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Este projecto surge no âmbito do estágio académico do mestrado em Ciências da Educação -área de especialização em Educação Intercultural, realizado no Centro Comunitário de Povos, pertencente a Vila Franca de Xira, mais concretamente no Projecto Poder (Es)Colher, financiado pelo Programa Escolhas.

Assim, este projecto assume-se como um dos requisitos de avaliação e, sobretudo, como um contributo para a entidade que me acolheu para realizar esta experiência bem como para o meu enriquecimento pessoal e profissional.

O projecto resultou da análise das áreas de intervenção do mesmo, detectando as suas maiores necessidades e os interesses e desejos dos envolvidos, com o intuito de vir a representar um eficiente recurso para o trabalho desenvolvido pelos técnicos do projecto.

Entendemos que educação e cultura são realidades intrinsecamente associadas. A cultura exerce um papel fundamental na compreensão da realidade social. Faz-se, portanto, necessário empreender processos educativos que contribuam para o combate às exclusões sociais, reconhecendo o outro em sua alteridade e acima de tudo promover a interacção entre os sujeitos sociais, favorecendo a integração entre eles.

Desta forma, devemos ter em conta a educação intercultural “não sendo uma disciplina, coloca-se como uma outra forma de pensar, propor, produzir e dialogar com as relações de aprendizagem, contrapondo-se aquelas tradicionalmente polarizadas, homogeneizadas e universalizantes” (Fleuri e Souza, 2003, p.73).

 

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os padrões específicos de uma cultura ou sub-cultura, é essencial para a compreensão dessa mesma cultura (Leininger, 1985).

Algumas perspectivas de educação multicultural mantêm ainda referências a uma concepção tradicional e estática de cultura, atribuindo ao interculturalismo as diferenças culturais, subvalorizando o que entre elas existe em comum.

Porém, a perspectiva interculturalista valoriza tanto as dimensões comuns como as diferenças, na medida em que, são essas mesmas diferenças e características tão próprias que levam à identidade de cada um (Abdallah-Pretceille,1986, p.177).

Não obstante, quando falamos do termo cultura muitas dúvidas e controvérsias surgem no seu âmbito, assim, devemos ter em conta que sem cultura, nada seríamos, uma vez que dela fazem parte todas e quaisquer características que também a nós caracterizam como seres iminentemente sociais que somos.

A perspectiva de Rattner (2003, p.1) define cultura como “o conjunto de conhecimentos, crenças, artes, normas, e costumes, e muitos outros hábitos e capacidades adquiridos pelos homens em suas relações como membros da sociedade”

O sujeito sociológico, surge como reflexo da crescente complexidade do mundo, tomando-se consciência de que o núcleo interior do indivíduo não é autónomo, mas sim, formado na relação e convivência com outras pessoas, ou seja, a identidade da pessoa é formada na interacção entre o “eu” e a “sociedade”. É neste sentido, que nascem todas as questões consideradas interculturais.

Nesta perspectiva, devemos apelar a uma consciencialização cultural, que favoreça a união de diferentes culturas e possibilite a interacção entre os sujeitos sociais, para que haja um maior conhecimento de si mesmo e do outro. Só assim, conseguiremos integrar uma educação intercultural, que encare a diversidade não como um obstáculo mas sim como um factor de enriquecimento de identidade e de construção de identidades.

A educação intercultural, vai buscar as suas raízes e encontra os seus fundamentos em diferentes origens, sendo este conceito um modo de conhecimento, introduz noções de reciprocidade nas trocas e na complexidade das relações entre as diferentes culturas. Neste âmbito, a educação intercultural promover o pluralismo cultural, o respeito pelas diferenças culturais e étnicas, põe em causa o etnocentrismo e promoção da verdadeira comunicação intercultural questionadora de preconceitos e estereótipos.

 

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Atendendo a estes pressupostos não devemos deixar de parte o verdadeiro papel do contexto, sendo este encarado como o conjunto de variáveis que interagem com os indivíduos, que moldam e influenciam os seus comportamentos, atitudes e a construção dos seus valores.

Desta forma, este é fundamental no marco da diversidade cultural, uma vez que, incute um referencial de conhecimentos, hábitos, valores e ideias que servem de base para a formação do indivíduo, fazendo surgir sociedades multiculturais.

Nesta linha de pensamento, este projecto será integrado num programa já existente para o Grupo de Jovens do projecto Poder (Es)Colher e, mais ainda para um turma do 6º ano da E.B 2, 3 Vasco Moniz de Vila Franca de Xira, também englobada no projecto.

O projecto tem como título “Educação Intercultural-Eu e a Diferença” e, organiza-se em torno de actividades devidamente estruturadas e planeadas, com o intuito de serem desenvolvidas com os grupos acima supracitados. Através destas actividades, pretende-se levar os jovens a questionarem as suas próprias opiniões e atitudes face às culturas, povos, países diferentes do seu, no sentido, de tomarem consciência da interdependência, esta que se traduz quer em termos negativos ou positivos, no enriquecimento e evolução das próprias culturas.

Para a efectividade a da prática das actividades será necessário ter em conta o contexto em que nos encontramos e sobretudo as características do público-alvo com quem vamos trabalhar, estipulando directrizes/orientações que permitam utilizar e adaptar as ideias bem como as próprias actividades às necessidades detectadas no momento.

Estas actividades foram adaptadas e planificadas tendo por base um caderno pedagógico, criado como uma ferramenta de apoio a profissionais que trabalham directamente com crianças, jovens e/ou adultos em contexto multicultural com o objectivo de serem trabalhadas as representações em relação a si próprio e ao “outro”.

 

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