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Eu não sei por que isso foi tão chocante para mim, mas como Ace praticamente me arrastou para fora do carro, não pude deixar de me sentir um pouco pasma com a enorme casa de pedra cinza com sua abundância de janelas, sua absoluta privacidade em um pedaço de terra gigante com uma floresta inteira ao redor.

Perfeitamente isolada.

O que não era um bom presságio para mim, não é?

Mas não deixei minha mente vagar para lá quando Ace destrancou a porta da frente e me puxou para dentro, sua mão fincando em meu pulso que mal estava começando a livrar-se dos hematomas das algemas daquela primeira noite.

Tentei dizer a mim mesma que estava fascinada pela casa porque estava tentando aprender o layout para que pudesse encontrar uma maneira de escapar um dia ou noite, quando todos estivessem ocupados.

Mas o fato da questão é que cresci muito pobre. Estava acostumada a apartamentos baratos em bairros ruins, onde não tinha silencio, nem mesmo no meio da noite, quando tentava dormir. Estava acostumada a móveis de brechós com buracos, marcas de queimadura e odores estranhos que nunca saíam, não

importa quanto perfume de loja de descontos minha mãe os encharcasse.

E embora tivesse me saído muito bem quando adulta, escolhendo uma carreira estável que pagasse relativamente bem, especialmente para uma mulher solteira, nunca tinha visto grandeza de perto e pessoalmente.

Era como visitar a casa de uma celebridade. Sem qualquer indicação real das coisas enquanto Ace me arrastava escada acima, dando-me apenas uma breve visão dentro do que parecia ser uma biblioteca, o que fazia sentido, já que Ace claramente gostava de livros, e o que parecia ser uma cozinha em direção a parte de trás da casa.

Havia tapetes orientais exuberantes forrando o corredor, parecendo caros e macios, mas não pude testar essa teoria por mim mesma enquanto Ace mantinha o ritmo alucinante escada acima, parecendo esquecer... ou simplesmente não se importando... que minhas pernas eram muito mais curtas do que as dele, então cada passo que dava eram dois para mim.

Além disso, eu ainda não estava bem depois que ele me drogou pela segunda vez.

Lidei com uma quantidade razoável de overdoses em minha linha de trabalho, infelizmente. Conhecia efeitos ruins de drogas quando estava passando por uma. E a julgar pelo fato de que ele injetou em mim em vez de enfiar um comprimido na minha garganta, me senti relativamente segura em assumir que tinha sido cetamina. Um dos vários tipos de drogas de estupro.

Eu não queria considerar o porque ele tinha acesso a essas coisas.

Claramente, ele não precisava delas para me coagir e deixá-lo fazer coisas comigo.

Mas isso não era muito justo, era?

Não houve coerção. Ele me deu muito tempo para objetar. Eu simplesmente não tinha. E não conseguia nem começar a entender o porquê disso.

Claro, eu tinha um desejo sexual normal e saudável. E, sim, ele era um homem atraente.

Mas isso nunca foi o suficiente para eu me esquecer completamente e deixar alguém me levar ao orgasmo em um ambiente público.

Que diabos foi isso?

Talvez agora que estávamos em um local permanente, teria algum tempo e espaço para trabalhar com meus pensamentos turbulentos e desconfortáveis.

Pelo amor de Deus, nem sabia onde estávamos. Deveria estar me concentrando em tentar descobrir isso, não deixando meu maldito sequestrador colocar suas mãos em mim.

— Aqui, — Ace disse ríspido, praticamente me jogando dentro de um quarto, me fazendo tropeçar, precisando me agarrar ao lado da cama de dossel para me equilibrar.

— O quê? Você não vai pregar as janelas fechadas? — Eu perguntei, apunhalando-o com o olhar.

— Se você gostaria de se atirar para fora de uma janela de dois andares, fique à vontade, — disse ele, com tom cortante.

E com isso, ele voltou para fora, batendo a porta.

Não imaginei que essa fosse minha chance de escapar, então respirei fundo algumas vezes antes de olhar ao redor do cômodo.

Imaginei que este era o quarto de Red, a julgar pela aparência mais feminina, desde os travesseiros na cama até o sofá de veludo verde sob um conjunto de janelas enormes que, como Ace sugeriu, levavam a uma queda considerável. O tipo de queda que quebraria todos os ossos de suas pernas se não te matasse de cara.

Então isso estava fora de questão.

Tentando não me sentir derrotada, fui para o banheiro anexo, encontrando tudo branco brilhante. Incluindo uma banheira de imersão profunda.

Tudo estava arrumado. Nenhum toque pessoal estava por aí. Então, acho que Red era uma pessoa organizada.

Eu tinha pelo menos meia dúzia de coisas em minha pia a qualquer momento. Sempre disse a mim mesma que seria uma daquelas pessoas que guardam as coisas quando as usam, mas nunca aconteceu.

Havia vozes no corredor, depois dentro do quarto quando trouxeram Red.

— Como ela está? — Eu perguntei, olhando para Lenore, esperando que ela tivesse ficado de olho nela enquanto estive incapacitada.

— Ela parece bem, — Lenore respondeu, puxando o edredom para que os homens pudessem deslizar Red para a cama.

— Vou pegar os suprimentos, — Ace anunciou, caminhando em direção a porta, parecendo se agarrar à outra parede simplesmente para estar o mais longe possível de mim.

— Você vai dar uma olhada nela? — Lycus perguntou, voltando minha atenção para ele.

— Claro, — eu concordei. — Vocês todos podem ir, — acrescentei. — Imagino que Red apreciaria sua privacidade, — disse a eles.

A pobre mulher esteve quase, se não completamente, nua em torno desses homens por dias. Mesmo as mulheres mais confiantes que conhecia não deixavam tudo acontecer perto de amigos homens. Se isso era o que essas pessoas eram para ela. Eu nem sabia. Não entendia a dinâmica deles.

Haviam motocicletas e jaquetas de couro.

Não poderia dizer que sabia muito sobre eles, mas imaginei que eles tinham algum tipo de clube. O que explicava a disposição deles em sequestrar e roubar, acho.

— Estou todo acabado, — disse Ly, colocando o braço nos ombros de sua mulher. — Venha me fazer companhia, — acrescentou ele, puxando-a junto com ele.

— Se você precisar de alguma coisa, estamos duas portas abaixo, — Lenore me disse, me dando um sorriso antes de ser levada embora.

— Você precisa de comida, certo? — Minos perguntou, levantando os braços par prender seu longo cabelo em um coque. — Trouxemos comida para você na última parada, mas você não queria comer.

Meu estômago parecia que alguém estava espremendo ele naquela hora. Mas agora? Estava faminta.

— Estou morrendo de fome, — concordei. — Obrigada, — acrescentei.

Além de Aram, que não estava por perto, eu tinha o melhor pressentimento sobre Minos. E percebi que não era ruim para mim estar no lado bom de pelo menos algumas dessas pessoas.

Minos não disse nada enquanto saía do quarto, fechando a porta atrás de si.

Sozinha, me movi em direção a Red, puxando o lençol, verificando suas feridas, sentindo seu pulso e temperatura. Além de algumas manchas nas costas que pareciam um pouco vermelhas, provavelmente por se mover no carro, ela estava muito bem. Considerando tudo.

Assim que tivesse os suprimentos, daria a ela outra limpeza com solução salina e outra dose do remédio. Mas, em um ou dois dias, provavelmente poderíamos aliviá-la do remédio para dor. Ela estava tomando uma dose pesada, e essa pode ter sido a razão de ainda estar tão fora de si, perdida em sua própria cabeça.

Agora eu sabia uma ou duas coisas sobre ser drogada. E chegar à superfície de sua consciência era como nadar no melado. Red ainda não tinha conseguido uma pausa das drogas, por um

bom motivo, sua dor teria sido insuportável, mas assim que pudéssemos, precisávamos dar a ela a chance de voltar à superfície. — Isso é tudo por agora, — a voz de Ace me assustou, fazendo-me virar para encontrá-lo jogando uma bolsa no sofá. — Você fica aqui.

Com isso, ele se foi, fechando a porta.

Achei que era isso até cerca de quinze minutos depois, quando ouvi uma perfuração. Em seguida, o deslizar de uma corrente do outro lado da porta.

Então era isso.

A menos que um deles estivesse vindo para verificar Red ou me trazer comida, eu estava trancada.

Depois de algumas horas andando de um lado para o outro no quarto, eu estava seriamente começando a pensar em amarrar todas as roupas de cama e roupas no armário de Red para descer pela janela como um filme de prisão.

No final, entretanto, eu havia invadido o armário de Red, com a intenção de tomar um banho e depois descansar um pouco.

O único problema era que Red era o tipo de mulher que eu estava convencida de que era invenção da mente de cineastas homens, não uma que realmente existia. Ela era o tipo de mulher que não tinha um único pijama “confortável”. Ah, não. Era o tipo de mulher que preferia renda e seda. Tudo isso curto e apertado.

Suas roupas para o dia eram semelhantes. Jeans justos, saias curtas, blusas que eram profundas no decote e eram justas.

Com um suspiro, roubei alguma calcinha e um conjunto de camiseta e shorts de seda bordô que era forrado de renda preta. Era muito sexy. Mas estava limpo. E isso era realmente tudo que importava depois de estar com o mesmo vestido por dias.

Então tomei banho, indo em frente e usando todos os vários produtos de beleza da Red, então peguei um dos muitos cobertores do armário, me perguntando o tempo todo qual era a obsessão dessas pessoas por calor, e subi no sofá para dormir, pelo menos um pouco confortado pela porta trancada.

Veja, o problema com portas trancadas era que podiam ser destrancadas.

Quando você estava inconsciente, vulnerável e desprevenida. Acordei devagar, o sono teimosamente agarrado aos meus pensamentos, deixando-me deitada ali com os olhos fechados, embalada um pouco pelo timbre baixo da voz de um homem no quarto. Demorou um ou dois minutos antes de perceber que o que estava ouvindo não era o que eu queria ouvir.

A voz de Ace.

No mesmo quarto que eu.

Meus olhos se abriram, piscando lentamente na escuridão do quarto, encontrando a fonte da voz.

Ace estava sentado em uma cadeira de couro marrom que não estava no quarto quando fui dormir. Ele se trocou em uma calça de moletom cinza e um agasalho com capuz preto, apesar do termostato provavelmente estar ajustado para vinte e seis graus.

Ele tinha um livro aberto nas mãos, um muito mais grosso que o anterior.

Enfim adiei o amor,

Por duas vezes, dez anos...

Eu queria odiar o homem.

Ele certamente mereceu meu menosprezo.

Mas me vi cativada pelo som suave de sua voz, a maneira confiante e familiar como sua boca se movia sobre as palavras.

Meus olhos se fecharam novamente, querendo que ele pensasse que ainda estava dormindo para que pudesse ouvi-lo ler por mais um tempo.

Eu não fingi entender minha reação a ele.

Nem consegui entender meu aparente interesse recente pela poesia antiga.

Havia apenas algo hipnótico na maneira como ele recitava os poemas... com uma espécie de reverência que me atraía inexplicavelmente.

— Você vai parar de fingir que está dormindo? — Ace perguntou, me fazendo estremecer com a mudança repentina de tom.

Sua voz de leitura era suave e calmante.

A voz que ele usou comigo foi mordaz, cortante. Como se estivesse irritado comigo.

Enquanto isso, fui eu quem foi raptada da rua, algemada, ferida, mantida em cativeiro, usada e drogada.

O bastardo.

— Estava esperando que você calasse a boca e fosse embora, — eu disse a ele, sentando-me, meu queixo se erguendo.

— Vestida para me dizer para me foder? — Ele perguntou, fechando seu livro enquanto seu olhar passeava pela minha pele exposta. E havia muito disso, graças ao estilo pessoal de Red.

— Para sua informação, Red parece ser alérgica a algodão e conforto. — Eu disse a ele, confusa e irritada com a forma como a pele pela qual seu olhar percorreu de repente ficou quente e sensível. Eu tinha certeza de que, se olhasse para baixo, encontraria um rubor no peito e no pescoço. Então fui em frente e não olhei para baixo. Não precisava de uma prova de como estava confusa com toda essa situação, e esse homem em particular.

Ele ignorou isso, provavelmente sabendo que era verdade.

— Nenhum comentário fascinante sobre a seleção de poemas esta noite? Eles eram, talvez, lindos? — Ele perguntou, nem mesmo tentando fingir que não estava zombando de mim, jogando minhas próprias palavras de volta na minha cara.

— Por que você é tão idiota? — Retruquei, irritada demais para me preocupar em manter a paz, sem provocar meu sequestrador. — Quero dizer, de onde você tirou que pode ser tão desagradável? Foi você que foi sequestrado, preso contra sua vontade e drogado? Se você me achar tão inconveniente, pode me deixar ir. Até vou me

permitir sair, — eu disse, afastando o cobertor e caminhando em direção à porta.

Não era como se achasse que ele realmente me deixaria ir. Só estava cansada de ser uma boa prisioneira enquanto ele me deixava infeliz e confusa.

Minha mão mal fechou em torno da maçaneta antes de ouvir um barulho de rosnado, tão animalesco que senti meu coração pular no meu peito, um segundo antes de uma mão bater na porta acima da minha cabeça enquanto outra mão agarrava minha nuca, me puxando para trás, me virando com força. Sua mão deslizou em volta do meu pescoço até minha garganta, me batendo de volta contra a porta.

— Não me teste, porra, — ele exigiu, a voz mais áspera do que tinha ouvido.

E seus olhos.

Seus olhos não pareciam mais tão azuis. Pareciam vermelhos.

Mas não.

Isso não fazia sentido.

As pessoas não ficam com os olhos vermelhos. Era apenas um truque de luz.

Engoli em seco.

Porque deveria estar apavorada.

Por que, então, havia algo mais percorrendo meu corpo? Algo quente e líquido, algo que fez minhas terminações nervosas

parecerem zumbir, algo que me deixou muito consciente de um peso opressor na parte inferior da barriga?

— Ou o que? — Ouvi-me fazer a pergunta como se estivesse de repente fora do meu corpo, observando como alguma versão estranha, atrevida e ousada minha decidiu tentar ir de igual para igual com seu sequestrador.

— Você deve manter a boca fechada, Josephine, — ele me disse, meu nome soando muito bom saindo de sua língua. — Ou vou encontrar outro uso para ela, — acrescentou.

Foi uma ameaça.

No entanto, meu sexo pulsou ao som disso.

— Você disse que não me forçaria, — eu o lembrei, sentindo a cabeça um pouco turva com a pressão das pontas dos dedos em cada lado da minha garganta.

— Você acha que preciso te forçar? — Ele desafiou, a mão deslizando para o meu ombro, empurrando até que comecei a cair de joelhos.

Sabia que iria me odiar por isso, mas minhas mãos se levantaram, agarraram a frente de sua calça e começaram a puxá-la para baixo.

Eu não tinha ideia, porém, o quanto ficaria enojada comigo mesma quando sua mão de repente agarrou meu queixo, os dedos se cravando.

— Eu te disse, — ele disse, os olhos tão frios quanto sua voz. E com isso, ele puxou as calças de volta no lugar, desviou de mim e foi para fora do quarto, fechando e trancando a porta.

Me deixando lá no chão me sentindo patética e rejeitada. O que era adequado, imaginei.

Porque fui patética.

O que diabos estava acontecendo comigo? Por que iria querer alguém que me tratava como ele fazia?

Talvez fosse algo primitivo.

Não havia como negar que Ace era extremamente alfa, dominante, o líder deste grupo de homens e mulheres. Como tal, tinha todo o orgulho e arrogância que vinha com essa posição.

E talvez alguma parte minha de mulher das cavernas, há muito enterrada, respondeu a isso, reconheceu que os seus genes seriam viris, que ele seria um protetor feroz.

Era por isso que as mulheres, mulheres inteligentes, educadas e maduras, frequentemente se encontravam com tipos de meninos maus fracassados e gostosos, não era?

Era químico. Não era pessoal.

Eu poderia chegar a um acordo com isso. Poderia até, agora que reconheci o que era, evitá-lo no futuro.

Pelo menos esse era o plano.

Porque o último homem no mundo que poderia realmente querer, mais do que no nível físico, era aquele idiota vestido de suéter, leitor de poesia, egoísta.

Quero dizer, os olhos do homem enlouqueciam quando ele ficava irritado. Se isso não era uma bandeira vermelha, eu não sabia o que era.

E, claro, eu claramente tinha um histórico de gostar de idiotas.

Mas estava tentando ser uma pessoa melhor.

Independente de minhas partes íntimas querer ou não concordar comigo.

O desejo era mente acima da matéria, certo? Era por isso que assim que o seu namorado se tornava seu ex, você ficava enojada com a ideia de eles te tocando novamente.

Eu só precisava me lembrar de ter nojo de Ace.

Foi mais fácil do que pensava, porque nos três dias seguintes não vi Ace.

Ele vinha todas as noites ler para Red, mas fingi estar dormindo e ele não me chamou de novo.

Quer dizer, sua voz ainda era como sexo líquido, mas quando esses pensamentos surgiram, passava os destaques de sua idiotice em minha mente. Ajudava.

Assim como a distância física.

Até que quase esqueci que a atração ainda estava lá. Eventualmente, os outros homens apareciam.

Drex veio para reabastecer os suprimentos, lançando olhares curiosos para Red, que havia sido desmamada do remédio para dor, mas ainda não mostrava sinais de voltar ao mundo.

Eu não disse, principalmente porque ninguém perguntou, mas estava realmente começando a me preocupar com ela. Não tanto no nível físico. Ela estava se curando, lenta mas seguramente. Mas mentalmente, emocionalmente. Não conseguia pensar em uma

razão para ela ainda estar presa em sua mente. Além do impacto psicológico dos eventos que a deixaram chicoteada, espancada e terrivelmente ferida.

Esse tipo de coisa era o suficiente para causar algum tipo de ruptura psicológica. Quer dizer, não poderia alegar ser uma especialista nessa área, mas vi várias vítimas de violência virem atordoadas para ter seus testes de estupro realizados e feridas tratadas.

Eu nem tinha conseguido realizar um teste em Red. Se algo assim tivesse acontecido. Mesmo se não tivesse, o dano que ela sofreu em todos os outros lugares foi mais do que suficiente para traumatizá-la.

Foi na noite depois que os outros homens voltaram para casa que acordei com um tipo diferente de voz no quarto.

De Ace, mas não o timbre lento e reconfortante que ele usava quando recitava poesia para Red. Este era um tom dolorido e desesperado que nunca tinha ouvido dele antes.

— Você tem que acordar, Red, — ele exigiu.

Abri uma fresta dos olhos para olhar para ele, encontrando-o com seu livro de poesia usual nas mãos, mas apoiando os braços na cama ao lado dela, os ombros caídos, a cabeça baixa.

— Preciso saber quem fez isso. — A maneira como disse isso me fez acreditar que ele queria saber não porque queria denunciá- los às autoridades, mas porque planejava fazer justiça com as próprias mãos.

Nunca fui fã de justiceiros. Eu tinha visto muitos casos de pessoas sendo feias umas com as outras nos hospitais em que trabalhei. Mas só desta vez, tinha certeza que poderia tolerar uma espécie de vingança olho por olho.

Nunca vi ninguém tão maltratada como Red havia sido. Alguém precisava pagar por isso

Pareceria que a balança estava inclinada para o mal no mundo até que isso acontecesse.

— Isso nunca deveria ter acontecido, porra, — ele acrescentou, a voz áspera. — Eu deveria cuidar de todos vocês.