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Dor surge na parte de trás da minha cabeça quando tento abrir os olhos, mas eles não cooperam, não importando o quanto tente.

— Bebê. — Tento sussurrar, sem saber se alguém ao redor pode ouvir o que eu estou dizendo através do caos. O som das sirenes atinge minha cabeça, fazendo a dor aumentar.

— Senhora, vai ficar bem. Apenas tente não se mover. — Ouço alguém dizer. O som está longe, mas posso sentir sua respiração contra meu ouvido quando se inclina para falar.

— Bebê. — Tento dizer a palavra de novo, ainda sem saber se é audível. Tento levar minha mão ao estômago.

— Senhora, por favor, tente não se mover. — Diz o homem novamente. Seu tom é suave, porém firme.

— O caminhão saiu do nada e te empurrei para fora do caminho. Não quis que batesse no chão com tanta força.

Ouço outro homem dizer. — Será que ela vai ficar bem? — Senhor, um passo para trás.

Vozes começam a aumentar, e tento abrir os olhos, mas tudo parece estar se esvaindo. As vozes e o caos estão até que a escuridão cai.

— É a minha mulher!

A voz penetra a escuridão, me trazendo de volta. — Pode ser, senhor, mas é a minha função...

— Se quer manter seu emprego, eu não terminaria a frase, doutor. Não pense que eu não compraria este hospital e qualquer outra coisa apenas para despedir sua bunda.

— Phillip, acalme-se. Isso não está ajudando. — Uma voz feminina diz. Ela soa tão familiar quanto o homem... Phillip. O pensamento de seu nome envia um doce calor por meu corpo, e sinto-me novamente a deriva na escuridão.

— Deus, vou amar fazer isso todos os dias para o resto de nossas vidas. — O homem se inclina, tomando minha boca num beijo suave. É

preguiçoso e doce, como se ele tivesse todo o tempo do mundo para me beijar. Ele se afasta, e os olhos azuis escuros examinam meu rosto. Seu cabelo negro parece como se ele estivesse correndo as mãos por ele, ou talvez eu tenha. — Ainda não parece verdade que estamos casados. — Ele se move um pouco mais perto, as pernas nuas enroscadas nas minhas.

Sua mão vem para o meu rosto, e me inclino, enquanto o polegar traça meus lábios. Sinto sua outra mão sob o cobertor, vindo sobre meu estômago.

— Não vou deixar você sair dessa cama no fim de semana. Vou aproveitar cada segundo da minha esposa. — Ele pega a minha boca novamente, e desta vez empurro minha língua na sua. Não, não quero deixar essa cama também.

Há algo sobre este homem que está me chamando de esposa. Ele me faz sentir segura, afastando a escuridão. Eu me aproximo, querendo-o mais perto. Precisando senti-lo contra mim. Estou solitária.

Ele pode consertar isso, uma voz sussurra em minha mente.

Ele se afasta e começa a beijar meu pescoço. Parece que a boca está em toda parte, não deixando nenhuma parte de mim esquecida quando desce por meu corpo, parando no umbigo e lambendo em torno dele. Sinto-me sorrir e nossos olhos se encontram.

Uma covinha aparece em sua bochecha. Isso faz meu estômago vibrar.

— Você sabe. — Suas grandes mãos vêm para meus quadris, me segurando com firmeza no lugar. Não que eu tivesse qualquer intenção de tentar ficar longe. Ele continua me chamando de esposa, e estou bem. Ele parece bem. Está aqui, puxando-me da escuridão. Trazendo- me de volta à vida. — Talvez eu já tenha colocado um bebê aqui. Perdi a conta de quantas vezes gozei dentro de você.

Bebê.

A palavra faz meu coração acelerar, os olhos abrir.

A suave escuridão enche a sala, e levo minha mão ao estômago, mas paro quando percebo que tenho a mão de outra pessoa na minha. Olho para baixo vendo uma cabeça de cabelos escuros ao lado de nossas mãos unidas. É o homem do meu sonho. Ele é ainda maior em pessoa, enchendo a cadeira que tinha empurrado para perto da cama de hospital.

Não me lembro de nada. Apenas a esmagadora necessidade de saber se meu bebê está bem.

Ele parece cansado. O cabelo é confuso, assim como no meu sonho, mas o seu rosto parece exausto mesmo durante o sono. Olheiras estão sob os olhos. Olho ao redor da sala. É claro que estou num hospital, mas quase parece a suíte de um hotel. Pensaria estar em um, se não fosse os monitores apitando ao meu lado.

Meus olhos vão pra um deles, e sinto um nó na garganta. É o batimento do bebê. Observo as linhas verdes para cima e para baixo enquanto o papel sai da máquina, mantendo o controle de tudo. De repente, sinto umidade em meu rosto. O bebê está bem.

Olho para o homem segurando minha mão. Aquele que ocupou meus sonhos pelo que parece uma eternidade. Talvez tenha sido, porque os sonhos são tudo que lembro. E o bebê. Como que por mágica, sinto uma vibração no estômago, fazendo mais lágrimas cair. Coloco minha mão sobre o local onde senti a vibração, querendo de novo, mas não vem. Esfregando minha mão ao longo da barriga, tento lembrar. Estou de quatro ou cinco meses? A barriga é perceptível, mesmo com o cobertor sobre mim.

Olho para o homem ainda segurando minha mão e a puxo lentamente. Levo-a para seu cabelo, correndo os dedos por ele. A ação parece normal. Como se a tivesse feito milhares de vezes. Os fios sedosos deslizando através de meus dedos.

—Molly. — Ele murmura, um sorriso suave puxando seus lábios, e isso me faz pensar que sou Molly. Que ele é como o homem nos meus sonhos. Que é meu marido. Isso é tudo que me lembro de ver: o homem perfeito que preenche meu mundo e faz a solidão sumir.

De repente, ele levanta, me fazendo pular de surpresa. A cadeira cai para trás, batendo no chão com um estrondo.

— Molly. — A palavra vem com dor. Não posso ler a expressão em seu rosto quando ele paira sobre mim. Jesus, o homem é grande. É como se ficasse maior e maior.

A mão aperta um botão ao lado da cama, então ele está em mim. Suas mãos em meu rosto, enquanto a boca desce na minha, me levando num beijo suave, mas firme. Ele só se mantém lá. Tocando meu rosto, enquanto os lábios pressionam os meus como se ele achasse que eu fosse desaparecer.

Ele não se afasta até ouvir alguém entrar. — Bem, vejo que alguém está acordada.

Ele puxa para trás, colocando a testa contra a minha um momento, em seguida, afastando-se, abrindo espaço para a mulher.

— Como está se sentindo? — Ela pergunta quando começa a analisar as máquinas, acertando alguns botões.

— Sonolenta. — A palavra não sai, e tento de novo. Desta vez consigo falar. O homem ao lado agarra minha mão, como não pudesse se impedir de me tocar. A mulher sorri para a ação antes de balançar a cabeça.

— Como está sua cabeça? A batida foi forte. — Ela se move para mais perto, fazendo-me inclinar para dar uma olhada. — Você machucou o cérebro um pouco, mas acho que vai ficar bem. Esteve fora por mais de doze horas.

— Será que ela vai ficar bem? — O homem corta, sua impaciência clara. É como se estivesse no limite, e posso ouvir o medo em sua voz. A mulher estuda-me por um segundo antes de puxar uma caneta do bolso do peito. Faço uma nota de seu crachá. Dr. Josie Dixon.

Ela começa a piscar a luz nos meus olhos.

— Todos os exames foram claros. Algumas pessoas demoram um pouco mais para acordar às vezes. Acho que a exaustão teve a ver com a demora. — Ela guarda a luz. — Molly, lembra o que aconteceu hoje? Eu nego, tentando lembrar, agarrando a mão do homem mais apertado. Sua segurança que me faz sentir melhor.

— Sabe onde está?

— Num hospital. — Adivinho. — Em que cidade?

A olho, tentando lembrar. Olho para o homem como se fosse me dar uma resposta, mas ele só me estuda, um olhar cruzando seu rosto e a mandíbula endurecendo.

— Estado? — Ela tenta novamente. Eu nego, incapaz de fazer a conexão.

— Conhece esse homem? Sabe quem ele é?

— Ele é meu marido. — Sorrio, mas ele não devolve. Ainda me estudando.

— Não. — Eu sussurro, virando, não querendo ver seu rosto. Dor pode atingi-lo quando ele descobrir que não tenho ideia de quem ele é. Só o homem do sonho. Quero aquele olhar. O que me deu quando estávamos juntos na cama.

— Vamos fazer alguns testes amanhã, mas tenho certeza que está bem. Teve uma boa queda. As memórias vão voltar. — Ela diz, soando certa.

— Vai examina-la agora. — A voz do homem é imponente, minha cabeça vira para olha-lo enquanto lança punhais para a médica.

Aperto a mão dele, fazendo-o olhar para mim e sua expressão suaviza.

— O bebê. — Não quero fazer testes agora. Só quero voltar a dormir, mesmo depois de aparentemente, ter dormido doze horas. Mas pelo bebê, faço o que for necessário.

— Ele está muito bem.

— Ele? — Puxo minha mão do meu marido, trazendo-a para a minha barriga, querendo senti-lo mexer novamente.

— É um menino. Parece estar com quatro meses e meio. Ele é, na verdade, um pouco grande. Vou precisar dos registros de seu médico para checar algumas coisas.

Não tenho nenhuma ideia de quem era meu médico. Nem sei onde estou. Olho para o meu marido.

— Pode consegui-los? — Pergunto, sabendo que ele saberia onde encontrá-los.

— É claro. — Suas palavras são firmes, e não posso me impedir, mas sinto uma frieza fazendo uma suspeita ganhar vida.

— Tudo certo. Por que não descansa e voltamos a isso na parte da manhã? — Com isso, a médica sai.

— Eu, ah... — De repente me sinto estranha. — Não sei seu nome. — Digo finalmente, e o olho através dos meus cílios.

Ele pega a cadeira que tinha derrubado, endireitando-a e sentando ao meu lado. Inclinando para frente, pega a minha mão mais uma vez e a traz aos lábios. O gesto é doce, me fazendo sorrir. Não faz sentido. Ele parece estar em todo o lugar, mas talvez seja eu. Não estou pensando claramente.

— Phillip. — Diz ele, arrastando os lábios pela palma da minha mão. Acho que sinto sua língua sair por um segundo, como se ele estivesse me provando, mas foi embora antes mesmo de eu perceber que estava lá.

— Phillip. — Digo seu nome, recostando-me na cama, meus olhos começam a fechar. — Por favor, não me deixe. É solitário sem você. —Murmuro antes de cair no sono, sentindo sua outra mão em minha barriga.

— Nunca vamos nos separar de novo. — Ele responde sombriamente enquanto deslizo para a terra dos sonhos.

Capítulo Sete