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5.   Inovação no âmbito das redes de negócios 57

5.1.   Caracterização e Tipologias de Cooperação 57

Neste ponto vão-se abordar algumas tipologias de cooperação entre empresas e de que forma estas se caracterizam no que respeita às interacções estabelecidas, nomeadamente com os clientes e com os fornecedores.

Como elemento de orientação, vamos apresentar um conjunto de dimensões que consideramos importantes para a análise, nas quais vão assentar as tipologias de redes e de cooperação apresentadas de seguida (Schibany et al. 2000). Esta abordagem baseia-se no estudo de um conjunto de factores que assentam sob o ponto de vista da forma como influenciam a dinâmica de relacionamentos entre empresas. Cada um destes factores acaba por ter características e especificidades próprias através das quais consegue influenciar as dinâmicas de relação.

Identificou assim um conjunto de abordagens que, dada a sua heterogeneidade de conceitos e de definições abrangidas, revelam a enorme multidimensionalidade que está inerente ao estudo da inovação num contexto de rede.

- Vertical ou Horizontal – divisão que é feita em função da relação com a cadeia de valor. Enquanto

que as redes verticais ligam empresas ou actividades ao longo de um determinado processo numa cadeia de valor, as redes horizontais ligam as empresas em determinadas áreas funcionais;

Este conceito representa a forma como as empresas se podem relacionar face à sua cadeia de valor. A verticalidade é o grau de relações entre empresas que acompanham todo um processo produtivo ao longo de uma cadeia de valor. A horizontalidade é o grau de relações entre empresas num área funcional mais específica, como seja a I&D, o marketing, etc.

- Âmbito geográfico – define o âmbito geográfico de actuação das redes de empresas, podendo estas

assumir um âmbito local, regional ou mundial;

- Estrutura organizativa – analisa o grau de formalidade e de informalidade que existe nas relações

entre as empresas de uma rede;

- Duração – tempo de duração de uma rede de empresas, que depende por um lado dos objectivos

da rede, e por outro dos objectivos de cada elemento que a compõe. Conforme o tipo de relação estabelecida entre as empresas, podemos estar perante uma relação de curto-prazo ou no outro extremo, uma rede estratégica de longo prazo;

- Fronteiras, as quais normalmente não se encontram bem definidas, não sendo por vezes fácil

identificar a rede a que pertence um determinado indivíduo ou empresa. De salientar contudo que mais importante do que definir uma linha de fronteira entre duas redes, é a capacidade de agilização e de abertura das redes a novas ideias e a novos elementos (Hakanson e Snehota 1995).

Existe no entanto um conjunto de pressupostos subjacentes à generalidade destas abordagens, tais como o beneficio mútuo, impossível de conseguir de forma independente, e os ganhos positivos obtidos nas actividades internas. Outras abordagens são apresentadas e relacionam-se com a arquitectura, o poder, a duração, a estabilidade e a confiança dentro da rede.

Burt (1992) na sua abordagem sobre redes de empresas identifica que a eficiência das mesmas depende muito da diversidade dos contactos que existem na rede. É reconhecido que, empresas semelhantes em termos de área de actuação detêm o mesmo tipo de informações e de conhecimentos.

Dependendo do tipo de relação que as empresas estabelecem entre si, assiste-se naturalmente a uma duração e âmbito que diferem conforme os objectivos propostos, sejam elas parcerias, joint-ventures ou alianças. A organização em rede e a cooperação entre as empresas está cada vez mais a formalizar os seus processos, por diversas razões, algumas já apontadas tais como o acesso a conhecimento especializado e a partilha de custos de operação, tendo as alianças estratégicas no caso do serviços um crescimento significativo (OCDE 2004). No quadro seguinte são apresentados vários tipos de cooperação que se podem estabelecer relacionando as vantagens e as desvantagens em cada caso.

Quadro 5.1: Formas de Cooperação

Tipo de Cooperação Duração

Típica Vantagens (fundamentação lógica) Desvantagens (custos de transacção) Subcontratação/Relação com os fornecedores Curto prazo

Redução de custos e do risco Tempo de liderança reduzido

Custos de investigação, desempenho e qualidade do produto

Licenciamento Prazo fixo Aquisição de Tecnologia Custos do contrato e limitações

Consórcio Médio prazo

Competência, normas, partilha do financiamento

Fugas de conhecimento, posterior diferenciação Aliança Estratégica Flexível Empenho baixo, acesso ao mercado Corte potencial com as fugas

de conhecimento

Joint Venture Longo

prazo

Know-how complementar, gestão

própria

Objectivo estratégico, choque cultural Rede Longo prazo Potencial de aprendizagem, dinâmica Equilíbrio de ineficiências

(Fonte: Tidd et al. 2001)

Se atendermos agora mais aos relacionamentos, de importância elevada é também o tipo de relação que uma empresa fornecedora pretende estabelecer com os seus clientes. Uma relação entre empresas pode ser analisada em termos do grau de participação, da sua durabilidade e da sua frequência (Hagedoorn e Narula 1998).

A compreensão do tipo de relação entre uma empresa cliente e uma empresa prestadora de serviços é importante para definir a sua estratégia de abordagem junto do cliente (Ford 1993). Para Ford uma relação de transacção única (single transaction) pressupõe uma relação duradoura, como é o caso por exemplo da implementação de grandes sistemas que se encontram normalmente relacionados de forma crítica com as operações da empresa. Nestes casos são normalmente definidos longos prazos de execução, e mais tarde contratos para a respectiva manutenção dos sistemas. Pegando na área dos sistemas de informação um caso prático deste tipo de relação será a implementação de um sistema de billing numa empresa de telecomunicações.

Já uma relação do tipo transacções múltiplas (many transaction) pressupõe um conjunto de prestações de serviços de menor duração, os quais, embora não sendo críticos para as operações correntes de exploração da empresa, podem marcar a diferença em termos do seu posicionamento no mercado. Um exemplo deste tipo de relação é a criação de um conjunto de serviços de apoio aos clientes através de um portal da empresa na internet.

Em cada uma das abordagens apresentadas é revelado um conjunto de vantagens e desvantagens que lhes são inerentes, cabendo a cada empresa compreender como pode maximizar os resultados nas relações que estabelece e trabalhar no sentido de conseguir o melhor posicionamento dentro da

rede, eventualmente a liderança. Neste momento podemo-nos perguntar que factores serão os responsáveis pelas dinâmicas de inovação num ambiente de rede.