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SESSÃO 28 CASO DE NACIONALIDADE VÍTIMA DE DISCRIMINAÇÃO

Nesta sessão deseja-se reflectir sobre as questões do nacionalismo, mas sobretudo, comportamentos discriminatórios que manifestamos a pessoas de nacionalidade diferente da nossa, abordando assim, o conceito da xenofobia, da diferença e exclusão social.

Do mesmo modo, espera-se que se possa salientar as causas e consequências destas atitudes, promovendo a empatia e sentimento de solidariedade perante situações de imigrantes ou refugiados.

Esta actividade consiste na análise e discussão de um caso verídico que representa uma situação de discriminação e não menos considerável revela também problemas relacionados com a nacionalidade, designadamente, o processo de regularização da situação num país diferente do nosso país de origem.

Aquando da realização da actividade, é importante revelar os sentimentos, conhecimentos e opiniões que manifestamos, em relação a pessoas imigrantes bem como os direitos que estes contêm, nomeadamente o respeito pela diferença, sendo considerado um factor de enriquecimento e de evolução social.

Após a execução da dinâmica pretende-se que haja uma reflexão/discussão do que foi feito, comparando as opiniões distintas relativamente aos valores, costumes ou concepções de pessoas de outras culturas.

 

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Sentados à volta da fogueira com a tribo, os amigos comem com as mãos uma espécie de pápa, e bebem por uma tigela feita de tronco duma árvore, água fresca.

Em pouco tempo, já se sentem tão á vontade com aquelas pessoas que nem denotam as inúmeras diferenças que têm deles. Nem a roupa, a comida, a forma como falam se revela uma barreira à comunicação e ao convívio entre eles, pelo contrário, torna-se uma experiência única e inesquecível. A curiosidade dos amigos em relação à tribo era tanta que, os sobrecarregam de questões a todo o instante.

O mestre da tribo sugere que os amigos passem a noite com eles, propondo que quando sol nascesse, os orientavam a encontrar o caminho certo.

Os mesmos aceitam, agradecem de imediato sorrindo sistematicamente para os membros da tribo que se encontravam sentados mais próximos deles.

Depois de uma conversa cheia de gargalhadas e gestos entre todos no meio daquela noite tão estrelada que iluminava as entradas das cabanas de palha, chega a hora de se recolherem e fazerem silêncio absoluto, sendo uma das regras daquela ilustre comunidade.

Deitados em cima de peles de animais, os amigos estavam divididos, as raparigas para um lado e os rapazes para o outro, contudo encontravam-se na mesma cabana cheia de flores secas de alecrim que deliciava o olfacto de cada um deles.

Murmuravam entre eles de forma a não serem ouvidos pela tribo.

-Tivemos mesmo muita sorte em serem tão simpáticos connosco. -diz um deles.

-Foi sem dúvida uma noite muito divertida, nunca pensei que eles fossem assim e falassem alguns tão bem como.

- É verdade, e repararam que mesmo tão diferentes, foi tão giro comer e conversar com eles?! Adaptamo-nos tão bem, quase que nos via a morar aqui neste lugar, isto é tão tranquilo ahahah –enquanto falava ria-se baixinho.

- Bem pessoal, é melhor dormirmos porque amanha mal o sol se levante, temos de nos fazer ao caminho e nem noção temos de onde estamos ao certo.- conclui a conversa.

 

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Objectivos: Reflectir sobre as atitudes/comportamentos face às diferenças sociais e étnicas.

Material: folha com o caso da nacionalidade

Duração: 45 minutos/1 hora.

Concretização: Entregar exemplares do caso da nacionalidade e ler em voz alta de forma a ser acompanhado pelos grupos.

De seguida, discutir e resolver a situação que se apresenta, respondendo às questões colocadas, chegando a um consenso entre os grupos. Deve-se desenvolver o debate e avaliação da dinâmica, com o intuito de se discutirem os pontos fulcrais da mesma, ou seja, as diferenças sociais, os valores morais e étnicos bem como as atitudes e comportamentos discriminatórios.

Dimensão do grupo: vários grupos de pelo menos 5/6 pessoas.

Debate e Avaliação:

 Pensam que toda esta situação teria acontecido se Ariana fosse filha de pais portugueses? O comportamento de Patrícia foi correcto? Em caso negativo, o que pode/deve Ariana fazer?

 O que podemos considerar que aconteceu a Ariana, foi vítima de discriminação?  O que para vocês é ser discriminado?

 Quais são as razões mais comuns pelas quais as pessoas são discriminadas?  Pela sua idade, cor da pele ou pela roupa que usam?

 Porque se discrimina os que são diferentes?  Onde é que se aprende estes comportamentos?

 

127 Questões da nacionalidade:

 Poderia a escola ter recusado a matrícula de Ariana com fundamento na situação de irregularidade identificada dos país em Portugal?

 Tendo nascido em Portugal, Ariana não poderá ser considerada portuguesa?  Consideram que Ariana pode adquirir a nacionalidade portuguesa ou não?

 

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CASO DE NACIONALIDADE

Ariana, de 12 anos é filha de João e Érica, pais de origem angolana que estão a viver em Portugal, nomeadamente em Lisboa há sensivelmente 13 anos, sendo que, Ariana nasceu já em Portugal. Ao longo destes anos Ariana e os seus pais viviam em casa dos avós maternos. Todavia, este ano decidiram ir viver para Vila Franca de Xira, consequência de motivos profissionais do seu pai. Neste sentido, Ariana necessitava de mudar de escola para a zona da sua nova residência, e, para se poder matricular reuniu os documentos que achava necessários para fazer a sua matrícula.

Quando Ariana chegou à secretaria, identificou os documentos que levava, designadamente o boletim de matrícula devidamente preenchido, o passaporte, o boletim de vacinas actualizado, e o cartão de centro de saúde. Pelo facto dos seus pais estarem a trabalhar nesse mesmo dia Ariana teve de ir à escola sozinha.

Porém, nada correu como previsto, uma vez que, a funcionária disse que só poderia matricular-se se tivesse consigo o seu bilhete de identidade, ou o dos seus pais, mas, como os seus pais são de origem angolana explicou que não tinham, apenas o seu passaporte. Perante esta informação, a funcionária pede-lhe o documento comprovativo de residência dos pais. Contudo, foi neste momento, que Ariana ficou angustiada porque os pais não tinham tal documento, uma vez que, estavam em situação irregular em Portugal. Não querendo explicar isto, Ariana decidiu sair da escola, ir para casa esperar pelos pais, de forma a eles arranjarem uma solução.

Incomodada com o que se tinha passado e já cansada de tanto andar a pé, Ariana repara que tem 2 euros e, decide apanhar o autocarro em direcção a casa. Estava ansiosa por chegar e contar à mãe o que acontecera, esperando ouvir dos pais uma resposta positiva. Quando se encontrava na paragem de autocarro, estava também um casal de idosos bem como, 3 raparigas e 2 rapazes. Pensando que poderiam ser da sua futura escola, decide meter conversa, perguntando a uma das raparigas: “Andas nesta escola?”. Filipa, a rapariga ao seu lado, de 14 anos, não respondeu, virou-lhe as costas e chamou as outras raparigas, Patrícia e Beatriz. Ariana não percebeu o que se estava a passar… o seu pensamento foi interrompido pela chegada do autocarro. Ariana deixou passar o casal de idosos que já estava na paragem. Quando chegou a sua vez, foi empurrada por uma das raparigas e impossibilitada de entrar. Patrícia olhou para ela e disse: “Ainda não percebeste que os autocarros não são para pessoas como tu?”. Pelo menos este não é certamente, vais no próximo se queres”. Ariana tenta entrar no autocarro ao mesmo tempo que respondia e dizia: “ Mas qual é a diferença entre mim e ti?”. As raparigas começaram a rir desmesuradamente. Patrícia acrescentou: “As pessoas como tu, andam a pé e é se querem… vê lá se encontras de uma vez o caminho para a tua terra”.

Ariana ficou perplexa e sem saber o que fazer. Até àquele dia, nunca lhe tinha acontecido uma situação deste género. Sentia-se tão mal, tão triste. Olhou para o sr.(o) motorista do autocarro à espera que ele fizesse alguma coisa e contrariasse o que elas tinham feito. Este, nada fez, limitando- se a desviar o olhar, fechando as portas, pondo de seguida o autocarro em andamento. 

 

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SESSÃO 29 – ETNOCENTRISMO E DESINTERESSE POR OUTRAS CULTURAS- CARTA