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4.2 Análise dos Dados Coletados

4.2.1 Caracterização geral das empresas e perfil dos empresários

Dentre as 20 empresas pesquisadas, o gráfico 1 mostra que: 35% (7) delas possuíam entre 5 e 10 anos de existência, na fase final do Projeto Promos; 50% (10) possuíam entre 10 e 15 anos de existência; e por fim, apenas 15% (3) delas já estavam no mercado por um período compreendido entre 15 e 20 anos (Gráfico 1).

Gráfico 1 — Percentual de empresas por tempo de existência, na fase final do projeto

Fonte: Pesquisa direta (2010).

Quanto ao tempo de atuação dos empresários no segmento de calçados, foi possível perceber que o conhecimento do empresariado acerca do setor onde atua é superior ao tempo de existência de suas empresas. O gráfico 2 mostra que apenas 20% (4) dos empresários tinham (na fase final do Projeto Promos) menos de 10 anos de atuação no setor, outros 10% (2) dos empresários já atuavam por um período compreendido entre 10 e 15 anos, 30% (6) já atuavam por um período compreendido entre 15 e 20 anos, e 40% (8) já atuavam no setor a mais de 20 anos.

Gráfico 2 — Percentual de empresários por tempo de atuação no segmento de calçados

Acerca do conhecimento adquirido sobre o setor, 35% (7) dos empresários entrevistados alegam que obtiveram esse conhecimento através da iniciação profissional à época em que, ainda menores, começaram a trabalhar como funcionários de outras empresas. Os outros 65% (13), confirmam que antes de se tornarem empresários também foram funcionários, mas de empresas familiares, motivo pelo qual, herdaram o conhecimento dos pais que já eram empresários do setor.

Neste contexto, observa-se que o Projeto Promos não foi um fator que influenciou na criação destas empresas ou que as ajudou a superar o quinto ano de suas existências, período considerado pelo Sebrae como crítico e capaz de definir a permanência de uma empresa no mercado. Pelos dados coletados pode-se concluir que todas as empresas que compunham a amostra já haviam superado este período quando da execução do projeto.

Quanto à questão da legalidade, a pesquisa constatou que 60% (12) das empresas eram formais e 40% (8) eram informais, conforme mostra o gráfico 3. Observando sob este prisma, a amostra não representa o universo e deve ser considerada intencional. O motivo dar- se pela seguinte justificativa: quando foi definido o grupo de vanguarda, pela própria equipe que coordenava o projeto, foram escolhidas algumas empresas que atendessem requisitos no tocante ao grau de desenvolvimento já instalado o que daria celeridade a algumas ações. Sendo o grupo de vanguarda responsável por objetivos que pudessem servir de exemplo para as demais empresas, acabou prevalecendo um maior número de empresas formais, o que contraria os dados reais do universo que podem ser observados na pesquisa do Kehrle (2006).

Gráfico 3 — Percentual de empresas por aspecto legal

Dois fatos importantes devem ser mencionados quanto à questão da legalidade das empresas, ambos registrados no segundo momento de realização da pesquisa, no período posterior à fase de conclusão do projeto. Um deles diz respeito ao fato de uma das empresas participantes da amostra, que até o período de conclusão do projeto atuou como informal, passou, em um período adiante, à condição de formal. Embora esta ação não tenha sido realizada à época da execução do projeto, o empresário afirma que esta condição foi consequência do conhecimento adquirido pelas oficinas gerenciais das quais participou, bem como, das consultorias que foram realizadas em sua empresa.

Também neste segundo momento da pesquisa foi possível constatar uma situação adversa que vai de encontro às ações praticadas pelo projeto. Uma das empresas, com quase dez anos de existência, cujo empresário já atuava no setor há mais de quinze anos, acabou pedindo falência. O motivo alegado pelo empresário se resume aos problemas financeiros decorrentes de empréstimos mal gerenciados e de uma carteira de clientes não confiável.

Observando sob a ótica de avaliação do projeto, isso constitui uma falta grave sob dois aspectos: primeiro, se o empresário recebeu a ajuda necessária através das ações que o projeto preconizava, pode existir aí uma deficiência no nível de conhecimento que estava sendo transmitido, uma vez que, não foi suficiente para garantir a sobrevivência da empresa

— pode ser entendido como uma falta de suporte ao empresário; segundo, se o nível de

conhecimento era suficiente e o empresário não praticava essas ações, ignorando as orientações que lhe foram transmitidas, existe nesse caso uma falta de comprometimento por parte do empresário com as ações do projeto — pode ser entendido como uma falha na metodologia, uma vez que, situações dessa natureza não deveriam ser acatadas pela coordenação do projeto. Ambos os casos se caracterizam como uma falha do projeto.

Ao que ficou constatado, se tratava de uma empresa familiar onde um dos sócios (filho do empresário) era responsável pela área comercial e, negligenciando as ações orientadoras do projeto, cometeu alguns deslizes. Dentre os erros cometidos, os mais graves que levaram a empresa à falência e identificados pelo próprio empresário foram: 1) carteira de clientes não confiável – o sócio vendeu produtos a muitos clientes que pagaram com cheques sem fundos; 2) nas viagens realizadas pelo sócio o mesmo utilizou recursos da empresa para benefícios próprios, efetuando gastos além do permitido para as despesas de viagem; 3) e por fim, havendo necessidade de honrar compromissos financeiros assumidos e sem capital para

isto, o sócio foi buscar recursos junto aos ―agiotas‖ a um custo muito alto. O somatório das

conseqüências geradas por estes fatos resultou no fechamento da empresa.

situação no seu período de encerramento apresentava-se da seguinte forma, conforme pode ser observado no gráfico 4: 25% (5) dos empresários pesquisados possuíam o Ensino Fundamental; 40% (8) possuíam o Ensino Médio; 10% (2) possuíam o Nível Superior Incompleto e, nestes casos, não estavam estudando e nem tinham pretensão de voltar a estudar; e por fim, outros 25% (5) dos empresários detinham Nível Superior Completo. No segundo momento da pesquisa, foi observado que dois empresários haviam iniciado uma pós- graduação lato sensu. Quando indagados se esse interesse havia surgido com o projeto, ambos responderam que não, mas que se tratava de um desejo de buscar novos conhecimentos e desafios e que, desde a época de sua graduação já alimentavam este desejo.

Gráfico 4 — Percentual de empresários por grau de instrução

Fonte: Pesquisa direta (2010).

A pesquisa mostra que existiram indicadores para acompanhar a evolução dos empresários em capacitações específicas de determinadas áreas, como mercado e produção, por exemplo, entretanto não é possível perceber alguma contribuição de nível básico. Cabe aqui um questionamento: seria possível capacitar um empresário em Gestão Estratégica de Custos sem que este domine elementos básicos da Aritmética? Esse questionamento pode ser estendido também ao nível operacional das empresas. Como capacitar funcionários para trabalharem com Controles Estatísticos de Processos se estes não apresentam grau de escolaridade suficiente para tal desempenho? Embora não tenha sido objeto desta pesquisa, analisando os resultados do Projeto Promos pode-se perceber que assuntos relativos à área educacional foram ignorados, o que pode justificar o mau desempenho dos resultados de

algumas ações que necessitariam de um trabalho prévio sob esse aspecto.

Na sequência serão discutidas as variáveis e os indicadores que nortearam esta pesquisa.