• Nenhum resultado encontrado

1.3.6.2 SISTEMAS DE RECOMPENSA

3. POLITICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO

4.3. CARATERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Foram 16 os parceiros – stakeholders – da escola pública a quem solicitamos uma colaboração para desenvolver esta investigação. Repetindo as áreas onde se inserem e pelas quais foram convidados a realizar uma entrevista, envolvemos: políticos da área educacional (P); presidentes de conselhos executivos escolares (D); professores (T); alunos e famílias (S); dirigentes de sindicatos de professores (U); e parceiros económicos (E).

A escolha por esta tipologia de parceiros da escola pública pretende compreender as perceções relevantes ao estudo, na especificidade do papel social que cada entrevistado representa. Todavia, interessa atender que as categorias dos stakeholders em causa não se autoexcluem. Poderá entender-se que um político em exercício de funções seja um professor de carreira, pai e por isso também encarregado de educação, tal como, no seu passado, foi aluno. Assim se compreenderá que as experiências acumuladas por um interveniente possam sofrer interferência dos diferentes papéis que desempenhou no sistema educativo.

Não considerando a sobreposição de papéis dos sujeitos como uma debilidade do estudo, pudemos encontrar nessa condição uma justificação para abordar um leque de intervenientes alargado e, assim, compreender melhor o fenómeno em causa, num sistema com influências múltiplas entre os seus atores.

O primeiro entrevistado foi selecionado pela sua vertente política. Foi identificado por entrevista P0. Porque, além de político, detém um conjunto de vivências enquanto docente, parceiro económico e família – sendo a sua colaboração enquadrada como um pré-teste ao guião de entrevista.

O sujeito nomeado por P0 tinha, à altura da entrevista, 61 anos. Foi professor de educação física. Mestre em ciência política, na especialidade de políticas europeias. Desempenhou as funções de chefe de divisão da Direção Regional dos Desportos da Madeira e diretor do gabinete de formação da referida Direção Regional. Foi Secretário Regional de Educação. No âmbito privado, esteve como Diretor Geral de um grupo bancário na Região Autónoma da Madeira e foi eleito presidente da ACIF – Associação Comercial e Industrial do Funchal. Ao

momento é representante do Conselho da Madeira ao Conselho Económico e Social da República.

O interveniente P1 é um alto dirigente político da educação. Foi diretor de uma escola secundária. Com 47 anos, conta com um currículo académico que inclui uma licenciatura em Teologia, um mestrado em Ciência da Educação, realizado na Universidade Católica e um doutoramento em Psicologia da Educação. No seu percurso foi docente no ensino básico/secundário, assim como no ensino superior.

O entrevistado P2, outro alto dirigente político – com exercício privilegiado na gestão de recursos humanos docentes – concluiu uma licenciatura em educação física em 1991, no ramo da educação especial. Depois de desenvolver alguns projetos na qualidade de quadro da antiga Direção Regional de Educação Especial, foi convidado a assumir uma direção de serviços de ação social, no Instituto de Segurança Social da Madeira. Teve assento em alguns Conselhos Regionais, nomeadamente o de Juventude e de Emprego e Inclusão. No momento da entrevista era membro do Conselho Económico e Social e do Conselho de Inclusão da RAM. Voltou aos estudos realizando uma pós-graduação em gestão da qualidade e um mestrado em saúde e prescrição. Desempenhou funções docentes na Universidade da Madeira, no Instituto Superior de Administração e Línguas, colaborou com a Universidade Técnica de Lisboa, Universidade do Minho, Universidade do Porto e com o Instituto Politécnico de Castelo Branco. Foi consultor de várias empresas internacionais, na área de pessoas com problemas de acessibilidade.

Como último interveniente político, surge o sujeito P3. Sendo, ao momento, um alto dirigente político com a atribuição de vários domínios, começou a sua formação com uma licenciatura em Educação Física e, mais tarde, realizou um mestrado em Gestão. Conhece a realidade das escolas, na qualidade de professor de quadro de uma escola secundária, onde ainda foi vice-presidente de um conselho executivo. Do seu percurso público constam as seguintes atribuições já cessadas: Vice-presidente do Instituto de Juventude da Madeira; Diretor Regional de Juventude e Diretor Regional de Juventude de Desporto.

Passando às direções escolares, incluímos 3 dirigentes. O primeiro - D1 - exerce o cargo de presidente do conselho executivo de uma escola secundária há 4 anos. Tendo 54 anos, declarou ser licenciado em Filosofia e ter realizado na Universidade da Madeira um mestrado em Administração Educacional.

O segundo presidente do conselho executivo de uma escola secundária, designado por D2, tinha 64 anos, uma licenciatura em História e uma pós-graduação em Estudos Europeus. Afirmou ter sido o primeiro presidente eleito em 1980/81, da escola que ainda dirigia, acumulando mais de 30 de experiência em gestão escolar. Como cargos públicos foi presidente de uma Câmara Municipal, presidente de uma Assembleia Municipal durante 12 anos, deputado durante 20 anos na Assembleia Legislativa Regional da Madeira e presidente da Comissão de Educação na mesma instituição. Pertencia, no momento, ao Conselho Nacional de Educação pela RAM.

A última diretora chamada a contribuir para a investigação - D3 - afirma já ter ultrapassado os 50 anos de idade. Ao contrário dos anteriores, não é docente de carreira. Foi formada em gestão pelo ISCSP e gere uma escola não regular. Sendo um estabelecimento de educação pública, dedicado à formação profissional e com a valência de ser um Centro Qualifica, abrange o paradigma do reconhecimento de competências adquiridas no meio exterior à escola. O facto desta escola ser gerida em moldes idênticos às empresas, guiados pelas normas ISO, permite trazer ao estudo a sensibilidade de um gestor escolar não docente nas matérias de Gestão Estratégica de Recursos Humanos e de Políticas Públicas de Educação. Ouvimos, por entrevista, 2 professores com experiência e reflexão sobre a gestão escolar nas áreas definidas. O primeiro professor - T1 - é licenciado em Informática e tinha 38 anos. Na escola onde foi entrevistado exerce funções há 10 anos. Era diretor de curso dos cursos profissionais de informática, coordenador de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e por inerência membro do Conselho Pedagógico da Escola.

O segundo professor, designado por T2, leciona na disciplina de Física desde 1990/91. Na escola básica e secundária onde contribuiu para o estudo, trabalha desde 1997/98. Acumulou experiência com os alunos de 3.º ciclo, ensino noturno e mais recentemente com

o ensino secundário. Leciona os cursos regulares e profissionais. Com 49 anos de idade já desempenhou os cargos de coordenador de departamento e de delegado de disciplina. Na ocasião da entrevista era presidente do conselho da comunidade da escola.

Para recolher as perceções dos alunos e famílias recorremos a 3 indivíduos com uma visão privilegiada sobre a atividade das escolas. Começamos por um aluno, designado por S1. Disse-nos ter 17 anos de idade e ser aluno de um curso de ciências e tecnologias. O jovem apresentou uma ideia (também sobre a perspetiva de vários alunos) sobre o sistema educacional secundário. Justificou, em parte, por ser nesse ano letivo o presidente da associação de estudantes da escola onde estuda. Informou-nos ainda que, nas próximas eleições autárquicas, seria mandatário da juventude por um partido político. A nível pessoal é praticante de atletismo, onde conquistou o galardão de vice-campeão nacional.

Outro contributo surgiu de um encarregado de educação – S2 – de uma escola básica e secundária da Região Autónoma da Madeira. O entrevistado tem dois filhos e era presidente da associação de pais. Tinha 41 anos e declarou-se formado em Engenharia de Segurança no Trabalho, trabalhando para a empresa SONAE no departamento de recursos humanos. A terceira participação na categoria de alunos e famílias surgiu de um encarregado de educação, representante dos pais no conselho da comunidade educativa noutra escola básica e secundária da RAM. Com 44 anos, é licenciado em Contabilidade e Gestão Financeira e trabalha há 20 anos numa empresa de construção de grande porte.

A sensibilidade dos sindicatos de professores foi considerada através da audição dos dois maiores sindicatos regionais, pelo número de associados que representam. No sindicato designado por U1 entrevistamos o seu presidente. Referiu ter sido presidente do conselho administrativo de uma escola básica e secundária durante 4 anos. No sindicato que agora dirige, foi membro fundador. Também foi membro fundador da associação portuguesa de geógrafos, além de participar em várias organizações. Como exemplos referenciou a Associação de Pedagogia Experimental da Língua Francesa e organizações de defesa do consumidor.

Noutro sindicato, abordamos o seu coordenador, que estava naquelas funções há 2 anos. A entrevista designada por U2, foi realizada a um professor de Português com 26 anos de experiência, proveniente da área das clássicas e que, posteriormente, complementou a sua formação com 2 mestrados. Um na área da Linguística e outro na Supervisão Pedagógica. Do conjunto de stakeholders considerados para a investigação, selecionamos, por fim, 2 indivíduos representantes da categoria Parceiros Económicos. A primeira entrevista – E1 – foi-nos facultada por um quadro da empresa FNAC com duas atribuições: gestão de recursos humanos; e backoffice, parte administrativa, controle e gestão. O percurso deste sujeito começou dentro da mesma empresa como estagiário de um curso técnico profissional de contabilidade, permanecendo depois como tesoureiro. Nessa posição, acumulou o trabalho com os estudos superiores até concluir uma licenciatura em Contabilidade e Finanças. Depois de concluída a formação superior, ascendeu na hierarquia da empresa.

A entrevista E2 foi realizada a uma advogada de carreira, pertencente a um escritório com 3 advogados e que integra com frequência estágios a alunos oriundos de cursos profissionais. A pessoa em questão, com 40 anos e com o grau de mestre, acumula funções no setor público. Nessa qualidade é diretora de recursos humanos numa Secretaria Regional da RAM. A escolha dos parceiros da escola pública atendeu aos seguintes critérios: serem atores privilegiados, ou deterem conhecimento relevante para propiciar o entendimento relativamente ao que se pesquisa. Mas, nesta perspetiva, ainda fizemos incidir o critério da maior abrangência possível da amostra considerada. Razão pela qual, nas entrevistas realizadas aos diretores escolares, professores, alunos e famílias selecionamos, sem repetir, as 8 escolas com maior número de alunos inscritos no ensino secundário ou nível equiparado, à data de 2 de janeiro de 2017 (tabela 4.2). Esta condição permitiu-nos alcançar de forma indireta 7096 dos 9243 alunos inscritos. Isto é, investigamos em escolas que representam aproximadamente 76,7% dos alunos inscritos no ensino público secundário, ou equiparado.

Tabela 4.2. Número de alunos inscritos no ensino secundário, ou nível equiparado, nos estabelecimentos públicos de ensino da RAM à data de 2 de janeiro de 2017 (Elaborado pelo autor através de dados facultados pelo OERAM – Observatório de Educação da Região Autónoma da Madeira). Escola da RAM com o nível secundário ou nível equiparado Alunos inscritos A 375 B 41 C 115 D 45 E 278 F 77 G 188 H 503 I 359 J 2515 K 2086 L 117 M 351 N 31 O 551 P 214 Q 52 R 168 S 352 T 78 U 33 V 298 X 5 W 280 Y 131 Total 9243