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A história da aprendizagem técnica, em especial da iluminação cênica no Teatro Álvaro de Carvalho e, por extensão no estado catarinense, está interligada com a história de Carlos Falcão. Conhecido popularmente por seu sobrenome, ou seja, “Falcão” e carinhosamente chamado como o “pai de todos” pelos mais experientes iluminadores da cidade, pois com ele foram iniciados no ofício de iluminação. Entre os oito profissionais entrevistados, seis indicaram seu aprendizado através dos conhecimentos de Falcão, somente Claudio Morais não tem Falcão como referência, pois começou a atuar nessa área quase vinte anos antes dele.

108 Carlos Antônio Falcão Cavalcante Lins é natural de São Francisco do Sul, cidade litorânea do norte catarinense. Nasceu em 20 de julho de 1952. Depois de cumprir um ano de convocação na Marinha, desembarcou em Florianópolis em busca de estudos e de emprego. No ano de 1979, Falcão estava cursando Engenharia Elétrica, na Universidade Federal de Santa Catarina. Ao sair pela cidade para procurar trabalho e manter-se estudando, estava ele no balcão de uma loja de materiais elétricos em busca de contatos para trabalhar, quando se deparou com um conhecido e, após apresentar-se e dispor-se a trabalhar, recebeu convite para uma pequena função, ou seja, de troca das lâmpadas dos lustres do Teatro Álvaro de Carvalho.

Em junho de setenta e nove, isso, aí eu posso relatar o acontecimento, é que eu estava na instaladora Santa Rita de Florianópolis e o Diretor do Teatro Álvaro de Carvalho, o Hamilton Faversani, estava comprando umas lâmpadas, e eu como conhecia o Hamilton antes de entrar no teatro, disse que gostaria de trocar essas lâmpadas que ele estava comprando, ele falou para mim aparecer no teatro e simplesmente eu fui ...(Falcão)

Quando estava desempenhando esta atividade de troca das lâmpadas nas luminárias que davam claridade na entrada e na platéia do teatro, um incidente vai colocá-lo na rota da iluminação cênica. No dia 05 de julho de 1979 apresentava-se na casa o espetáculo Alta Rotatividade com o ator Agildo Ribeiro e o transformista Rogéria. O técnico de iluminação Carlos Morais, por motivos não esclarecidos nesta pesquisa, desentendeu-se com a direção do TAC e abandonou o posto na véspera da apresentação do espetáculo.

[...] quem estava trabalhando, o irmão do Cláudio (Morais), era o iluminador do teatro, na época [...] e houve algum, alguma coisa que não deu certo e ele foi embora e ficou sem ninguém aqui, até então eu estava começando a colocar as lâmpadas no lustre, e o Hamilton perguntou se eu faria a iluminação, e eu disse simplesmente que faria, e até então eu nunca tinha feito iluminação. Quer dizer, criei a coragem em dizer que faria e fiz (Falcão).

Falcão precisou improvisar e aprender rapidamente em que botão acionar para a luz produzir efeito. Antes teve de executar ou montar a luz, colocar os projetores nas posições conforme o planejado. Como tinha algum conhecimento

109 básico em eletricidade, fato advindo dos três anos na universidade, não foi muito difícil dialogar com o manuseio dos equipamentos técnicos em iluminação. O mais difícil, segundo ele, foi operar a luz, pois teve que se agarrar em muita habilidade e improviso para assimilar a sequência de acionamento dos botões de operação. Teve poucas horas para receber as instruções e as deixas, pois o espetáculo dependia de músicas para ocorrerem as mudanças de cenas.

O espetáculo já tinha vindo, já tinha orientado a iluminação em si, eu apenas executei, agora acontece que não tinha ninguém para fazer os passos, o profissional para fazer os passos, aí eu tive que fazer, escutar toda a música do espetáculo antes, aí era música... americanas e eu tive que saber qual era, aí tinha as orientações, a musica tal é, aí são dois minutos e aí eu olhava assim no relógio, puxa, dois minutos aí tinha a luz tal, aí eu entrava com a luz, já tinha um roteiro por escrito né, e fiz, no ouvido o tempo que era necessário para executar o trabalho(Falcão).

Este fato não foi o único no início da carreira de Carlos Falcão, sua aprendizagem na área de iluminação veio da aposta em sua criatividade e ousadia para desempenhá-la, pois teve que ser instrutor de si mesmo e apoiar-se no conhecimento elétrico que dispunha. No espetáculo Motel Paradiso, de Juca de Oliveira, o iluminador da peça teve um mal súbito e não pode acompanhar as apresentações em Florianópolis. E mais uma vez a habilidade de Falcão teve que vir à tona. As instruções de mudança de luz ou diminuição de intensidade foram- lhe passadas pelo telefone de serviço por uma pessoa que estava posicionada nos bastidores do palco e ele, na cabine localizada na galeria, acima dos camarotes, realizou toda a operação da luz. A aprendizagem na área de iluminação que Falcão teve, no início da sua carreira, foi como se diz em uma linguagem popular, de “supetões”. Contou muito com a sua intuição, conhecimento elétrico e muita força de vontade, criatividade além da necessidade financeira que tinha em manter-se no emprego para poder frequentar a faculdade.

As dificuldades entre cursar a faculdade e trabalhar de forma excessiva não tardaram a entrar em rota de colisão. Na década de 1980 ocorria em todo o Brasil, promovido pela FUNARTE, um projeto de música popular denominado

Projeto Pixinguinha. As apresentações no TAC ocorriam às 18:30, e quase

110 sábados a situação ficava ainda pior pois, normalmente, tinha espetáculo infantil de manhã e entre outra sessão às 14:00 ou 15:00, e às 18:30 o Projeto

Pixinguinha e, para coroar, às 21:00 horas o espetáculo da noite. A correria era

inevitável nos ajustes, logo após findar as sessões, para readequar a luz para a atividade seguinte. E convém lembrar que o TAC possui um corpo mínimo de técnicos para dar conta de todas essas atividades. Nessa luta entre aperfeiçoar- se nos estudos e manter-se desempenhando a atividade na iluminação, Falcão teve que optar.

Eu tinha aula de cálculo às sete e meia da manhã, na universidade. Então complicava mesmo, porque eu estudava até as quatro horas da tarde e tinha que vir para o teatro, aula de física, e isso me atrapalhou porque eu tinha, tinha que estar à uma e meia no teatro, para receber o pessoal do Projeto e [...] ficou ruim, porque estudar e trabalhar, não estava dando certo, e, eu tive que optar por trabalhar (Falcão).

Falcão comentou que, em 1979, após a saída do técnico em iluminação que lhe oportunizou o ingresso na casa, não havia outro para instruí-lo. “O Valdir Dutra que cuidava, ajudava a cuidar e automaticamente me informou onde é que ficava as varas de iluminação, assim, mas técnico não tinha nem um” (Falcão).

Após esse período, onde Falcão adaptou-se e pode conhecer o funcionamento da aparelhagem técnica do espaço juntamente com a aprendizagem de iluminação, ele interessou-se e preocupou-se em aperfeiçoar estes conhecimentos. Procurou não ficar só no improviso e na aprendizagem casual que acontecia no espaço. Investigou a existência de um centro de aprendizagem técnica na área de iluminação, ligado ao Governo Federal, denominado Centro Técnico do Instituto Nacional de Artes Cênicas, no Rio de Janeiro. Após diálogos e insistências conseguiu, junto à Fundação Catarinense de Cultura, um apoio financeiro para deslocar-se ao Rio de Janeiro e realizar o aperfeiçoamento técnico.

Com o conhecimento na área, Falcão também começou a evoluir para trabalhos de maior exigência. Foi o caso do espetáculo Zumbi , em 1982, do Grupo de Teatro Armação de Florianópolis. Falcão e Beto Bruel, como já colocado anteriormente, efetuaram a parte técnica, adequaram a quantidade de aparelhos ao espaço e às propostas de cena exigidas pelo diretor. Neste

111 espetáculo, Falcão teve sua primeira experiência prática como participante na concepção da luz que interferia na estética da cena. Pode participar e interagir nos ensaios e perceber como o diretor planejava as funções que a luz teria na peça, e dialogou diretamente com o iluminador que acompanhava o diretor. Este espetáculo, de acordo com Falcão, marcou sua vida de iluminador, pois pode perceber os atores procedendo aos ensaios finais e adequando-se às propostas de iluminação. O seu nome aparece no programa, ao lado de Beto Bruel, como iluminador do espetáculo.58

Quando começou a trabalhar no Teatro Álvaro de Carvalho, Falcão encontrou as ferramentas de iluminação que estavam em difusão no Brasil. Não havia uma gama maior de projetores de luz, somente os vindos de São Paulo, produzidos pela GCB do empresário Italiano radicado em São Paulo, Gean Carlos Bortoloto. Esses, devido ao seu formato, um pequeno cone, meio ovalado e cheio de frestas para vazar o calor interno produzido pela lâmpada, tinha o apelido carinhoso de sapão. “Olha, na realidade o que é que tinha, tinha sapão, é o famoso sapão, porque não tinha nada de diferente, a tecnologia ainda não tinha chego aqui” (Falcão). Quando da vinda de espetáculos dos grandes centros, Falcão e os demais técnicos existentes no TAC não perdiam a oportunidade de aprender algo. Ficavam ao lado da montagem e auxiliando no cenário para entender como a luz procederia no efeito e o porquê das posições do cenário em relação aos projetores de luz pendurados nas varas.

Carlos Falcão quase não se lembra de suas primeiras criações de luz para espetáculos. Mas é possível recuperar algumas montagens de grupos de Florianópolis, na década de 1980, dos quais Falcão foi o iluminador. O primeiro registro encontrado, não quer dizer o primeiro trabalho do Falcão, diz respeito à iluminação do espetáculo infantil O Fantástico Mundo da Imaginação, de Marilu Alvarez e Alberto Soares, encenado pelo Grupo Teatral Nós, com direção de Gessony Pawlick, apresentado no TAC, com temporada de 18 a 26 de outubro de 1980.59 Neste ano ele aparece também como iluminador no programa do espetáculo O Cordão Umbilical, de Mário Prata, e na montagem do Grupo Teatral Nós, com direção de Mário Alves Neto. Nesse ano ele ainda assina outra

58 Programa do espetáculo Zumbi. Acervo de Vera Collaço.

112 iluminação para o Grupo Teatral Nós: Meu Chapa, Tua Revolução Fracassou, de Ricardo Meirelles Vieira, com direção de Paulo Rocha.

Em 1981 o nome de Carlos Falcão aparece como iluminador em inúmeros espetáculos, entre estes destaco A Resistência, de Maria Adelaide Amaral, com o Grupo Armação e direção de Edelberto Westphal.60 Para o Grupo Teatral Nós ele assina a iluminação do espetáculo A Longa Noite de Cristal, de Oduvaldo Viana Filho, com direção de Mario Alves Neto.61 Ainda nesse mesmo ano ele aparece como iluminador do espetáculo infantil Bicho Come-Come, de Roseli Galleti, do Grupo Catatempo Teatro, com direção de Roseli Galleti; esse trabalho foi apresentado na XV Mostra Catarinense de Teatro Amador, que foi realizada de 7 a 13 de dezembro de 1981.62

Em 18 de dezembro de 1981 o produtor ilhéu Valdir Dutra entregou o prêmio de melhor iluminação a Carlos Falcão, tanto na categoria adulto como na infantil, referente às iluminações acima citadas.

Em maio de 1982 ele assinou a iluminação de O 'H' desses homens..., de Sérgio Cândido, pelo Grupo Teatral Roda Viva.63 Falcão assinou inúmeras montagens locais, e com isso perpassou por diferentes estéticas, estilos diretivos e espetáculos adultos e infantis. Sua formação foi solidificando-se nessas diferentes concepções cênicas e seu nome ganhando projeção em todo o estado catarinense como uma referência sobre iluminação cênica. No ano de 1982, além do espetáculo Zumbi, já citado, em outubro ele foi o iluminador de Woyzeck, de Georg Buchner, encenado pela Escola Aberta de Teatro, com direção de Vera Collaço. Uma crítica de Mário Alves Neto colocava: "A coreografia da Martha, a iluminação do Falcão, as melodias do Perrone estão bem de acordo com a ideia geral da montagem. 'Woyzeck' é o melhor espetáculo dos últimos anos, nesta cidade [...]".64

60 Programa do espetáculo A Resistência. Acervo de Vera Collaço.

61 Programa do espetáculo A Longa Noite de Cristal. Acervo de Vera Collaço. 62 Programa da XV Mostra Catarinense de Teatro Amador. Acervo de Vera Collaço. 63 Programa do espetáculo O 'H' desses homens. Acervo de Vera Collaço.

64 Mario Alves Neto. A emocionante solidão de Woyzeck. O Estado. Florianópolis, 12 de novembro

113 O critico Mário Alves Neto, ao destacar os melhores trabalhos e artistas do ano de 1982, destacou na iluminação: "Carlos Falcão pontificou na iluminação de

Woyzeck e Greta Garbo". 65

No ano de 1983 ele assina a luz do espetáculo, Os Sete Segredos do Mar, com o Grupo Pesquisa Teatro Novo, com direção de Carmen Fossari.66 Apesar de todo seu imenso trabalho junto aos grupos locais, Falcão não lembra exatamente qual foi a sua primeira criação, mas um dos trabalhos que o marcou foi uma direção de Olga Romero, que dirigia também espetáculos para o Grupo Gralha Azul, de Lages/SC. Falcão navega em sua memória na busca de detalhes desta criação: “o espetáculo era do Franklin Cascaes67, não sei o que das bruxas, isto eu lembrei” salienta ele:

[...] era da história, folclórico da ilha... né, então aí aparecia o negócio do boi de mamão aí tinha uma iluminação específica, aí tinha um negócio da igreja, há , se eu... revisse tudo novamente, talvez eu conseguisse relatar assim, mas foi, foi fora de série, foi interessante (Falcão).

Após esses primeiros passos Falcão procurou integrar-se a um mercado carente de profissionais. Comprou alguns materiais e passou a fazer trabalhos fora do TAC, em momentos extra-horário de dedicação ao espaço. Prestou serviços a uma banda, que além de material de iluminação comprado, agregou o conhecimento que ele dispunha da faculdade de engenharia elétrica e improvisaram projetores de luz com galão de tinta no tamanho 3,6 litros, como ele narra de forma saudosista.

[...] entrou muito material de show e as coisas sempre adaptando o que é que seria melhor, para, pros espaços né, e antes disso tinha um cara que fazia, que era o que fazia, tinha uma banda, [...] coisa de pintar ou então ele botava uma lâmpada dentro [...] galão de tinta, era o grupo, o grupo de música, eles tinham, botavam em uma Rural e, saíam com esse espetáculo por aí, e eu ajudava eles a fazer o show e orientar as coisas (Falcão).

65 Mario Alves Neto. Destaques para Woyzeck, Zumbi, Branca de Neve e Os Saltimbancos.. O

Estado. Florianópolis, 04 de janeiro de 1983. Acervo de Vera Collaço.

66 Programa do espetáculo Os Sete Segredos do Mar. Acervo de Vera Collaço.

67 Falcão estava se referindo ao espetáculo Cascaes, encenado no Teatro do CIC com o apoio da

Fundação Catarinense de Cultura, em 1984, com direção de Olga Romero, para o qual ele fez a iluminação.

114 Seu primeiro parceiro para discutir e opinar sobre suas propostas de iluminação foi o sonoplasta da casa, Renato Conradi. Anos mais tarde este profissional, fiel escudeiro e ouvidor mor das dúvidas de Falcão, tornou-se também iluminador e proprietário de empresa no ramo. “O Renato fazia o som e eu fazia a luz, aí, eu e o Renato que a gente trocava umas idéias” (Falcão). A parceria rendeu frutos por toda a década de 1980, onde um ajudava o outro em discussões e auxílios que levaram Conradi, além de dominar o som também adentrar no ramo da iluminação.

Imagem 37: Renato Conradi, no inicio de sua carreira, manuseia um canhão

seguidor direcionando-o para o palco, sob a orientação de Carlos Falcão, dentro da cabine de operações técnicas do TAC. Foto: acervo de Renato Conradi.

No ano de 1984, devido à reforma no TAC, Falcão foi transferido, juntamente com o equipamento de iluminação, para o novo teatro do Centro Integrado de Cultura (CIC), que recém havia sido inaugurado. Lá deu início a uma nova gama de seguidores interessados em iluminação. Irani Apolinário, Eugênio de Andrade, foram contratados para trabalhar na nova casa, e juntamente com o cenógrafo Osni Cristóvão todos tiveram seu processo de aprendizado no trabalho em conjunto com Falcão. As orientações ocorriam da mesma forma que Falcão

115 aprendera no passado, na prática, nas montagens de iluminação dos espetáculos que ocorriam no CIC.

Não tinha outro, não tinha o melhor, eu não tinha concorrência com ninguém, quer dizer então, depois que apareceu o Irani, Eugênio, tudo isso, aí eu ensinei para, não é ensinei, mostrei para eles como é que devia ser, mas na realidade eu, sempre era eu, não tinha ninguém (Falcão).

Outras formas de disseminar o conhecimento sobre iluminação se deram nos festivais amadores promovidos em Florianópolis. No ano de 1986, com o TAC já reaberto, depois de dois anos de reforma, mais precisamente de 29 de outubro a 02 de novembro ocorreu tanto no TAC como no CIC o 2º Festival Catarinense de Teatro FECATE e o 1º Festival de Teatro Infantil – FECATI. O evento foi organizado pela Federação Catarinense de Teatro (FECATE), através de seu presidente Edelberto Westphal. Falcão teve contato direto com diretores de teatro catarinense de diversas cidades entre elas, Blumenau, Joinvile, Itajaí, Lages, Criciúma, Joaçaba, Chapecó.

As dúvidas e novas ideias foram sendo esclarecidas através da consulta desses diretores junto ao Falcão. Estava, assim, estabelecida essa nova fonte de busca de dados sobre iluminação, tendo o TAC e a pessoa de Carlos Falcão como referência para as pessoas de teatro, em Santa Catarina. Mas o ano de 1986 não teve somente o evento da FECATE como único marco estadual. Implantava-se na Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, o Curso de Artes Cênicas. A primeira turma teve início em agosto daquele ano.

Consciente da importância do conhecimento técnico e artístico da luz para os acadêmicos que principiavam o curso, Vera Collaço, uma das fundadoras desse curso, convidou Falcão para dar palestras e pequenas oficinas para os alunos de Artes Cênicas da UDESC. Sabia que Falcão não era um professor formado, mas seus conhecimentos práticos adquiridos, e sua capacidade de responder dúvidas haveria de contribuir para que os alunos fossem se aprofundando e integrando a idéia da luz nas cenas. Falcão, então, conseguiu dialogar mais com o pensamento acadêmico, pode assim também fazer perguntas a Vera e a outros professores de como melhorar suas dúvidas para criação de luz nos espetáculos. Estava formada a parceria onde todos poderiam

116 crescer e aprofundar-se para o amadurecimento e desenvolvimento da iluminação cênica em Florianópolis e no Estado.

De sua colaboração com os grupos teatrais locais, Carlos Falcão recebeu inúmeras manifestações de reconhecimento e carinho. Além de criar e executar a luz para os espetáculos dos diretores locais era frequente também o seu envolvimento com o grupo nas viagens para apresentar os espetáculos. Com Vera Collaço o iluminador fez ainda dois espetáculos no final da década de 1980, e por eles foi premiado pela iluminação. Em dezembro de 1987 ganhou o Troféu Bastidores, prêmio local, pela iluminação do espetáculo Bella Ciao, de Alberto de Abreu, com Direção de Vera Collaço e o Grupo Entre Atos e Retratos. Para esta diretora e grupo fez a iluminação de A Revolução na América do Sul, de Augusto

Boal, pelo qual ganhou o Troféu Bastidores de 1988.68

Sobre o trabalho de Falcão em Bella Ciao temos a colocação do crítico Éverson Faganello: "Bela iluminação".69 A década culminaria com a participação de Carlos falcão como iluminador da primeira montagem cênica do curso de teatro da Universidade do Estado – UDESC, em 1989. Sua parceria, agora com o professor José Ronaldo Faleiro, na Peça Tartufo, rendeu-lhe a consolidação com os conhecimentos acadêmicos e circulação por festivais frequentados pelos exigentes críticos do meio.

Carlos Falcão formou-se na cena e, desta forma, iluminou os espetáculos de quase todos os grupos teatrais de Florianópolis na década de 1980, ou auxiliou na formação de pessoas que passaram a atuar junto a esses grupos. Sua determinação para aprender um ofício foi significativa para o crescimento cênico em Santa Catarina.

68 Informações cedidas por Vera Collaço.

69 Éverson Faganello. Belo texto, graças a Deus. O Estado. Florianópolis, 14 mar. 1987. Acervo de

117 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao conduzir o possível leitor/espectador para o outro lado da cena, espero