até medo de que ela não sobreviveria

Os humanos eram tão frágeis assim.

Cinco minutos extras a mais no frio e tudo poderia acabar. Tentei me convencer de que estava me importando porque seria inconveniente ter que encontrar uma nova enfermeira para ajudar com a Red. Embora soubesse que não era isso. Mas como não estava pronto para desvendar isso, fui em frente e tirei os pensamentos de minha mente.

Demorou sólidos quarenta e cinco minutos antes que ela parasse de tremer. E houve um momento chocante em que esperei que ela respirasse de novo.

Passaram-se talvez mais vinte minutos depois disso, quando a senti respirar lenta e profundamente, expirando.

— Para alguém que age como se estivesse sempre meio congelado até a morte, você é realmente quente, — ela murmurou, virando a cabeça para que sua bochecha mais fria pressionasse meu peito. — Você já ouviu aquele velho ditado sobre pessoas que têm mãos frias e corações quentes? — Ela meditou, parecendo meio adormecida.

— A única coisa quente em mim é minha pele, Josephine.

— Isso é quase verdade, — ela concordou, sua mão pressionando meu músculo peitoral, e estava se tornando cada vez mais difícil de lembrar que estava aqui apenas para aquecê-la. E cada vez mais fácil perceber o quão pelado eu estava.

— É completamente verdade. Não pense só porque te salvei esta noite que sou um homem decente. Eu não sou.

— Você ama Red.

— Sou responsável por Red, — esclareci.

— Alguém que se sente responsável por alguém arranja-lhes os cuidados médicos de eles claramente precisam. Eles não se sentam com eles todas as noites lendo poesia.

— Não interprete coisas que não significam nada.

— Não seja tão duro consigo mesmo, — ela retrucou. — Deve ser difícil ser um motociclista, ah, líder...

— Presidente, — esclareci, arrancando uma bufada dela.

— Tudo bem, Presidente. Esse é um título detestável, mas tudo bem. Entendo que é difícil ser assim, ter todos procurando você em busca de liderança. Mas isso não significa que você tem que ser um idiota completo.

— Eu era assim antes de me tornar presidente deles, — disse a ela.

— Educação difícil? — Ela perguntou, seus dedos deslizando sobre o meu ombro, meu braço.

— Algo parecido.

Poucos homens viveram a vida que eu vivi antes da Terra e saíram dela gentis e bem ajustados. Não sei o que diabos aconteceu com Daemon. Nesse caso, imaginei que seu irmão acabasse de receber a maior parte da seriedade daquela família. Ou que o próprio Daemon se esquivou da maioria de suas responsabilidades no submundo, deixando Bael para tratar das coisas e Daemon para foder e se divertir.

— E você? — Perguntei, nem mesmo acreditando que estava saindo da minha boca como estava. Eu não fazia perguntas pessoais aos malditos humanos. Não me importava o suficiente com nenhum deles para conhecê-los. E, no entanto, aqui estava eu, perguntando a uma mulher que precisaria executar em algumas semanas como foi a porra da infância dela. O que estava errado comigo?

— Não tão dura quanto muitas outras pessoas, não.

— Você não julga suas dificuldades pelo fato de que outras pessoas sofrem ainda mais.

— Não foi horrível. Éramos apenas muito pobres. E então minha mãe faleceu.

— Ele não estava por perto depois que engravidou uma colega de trabalho.

— Então você não tem ninguém.

Queria acreditar que queria descobrir essa informação para saber se as pessoas estariam procurando por ela ou não depois que ela morresse. Ela era relativamente jovem, muito bonita, uma enfermeira. Esse era o tipo de mulher que fazia o ciclo de notícias ininterrupto quando ficasse desaparecida ou assassinada.

— Não mais, — ela admitiu, mexendo-se um pouco, e isso estava se tornando problemático. — Eu tinha alguém. Mas isso acabou antes de me mudar para Utah. Sou só eu. Acho que você escolheu a vítima ideal, hein? — Ela perguntou, suspirando. — Ninguém mesmo para procurar por mim.

Queria dizer a ela para não se chamar de vítima. Mas era exatamente isso que a tornei.

Queria dizer a ela para não sentir tanta pena de si mesma. Mas que direito tinha de dizer isso, quando a estava colocando nessa situação?

— Você tem colegas de trabalho que perceberão sua falta por agora.

— Elas não gostam de mim.

— Agora você parece estar com pena de si mesma.

— Ei, — ela vociferou, plantando as mãos em cada lado do