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4.2 Análise dos Dados Coletados

4.2.2 Ações e sustentabilidade do projeto

4.2.2.2 Nível de participação em organizações coletivas

Ainda no Eixo 1 — Dinâmica de Distrito —, um grupo de indicadores procurou mostrar o nível de participação das empresas em organizações coletivas. Estes indicadores permitiram verificar o grau de desenvolvimento das empresas no que diz respeito a elementos típicos de cooperação e articulação associados à dinâmica de distrito.

A pesquisa mostra que, ao final do Projeto Promos, todas as empresas integrantes do grupo de vanguarda participavam de algum tipo de organização coletiva, com exceção das modalidades Cooperativa e Consórcio onde, em nenhum dos momentos houve participação de qualquer empresa, conforme pode ser observado no gráfico 7.

Observa-se que, ao final do projeto, 75% (15) das 20 empresas participaram de Fóruns, houve participação também de 70% (14) delas na Associação, na Central de Negócios participaram 50% (10) das empresas, na Rede participaram apenas 15% (3) e por fim, no Sindicato houve participação de apenas 10% (2) das empresas. Dessa análise é possível concluir que o projeto teve total influência na participação das empresas neste grupo de ações. O gráfico permite observar ainda que, apenas a Associação dos Sapateiros e o Sindicato das Indústrias de Calçados do Estado da Paraíba, tiveram participação de empresas antes, durante e após a conclusão do Projeto Promos.

Gráfico 7 — Percentual de empresas por participação em organizações coletivas

Fonte: Pesquisa direta (2010).

A ausência de participações em Cooperativas e/ou Consórcios pode representar uma falha na metodologia adotada pelo projeto, seja pela falta de incentivo/apoio aos empresários, seja pela inobservância da própria coordenação do projeto.

É possível perceber ainda que a participação de empresas filiadas ao Sindicato, assim como, também à Associação, não teve qualquer influência do projeto entre antes e depois. A quantidade de empresas que eram filiadas ao Sindicato antes do projeto permaneceu a mesma após a sua conclusão. Assim procedeu também com a Associação dos Sapateiros, a redução de 12 para 11 empresas vinculadas, entre antes e depois do projeto, deu-se em função de uma das empresas ter decretado falência, conforme já mencionado e, consequentemente, deixou de participar das ações conjuntas com a associação.

Como ações coletivas de destaque, neste grupo de indicadores, restam ainda a participação nos Fóruns e na Central de Negócios. Segundo os empresários, a participação nos Fóruns teve uma adesão considerável porque era um dos mecanismos que a coordenação do projeto dispunha para discutir as ações a serem desenvolvidas no pólo. Era através dos Fóruns que ficavam sabendo do resultado conjunto das ações que haviam sido desenvolvidas, fosse

ele positivo ou negativo, como também, qual seria o ―próximo passo‖ a ser dado no rumo da

concretização do projeto. Em todas as situações os empresários eram convidados a participar. Sendo estes, membros integrantes do grupo de vanguarda essa participação representava a contrapartida mínima que cada um poderia oferecer para a execução do projeto.

No caso da Central de Negócios, a sua criação foi considerada uma das melhores ações desenvolvidas pelo projeto. Para os empresários, a criação de um mecanismo que possibilitou o contato direto com alguns fornecedores de matéria-prima representou uma fuga

da dependência dos fornecedores locais e regionais. Embora o objetivo da Central de Negócios tivesse um sentido mais amplo, os empresários se limitaram apenas a algumas compras de matérias-primas.

Segundo os empresários, o processo de criação da Central de Negócios foi bem planejado (e executado), mas apenas o processo de criação. Empresários foram capacitados por profissionais competentes no assunto, receberam treinamentos sobre todas as áreas de atuação da Central, desde a compra até a comercialização conjunta dos seus produtos. Chegaram a formar o grupo gestor que ficaria responsável pelo conjunto de ações. Este grupo foi composto pelos próprios empresários que conseguiram realizar as primeiras compras ainda na fase de execução do projeto. Este momento foi marcante porque registrou-se um número considerável de micro e pequenos empresários que não participavam do grupo de vanguarda mas que aderiram à Central de Negócios. Alguns reflexos destas ações foram imediatos, fornecedores locais reduziram os preços de venda de alguns insumos, ofertaram prazos maiores para pagamentos, contactaram fabricantes com o intuito de coibir a venda direta para os empresários, chegando ao ponto de através de manobras políticas tentar proibir a atuação dos profissionais que compunham a equipe do projeto. Nada disso alterou o desenvolvimento das ações que estavam sendo realizadas nesta área. Entretanto, o aspecto da sustentabilidade das ações foi ignorado. Esse foi o ponto falho, segundo os próprios empresários.

Enquanto a equipe técnica do projeto atuava na Central de Negócios, todas as ações foram bem sucedidas. Faltou aos empresários, aprenderem a importância da atuação conjunta. Embora as ações tenham sido fortalecidas pela união do grupo, cada um se limitava a enxergar o benefício próprio. O resultado não poderia ser diferente. Após a saída da equipe técnica, uma única ação sequer voltou a ser desenvolvida pela Central.

Conclui-se então que o projeto teve atuação preponderante na fase de execução, uma vez que, registra-se que houve uma participação maciça das empresas nas ações relacionadas a esta área de atuação. Entretanto, é correto afirmar que no tocante à sustentabilidade das ações, o projeto não conseguiu agregar absolutamente nada. Embora os empresários tenham sido capacitados sobre o funcionamento de uma Central de Negócios, faltou-lhes capacitação no que seria essencial, o desenvolvimento de ações para beneficiar o grupo. Neste caso, percebe-se uma falha na metodologia do projeto.