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MERCADO INTERNACIONAL

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Volumes em milhares de toneladas

9. ESTUDO DE CASO: TROPICAL SPICE

9.3. As empresas consorciadas

9.3.4. Caracterização geral da amostra

As principais características das empresas participantes da pesquisa encontram-se sumarizadas no Quadro 3. Em comum, as empresas que representam a ABEV neste trabalho não são iniciantes, pois apresentam um longa trajetória de experiência no mercado interno e dentro da linha de produtos que ofertam por meio do consórcio. Consideradas as elevadas taxas de mortalidade de MPME apresentadas no capítulo 5, as histórias das empresas ALFA, BETA e GAMA permitem avaliá-las como empresas bem sucedidas. Nota-se também que a participação como associado não se restringe a empresas situadas nas proximidades do núcleo tradicional do Bom Retiro, o que evidencia ser a ABEV uma entidade que não se prende a critérios regionalistas. Todas essas características posicionam as empresas investigadas dentro do perfil médio característico das MPME brasileiras do ramo de confecção, conforme apresentado nos capítulos 5 e 6.

ALFA BETA GAMA

Tempo de existência 67 anos no total; 8 anos

com o atual proprietário. 20 anos.

21 anos no total, 15 anos na sociedade atual.

Propriedade Individual Familiar Não familiar

Mercado interno Varejo, pronta-entrega e

venda por encomendas. Venda por encomendas. Varejo. Localização Distante do Bom Retiro Bom Retiro Distante do Bom Retiro

Tempo de exportação 3 anos 3 anos Aproximadamente 1 ano

Exportação autônoma Sim Não Não

Linhas de produtos Moda praia e fitness Moda feminina e moda

praia Moda praia e fitness

Produção Internamente faz o desenvolvimento, a modelagem e o corte. Costura e acabamento são totalmente terceirizados Internamente faz o desenvolvimento, a modelagem, o corte e pequenas produções esporádicas. Costura e acabamento são

terceirizados

Totalmente interna.

Quadro 3 – Sumário das características principais das empresas ALFA, BETA e GAMA 9.4. A regulação das relações entre consórcio e consorciados

Para os propósitos da análise aqui efetuada, as relações que se estabelecem entre os associados e o consórcio como entidade serão referidas como verticais. Ressalta-se, porém, que entre essas figuras inexistem relações de fornecimento de bens e/ou serviços específicos além dos previstos no objetivo de promoção comercial externa, os quais não são

individualizados. Assim, a conquista de um cliente, o atendimento a um pedido, o desenvolvimento de um catálogo ou outro instrumento promocional qualquer, por exemplo, são tarefas feitas por e em prol de todo o arranjo.

Os instrumentos de formalização do consórcio cobrem os pontos necessários para definir claramente seu escopo de atuação. Estão ali descritos objetivos, direitos e deveres dos associados, composição patrimônio e das receitas e suas respectivas destinações, estrutura organizacional básica, classificação dos associados e normas para adesões e desligamentos.

Mais precisamente, o estatuto social cumpre a função de documentar a existência jurídica da associação e definir as funções de cada um dos órgãos de gestão. As descrições dessas funções fazem uma amarração entre as naturezas e limites de decisões cabíveis a cada um desses órgãos, principalmente em assuntos de ordem financeira ou que impliquem indiretamente na carga de despesas do consórcio. Denota-se assim uma atenção especial em que as atividades desenvolvidas pelo consórcio primem pela transparência. A mesma preocupação também está presente na definição dos objetivos da ABEV, que chega a “pecar pelo excesso” de detalhes na enumeração dos campos em que a associação atua ou poderá atuar na promoção comercial dos produtos de seus membros.

A ABEV considera a existência de três classes de associados, que são definidas inicialmente de acordo com o momento de adesão ao consórcio. A primeira classe refere-se aos Associados Fundadores em reconhecimento à sua iniciativa de criar da entidade. A eles, seguem-se os Associados Honorários que são aqueles que aderiram ao consórcio até setembro de 2002 sem participar de sua fundação. O estatuto social da ABEV especifica seis associados nessa categoria, definidos como aqueles não fundadores que contribuíram de maneira decisiva no crescimento e consolidação da associação e são por isso reconhecidos internamente. Os Associados Plenos são aqueles não fundadores e nem honorários que se associaram a partir de outubro de 2002 através de instrumento específico de adesão à ABEV. Esses associados plenos podem ser elevados à condição de Remidos por reconhecimento interno a uma contribuição distinta ao crescimento e consolidação do consórcio como entidade. Neste caso, o associado automaticamente assume um status equivalente aos membros honorários.

A distinção de classes instrui uma diferenciação nos direitos e contrapartidas dos sócios segundo uma escala de privilégios, entre os quais destacam-se preferências na elegibilidade

para os órgãos de gestão, na participação de eventos representando o consórcio, principalmente aqueles que ocorrem no exterior, e no poder de veto a novas candidaturas de filiação. Note-se que a concessão desses privilégios tem caráter preferencial, sem significados hierárquicos e nem tampouco de impedimentos dessas oportunidades a qualquer membro por pertencimento a uma ou outra classe. O escalonamento também se estende aos valores de contribuição mensal ao consórcio e no percentual de repasse sobre exportações efetuadas. Nesse ponto específico, a distinção de classes tem a finalidade explícita de equalizar as contribuições dos membros mais recentes àquelas recebidas dos antigos associados.

As relações verticais no consórcio também são balizadas no conjunto de deveres atribuídos aos associados, que são: pagar a mensalidade pontualmente; entregar as amostras solicitadas no prazo determinado e, após a formalização de um pedido, proceder à entrega dos produtos correspondentes obedecendo ao prazo, quantidade, qualidade e outras especificações estabelecidas no momento da oferta dos produtos. A conduta adequada do associado quanto ao cumprimento das condições de venda é o ponto que merece tratamento mais enfático, na medida em que praticamente todas as sanções previstas no regimento interno se aplicam a situações em que se observa desrespeito às especificações do pedido. Em particular, casos de fornecimento em qualidade inferior ao padrão exportável ou de cancelamento de pedido por ato unilateral do associado prevêem as penalidades mais rigorosas, podendo acarretar a sua exclusão do consórcio.

O regimento interno estabelece que é também dever do associado manter o consórcio a par das informações necessárias para orientar uma ação promocional equilibrada. Como exemplos dessas informações tem-se a capacidade de produção anual e os respectivos preços de atacado, a parcela a ser destinada para exportação e os itens que a experiência no mercado interno revela serem mais competitivos.

No sentido inverso, ou seja, da associação para os seus membros, garante-se formalmente que será oferecida a representação das empresas e seus produtos nos eventos com participação da ABEV e nos materiais promocionais desenvolvidos para os objetivos da associação. Além disso, a todo e qualquer associado é garantida a plena ciência das propostas de atividades do consórcio. Anualmente, um novo plano promocional é elaborado para aprovação em assembléia específica e a partir do qual se decide o valor das mensalidades e porcentuais sobre as vendas necessárias para dar cobertura aos gastos e remunerações correspondentes ao

plano. Tais valores, mais as contribuições de Instituições Governamentais e Privadas, devem balancear as despesas do Consórcio, considerando que ao final de cada ano fiscal o resultado deve idealmente ser zero.