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Deslizo a mão sob o cobertor e depois sob a roupa de hospital, colocando a palma da mão em seu estômago sobre o pequeno monte. Fecho os olhos e respiro fundo, tentando me tranquilizar de que tudo está bem.

Quando estava a trinta minutos de onde Molly ligou para Cindy, recebi um telefonema dizendo que ela estava no hospital. Pelo que ouvi antes da linha ficar muda, algo grande aconteceu, mas empurrei o pensamento longe, me recusando a acreditar que algo tinha acontecido com ela quando finalmente a encontrei depois de todos esses meses.

Justamente quando ela ia voltar. Talvez não para nossa casa, mas para Cindy, e ela tinha que saber que não teria poderia pisar em Nova Iorque sem eu saber que estava lá. Iria até ela instantaneamente.

Todo o resto aconteceu num borrão. Quando corri para o hospital fazendo minhas exigências, tentaram me impedir. Tiveram sorte por estar no hospital ou teria jogado o filho da puta no chão só para provar o quão sério estava sobre ficar com ela.

Não demorou muito para sua atitude mudar. Não gosto de usar poder e dinheiro, mas, neste caso, simplesmente não conseguia me importar. Não havia uma maldita coisa que não faria nesse momento para chegar até ela.

Então quando me disseram que ela ficaria bem, senti como se algo estivesse finalmente a dar certo para mim. Em seguida, soltaram a bomba.

— E o bebê... — Disse o médico. O rugido em meus ouvidos era tão alto que nem sequer ouvi o que ela disse depois disso. Tive que pedir-lhe para repetir-se.

Se não estivesse sentado, tenho certeza que teria atingido o chão.

E o bebê. As palavras continuavam correndo por minha mente. Se

algo acontecesse com o nosso bebê, iria destruir Molly. Isso é algo que tenho certeza.

Acariciei minha mão ao longo da barriga, sentindo-a respirar. Ainda lembro quando Molly disse que queria uma família. No início, eu só queria a ela. O pensamento do meu bebê em seu corpo fez as palavras saírem da minha boca. Disse que queria também. No início, meu desejo era amarrá-la em mim de todos os modos que

pudesse. Se tivéssemos um bebê, eu estaria sempre em sua vida. Gostaria de estar amarrado a ela para sempre. Quanto mais ela falava sobre isso, do jeito que ela imaginou e sonhou, mais eu queria. Mais do que tudo. Apenas mais uma maneira dela me trazer a vida.

Eu deveria estar com ela. Deitado na cama todas as noites, sentindo a pequena barriga crescer a cada dia. Era o que nós dois queríamos e nada fazia sentido. Não consigo entender por que ela correu, e agora não posso nem perguntar. Ela não se lembra.

É uma sensação agridoce. Ela me olhou com tanto amor ao acordar. Como eu fosse seu mundo novamente. A confiança evidente em seu olhar, esperando para que eu respondesse quaisquer perguntas. Não tenho as respostas. Não sabia onde ela estava vivendo, com quem, ou até mesmo como chegou lá.

Levantando-me da cadeira, tirei a mão do cobertor, então me inclinei e beijei sua barriga.

— Não se preocupe filho. Não vou deixar a mamãe ir a qualquer lugar. — Sussurro para ele. Não sei se é uma promessa ou um aviso para Molly.

Eu não iria deixá-la ir. Ela vai estar de volta em minha casa e minha cama de uma forma ou outra. Vai ter sorte se eu não acorrentá- la em mim. Deveria sentir vergonha ao pensar isso, mas não tenho. Nem um pouco. Ela me quebrou, e todo o esforço que tive para não

sufocá-la, sumiu. Quebrou em mil pedaços, e não há nenhuma maneira que possa ser colocado junto novamente.

Em seguida, tomei seu queixo na minha mão, inclinando a cabeça para mim. Ela nem se mexeu. Os lábios cheios se separando um pouco, e não consigo me impedir de colocar os lábios para os dela. Os lábios se abrem, e deslizo a língua por eles, sentindo um pouco da tensão no meu corpo esvair.

Quando me afasto a ouço murmurar:

— Te amo. — Com a mesma voz que usaria depois que eu voltar para casa de um longo dia de trabalho e fazer amor com ela até desmaiar. Faz meu coração doer com necessidade. Quero fazê-la dizê- lo novamente. Uma e outra vez para todos os dias que a perdi.

Relutantemente me afastei da cama, saindo do quarto para fazer a ligação que temia. É uma realidade que vou ter de enfrentar, ainda mais com Molly não sendo capaz de lembrar-se nada.

Depois de trinta chamadas não atendidas na minha tela vou direto para o contado de Carl, mas paro quando ouço alguém limpar a garganta. Olho para cima para vê-lo encostado contra a parede corredor. Ele se endireita, mas levanto a mão e caminho em direção a ele. Quero me afastar do quarto de Molly. Não quero que ela ouça.

— Foi uma sorte do caralho. Sua esposa não tinha nada na bolsa, que mostrasse onde estava hospedada. Apenas um conjunto de chaves para quem sabe onde.

Fico o olhando, esperando a boa notícia.

— Quando cheguei ao local, havia um homem pirando sobre ela. Um rugido sai do meu peito, e sinto-me dar um passo na direção de Carl como se ele fosse o homem em questão. Ele segura a mão como se estivesse tentando me acalmar. Carl é um homem grande, um ex fuzileiro, mas sou maior. Não é com frequência que vejo homens do meu tamanho.

— É um velho. — Diz ele. Como se eu desse a mínima para a idade. — Um velho casado. Acalme-se. Não era assim.

Sinto um pouco de tensão deixar meu corpo e respiro fundo, deixando cair à cabeça para o chão, tentando me acalmar. Não está funcionando.

— Não há outro homem. Na verdade, sempre foi você. — Isso faz minha cabeça levantar.

— O velho falou um pouco. Parecia saber quem você era e quem era ela. Disse que estava se perguntando quando viria buscá-la.

Porra. Nada disto faz sentido.

— De qualquer forma, ele me mostrou o lugar. Um pequeno estúdio acima de uma loja de impressão. Era minúsculo. O aluguel era baixo. Provavelmente o conseguiu com o dinheiro que sacou. A

menos que estava vendendo sua arte, ou algo assim, mas penso que não. O local estava cheio de pinturas. De resto tinha algumas roupas, um par de livros sobre bebê, e uma cama. Até a geladeira estava vazia. Suas palavras não ajudaram com a confusão, nem me deram respostas.

— Por que diz que sempre fui eu? — Pergunto. Isso me dá uma centelha de esperança de que talvez não vá ser tão duro como acho reconquistar minha esposa e entender o que aconteceu meses atrás.

— Era você em todos os quadros. Ela te pintou várias vezes.

Coloco minha mão na parede para ajudar a me apoiar. Ela me pintou? Molly não tinha pintado desde que se mudou para o apartamento depois que nos casamos. Foi algo que perdi.

Lembro-me de pega-la na casa de seu pai, para dar uns amassos no carro como adolescentes. Eu gostava de ver pequenas manchas de tinta em lugares aleatórios de seu corpo. Não sei por que, mas me excitava cada vez que encontrei uma. Comecei a esperar por isso.

Então ela parou. Disse que ia esperar até encontrar um local para montou o estúdio dos sonhos. Isso nunca aconteceu. Merda.

— Pegue tudo e leve para Nova York. Quero que arrume no meu apartamento como se sempre esteve lá. Tudo. Tudo.

Ele me estuda por um segundo.

— Ela não se lembra. Tudo o que ela sabe é que fizemos uma viagem até aqui por alguns dias. Ela caiu e bateu a cabeça. Agora

vamos para casa, onde ela esteve nos últimos fodidos quatro meses. — Grito a última parte. É como se eu falasse alto o suficiente, ia ser verdade. Que ela nunca saiu.

— Claro, senhor.

— Resolva qualquer ponta solta. Faça o que tiver que fazer. Gaste o que precisar. Não me importo.

Ele me dá um aceno. — Tudo vai ser feito.

— Viu alguma coisa sobre o médico que estava vendo?

Carl enfia a mão no bolso do terno e tira uns papéis dobrados. Pego-os e deslizo no bolso de trás. Vou ter que encontrar um médico na cidade. Ter seu material transferido. Mexer os pauzinhos para fazer parecer como se fosse o médico que ela viu o tempo todo. É sorrateiro e dissimulado, mas mais uma vez não consigo me importar. Tentei por tempo demais e não funcionou. Agora só vou pegar o que é meu.

— Mais alguma coisa, senhor? — Ele pergunta.

Não preciso me defender, mas ainda assim pergunto. — Se sua esposa fugisse o que faria para mantê-la?

Um meio sorriso atinge sua boca como se ele me entendesse. — Seria engraçado ela achar que pode ir embora.

Carl se vira e sai, e sei que tudo será resolvido. A parte mais difícil de tudo isso vai ser Cindy, mas vou fazê-la ver a razão.

Vou fazer Molly me amar para que, quando ela finalmente se lembrar do por que me deixou, esteja muito envolvida para conseguir sair. Tenho que esconder a raiva que sinto por ela ter me abandonado e pensado que poderia me deixar para trás.

Caminho de volta para o quarto e sento na cadeira para observá- la. Coloco a mão de volta sob o cobertor tocando seu estômago, querendo sentir o bebê novamente.

Tínhamos tentado engravidar desde o início. Mais que tentado. Toda vez que gozei dentro dela, pensamentos possessivos encheram minha mente. Toda noite fui para nossa cama com essa imagem na mente. Eu sabia que a tinha. Bem, eu achava que sim. Desde o primeiro momento que a vi, meu objetivo foi fazê-la minha, e nada me pararia. Estava quase desistindo do negócio com seu pai e ela surgiu. Deu-me uma razão para terminar o acordo. Entrar em sua vida tanto quanto eu podia. E eu fiz.

Casamento não saciou essa necessidade. Um bebê iria nos unir para sempre, e eu queria isso. Ela é o anjo perfeito que ilumina minha vida. A vida que nem tinha percebido ser escuro, e temia que alguém fosse levá-la de mim. Tentar atraí-la para longe.

Será que ela sabia da gravidez quando fugiu? Era parte da razão? Planejava me manter no escuro? Afastei o pensamento. Não, ela ia

voltar. Por isso ligou para Cindy. Não havia maneira de eu não descobrir quando ela voltasse.

E também sei que ela não faria isso. Não minha Molly. Ela queria uma família de verdade, não como a sua e desejava mais, planejo cumprir essa promessa. Quero isso, uma vez que ela me deu uma amostra de como seria. Quero com ela e mais ninguém.

Capítulo Oito