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Caracterização de Tutmés

No documento 'O apego às origens' (páginas 69-71)

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.2 QUEM É TUTMÉS?

4.2.1 Caracterização de Tutmés

Tutmés possui ascendência, por parte de pai, italiana e de mãe portuguesa, nasceu e cresceu no meio rural na cidade de Bom Retiro, que fica localizada no Planalto Serrano, estado de Santa Catarina. Filho primogênito possui apenas uma irmã que está com dez anos. Os pais deste jovem técnico agrícola, desde sua infância o instigaram a trabalhar nas terras da família, portanto quando ainda criança saía com seu pai, avôs e tios pelas terras da família para ajudar nas tarefas agropecuárias e agrárias.

Quando a escola rural que fica próxima de sua casa, local este em que sua avó e sua mãe lecionam até os dias de hoje, deixou de fornecer-lhe continuidade nos estudos, pois somente concedia ensino até a quarta série, os pais do jovem encarregaram-se de ir à Secretaria de Educação de Bom Retiro pedir que o ônibus rural passasse na sua propriedade para pegar seu filho, pois a continuidade nos estudos era ambição dos pais. E deixar que Tutmés ficasse em casas de parentes na cidade não seria algo a ser aceito, já que ele apenas possuía dez anos. Assim, entre viagens rotineiras, em percursos de dezessete quilômetros, o estudo de Tutmés foi seguido até a conclusão do ensino médio. Cabe salientar que o fundamental foi cursado no período vespertino e o ensino médio no noturno, todavia sempre que não estava estudando, e por continuar na casa dos pais, Tutmés estava trabalhando nas terras da família.

Após a formatura, Tutmés percebendo que gostava das atividades que desempenhava no sítio, além de conversar com dois primos paternos que estavam se formando em um colégio agrícola sobre suas futuras profissões, concluiu que tal profissionalização lhe interessava. Depois da conversa resolveu ir até o referido colégio para conhecer, pois somente depois de verificar as dependências do local é que resolveria se ficaria ali em regime de internato, já que a profissão era algo pensado e certo. Os pais sabendo da intenção do filho resolveram levá-lo e Tutmés acabou por ficar.

O jovem Tutmés até o dia da entrevista estava vivendo no meio urbano, mas em outra cidade, chamada Urubici, e todos os dias da semana dirige-se ao meio rural desta cidade para trabalhar com gado leiteiro, sendo que nos finais de semana volta para a casa dos pais.

O estudo na vida desta família sempre ocupou grande importância. Ísis, mãe de Tutmés é professora do ensino fundamental, fez o magistério antes de casar e ter Tutmés e quando este já era adolescente resolveu continuar se qualificando, cursando assim, Pedagogia na Udesc, em Bom Retiro, e antes mesmo de terminar os estudos superiores paralelamente fez uma pós em Psicopedagogia no município de Lages. Ísis disse que seu pai fez até a quarta série, por conta de ser filho único e por possuir outras dez irmãs. Sendo o pai de Ísis, o filho mais velho era ele o responsável pela administração e mão-de-obra do sítio aonde viviam. Mas, mencionou que a sua avó materna estudou em internato na cidade de Angelina e que tinha uma letra muito bonita, além de ler muito bem. Com relação à sua mãe, disse que essa é também professora de séries fundamentais, sendo habilitada para tal função e que, assim como ela, trabalha na escola do sítio.

Amón, pai de Tutmés, disse que a família não teve condições de lhe dar o estudo, principalmente por terem vindo da Itália, ou seja, precisavam trabalhar para conseguir se mantiver em terras diferentes. Mas, mencionou que tem uma irmã, a caçula de seis irmãos que atualmente está fazendo o doutorado e que chegou a ganhar bolsa de estudos para fazê-lo na Europa, mas a distância da família durante os quatro anos de duração, não lhe deixaram ir. Sr. Amón, sua família possui uma particularidade, já que ela se comunica pela língua mãe, qual seja: a italiana.

A família do Sr. Amón, possui duas propriedades de terras, e por conseqüência desse motivo, o pai do jovem fica distante da mãe durante a semana, pois o sítio aonde ele trabalha e possui o gado, fica distante aproximadamente vinte cinco quilômetros, mas sua mãe disse que apesar da distância e da falta que sente de Sr. Amón, todos os dias se telefonam. Cabe salientar que, os pais de Sra. Ísis são seus vizinhos, ou seja a presença dos avós na educação foi contante; e no sítio em que Sr. Amón fica durante a semana, também são seus

pais os seus vizinhos. Percebe-se que na família de Sr. Amón os laços afetivos familiares são importantes.

Sr. Amón disse na entrevista que gostaria de voltar a estudar, e que chegou até mesmo a obter informações sobre como recomeçar a estudar e fazer curso técnico em veterinária, mas por conta de tratamentos médicos a que está se submetendo teve que adiar temporariamente seus planos.

Em relação ao futuro de Tutmés, este disse que pretende fazer Medicina Veterinária na Udesc, pois somente nesta universidade teria condições financeiras de estudar, mas mencionou que obteve informações e está pensando sobre outra universidade que, ao contrário da Udesc, oferece o mesmo curso, mas os dois primeiros anos não seriam sob período integral, desta forma poderia continuar trabalhando. Os pais de Tutmés, em entrevista separada do filho, mencionaram saber das pretensões do filho no que se refere à Medicina Veterinária e relataram apoiá-lo.

No documento 'O apego às origens' (páginas 69-71)