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2.2 DE ONDE SE VÊ A CENA

2.2.1 Entre espaços

Ao chegar ao teatro se encontra o espaço denominado Foyer. Local por onde o publico adentra no recinto e se aglomera à espera da permissão para se dirigir ao local onde irá sentar nas poltronas. Não se sabe se o foyer existia desde

28 Cabe ressaltar que Gianni Ratto, que veio ao Brasil em 1954 a convite de Maria Della Costa, já

era um nome conhecido na Itália como cenógrafo, ocupando nesse período o cargo de vice-diretor técnico do Teatro Alla Scalla de Milão.

55 a inauguração do teatro. O que se sabe é que esse espaço se manteve e se consolidou na reforma de 1955.

Imagem n. 18 – Foyer do TAC. Foto: arquivo do TAC – 2010

Imagem n. 19 – Foyer do TAC. Foto: arquivo do TAC – 2010

As duas imagens acima buscam reproduzir a ambientação do espectador ao entrar no TAC, e suas opções para dirigirem-se às poltronas e assistir a um espetáculo. Já o pessoal da técnica e os artistas, ao entrarem no hall do TAC, encontram algumas possibilidades de encaminharem-se ao seu local de trabalho. Eles podem acessar pela esquerda de sua entrada e, ao subir vários lances de escada e chegar à cabine de luz e som, ou dirigir-se a uma porta lateral direita à entrada do teatro, passando por um túnel subterrâneo situado à direita do espaço, até chegar atrás, ao fundo do palco, aos camarins e bastidores da cena. Quanto ao público, ele pode acomodar-se nas poltronas entrando pelo vão central da O foyer do TAC, vendo-se

ao fundo a escadaria que leva ao balcão/galeria (poleiro) e a sala técnica de luz e som; ao centro a entrada, com cortina, para a sala de espetáculos; e em azul a porta de entrada ao foyer do teatro. Nesta imagem ainda se destaca o lustre do foyer e a bilheteria, ao lado da escadaria.

Outro ângulo de visão do espectador quando adentra no

foyer do TAC. Á direita de sua

entrada ele terá a visão da imagem ao lado. Á sua frente a entrada na sala de espetáculos. A porta próxima da entrada leva ao túnel subterrâneo para se chegar ao palco, e ao fundo se tem uma visão da escadaria que leva aos camarotes e ao salão nobre.

56 platéia, ou dirigir-se à sua esquerda ao entrar no teatro, e, com isso, encaminhar- se para a galeria (poleiro); ou dirigir-se à sua direita, ao entrar no teatro, e acessar os camarotes, ou ainda, ao salão nobre do TAC.

As escadarias que dão acesso a esses dois espaços do teatro revelam, de modo muito pertinente, os públicos diferenciados que os ocupavam.

Imagem n. 20, 21, 22 e 23 – Escadarias de acesso interno do teatro. Foto: Vera Collaço, de 26 jan. 2010

As imagens da esquerda são as que nos mostram as escadarias que dão acesso à galeria onde fica a cabine de luz e som, e as da direita revelam o acesso aos camarotes e salão nobre. Elas se diferenciam, atualmente, pela dimensão das escadarias, sendo que a da esquerda é mais acanhada e prensada pelas

57 paredes. Antes da última reforma, elas apareciam mais nitidamente diferenciadas: a escada que levava às galerias não era do mesmo material que revestia a escadaria que levava aos camarotes. A composição do material visava diferenciar os espaços da elite e o das demais classes sociais no teatro.

Imagem n. 24 – Túnel subterrâneo do TAC visto de quem se encaminha dos bastidores do palco para a

entrada do teatro. Foto: Vera Collaço, 26 jan. 2010.

No Teatro Álvaro de Carvalho a cabine de operação de luz e som também está localizada na galeria, ou seja, à esquerda de quem entra no teatro. No início da década de 1980 essa cabine já estava nesse local, mas em uma posição mais à esquerda, e na reforma de 1986 ela foi colocada ao centro da região da galeria para facilitar a visibilidade dos operadores.

Imagem n. 25 – Imagem da reforma de 1984 quando a cabine de luz e som do TAC foi

58 Na imagem abaixo temos uma visão recente da cabine de luz e som, com o TAC já em condições de uso depois da última grande intervenção em seu edifício, realizada nos primeiros anos do século XXI.

Imagem n. 26 – Visão da cabine de luz e som no centro da galeria/balcão. Foto: arquivo do TAC – 2010.

A imagem acima é bastante interessante, pois além de mostrar o olhar privilegiado do operador técnico para com o espetáculo, permite a visualidade dos três níveis de localização do público no teatro. Na parte baixa temos a platéia do TAC, acima os camarotes e cercando a cabine a galeria ou balcão. Da cabine de luz e som se tem uma imagem bastante interessante e privilegiada do espetáculo, mas no TAC sua percepção é de cima para baixo, o que cria distorções na visualidade. Mesmo assim, é um espaço muito condizente para a ação desse corpo técnico, que pode acompanhar o espetáculo e intervir, se for o caso, para além das marcações estabelecidas pela direção.

Mas, essa nem sempre foi a posição da cabine de luz e som no TAC. Na década de 1970, e anteriormente, o corpo técnico de luz e som ficava localizado numa cabine no lado direito do palco, visto pelo ângulo da platéia. O que era uma incongruência, pois desse ângulo não se tinha uma visão da frente do palco, e o corpo técnico para exercer sua função, tinha que se pautar exclusivamente pelas marcações passadas a eles pelo diretor do espetáculo. Se ocorresse um imprevisto em cena e a luz precisasse ser apagada ou ligada antes do tempo,

59 seria impossível saber-se, pois esses técnicos não tinham uma visão completa da cena. Muitas vezes, em espetáculos mais complexos, era preciso trazer a mesa de luz e som para as proximidades da cena, nas primeiras tapadeiras do palco. Foi com a reforma de 1975 que a cabine de luz e som passou para a galeria do TAC. Mesmo assim, como já colocado, num primeiro momento ela se localizava mais ao fundo e à direita do balcão. Não estava, portanto, centralizada. Somente em 1984 esse local de trabalho, essencial para um teatro composto pelo efeito da técnica de luz e som, foi deslocado para o centro da galeria, e com isso o operador passou a ter uma visão privilegiada do palco.

A cabine de luz e som é assim denominada pelos praticantes das atividades de espetáculos. Encontra-se descrita tecnicamente com o nome de ‘cabina de sala’. Talvez o termo na língua espanhola complemente um pouco mais seu sentido proposto ao pequeno espaço, pois naquela língua é utilizada a expressão ‘cuadro de mando para la sala’. Na língua portuguesa a descrição técnica é: “Cabina instalada na sala de um teatro, geralmente no fundo da sala, de onde se controlam eventualmente efeitos de som e efeitos de luz, combinando os espaços do palco e da sala” (Campos, 1989:26).

Em certos momentos há uma confusão com relaçãoà pronúncia do termo, até mesmo por pessoas da área técnica, que a chamam por vezes de Gabine. Esta confusão pode advir de um elemento que era muito utilizado em cenários de espetáculos, denominado Gabinete, e seu significado era originário de um cenário com grandes trainéis para reproduzir o interior de uma habitação. Esses gabinetes, ou pequenas salas montadas no palco, podem ter gerado essa confusão quanto ao termo ‘cabine’ ou ‘cabina de sala’. Outras justificativas para a significação do termo podem ser encontradas nos dicionários da língua portuguesa para o termo gabinete:

1. Sala pequena, aposento ou compartimento mais ou menos isolado do resto da edificação, geralmente destinado a trabalho e estudos; escritório, camarim. 2. Compartimento onde se guardam e dispõem aparelhos e outros objetos de estudo; laboratório [...] 6. Caixa de metal na qual o cabeamento de uma rede (ou parte dela) é terminado e interconectado (Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 2008:617).

60 Para os praticantes das atividades artísticas no Teatro Álvaro de Carvalho a confusão do termo pode ter também sido influenciada pela localização do espaço denominado de ‘cabine’. Sua origem, de uma pequena salinha ao lado do palco onde se acondicionavam os equipamentos e, posteriormente, sua passagem para o balcão, acima dos camarotes com função específica para operações técnicas para os espetáculos.

A função importante para o termo cabina ou cabine é para um pequeno espaço ou espaço adequado, localizado aos fundos da casa de espetáculo, com o intuito de abrigar os operadores, tanto de som, luz ou mesmo vídeo ou outra função técnica que interfira no espetáculo cênico. A posição localizada ao fundo do espaço, adotada em décadas mais recentes, tem que ser central, para o operador do efeito visualizar a cena em todos os ângulos, pois a entrada dos atores pode ser por qualquer lado do palco e se o operador estiver em ângulo dificultoso e não visualizá-los e, ao gesto de “deixa”, o efeito pode entrar descompassado com a cena e produzir interpretação contrária à dada pelo diretor.

Imagem n. 27 – Visão do palco a partir da cabine de luz e som do TAC. No primeiro plano temos a visão das

mesas de luz e som, e a grade de proteção deste local e de seus equipamentos. Foto: Ivo Godois, de 26 jan. 2010.

61 2.2.2 A Caixa Cênica e o TAC – A Ilha Mágica

Neste item trabalho algumas definições técnicas, não por julgar que as mesmas sejam de difícil acesso ao público leigo, quanto mais do público iniciado em teatro, mas porque essas definições auxiliam na compreensão de minha proposta de trabalho sobre o Teatro Álvaro de Carvalho. Todas as associações que utilizo têm vinculo direto com esse espaço, sua composição de caixa cênica na construção arquitetural com tipologia à italiana, característica advinda e consolidada a partir do século XVI, na Itália. A esta caixa e tipologia de espaço se associou como o local da mágica devido aos efeitos cênicos expostos com uma estrutura de acionamento oculta da platéia. É sobre esta estrutura que proponho um esclarecimento maior aos praticantes e apreciadores do espetáculo, tendo como referência a caixa cênica do Teatro Álvaro de Carvalho, em Florianópolis.

Quando me refiro ao termo Caixa Cênica, estou propondo relatar o espaço utilizado na realização da encenação. Esse espaço nas casas de espetáculo tem duas divisões básicas: o espaço onde ocorre a cena ou espaço cênico, que é a parte visível ao espectador e a outra parte, oculta aos olhos de quem assiste ao espetáculo. Essa parte oculta também recebe o nome, em senso comum, de bastidores ou o que está além das pernas, cortinas, coxias, tapadeiras, rotundas e outros elementos que serão descritos aqui. A essa caixa também estão incorporados o urdimento, local acima do palco, e o porão, parte que está abaixo do assoalho do palco. Quanto maior for a caixa e com uma boa quantidade de equipamentos, maiores e grandiosos serão os efeitos produzidos na cena. No TAC encontramos os elementos descritos anteriormente.

Devo salientar que por “cena” estou adotando aqui o termo proposto por Vasconcelos:

Na arquitetura teatral designa a parte principal do PALCO, ou seja, o espaço utilizado para a representação. No PALCO ITALIANO, por exemplo, a cena é delimitada, na parte inferior, pela BOCA DE CENA; em cada lateral, pelo BASTIDOR ou PERNA; e ao fundo, pela ROTUNDA. Em palcos menos convencionais sua extensão pode ser indicada por qualquer elemento visual, por ILUMINAÇÃO ou, simplesmente, pelo deslocamento do ATOR (2001:69).

62 Observo que pelas descrições feitas, o Teatro Álvaro de Carvalho, que determino como foco principal desta pesquisa, se enquadra dentro da proposição de palco italiano. Como afirma Leon de Paula: “Pode-se considerar o TAC o único espaço teatral da cidade [Florianópolis] que apresenta tipologia italiana por excelência” (2009:125). Com isso, esse teatro tem seu palco composto pelos elementos citados acima por Vasconcelos. Ou seja, possui:

Bastidor: Painel móvel feito de madeira leve e revestido de tecido

esticado, geralmente de cor preta, que é colocado nas partes laterais do PALCO. Possui duas funções básicas: delimitar o espaço cênico e esconder da vista do público tudo o que faz parte da cena. Os bastidores, conjugados às BAMBOLINAS, formam uma seqüência de molduras que acompanham, em perspectiva, no sentido frente-fundo, a BOCA DE CENA (Vasconcelos, 2001:69).

O proscênio é também conhecido como antecena, e é a parte do palco que se localiza entre a boca de cena e a platéia. Só tem um sentido em um espaço arquitetônico com tipologia à italiana, pois é o espaço que após a cortina avança em direção a platéia. No Teatro Álvaro de Carvalho esse espaço possui 3 metros de profundidade e tem escadas laterais de acesso nos dois lados. Em muitos espaços, é também o local onde se encontra o fosso de orquestra, mas no TAC da década de 1970 essa disposição de fosso foi retirada e não existe mais.

No antigo TEATRO GREGO, o proscênio (“PROSKÉNION”) era a parte mais importante do palco, uma vez que ali ocorria praticamente toda a representação. Com a evolução arquitetônica que desembocou na criação da boca de cena, a área da CENA propriamente dita passou a abrigar todo o espetáculo, perdendo então o proscênio sua importância. No século XX, devido a técnicas e teorias que revalorizam a relação direta entre o ATOR e o espectador, como a do DISTANCIAMENTO, o proscênio passou a ser visto novamente como um espaço cênico importante (Vasconcelos, 2001: 162).

63 Imagem 28 – Visão do palco a partir da cabine de luz e som do TAC. No primeiro plano temos a visão do

proscênio e da boca de cena, com as escadarias laterais. A imagem acima nos deixa perceber o chão plano do palco do TAC, do proscênio até o fundo do palco. Esta característica o teatro adquiriu a partir da eliminação do fosso da orquestra – onde fica o proscênio – com a reforma de 2004. Foto: Vera Collaço, 26 jan. 2010.

Uma observação atenta se faz necessária a essas definições: é a de que a cada exposição vão sendo acrescidas novas palavras que exigem outras definições para que se complete o sentido da frase. Ou seja, esses termos técnicos possuem sentido para as pessoas da área da “corporação do ofício”. Ao público não se exige que domine essa terminologia para a devida apreciação estética do espetáculo. Mas a compreensão por parte do “corpo técnico” ou do “corpo artístico” que trabalha no teatro é fundamental para deslanchar as orientações e o trabalho cênico.

Imagem n. 29 – Coxias e bastidores á direita do palco; acima e à direita encontra-se o sistema de moduladores de potência de energia elétrica [Rack]. Foto: arquivo do TAC, imagem de 2009. Vemos também,

à direita o bastidor maior, ao centro e esquerda os tecidos em formato de pernas laterais do palco. Ao fundo,

64 As coxias correspondem às laterais do palco e não estão visíveis ao público. É o espaço de movimentação dos atores quando fora da cena e também o espaço onde o corpo técnico executa inúmeras tarefas para a representação. As coxias também recebem a denominação de bastidores e, nesse sentido, não devem ser confundidas com o tecido preto em formato de telas laterais denominadas de pernas. Os respectivos bastidores e as pernas complementam uma tela cênica interligados com a parte superior da caixa. Essa parte superior recebe a denominação de Bambolinas. São pedaços de pano embabadados, de cor preta, que atravessam a parte superior do palco na direção horizontal. Colocados sucessivamente da frente para o fundo do palco, dão a característica de perspectiva, favorecendo um sentido de ilusão cênica. Outro elemento componente do palco e pouco conhecido pelo espectador é a Rotunda, pano geralmente de veludo e também chamado cortina de fundo.

Imagem n. 30 – O TAC, a caixa cênica no seu interior. A direita temos as pernas “recolhidas”, ao fundo a

65

1. Bambolina maior 2. Cortina

3. Vara superior de telão 4. Corda de manobra 5. Vara de refletores 6. Panorama ou ciclorama 7. Fosso de orquestra 8. Corredor de luzes 9. Urdimento 10. Carretel de desembarco de grelha 11. Bambolinas 12. Concha do apontador 13. Varanda ou Ponte de sofista 14. Telão de Fundo

15. Vara inferior de telão 16. Mangueira de cabos elétricos

17. Trilho de “americana” 18. Fosso de palco 19. Contrapesos

20. Piso de bandeja (divisória) de espectadores 21. Torre de iluminação 22. Embocadura ou “Boca de cena” 23. Fundos do palco 24. Alçapão 25.Iluminação de panorama 26. Vara (de cenário) para pendurar elementos 28. Portão

29. Comando de cortina 30. Perna ou tela lateral 31. Trilho de ciclorama 32. Proscênio 33. Piso de palco 34. Manto de Arlequim 35. Corda de contrapesos

Imagem no 31 - O palco italiano típico com todos os seus elementos compositores 29

A caixa cênica do TAC corresponde a uma forma similar à imagem exposta acima, sendo esse o espaço onde ocorre a funcionalidade técnica de um espetáculo. É complementada por outro termo mais específico e interligado a ela, denominado de Urdimento. Nessa parte da caixa do palco localiza-se uma grade

66 com forte madeiramento onde se fixam roldanas, moitões, gornos e ganchos por onde correm as cordas conhecidas por manobras. Outro elemento componente desse espaço são as varandas.

Das manobras ou conjunto de cordas, fios e cabos de aço, normalmente localizadas na lateral da caixa cênica e onde o público não visualiza, se executam os movimentos de subir e descer as varas de luz, cenário, bambolinas, pernas ou adereços cênicos. Esse acionamento até os dias atuais, na maioria dos teatros, é executado pela força braçal do maquinista ou técnico operacional das manobras. As caixas cênicas dos teatros com tipologia à italiana herdaram esse sistema de acionamento de cordas das caravelas e navios onde os marujos acionavam com as mãos as cordas das velas, bandeiras e outros elementos das embarcações. No TAC, ou em um teatro com esta tipologia de caixa cênica, após o posicionamento do sistema de cenário e iluminação pendurados nas varas, as manobras são presas em voltas ao redor de pequenas barras pontiagudas de madeira chamadas de malaguetas, “tipo de cunha de madeira ou ferro fixada no primeiro travessão da VARANDA onde é amarrada a MANOBRA” (Vasconcelos, 2001: 119). No Teatro Álvaro de Carvalho esse sistema de manobras ou cordas está localizado à esquerda do palco.

A quantidade de varas em um espaço depende da profundidade que o palco possui, e nem sempre elas são móveis. Em alguns espaços, devido à altura do pé direito da caixa ou da necessidade de utilização das laterais do palco para outras funções, as varas são fixas no teto. As varas móveis, em suas interligações com as cordas de manobras, possuem um sistema de contrapeso, ou seja, nas varandas localizadas nas laterais do palco existem pequenas barras, tipo tabletes ou tijolos de ferro com variados pesos. Para cada peso pendurado na vara existe a necessidade de igual valor do contrapeso, na outra extremidade da corda de manobra. Isso facilitará a força empregada pelo técnico de manobra, que colocará seu empenho apenas na movimentação e velocidade da vara sem despender muito esforço físico e facilitará a perfeição e tempo exigido pela cena. Com a implantação cada vez mais frequente de sistemas mecanizados em casas de espetáculos, os contrapesos estão desaparecendo, dando lugar a motores com capacidades limitadas de suporte de carga. Nesse processo também o

67 manobrista está perdendo sua função de operação manual, pois os sistemas mecânicos motorizados fazem o movimento de subir e descer as varas, mas exige-se um técnico conhecedor dos controles e botões de acionamento dos motores. Outro fator interferente à cena é que nem sempre o sistema motorizado vai ter a velocidade ou tempo de movimento exigido pelo espetáculo.

Imagem n. 32 – Varanda da esquerda no TAC. Contrapesos e encordoamentos presos às malaguetas.

Pernas à esquerda do palco e uma janela que ilumina e ventila o palco. Foto: Vera Collaço, 26 jan. 2010

No Teatro Álvaro de Carvalho, durante a década de 1980, o acionamento dessas cordas era manual, sem o apoio da contrapesagem. Segundo o depoimento de Carlos Falcão 200930, todo o peso colocado nas varas de luz e

cenário era levantado pela força braçal do corpo técnico. Era preciso mais de uma pessoa para segurar as cordas de manobra e fazer com que as varas fossem colocadas na altura ideal para daí subir com a escada e proceder à afinação e