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CONDIÇÕES DE DEMANDA

5. MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS (MPME)

5.4. Potencial exportador das MPME brasileiras

Observam Puga e Markwald (2002) que em 2000 a base exportadora de empresas industriais de porte médio e superior eram razoavelmente altas, como pode ser observado na Tabela 4. Do total de unidades industriais de grande porte, 86,5% eram exportadoras, qualificação atingida por pouco menos de 41% das empresas medianas, restando menor espaço para expansão nestes segmentos de porte.

Merece atenção também o fato de que, em 2000, os exportadores nacionais correspondiam a apenas 0,7% do setor privado nacional e 4,3% das empresas industriais. Quando as micro empresas são excluídas do universo de análise, essas participações sobem para 5,7% e 19,4%, respectivamente.

Tabela 4 - Base exportadora (X) e base produtiva (P) por porte e ramo de atividade – Brasil (2000)

Industriais Agropecuárias

Comerciais Serviços e

Outras Total

Base X Base P X / P Base X Base P X / P Base

X Base P X / P Base X Base P X / P

Micro 2.964 205.153 1,4% 129 242.957 0,1% 3.956 1.586.549 0,2% 7.049 2.034.659 0,3% Pequena 3.891 31.399 12,4% 107 5.635 1,9% 720 90.090 0,8% 4.718 127.124 3,7% Média 2.833 6.976 40,6% 69 736 9,4% 236 17.669 1,3% 3.138 25.381 12,4% Grande 953 1.102 86,5% 34 137 24,8% 124 3.887 3,2% 1.111 5.126 21,7% Total 10.641 244.630 4,3% 339 249.465 0,1% 5.036 1.698.195 0,3% 16.016 2.192.290 0,7% Exceto micro 7.677 39.477 19,4% 210 6.508 3,2% 1.080 111.646 1,0% 8.967 157.631 5,7%

Fonte: RAIS 2000 (preliminar) e SECEX/MDIC, apud PUGA e MARKWALD (2002).

O SEBRAE em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior – FUNCEX realizou um levantamento do desempenho exportador nacional por porte de empresa entre 1998 e 2003. O conceito adotado combina o critério tradicional do SEBRAE para indústrias com o volume de exportação da empresa, de forma que a micro-empresa é aquela com até 19 empregados e esporta até US$300 mil anualmente; e pequena empresa corresponde às unidades que possuem entre 20 e 99 empregados e exportações anuais entre US$300 mil e US$2.500 mil. O estudo revela ter havido um crescimento absoluto de 3.362 empresas na base exportadora nacional no período analisado como decorrência da desvalorização cambial de 1999 e também de políticas públicas de incentivo à incorporação de maior número de firmas à base exportadora nacional. Deste total, 1.224 ou pouco mais de 36% da variação absoluta da base exportadora nacional se deveu à entrada de empresas reconhecidamente de micro e pequeno portes, como pode ser evidenciado na Tabela 5. Apesar desse crescimento absoluto, a participação relativa das empresas industriais de menor porte na base exportadora praticamente não apresentou alteração. Mesmo representando uma atividade empreendedora forte, a inserção das MPME brasileiras no comércio internacional ainda não pode ser considerada satisfatória.

Tabela 5 - Número de empresas brasileiras exportadoras segundo o tamanho e valor médio exportado – 1998, 2002 e 2003.

Número de empresas Exportação média por empresa (US$ mil)

1998 2002 2003 Tamanho n º % n º % n º % 1998 2002 2003 Micro industrial 2.22222,8% 2.67424,0% 2.62723,3% 46,2 47,2 50,4 Pequena industrial 3.55636,6% 4.27138,3% 4.37538,8% 276,7 286,4 316,1

MPE industrial especial (1) 193 2,0% 196 1,8% 255 2,3% 12.101,7 8.900,8 8.828,1

Média Industrial 2.74828,2% 2.95626,5% 2.98226,5% 2.901,9 2.623,8 3.231,9 Grande Industrial 96910,0% 1.031 9,2% 1.027 9,1% 32.695,9 39.853,9 47.836,5

Não classificadas (2) 40 0,4% 36 0,3% 5 0,0% 942,6 72,2 145,8

Total emp. industriais 9.728 100% 11.164 100% 11.271 100% 4.432,2 4.652,6 5.548,1

Emp. de outros setores 4.143 5.724 5.642

Emp. não identificadas 49 148 369

Total emp. exportadoras(3) 13.920 17.036 17.282

Fonte: SECEX, RAIS/MTE e IBGE. apud SEBRAE (2004)

Nota: (1) MPE especial: empresas com menos de 100 empregados e exportações superiores a US$2.500 mil/ano (2) Não Classificado corresponde a empresas cujos números de empregados não foram informados

(3) exclui exportações realizadas por pessoas físicas (identificadas por seus CPFs).

A Tabela 6 mostra várias dimensões da evolução das exportações industriais brasileiras entre 1998 e 2003. Avaliado em termos monetários, o crescimento total no período foi um pouco superior a US$ 19,4 bilhões, sendo que o desempenho conjunto das micro e pequenas empresas (MPE) cresceu em apenas US$ 428,4 milhões. Ou seja, praticamente todo o aumento do volume exportado se concentra nas unidades industriais de maior porte.

Além dessas informações, o perfil exportador do pequeno empreendimento se caracteriza pela localização centralizada basicamente em cinco estados (São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais) e pela maciça parcela de itens manufaturados, de baixa e média intensidade tecnológica. O destino preferencial das exportações das micro e pequenas empresas industriais é o mercado latino americano, que em 2003 absorveu 36,8% das exportações das micro empresas e 27% de pequenas empresas nacionais, seguido da NAFTA excluído o México, com 21,7% e 27,8%, respectivamente (SEBRAE, 2004). O que este levantamento revela de positivo é que a participação percentual das empresas que exportam mais anualmente apresentou ligeira melhora nesses cinco anos, principalmente entre as pequenas empresas: em 1998, 43,6% das pequenas empresas exportadoras atingiam uma média anual superior a US$ 100 mil e em 2003 esse percentual passou para 52,8%. Além disso, identificou-se que houve uma notável ampliação no número de empresas de pequeno

porte com atividade exportadora contínua. Em 1998, apenas 27,8% das exportações efetuadas por micro empresas e eram consideradas contínuas e as empresas de pequeno porte conseguiam um desempenho nesse quesito de 63%, em 2003, esses percentuais atingiram 63,8% e 87,5%, respectivamente.

Tabela 6 – Exportação das micro e pequenas empresas industriais por faixa de valor – Brasil 1998, 2002 e 2003.

Número de

empresas Valor (US$ milhões) Valor (em %) Tamanho e faixa de exportação anual da firma

(em US$ mil) 1998 2002 2003 1998 2002 2003 1998 2002 2003 Micro industrial 2.222 2.674 2.627 102,8 126,4 132,5 100 100 100 > 100 até 300 331 422 438 57,3 74,1 77,0 55,7 58,6 58,1 > 50 até 100 317 348 371 22,3 24,6 26,9 21,7 19,5 20,3 >10 até 50 805 955 976 19,8 23,6 24,8 19,3 18,7 18,7 Até 10 769 949 842 3,4 4,1 3,8 3,3 3,2 2,9 Pequena industrial 3.556 4.271 4.375 984,1 1.223,1 1.382,8 100 100 100 > 1.000 até 2.500 295 383 433 447,1 594,0 673,5 45,4 48,6 48,7 > 500 até 1.000 343 433 503 245,3 312,5 359,3 24,9 25,5 26,0 > 100 até 500 913 972 1.128 235,3 249,6 285,2 23,9 20,4 20,6 > 50 até 100 407 483 473 29,1 34,5 33,9 3,0 2,8 2,5 > 10 até 50 936 1.151 1.097 24,1 28,7 27,4 2,4 2,3 2,0 Até 10 662 849 741 3,2 3,8 3,5 0,3 0,3 0,3 Total (Micro+Pequena) 5.778 6.945 7.002 1.086,9 1.349,5 1.515,3

MPE industrial especial, Média e Grande (1) 3.910 4.183 4.264 41.992,350.589,861.016,7

> 20.000 325 327 395 33.285,5 41.148,4 50.881,8

>10.000 até 20.000 242 266 278 3.371,5 3.792,7 3.893,6

Até 10.000 3.343 3.590 3.591 5.335,3 5.648,7 6.241,3

TOTAL GERAL 9.688 11.12811.266 43.079,251.939,3 62.532,0

Fonte: SECEX/MDIC, RAIS/MT, IBGE. Adaptado de SEBRAE 2004 Nota (1): excluídas as empresas industriais não classificadas.

Afora isso, os dados apresentados nas Tabelas 5 e 6 mostram uma estrutura que é em geral estática. Apesar de um crescimento em número de empresas e também no volume exportado, as micro, pequenas e médias empresas não aumentaram a sua importância relativa na pauta das exportações brasileiras. O aumento no valor exportado entre as micro e pequenas empresas foi de 39,4% nesses cinco anos, contra os 45,3% conseguidos pelas as empresas de maior porte. Assim, como ressaltam Markwald e Pessoa (2003) o alargamento da base exportadora brasileira passa necessariamente pela inclusão das empresas de menor tamanho na atividade comercial externa.

Em termos de recursos físicos, financeiros e gerenciais, a distância existente no Brasil entre as MPME e as grandes empresas é muito grande. Portanto, é natural que isso se reflita também em maiores dificuldades para incorporar a atividade exportadora como uma opção estratégica acessível de resposta às novas condições econômicas. Como salientam Veiga e Markwald (1998), a entrada no mercado mundial e a manutenção de uma atividade exportadora estão associadas a riscos e necessidades de investimentos que sustentem todo este esforço, os quais podem comprometer a rentabilidade imediata da empresa. Em razão disso, muitas MPME encaram a atividade de exportação por uma ótica circunstancial e não estratégica, resultando um desempenho altamente volátil que dificulta a criação de uma oferta externa consistente.

A reversão deste quadro exige que se coloque a competitividade como o foco estratégico fundamental da expansão comercial brasileira. No caso das MPME isso significa avançar em direção a novas formas de acesso aos recursos de informação, gerenciais e de financiamento tão necessários à sua modernização. Uma das formas defendidas para isso é o estabelecimento de vínculos mais fortes na forma de redes e alianças entre essas empresas, como será visto adiante.