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Ao falarmos de conceito operacional, queremos nos reportar as aplicações dos meios técnicos (SIVAM) do SIPAM associada aos dados obtidos para proporcionar o fornecimento de informações temáticas particulares às necessidades de cada usuário do sistema. O conceito operacional nesse caso, também diz respeito à utilização da estrutura de

subsistemas do SIVAM e a sua atuação sinérgica voltada a integração de informações que auxiliem o gerenciamento das políticas públicas de defesa e proteção da região amazônica.

O conceito operacional do SIPAM é uma parte de todo esse conjunto de investimento. O SIPAM é composto por um conjunto de subsistemas como, por exemplo, o sensoriamento dos satélites onde tem um conjunto de informações estratégicas, plataformas de coleta de dados, que tem os dados de meteorologia para transmitir amostras. Hoje, em Manaus, por exemplo, todas as previsões de tempo veiculadas pela Rede Amazônica são fornecidas pelo SIPAM. O primeiro jornal da Globo local lá, que é a Rede Amazônica, no jornal do almoço e no último jornal da noite, local, a previsão de tempo é feita pelo SIPAM. Milhares de pessoas, portanto, têm acesso a essa previsão utilizando a infra-estrutura e os técnicos do SIPAM que inclui as aeronaves de vigilância R99-A e R99B, o sistema de explorações e comunicações. Foi instalado todo um sistema para fazer o monitoramento das comunicações da região. E todas essas informações são integradas em um banco de dados, e a partir desses dados são gerados conhecimentos para o monitoramento ambiental, o uso do solo, vigilância, controle de tráfego aéreo e superfície, com o objetivo final de proteção da Amazônia, com vistas ao seu desenvolvimento sustentável. Então, um banco de dados fazendo a conexão dessas informações e toda uma rede de telecomunicações com satélites, com fibra ótica, enfim, como eu falei. (Marcelo Lopes, Diretor do CENSIPAM).

A operacionalização do SIPAM se faz a partir da integração de sua estrutura tecnológica por meio dos subsistemas de aquisição de dados, visualização de dados, suporte e transmissão, telecomunicações e auxílio à navegação aérea, que atuam de forma integrada e alimentam extensos bancos de dados gerando um conjunto de conhecimentos integrados referentes a monitoração ambiental, uso do solo, vigilância e controle de tráfego aéreo e de superfície com o objetivo de proteger a Amazônia, desenvolve-la e garantir a soberania do País sobre a região.

Uma particularidade ficou evidente com relação à efetiva retroalimentação dos bancos de dados do SIPAM. Isso ocorre quando as ações de parcerias são implementadas, ou seja, para a contínua atualização dos bancos de dados do SIPAM, é necessária a atuação do órgão parceiro com o apoio do sistema nas suas operações, em que no final, as informações são compartilhadas.

[...] é importante, porque isso se reverte em benefício para todas as instituições, SIPAM e parceiros, por quê? O SIPAM tem um banco de dados que precisa ser atualizado. Vamos colocar, por exemplo, o mapeamento de uma região onde se

necessita atualizar estradas. Senão a cada semestre, a cada período sazonal, por exemplo, cheias, estiagem, sempre há ocorrência de estradas que devem ser registradas no sistema e atualizadas. Por exemplo, cai uma ponte, você, através das instituições parceiras, você pode ter o conhecimento do local onde está havendo esse problema. E você já coloca no mapa. A idéia, com isso, é você ter uma rede de operações bem integradas, em que o banco de dados é atualizado quase que em tempo real. Se a gente for pensar em termos práticos, o banco de dados do SIPAM, em termos de rodovias, na região amazônica, poderia substituir o Guia Quatro Rodas, disponibilizado no site, você, em qualquer lugar do país, poderia acessar e seria a principal fonte, nesse caso, de rodovias do Brasil. Mais atualizado que qualquer revista dessas que se encontram no mercado. Então, é importante essa parceria, exatamente para o retorno do campo, in loco. A gente passa o banco de dados para a instituição parceira, a gente passa o mapa para a instituição parceira, ela vai para o campo, atualiza, volta para o SIPAM esse dado. Você atualiza o banco de dados com esse dado e refaz o mapa para a instituição parceira. Então, é um ciclo contínuo, e hoje, a gente está tendo exatamente esse retorno. Quer dizer, isso está muito bem ativo dentro do SIPAM. O que falta é a gente tomar cuidado para essa rotina não ser quebrada em algum momento. (Edson Rocha, Gerente do CTO-Belém).

Por outro lado, a operacionalização do sistema nem sempre se torna efetiva em termos de resultados previstos. As distinções que se fazem internamente com relação a área verde (civil) e a área azul (militar), são utilizados como argumentos para justificar a inefetividade de determinados resultados. Isso evidencia um problema estrutural, pois indica a inexistência de diretrizes de integração em face das particularidades que distinguem as atividades militares das civis em termos de processos e gerenciamento. Como exemplo, isso fica claro na fala a seguir.

No tema do controle de tráfego aéreo, nós tivemos esse acidente com o avião da Gol, isso gerou todo uma polêmica com relação a cobertura de radar da região, e aqui quero mostrar o seguinte: foram adquiridos um conjunto de radares, de 19 radares fixos e 100 radares transportáveis. A gente tem uma idéia de como avançou o Cindacta 4 na cobertura da região Norte. Antes do projeto do SIVAM/ SIPAM e depois do projeto SIPAM são situações bem diferentes, mudou para melhor. Então, verifica-se que aumentou muito a cobertura de radar na região. Então, esses radares, a operação e a manutenção é feita pela Aeronáutica, o produto é o controle do tráfego aéreo utilizando o software X4000 que foi desenvolvido pela Atech, e é propriedade do governo federal, para fazer o controle do tráfego aéreo. Então, o SIPAM tem ferramentas que podem utilizar o registro

histórico dos vôos que são realizados na região para detectar pistas de vôo clandestinas, aeronaves que entram no território brasileiro e saem do território, pistas de vôo clandestinas. Então, o objetivo dessa ferramenta é fazer o combate, apoiar os órgãos como a Polícia Federal, a própria Aeronáutica, o Ibama, no controle do espaço aéreo, do ponto de vista da realização de ilícitos com aeronaves clandestinas. As aeronaves, o radar, sua operação e manutenção estão a cargo da Aeronáutica. (Marcelo Lopes, Diretor do CENSIPAM).

Segurança, por exemplo, é um conceito muito subjetivo e, dessa forma, isso nos importa apenas quando as ameaças se tornam mais concretas. Independentemente de toda e qualquer perspectiva, o acidente com a aeronave da Gol linhas aéreas, ocorrido em meados de julho de 2006 comoveu o País inteiro e até o presente os responsáveis não foram identificados, muito menos punidos.

No que se refere as ações desenvolvidas pelo sistema, é importante observar o fato de que em algumas áreas de atuação, o SIPAM não atua diretamente e sim prestando apoio nas operações desenvolvidas. Esse apoio se traduz em fornecimento de informações e equipamentos para utilização por parte dos órgãos diretamente responsáveis pela operação.

Na questão da doença, porque isso é uma outra área de conhecimento do SIPAM. O que a gente faz é exatamente, auxiliar na análise dos ambientes onde o transmissor da doença vive; são, em geral, área de palmeiras. Então, a gente faz a análise através dessas imagens obtidas pelo radar, ou LANSAT Com esse satélite, a gente identifica as áreas prováveis de ocorrência do transmissor. O papel do SIPAM na identificação da cobertura do solo, a cobertura vegetal, que tipo de cobertura tem ali, através de imagem. Então, a gente não trabalha aqui, como o COLORSAT atua nas áreas de saúde. A gente não atua, a gente auxilia a área de saúde, não é? A proteção também, a gente dá um auxílio, a gente identifica pistas, por exemplo, pistas clandestinas, plantações ilícitas. Então, e passa para quem faz a proteção, quem faz a proteção, em geral, no caso de ilícitos, pistas aéreas é a Aeronáutica, a Polícia Federal, etc. O SIPAM não atua, só identifica e passa para as instituições parceiras fazerem, tomarem as medidas cabíveis. Uso e cobertura do solo, de novo, a gente atua com o nosso ferramental para identificar esse uso. A gente identifica e mapeia como está sendo feito o uso do solo. Então, aqui a gente tem até uma atuação mais direta no uso do solo, através de mapeamento, baseado em metodologias de geoprocessamento.(Edson Rocha, Gerente do CTO-Belém).

Por sua vez em muitas atividades no âmbito do controle e proteção ambiental, existe uma maior sinergia entre o SIPAM e seus parceiros. A atuação é conjunta e as fronteiras que separam as competências de cada órgãos são muito tênues.

É, na área de risco, nós temos trabalhado, efetivamente, as denúncias. As denúncias que são encaminhadas para nós, nós fazemos estudos e apresentamos esse estudo para o órgão interessado. No caso da FUNAI, no caso do IBAMA ou o do próprio INPA. Havendo denúncia sobre alguma informação que essa pessoa está fazendo, nós vamos lá, pegamos todo um catálogo de informação em cima das nossas imagens, fazemos um estudo dessas imagens, dentro de um período. Então, três, quatro, cinco anos, até o momento, para, de fato, a gente ter a informação concreta. Então, a idéia é sempre quando a gente apresentar uma informação, que ela seja consistente. (Luiz Gilberto D’alligna, Coordenador de Informações Gerais do CTO- Porto Velho).

Apesar de internamente existirem distinções sobre o que é civil e militar, isso não implica em dizer que as atividades desenvolvidas por esses sistemas são díspares. As conexões existentes entre as ações do SIPAM e as da aeronáutica são percebidas e identificadas pelos analistas. Isso implica em ações coerentes no sentido de resguardar e registrar as informações geradas a partir desta inter-relação.

A idéia é que, assim como nós estamos trabalhando no caso da meteorologia, para que ela vá para um banco de dados, essa informação. Nós vamos também fazer com as informações que são utilizadas pelas plataformas de coleta de dados, que são as pcd’s. Também são trabalhadas essas informações, que o Neumar também falou, das pistas. Ou seja, a Aeronáutica, que é o Cindacta 4, aqui na Amazônia Legal, ela tem toda uma informação que é processada pelos radares deles. E essa informação vem filtrada para nós como fonte de armazenamento histórico. Por quê? Além disso, como nós trabalhamos a questão de ilícito, a questão também de mineração e outros, o próprio desmatamento em si, nós precisamos, no caso especialmente dos sobrevôos nessas áreas, ou de terra indígena, ou de conservação, precisamos saber quais aeronaves estão naquela área naquele momento. Ou seja, fazendo sobrevôo naquele momento. Então, esses dados todos são, de fato, armazenados também no nosso banco de dados. Então, você vê, é um número de informação que está sendo gravada e, conseqüentemente, a cada tempo, quando há uma necessidade, dada uma denúncia, dada uma requisição de um dos nossos órgãos parceiros, você pega essa informação, trabalha essa informação e apresenta o produto. (Zeno Rodrigues Viana Filho, Coordenador Técnico do CTO-Porto Velho).

Então, aí, você tem uma informação em relação a imagem SAR, é um tipo, é um padrão, é um tipo de imageamento que o SIPAM, isso é feito pelas aeronaves, ela também é guardada, é para ser guardada no nosso banco de dados. Então, hoje nós estamos criando infra-estrutura de computação para pegar essas informações e

guardar os seus metadados, para que na hora que se precisar dessa informação para fazer uma análise sobre um dado específico, pegar essa informação e agregar os valores nela para apresentar um produto. (Luiz Gilberto D’alligna, Coordenador de Informações Gerais do CTO-Porto Velho).

Nesta categoria, de maneira geral, a análise de conteúdo revelou uma falta de maior sinergia por parte dos CTO. Esta realidade está sintetizada nas seguintes falas: “[...] vou

te responder pela nossa região [...] ; [...] tem o CTO de Porto Velho, tem o CTO de Manaus. Eles têm características específicas, não é [...].” Estas falas também deixam

transparecer a necessidade de maior interatividade entre os CTO e destes com o CCG em termos de compartilhamento das experiências de sucesso nas suas operações.

Conforme pudemos registrar nas entrevistas e constatar in loco, os CTO têm desenvolvido ações nas áreas de inclusão digital, educação e inclusão social que não são compartilhados entre si, talvez por não fazer parte do seu escopo e missão institucional, mas que agregam valor considerável ao seu papel de desenvolvimento da Amazônia. Observamos também que essas ações nasceram da vontade e do desejo dos respectivos gestores.

Um aspecto importante que não podemos deixar de abordar, com relação às ações do SIPAM/SIVAM, diz respeito as atividades de combate ao narcotráfico, tido como uma das principais ameaças na Amazônia. O SIPAM/SIVAM utiliza todo o seu ferramental nas ações de apoio, atuando em conjunto com a ABIN e Polícia Federal no combate a esses ilícitos.

Então, o que o SIPAM tem feito? O SIPAM tem usado seus equipamentos, a sua tecnologia no sentido de gerar informações, relatórios de inteligência, mapas, enfim, como o que eu mostrei dentro do traçado de rotas aéreas, e suspeitas, no território brasileiro. Isso é gerado pelo CENSIPAM e repassado aos órgãos parceiros. As imagens e o sensoriamento remoto das aeronaves que nós podemos gerar, também é repassado com uma análise ou simplesmente repassar os dados, para que seja interpretado pelos próprios órgãos diretamente, que vão gerar isso. Então, nós estamos investindo é no sentido de também fazer um aprimoramento dessas tecnologias porque o ilícito, ele sempre vai se aprimorando no sentido de ter novas tecnologias também, seja de armamento, seja de mobilidade. Mas eu diria o seguinte, o Brasil tem feito a sua lição de casa. Por exemplo, nós não temos um movimento como tem a Colômbia. Nós temos ações de garimpo ilegal, nós temos problemas com madeiras, mas não temos nenhum movimento guerrilheiro em território brasileiro. Então, juntamente com o Exército, os órgãos de defesa ligados ao sistema estamos conseguindo garantir a integridade do território nacional. Acho que isso aí é extremamente importante. É um feito exitoso do Brasil. A gente sabe

da ambição que o mundo tem pela região amazônica, pela riqueza. Temos diamante, temos ouro, temos bauxita, temos ferro. Nós temos um terço da biodiversidade do planeta. Temos um território na região amazônica que equivale a 60% do território nacional e que poderia ter, pelo que é equivalente, o território de 31, 32 países da Europa, que cabem dentro do nosso território. Eu diria tabém que o Exército brasileiro tem um papel central aqui na região da Amazônia Legal. Então, nós temos conseguido garantir a integridade do nosso território e cumprir, fazer essa lição de casa, de forma bastante satisfatória. O CENSIPAM, sem dúvida nenhuma, contribui para isso. (Marcelo Lopes, Diretor do CENSIPAM).

Em síntese, a operacionalização do SIPAM/SIVAM pode ser resumida de acordo com a seguinte fala do Diretor Geral do CENSIPAM:

Como síntese das ações e da concepção da operacionalização geral do SIPAM, podemos dizer então, que são a entrada de dados de um conjunto amplo de sensores (sensores de clima, radares, sensores de ambiente, sensores dos satélites, sensores aeroembarcados, os radares transportáveis, os radares primários e secundários, base de dados externa). Hoje, há um desenvolvimento desses aplicativos no CENSIPAM, no sentido de buscar dados da base de dados da CPRM, por exemplo, da Funai. Integrar isso numa base de dados do SIPAM gerando novos serviços para população, inclusive, com acesso através da nossa homepage, no

www.sipam.gov.br. Então, esses dados são recebidos, são convertidos e organizados, no sentido de que nós tenhamos no nosso banco de dados, dados de clima, de tempo, dados ambientais, dados de satélite, dados de vigilância aérea, dados de vigilância territorial e dados de comunicação gerando imagens, dados georeferenciados, informações gerais que vão compor o banco de dados multilayer do SIPAM, permitindo a geração de mapas, relatórios, alertas e informações para a tomada de decisão. No geral, isso tudo sintetiza, também, em grande medida, a missão do SIPAM que é a coleta de informações para a geração de conhecimento, com o objetivo de dar suporte às ações dos diferentes órgãos de governo na região da Amazônia Legal. A síntese dos produtos desenvolvidos pelo sistema, estão relacionadas a produtos de análise ambiental; produtos de meteorologia; previsão climática, relatórios e alertas de defesa civil; análises dos territórios como os dados que eu falei de invasão aérea, pistas de pouso clandestinas, enfim, monitoramento de territórios; monitoramento do espectro eletromagnético das comunicações da região; Planejamento e controle de operações. Nós temos um conjunto de equipamentos que permitem a transmissão de textos de equipes em campo, seja do IBAMA, da Polícia Federal, do Exército, da Marinha também, por exemplo. Então, nós temos equipamentos que essas instituições utilizam e que permitem a troca de textos via satélite nas suas

operações de campo. Então, para o planejamento é importante para as operações em campo. Além disso, o processamento de imagens. E a nossa visão estratégica na instituição é trabalharmos fortemente na definição de um foco cada vez mais objetivo para as operações do sistema, no sentido de garantir a não duplicação dos esforços de outras estruturas do governo federal. O fortalecimento das estruturas do sistema que opera, efetivamente, na Amazônia Legal. Isso significa fortalecer o Centro Técnico Operacional de Porto Velho, Manaus e Belém que estão na Amazônia Legal. A efetiva agregação de valor à sociedade, através da ação do CENSIPAM com ênfase nos ativos diferenciadores do sistema como, por exemplo, os radares meteorológicos e as aeronaves com sensoriamento remoto que, como eu falei, são únicas na América do Sul. A interação de forte sinergia com os órgãos parceiros. E, um enfoque que nos permita um investimento seguro em capacitação de pessoal e aquisição de novas tecnologias. (Marcelo Lopes, Diretor do CENSIPAM).

4.3 - CATEGORIA C – PAPEL E IMPORTÂNCIA DO SIPAM/SIVAM PARA A